domingo, 27 de janeiro de 2013

#LUTO.



Gente Até agora, eu estou lamentando profundamente pelo que aconteceu na madrugada de ontem para hoje em Santa Maria, RS. Mais de 200 jovens perderam a vida no incêndio da boate e isso é triste pra mim, acho que para muitas de vocês também afinal poderia ser um parente de qualquer um não é?! tudo isso é realmente triste e doloroso.


"Eu vi minha melhor amiga morrer em meus braços." "Eu vi meu namorado morrer." "Eu vi minha filha morrer." "Namorados são encontrados mortos abraçados." "Namorado manda mensagem para namorada: não estou conseguindo sair, vou morrer, te amo." A cada vez que leio alguma matéria/notícia/relato assim, meu coração se parte. Que agonia, meu Deus.

DEUS HOJE EU SÓ QUERO AGRADECER PELA MINHA VIDA.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Capítulo 6

Demi correu o máximo que pôde, querendo ficar o mais longe possível daquela casa, mas não foi muito longe. Suas pernas estavam bambas e todo o seu corpo tremia, depois de alguns poucos metros, ela simplesmente se abaixou no chão e chorou, esperando que aquilo diminuísse o aperto no peito, que ficasse mais fácil respirar. 
__Demi__ ela ouviu Selena chamar seu nome__ Demi, você está bem?
__Vai embora__ ela resmungou sem levantar o olhar__ por favor, me deixa sozinha... Vai embora. 
Ouvir a voz dela só a fazia se lembrar de tudo de ruim que tinha acontecido, que ela estava sentindo, que talvez estivesse louca. Talvez sua reação fosse um pouco exagerada, mas não podia evitar a dor que sentia... Só queria que aquilo passasse.
__Demi.
__Eu disse pra ir embora__ ela gritou, mas quando ergueu os olhos quem estava lá não era Selena e sim Joe. 
Sem pensar duas vezes, ela se levantou e se jogou nos braços dele, e Joe fez exatamente o que ela esperava que ele fizesse. Ele não lhe fez perguntas, não disse que tudo ia ficar bem, apenas a pegou no colo, a segurando com força, de forma protetora e a carregou para casa.


Ao chegar em casa Joe a colocou na cama. Demi se encolheu de lado, abraçando um travesseiro bem apertado. Joe deitou ao lado dela e a fitou em silencio por um tempo, esperando que ela se acalmasse aos poucos.
__Quando eu olhei pra água__ Demi sussurrou depois de um tempo, sem que ele perguntasse nada__ entrei em pânico. Lembrei daquela noite, Selena caindo da ponte, se afogando. 
__Está tudo bem Demi, não precisa dizer nada.
__Ela deve ter sentido medo também__ continuou mesmo assim__ morrendo sozinha, sem ninguém para ajudá-la__ Demi ergueu o olhar para fitá-lo, a visão estava embaçada pelas lágrima__ talvez eles tenham razão, talvez eu esteja louca.
__Você não está louca...
__Eu a vejo Joe__ Demi o interrompeu__ eu a vejo e falo com ela, como se ainda estivesse viva. Eu a vejo agora mesmo... Está sentada sobre a cômoda ali no canto, olhando para nós dois. 
O olhar de Joe pousou rapidamente na cômoda do outro lado do quarto, mas para ele não havia nada ali.
__Ainda acha que não estou louca?


__Acho que está triste, passando por um momento difícil... É o seu jeito de lidar com isso, não acho que está louca.
__Mas você não acredita que ela está realmente aqui, acha que é fruto da minha imaginação.
Ele demorou um minuto pensando, olhando para ela com atenção... Podia ver o medo e a confusão em seus olhos.
__Só porque eu não vejo ou não entendo alguma coisa, não significa que não seja real__ respondeu depois de um tempo. 
Demi viu Selena, ainda sentada sobre a cômoda, sorrir com a resposta... Era o tipo de atitude que ela devia ter esperado de Joe em uma situação como aquela, ele sempre sabia o que dizer e fazer.
__Porque você é tão bom em?__ Demi perguntou.
__Porque ele gosta de você__ Selena sussurrou.
__Não sou assim com todo mundo sabe?__ ele brincou__ só com garotas bonitas. 
Ela sorriu, como sempre fazia quando estava ao lado dele.
__Obrigada por me defender hoje. 
__É pra isso que servem os amigos. 


Ela sorriu docemente para ele e naquele momento se perdeu em seu olhar. Joe a fitava profunda e atentamente, como se gravasse na memória cada detalhe do seu rosto. Seu coração disparou enquanto o fitava, sem que soubesse exatamente por que. 
__Você é tão linda__ Joe sussurrou, parecia estar hipnotizado.
Os dois se inclinaram na direção um do outro, como se algo se os puxasse. Demi sentiu a respiração lenta dele em seu rosto e seus olhos pesaram e se fecharam. Quando seus lábios iam se tocar, a porta do quarto abriu e a mãe de Demi entrou, assustando os dois.
__Desculpe, eu interrompi alguma coisa?__ ela perguntou sem jeito.
__Sim__ Selena resmungou.
__Não__ Demi e Joe disseram ao mesmo tempo. 
__Eu só queria se saber se estava tudo bem, estava preocupada.
__Está tudo bem, aliás, eu já estava de saída__ Joe disse enquanto se levantava__ já está tarde, eu tenho que ir pra casa.
__Não quer dormir aqui?__ a mãe de Demi sugeriu.
__Eu tenho mesmo que ir pra casa__ ele disse simplesmente.
__Tudo bem então__ ela concordou e saiu do quarto, os deixando novamente a sós. 


Demi ficou sentada na cama enquanto Joe calçava os chinelos e pegava o casaco que tinha deixado na casa dela, tinha anoitecido e agora estava frio lá fora. 
__Boa noite Demi.
__Você vai deixá-lo ir embora assim?__ Selena protestou__ dê um beijo nele, eu sei que você quer e ele também. 
O coração de Demi disparou e ela arregalou os olhos ficando subtamente nervosa.
__Está tudo bem?__ Joe perguntou, notando a expressão no rosto dela. 
__Está sim__ ela concordou, abrindo seu melhor sorriso__ boa noite Joe. 
__Tudo bem.
__Vamos lá Demi, não seja covarde__ Selena insistiu__ beije ele... Vocês são perfeitos um para o outro. Beije-o. 
Joe se virou pra ir embora, abriu a porta do quarto e quando estava saindo, Demi se levantou e correu até ele, envolvida por impulso que não sabia de onde vinha, que não conseguiu controlar. 
__Joe, espera__ ela pediu.
Ele parou e quando se virou, ali estava ela, parada a sua frente, a poucos centímetros de distancia. 
__O que foi?


Demi nada disse, apenas se pôs na ponta do pé e encostou seus lábios nos dele, num beijo rápido e delicado. Arrependeu-se no segundo seguinte, com medo de qual seria a reação dele e quando se afastou, achou que o coração ia sair pela boca.
__Boa noite__ ela sussurrou, a voz quase não saiu.
__Boa noite__ ele disse simplesmente. Sabia que ela estava nervosa então não disse mais nada, apenas sorriu. 
Quando ele foi embora, Demi trancou a porta do quarto e se jogou na cama.
__Eu não acredito que eu fiz isso__ ela murmurou.
__Foi tão fofo__ Selena se jogou na cama ao lado dela__ ele adorou, viu o sorriso dele?
__Eu não devia ter feito isso... O que deu em mim?
__Deu que você está apaixonada, até que eu sou um bom cupido.
Apaixonada? Demi estava apaixonada? Pelo seu melhor amigo? Aquilo não parecia muito certo. Ela não queria pensar naquilo agora, ou ia enlouquecer de vez. Então ela apenas tomou um banho, trocou de roupa, ignorou por completo o falatório de Selena e foi dormir... Amanhã seria um novo dia. 


Dois dias depois, Demi estava sentada em sua cama encarando o relógio. 
__Eu sabia que não devia ter feito aquilo__ ela murmurou inquieta__ eu estraguei tudo.
__Não faça tempestade em copo d’água__ Selena revirou os olhos.
Mas Demi não conseguia se conter. Joe vinha visitá-la todos os dias, sem falta, mas ele não tinha aparecido ontem e nem hoje, e já passara da hora que ele costumava vir. Demi tinha certeza absoluta que era por causa do beijo, ele não tinha gostado e agora não queria vê-la. As aulas começariam amanhã e tudo já estava dando errado... Ela sentia que ia enlouquecer. 
__Ele é o único amigo que me restou e eu estraguei tudo.
__Tenho certeza que ele tem um bom motivo para não ter vindo__ Selena tentou acalmá-la.
Mas nada do que ela dissesse faria Demi se sentir melhor, então ela se levantou, trocou de roupa e resolveu dar uma volta para espairecer. Não se sentia ela mesma ultimamente e parecia que só estava piorando a cada dia. 


Selena resolveu acompanhá-la na caminhada, mas se manteve calada, o que Demi agradeceu. Não queria conversar, só ficar um pouco em silencio e sentir o sol e o vento batendo em seu rosto. Pensou que estava andando sem um rumo certo, mas depois de um tempo e viu indo em direção à casa de Joe, levada até ele por um sentimento que não conseguia explicar. 
Havia uma pequena praça em frente à casa dele e Demi se sentou em um banco, com Selena bem ao seu lado. Seus olhos vagaram pela rua e logo o avistaram. Estava jogando bola com os amigos... Nick, que estava sentado na entrada da casa apenas observando o jogo, foi o primeiro a vê-la e acenou para o irmão, apontando para ela. Quando Joe a avistou não sorriu como era de costume, o que fez o coração de Demi se apertar. Ele disse algo aos amigos e veio em sua direção. 
Selena levantou do banco as pressas quando ele se sentou, resmungando um “mal educado”. Teria sido engraçado, mas Demi estava nervosa demais para rir. Fixou os olhos nele... Descalço, sem camisa, o que deixava o físico perfeito a mostra, suado e descabelado, ele nunca esteve mais lindo. 
__O que faz aqui?__ ele perguntou, ela não sabia identificar o tom de voz dele e de repente quis sair correndo.
__Eu estava dando uma volta e... Acabei vindo parar aqui__ respondeu sentindo a boca seca__ não queria atrapalhar seu jogo. 


__Você não atrapalha Demi.
__Na verdade__ ela se mexeu no banco inquieta__ eu queria... É que... __ ela respirou fundo para se acalmar__ você não deu noticias nos últimos dois dias. 
__Eu posso explicar__ ele começou a dizer, mas Demi o interrompeu.
__Olha, se é por causa do beijo, eu sinto muito... Não sei por que fiz aquilo, eu estava nervosa e... Eu... Eu sinto muito Joe, eu não quero que as coisas mudem entre agente, você é o único amigo que me restou e...
__Demi, Demi__ ele a interrompeu__ calma. 
Ela parou de falar e respirou fundo, tentando se acalmar.
__Não é nada disso que você ta pensando__ Joe explicou__ não fui te ver ontem porque Nick estava passando mal e meus pais não estavam em casa, tive que ficar cuidando dele, ele ainda não está bem, pode perguntar se quiser. 
__O meu amor está doente?__ Selena disse alarmada__ o que ele tem?
__Eu ia te ligar pra avisar, mas minha mãe lavou o meu celular na maquina de lavar roupas junto com minha calça, então não deu muito certo. E eu estava indo te ver hoje, quando os meninos me pararam e me intimaram a participar do jogo, eu ia te ver assim que acabasse. 
__Mas, sobre o que aconteceu...
__Bom, nesse caso eu já não posso te prometer que nada vai mudar. 


__O que? Eu sabia, você não gostou do que eu fiz... Desculpe.
__Gostar?__ ele sussurrou e seus olhos estavam fixos nos lábios dela__ já fazia um bom tempo que eu imaginava como seria beijar você, que eu desejava que acontecesse. 
__O que?__ Demi parou de respirar por um segundo.
__Você nunca percebeu não é?__ ele sorriu de lado__ é linda, mas muito desatenta. 
__Eu não... Eu não entendo__ Demi disse atordoada demais para pensar em algo melhor. 
Joe sorriu e ergueu uma mão para acariciar gentilmente o rosto dela.
__Você fica linda quando está com vergonha__ ele sussurrou.
E antes que Demi pudesse pensar em uma resposta ou se arrepender de alguma coisa, ele se inclinou e a beijou. Primeiro ela ficou sem reação, mas a sensação dos lábios dele nos dela era agradável, parecia certo. Um calor se espalhou por todo seu corpo e antes que pudesse se conter, estava com a mão em seus cabelos, o puxando para mais perto. 


Quando se separaram, Demi estava ofegante e envergonhada.
__Eu não sei o que dizer__ confessou depois de um minuto de silencio.
__Você não precisa dizer nada. Só me responder uma pergunta.
__Que pergunta?
__Você quer namorar comigo? 
Ela pensou que tinha ouvido errado, mas ele ficou lá a observando com um sorriso no rosto, esperando por uma resposta. Namorar com Joe? Seu melhor amigo? Alguns dias atrás Demi teria achado a ideia absurda, mas agora achava que Selena tinha razão, ela estava apaixonada. Ela odiava que a amiga tivesse sempre razão. 
__Eu quero sim__ respondeu.
__Own, mas uma vez o cupido Gomez acerta em cheio__ Selena murmurou quando eles se beijaram novamente, fazendo Demi sorrir entre o beijo. Selena podia ser irritante, mas sabia dar conselhos como ninguém. 

Fim do Capítulo


Finalmente kkk então ta ai gente eu vou ver se dou um jeitinho de postar os selinho por aqui depois okay?!  minha net ta uma "merda" e eu to meio que sem tempo :] bjus pra vocês.


Divulgando:

http://jemigiftofafriend.blogspot.com.br/
http://jemioluar2.blogspot.com/


Lovonas ^^ Oi amor que bom que você gosta do blog eu fico muito feliz.emprestar a web? como eu já disse aqui "Aprendendo a Respirar" não é minha web e sim da Cacau...então não tem como eu te emprestar ela flor. sinto muito.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Capítulo 5

Demi estava no quarto trocando de roupa quando a porta se abriu e Joe entrou.
__Quantas vezes eu já disse pra você não entrar no meu quarto sem bater?__ ela resmungou revirando os olhos e tentando ajeitar o cabelo que estava uma bagunça. Sua cara não devia estar muito boa àquela hora da manhã e mesmo sem saber bem porque não queria que Joe a visse daquele jeito.
__Você está vestida, então nenhum dano__ ele disse rindo__ vim te fazer um convite.
__Eu não to a fim de sair hoje.
__Não é isso. Eu encontrei com a Ashley ontem__ Demi gelou com o comentário__ ela vai dar uma festa pra curtirmos a ultima semana de férias. Vai ser esse fim de semana na casa dela, a turma inteira vai e eu queria que você fosse comigo.
__A uma festa da Ashley?__ ela ergueu a sobrancelha o encarando__ não tinha nenhum serial Killer disponível?
__Não seja dramática, vai ser divertido... Até o Nick topou ir.
__O Nick vai? Sério?__ ela parou para pensar no assunto um instante__ eu não sei, eu não gosto muito da Ashley e sei que ela também não gosta de mim.
__Por favor, Demi, não vai ser a mesma coisa sem você__ ele insistiu.
__Tenho certeza que ninguém vai sentir a minha falta. 
__Eu vou. 
Joe a encarou, com aquela expressão de cachorrinho pidão no rosto e ela sabia que não tinha como recusar aquele pedido. Era difícil negar alguma coisa a ele, e isso era um pouco irritante às vezes. 


Demi estava no quarto trocando de roupa quando a porta se abriu e Joe entrou.
__Quantas vezes eu já disse pra você não entrar no meu quarto sem bater?__ ela resmungou revirando os olhos e tentando ajeitar o cabelo que estava uma bagunça. Sua cara não devia estar muito boa àquela hora da manhã e mesmo sem saber bem porque não queria que Joe a visse daquele jeito.
__Você está vestida, então nenhum dano__ ele disse rindo__ vim te fazer um convite.
__Eu não to a fim de sair hoje.
__Não é isso. Eu encontrei com a Ashley ontem__ Demi gelou com o comentário__ ela vai dar uma festa pra curtirmos a ultima semana de férias. Vai ser esse fim de semana na casa dela, a turma inteira vai e eu queria que você fosse comigo.
__A uma festa da Ashley?__ ela ergueu a sobrancelha o encarando__ não tinha nenhum serial Killer disponível?
__Não seja dramática, vai ser divertido... Até o Nick topou ir.
__O Nick vai? Sério?__ ela parou para pensar no assunto um instante__ eu não sei, eu não gosto muito da Ashley e sei que ela também não gosta de mim.
__Por favor, Demi, não vai ser a mesma coisa sem você__ ele insistiu.
__Tenho certeza que ninguém vai sentir a minha falta. 
__Eu vou. 
Joe a encarou, com aquela expressão de cachorrinho pidão no rosto e ela sabia que não tinha como recusar aquele pedido. Era difícil negar alguma coisa a ele, e isso era um pouco irritante às vezes. 


__Preocupado com o que exatamente?
__É que eu notei que você anda um pouco estranha, e na verdade não foi só eu que reparei__ ele trocou o peso de um pé para o outro, claramente desconfortável__ o Nick notou aquele dia, a sua mãe e até mesmo a Ashley.
__Ashley?
__Ela me disse que viu você falando sozinha ontem, como se estivesse conversando com alguém... Com a Selena.
__Aquela vaca loira__ Selena resmungou__ eu vou arrancar a língua dela fora.
Demi ignorou os xingamentos que Selena começou a soltar e tentou se concentrar na conversa com Joe.
__Não sei do que está falando__ ela lhe deu as costas, encarando o reflexo no espelho.
__Demi, você sabe que pode confiar em mim__ ele se aproximou__ se tiver acontecendo alguma coisa você pode me contar. 
Por um momento ela se sentiu tentada a confessar pra ele o que estava havendo, talvez ele pudesse dizer que ela não era louca, talvez ele entendesse, o Joe sempre a entendia, sempre, não importava o que fosse. E ela precisava tanto desabafar com alguém.
__Não conte a ele__ Selena se apressou em dizer, parecendo ver algo em seus olhos__ ele não está pronto pra saber Demi, ele não vai entender, não ainda... Não conte pra ele. 
__Demi__ Joe insistiu__ fala comigo. 


__Eu estou bem__ ela finalmente disse__ Talvez um pouco estressada, mas não tem nada acontecendo, Ashley falou aquilo pra me irritar, sabe que ela não gosta de mim.
__Mas ela não foi à única que notou.
__Eu estou bem Joe__ Demi disse decidida__ se tivesse algo errado você seria o primeiro a saber, acredite.
Ele a encarou por o que parece uma eternidade, mas depois finalmente pareceu se dar por vencido e suspirou, abrindo um meio sorriso. Demi se levantou da cadeira e atravessou o quarto em silencio para abraçá-lo, ele a envolveu gentilmente e assim ficaram por um longo tempo. Ela se sentia segura com ele, à vontade e detestava guardar segredos, ter que mentir, mas Selena devia ter razão, ele não ia entender. Demi levantou o olhar à procura de Selena, mas ela havia sumido, então se permitiu relaxar nos braços do amigo. 


__Acho que eu não deveria ir a essa festa__ Demi comentou enquanto se olhava no espelho, checando o visual pela ultima vez.
__É claro que você tem que ir__ Selena respondeu. Estava jogada na cama, toda a vontade como costumava fazer quando ainda estava viva... Parecia que a morte não a tinha deixado menos folgada.
Ela tinha vários motivos para não ir. Primeiro era uma festa da Ashley, talvez a pessoa que ela mais desprezava no planeta e que por acaso parecia estar espalhando por ai que ela estava louca, falando sozinha. Tudo bem que era verdade, mas isso não a fazia odiar menos a garota. E depois era uma festa na piscina... Demi costumava adorar piscinas, praias, cachoeiras, lagos, o que quer que fosse, mas desde o acidente de Selena ela mantinha uma distancia segura da água, pois lhe trazia más lembranças.
__Você não pretende ir né?
__Claro que eu vou__ Selena disse animada__ o Nick vai estar lá também, eu quero vê-lo.
__Ajudaria muito se você não ficasse conversando comigo, não quero que me achem maluca. 
__Eu posso me comportar__ ela sorriu inocentemente, mas Demi sabia que era difícil para Selena ficar calada e considerando o fato de que agora ela era a única que podia ouví-la, já imaginava como ia terminar.


__O que acha dessa roupa?__ perguntou para mudar o assunto.
Selena a havia ajudado a escolher a roupa. Um biquíni preto, um short jeans e uma blusinha branca simples. Selena tinha tentado convencê-la a se arrumar um pouco mais, mas Demi não via motivos para isso, não era como se tivesse alguém pra impressionar. 
__Você está linda.
A campainha tocou e Demi correu para atender. Joe estava parado do outro lado da porta, usando uma bermuda preta, uma regata branca que valorizava o corpo musculoso, óculos escuros e aquele sorriso que iluminava o dia. 
__Você está ótimo__ ela abriu o seu melhor sorriso.
__E você está linda.
__E eu estou parado bem aqui__ Nick resmungou acenando para os dois__ não que vocês se importem.
__Diga que ele está muito gostoso__ Selena sussurrou no ouvido de Demi. 
__Então vamos__ Demi trancou a port atrás de si, ignorando Selena completamente.


Logo de cara Demi sabia que tinha sido uma péssima ideia ir aquela festa. A casa de Ashley estava lotada e parecia que toda a escola estava naquela festa. E como se não bastasse, todos ficaram a olhando de lado quando passou, era como se dissessem: “Olha lá a garota que perdeu a melhor amiga”, “Lá vai à maluca que fala sozinha” ou “Coitadinha dela”. Demi teve vontade de sair correndo, só não o fez porque sentiu Joe segurando sua mão, em nenhum momento ele a olhou enquanto cumprimentava os amigos, mas também não soltou sua mão. 
__Que bom que vocês vieram__ Ashley chegou perto toda sorrisos, como se realmente estivesse feliz em vê-los, mas Demi sabia que não era bem assim__ você também Demi. Espero que curtam a festa. 
__Obrigada Ashley__ Joe disse educadamente.
Depois disso Nick saiu para ir beber alguma coisa e Joe foi mergulhar na piscina. Ele não queria deixar Demi sozinha, mas ela o convenceu de que ficaria bem, não queria estragar a diversão dele e de qualquer forma não estaria exatamente sozinha. 
__Tenho que admitir__ Selena disse com uma careta__ ela sabe como dar uma festa.


__É... Eu estou me divertindo muito__ Demi sussurrou em tom irônico, dando um gole na sua água, a única bebida da festa que não tinha sido batizada com alguma espécie de bebida alcoólica. 
__Você não sabe como curtir__ Selena começou a dizer__ tem que aproveitar os momentos.
__Sabe que foi por querer curtir os momentos que você morreu né?__ revirou os olhos.
__Isso não vem ao caso e foi golpe baixo__ ela começou a reclamar e então parou no meio da frase__ quem é aquela garota conversando com o Nick?
__É a Mia, do segundo ano__ Demi respondeu__ ela é bem legal. 
__Ela não sabe que o Nick tem namorada?
__Você por acaso esqueceu que está morta?
Mas era tarde para dizer alguma coisa, Selena já tinha sumido e ido parar do outro lado da festa para ouvir a conversa dos dois. 
__Que sorte a minha poder ver a minha melhor amiga morta__ resmungou consigo mesma. 
__Hey Demi. 
Ela se assustou e quase derrubou o copo de água no chão quando ouviu aquela voz tão próxima do se ouvido. Era Mark, um dos alunos da sua sala, um palhaço irritante que ela nunca tivera paciência para aturar. 
__Hey Mark. 
__Você está ai tão sozinha, não está gostando da festa?__ ele perguntou.
__Está ótima, é que eu... Prefiro ficar na minha. 


__Não vai entrar na piscina?
__Não, obrigada__ ela negou, forçando um sorriso__ eu estou bem aqui.
__Mas é uma festa na piscina__ ele a lembrou__ não tem graça se você não entrar na piscina. 
__Eu não quero entrar na piscina.
__Você quer sim, só precisa de uma ajudinha. 
Antes que ela pudesse prever o que ele a fazer ou tentar impedi-lo, Mark a segurou e a levantou do chão, a jogando por sobre o ombro. O copo de água caiu no chão e se espatifou em mil pedacinhos, por um segundo ela não teve reação a não ser se segurar nele com força com medo de cair no chão, até que ele começou a carregá-la em direção a piscina e ela entendeu o que ele pretendia. 
O pânico que se instalou dentro dela foi repentino e devastador. Quando seus olhos bateram na água, seu coração se acelerou, batia tão forte que ela não conseguia ouvir mais nada em volta. Sentiu os olhos arderem e uma imagem se formou diante de seus olhos... Selena despencando na escuridão e se afogando. Então ela gritou... Gritou de medo e se começou a se debater nos braços de Mark, esquecendo o medo inicial de cair no chão.


__ME SOLTA, POR FAVOR, ME SOLTA__ ela gritou desesperada__ ME COLOCA NO CHÃO, POR FAVOR.
__Calma, não vai doer, eu prometo__ ele disse rindo.
Ela se desfez em lágrimas, achou que fosse sufocar com o medo irracional... Não podia controlar.
__PARA... ME SOLTA, ME LARGA__ ela gritava e se debatia, dando-lhe tapas e chutes na esperança de que ele a largasse.
__Hey, calma__ Mark a segurou com mais força, tentando se esquivar dos tapas e não deixá-la cair.
__Ponha ela no chão agora__ Joe ordenou, se colocando entre ele e a piscina.
__Eu só estou brincando com ela__ Mark disse__ não seja estraga prazeres.
__Não está vendo que ela não quer? Que está com assustada? Ponha ela no chão agora idiota__ seu tom de voz era decidido e ameaçador__ eu mandei colocá-la no chão.
Depois de um segundo de exitação, ele fez o que Joe ordenou e soltou Demi. Ela não conseguiu se firmar em pé, com as pernas bambas e caiu sentada no chão. Ciente de que todos a olhavam, ela só conseguiu se encolher e chorar como uma criancinha assustada, abraçando a si mesma.


__Olha o que você fez seu idiota.
__Eu só estava brincando com ela__ Mark disse meio culpado__ não ia machucá-la.
__Não viu que ela estava com medo?
__Ela não é grandinha demais para ter medo?__ Ashley se intrometeu__ a piscina mal bate no ombro dela.
__Não tenho culpa se ela é maluca__ Mark disse.
__O que foi que você disse?__ Joe o encarou irritado.
__A garota fala sozinha feito uma maluca e agora ta chorando por uma besteira... Fala sério... Ela é...
Mas ninguém soube do que ele ia chamá-la. O punho de Joe o acertou em cheio no meio do nariz, ele se desequilibrou e caiu dentro da piscina, espirrando água para todos os lados. Todos olharam para Joe surpreso.
__Mas cuidado da próxima vez que for falar dela, otário.
Joe se virou para ajudar Demi, mas ela tinha saído correndo e desaparecido. Ignorando todos em volta, ele saiu para procurá-la. 


Fim do Capítulo

Selinho.



______________________________________________________________________




---

1 - Qual é o seu signo? Cancêr
2 - Do que você mais gosta da sua aparencia? Meu olhos
3 - Qual foi o seu maior mico? Slá... Ja foram tantos
4 - O que te deixa com raiva? Se eu for númerar..
5 - Qual que é a sua melhor qualidade e defeito? Qualidade:Forte (bem é o que minhas amigas sempre dizem pra mim) Defeito: Guardar tudo pra mim mesma.
6 - Qual o assunto predileto da sua turma? Cuidar da vida dos outros,e brigas
7 - Pratica Esportes? Seu preferido? 
8 - Que estilo de pessoa te chama atenção? o tipo de pessoa que tenha um coração,tenha carater
9 - Qual a sua música favorita? E sua banda? Jonas Brothers/McFly
10 - Qual é o filme de sua vida? The Twilight Saga, Um homem de sorte, Jogos vorazes,Harry Potter

---

3 fatos sobre mim:
- Feia
- Chata
- Timida



______________________________________________________________________







selos pra todas vocês.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

The Cake (parte 3-final)

O que eu havia feito?

Memórias começaram a me assaltar de uma só vez. Imagens de todas as ofensas que Joe já me fizera, de todas as provocações... Lembranças de momentos “familiares”, fotos que tiramos juntos, jantares dos quais participamos com nossos pais... As memórias se encaixavam como uma grande montagem de todos os motivos pelos quais eu não devia ter deixado isso acontecer. Eu havia passado um ano tendo certeza absoluta de que aquele garoto me odiava... Agora eu sabia que ele me desejava, mas era verdade que o que sentia por mim não era também ódio? Algumas das palavras grossas, extremamente gráficas de Joe voltaram à minha mente, e eu senti vergonha. Agora que o desejo não dominava mais minha mente, podia lembrar de todas as sacanagens que Joe havia me dito, e me senti suja. Se ele me odiava, havia apenas me usado... Será que agora ele pensava que eu era uma puta? Eu havia deixado ele falar aquelas coisas pra mim, fazer aquelas coisas comigo... Mas eu o queria, o desejava e gostava de verdade dele, de forma que pra mim não pareceu errado. Mas e se pra ele fosse diferente? E se o que aconteceu significasse para ele só o prazer de ter a única garota no mundo que não podia ter?
Eu puxei minha mão, a tirando do contato com a dele, e abracei meu próprio corpo, ficando extremamente ciente do quão nua eu estava – física e emocionalmente. Eu queria sair correndo dali, mas meu corpo não me obedecia. Doía ficar ali, mas doeria também ir embora.
Para meu horror, eu senti lágrimas começarem a se formar. Se aquilo era só sexo para Joe, o pior não era ter dado a ele meu corpo.

Não, o que doía é que, de alguma forma, eu havia começado a entregar meu coração.

Senti ele se mover ao meu lado, as mãos tocando meu rosto e limpando as lágrimas. O toque de Joe acabou com a minha imobilidade, e eu me levantei, começando a catar minhas roupas.
Demi. 
Meu apelido. Dito de forma simples, sem nenhuma indagação, sem se gabar... Apenas meu apelido. Eu parei, me virando em direção a ele e me surpreendendo. Joe não parecia preocupado. Ele parecia apavorado.
- O que... – ele disse, ainda aparentando medo e me confundindo – O que há de errado, pequena?
- Não me chama assim! – eu exclamei, o medo de ter sido usada me dominando totalmente – Não finja que se importa! Só comece a se gabar de uma vez!
Por um momento ele não disse nada, a confusão estampada em seu rosto.
- Ajudaria se você me explicasse o porquê exatamente eu devia estar me gabando. – ele disse, em tom calmo.
- Não brinca comigo, por favor. – eu pedi, minha voz fraca, e Joe me encarou, agora sim preocupado – Você teve o que quis, não teve? Pode parar de obcecar agora. Demetria Lovato se rendeu a você. Pode ir se gabar pros amigos! – eu concluí, seguindo para a porta.
Demi, não! – ele disse, e eu parei, me voltando novamente para ele. O que eu vi em seus olhos me fez congelar ao entender o que o “não” dele significava.

Não me deixe.

- Por que? – eu perguntei, simplesmente.
- “Por que” o quê? – Joe perguntou, vindo até mim – Por que isso aconteceu? – ele apontou para o lixo no qual nós havíamos transformado a cozinha – Você sabe porquê. E não, num foi só por uma droga de obsessão, ou pra me gabar para alguém... Céus, eu realmente te fiz acreditar que te odiava nesse último ano, não é? – a pergunta foi feita com arrependimento claro em seus olhos. Eu apenas permaneci calada, esperando ele continuar – Eu não te culpo por achar que eu sou um cafajeste. Fui eu quem te ensinou a pensar assim. Mas se eu puder te pedir que me ouça, você fará isso? Eu só quero cinco minutos. Só cinco minutos antes de você sair dessa cozinha. Se você não aceitar o que eu vou te dizer, eu te deixo ir embora e nunca mais te perturbo.
Eu assenti, um pouco curiosa, e ele estendeu a mão para mim. Eu a peguei, desconfiada, e deixei que ele me guiasse de volta para mesa, em seguida me sentando novamente ao lado dele.
- Tudo que eu te disse hoje é verdade. – ele começou, cauteloso – Mas não é tudo. O que aconteceu nessa cozinha não foi tesão acumulado. – minha sobrancelha se ergueu em descrença, e ele suspirou – Ok, não foi  tesão acumulado. Tudo o que eu te disse é verdade, eu quero você desde que te conheço. E no começo era sim só isso. No começo eu realmente só queria te pegar. – ele admitiu, sem me encarar – Mas quando eu voltei da Inglaterra e me mudei pra cá... Além de ter que conviver com a tentação que é você vinte e quatro horas por dia, além de ficar pelos cantos querendo te tocar... Além disso, eu passei a enxergar você. Não só seu corpo, mas você. Eu passei a maior parte desse ano te observando quando você estava distraída, Lovato, e dessa forma comecei a aprender algumas coisas... – ele fez uma breve pausa, respirando fundo – Como o fato de que você é uma das únicas adolescentes do planeta que passa mais tempo lendo do que vendo TV. Não só revistas, mas livros... Livros sérios, livros que às vezes eu não entendo nem mesmo o título. – ele disse, e eu ri – Mas ao mesmo tempo, quando você realmente pára pra ver TV, coloca em desenhos quando acha que ninguém está reparando, o que é totalmente contraditório, mas é tão você que nem chega a ser estranho... Eu aprendi que algumas músicas tristes te fazem sorrir enquanto muitas alegrinhas demais acabam com seu humor. Não porque você não gosta de músicas felizes, mas a letra de algumas te faz fazer uma comparação com a sua própria vida e você se sente mal... Porque eu sei que tem algo que você esconde e que anda te fazendo sofrer... E eu desconfio que tenha haver com o seu pai, mas você não precisa me dizer se não quiser. Mas ao mesmo tempo em que você parece ter problemas com ele, você sempre se esforça pra cuidar do seu pai, e isso é demais, porque mostra o quanto você se preocupa com quem você gosta, não importando o que aconteça... – ele sorriu pra mim, afastando uma mexa de cabelo do meu rosto, olhando para o próprio colo em seguida – E quando você lê ou vê alguma notícia ruim, sobre fome, desastres ou destruição da natureza, você estende essa preocupação pro resto do mundo e fica com um olhar distante, como se pensando no que você poderia fazer para mudar isso... E se sentindo culpada por não poder fazer nada, como se todos os problemas do mundo fossem culpa sua. – ele ergueu o olhar até o meu novamente, e eu me forcei a olhar de volta, sentindo meus olhos nublando com mais lágrimas. Nunca pensei que Joe prestasse tanta atenção – Como eu disse, eu comecei a ver você, Demetria. E aos poucos foi deixando de ser só desejo. Eu comecei a... Gostar... De você. E eu tenho a sensação que você gosta de mim também. Mas quando você começou a chorar agora a pouco, eu achei que...
- Que era o fim? – eu perguntei, com a voz fraca, entendendo finalmente o medo dele de antes. Era o mesmo que o meu, afinal. Medo de o que aconteceu não ter significado nada.
- É. – ele disse, simplesmente.
Eu não sabia o que mais dizer. Aquele era o tipo de coisa que eu nunca esperava ouvir de Joe, de forma que de início, fiquei sem palavras.
- Por que você me disse tudo isso? – eu precisei perguntar, depois de um tempo.
- Porque eu quero que você entenda que tudo depende de você agora. – ele disse, me olhando sério – Você pode sair daqui e fingir que isso nunca aconteceu. Ou... – ele pegou minha mão novamente – A gente pode... Sei lá... Tentar fazer isso funcionar.
- Você quer dizer... Ficarmos juntos? – eu perguntei, sem saber se me apavorava ou começava a fazer uma dancinha feliz.
- Isso. – ele respondeu, me olhando com expectativa. 
Eu respirei fundo antes de continuar.
- Você ao menos sabe fazer isso? – eu perguntei. Eu me sentia mal por ter que perguntar, mas precisava da resposta.
Joe não pareceu ofendido com a minha pergunta, mas também não parecia ter gostado dela.
- Como assim? – ele perguntou.
- Bom... Você sempre me pareceu meio...
- Galinha? – ele perguntou, levantando uma sobrancelha. Eu assenti, sorrindo como quem pede desculpas, e ele revirou os olhos – E você chegou a essa conclusão depois de nossa longa convivência de um ano? – o tom dele pingava sarcasmo.
- Você me conhece há um ano e tem várias conclusões sobre mim. – eu disse, em tom defensivo.
- É diferente, eu presto atenção. E não te julgo só pelo que aparenta ser verdade. – ele argumentou – Eu confesso que andei saindo com muitas garotas, sim. Mas não porque eu tenho alergia a compromisso ou algo assim. É só que... Bom, eu sou um cara. Todo homem quando tá solteiro e não é totalmente deformado acaba pegando um monte de mulher por aí, é meio inevitável. Se põe no meu lugar. Você é um cara solteiro, não pode ficar com a garota que você quer e tem um bando de mulher atrás de você. O que você faria?
Eu tentei engolir a onda de ciúme doentio que se apossou de mim ao imaginar Joe solto por aí e à mercê das devoradoras de homens dessa cidade, e precisei admitir que não podia culpá-lo.
- Eu precisava me distrair de alguma forma. – ele continuou – Ficar sozinho e tendo que te ver todos os dias me deixaria maluco. E, sério, nem foram tantas garotas assim. Eu não tenho nenhum problema com monogamia. Pra sua informação, já tive uma namorada e só terminou porque ela me largou. Pra ficar com outro cara, e não por algo que eu tenha feito.
- E você ainda pensa nela? – eu perguntei, antes que pudesse me controlar. Joe riu.
- Ciúmes? – ele perguntou, me lançando aquele sorrisinho insuportável. Eu só revirei os olhos – Relaxa, já faz um tempo, eu superei. Foi bem antes de te conhecer.
- Mas e se a gente ficar junto e você resolver que era mais feliz galinhando? – eu perguntei, um pouco emburrada.
- Ô criatura difícil, meu Deus. – disse Joe, olhando pro teto antes de voltar o olhar novamente pra mim – Demi, eu já supri minha cota de poligamia. Sério. Se você quiser ficar comigo, eu não vou querer mais ninguém. Achei que já tinha deixado claro que é de você que eu gosto. Eu quero você comigo, e não só por uma tarde. Isso é claro o suficiente pra você? – ele perguntou, parecendo exasperado.
- É. – eu disse, sorrindo. Porém meu sorriso murchou no momento seguinte – Mas eu ainda vou ter ir pra Yale em breve.
- Você já reparou que você só fala “preciso ir pra Yale”, “tenho que ir pra Yale”... Você nunca disse “eu QUERO ir pra Yale”. 
- Isso é porque eu não tenho certeza. – eu admiti, sentindo as palavras que eu andava sufocando há dias finalmente se libertarem. Joe não disse nada, apenas me olhou como se aguardando que eu dissesse mais. Suspirando, eu continuei – Você estava certo, sabe? Quando disse que eu nunca me divirto... Quando disse que eu tenho algum problema com o meu pai... Na verdade você estava certo sobre muitas coisas.
- Você logo vai descobrir que eu sempre estou certo. – ele me interrompeu, sorrindo. Diante do meu olhar feio, ele abaixou a cabeça e deixou o lábio inferior formar um meio biquinho, enquanto tentava conter um sorriso – Ok, desculpa, pode continuar.
Eu ri, e não pude resistir a inclinar o rosto e beijá-lo. Ele sorriu e me abraçou, me fazendo encostar a cabeça em seu ombro enquanto eu terminava minha história.
- Meus avós paternos se conheceram em Yale. Eles sempre quiseram que meu pai fosse pra lá, mas ele não conseguiu entrar. Ele se contentou com a Universidade de Seattle, mas no fundo nunca se perdoou por não ter conseguido. Tinha se tornado o sonho dele também, sabe? – eu disse, começando a brincar com meus dedos no peitoral de Joe. Parte de mim estava ciente de que ambos continuávamos sem roupa, mas a maior parte não se importava – A frustração só piorou depois que os pais dele morreram em um acidente dois anos depois de o meu pai começar a faculdade. É por isso que desde que eu me entendo por gente ele fala de Yale, me incentiva a ir pra lá... Sabe, eu mal conheci minha mãe, e meu pai sofreu muito pra me criar. Por isso eu sou tão ligada a ele, e saber que ele queria tanto algo assim colocou a idéia na minha cabeça. A gente faz planos sobre isso desde que eu era criança... E assim passar pra Yale se tornou meio que o meu objetivo de vida. Eu tive crises de ansiedade esperando o resultado sair... Mas quando aquela carta chegou, e eu vi que estava aprovada, não me senti feliz. Nem triste. Eu não senti nada. – eu expliquei, me aconchegando mais contra o corpo de Joe – Foi como o fim de um filme, sabe? Durante minha vida toda eu tive um objetivo, e agora que o havia alcançado, parecia o fim. Não sabia o que fazer depois desse ponto. Nunca pensei direito no que eu faria depois de entrar pra Yale. Eu nem procurei conhecer outras faculdades, nem pensei no que queria fazer da vida... E aí eu comecei a perceber quanta coisa eu tinha perdido. Eu estive tão obcecada com estudar, tão dedicada às minhas mil atividades extracurriculares que não saí com meus amigos tanto quanto deveria ter saído... Não fiz tanta besteira quanto devia ter feito.
- Por isso você ficou tão descontrolada quando eu joguei isso na sua cara hoje mais cedo? – ele perguntou parecendo culpado, e eu assenti – Eu sou uma mula mesmo. Desculpa.
- Você já pediu, do seu jeito estranho. – eu disse, rindo – Tá tudo bem... É só que agora eu sou maior de idade, tô indo pra uma faculdade que eu nem sei se quero de verdade e sinto como se tivesse perdido a chance de ser adolescente, entende? De cometer erros e aprender com eles. Meus namoros nunca duravam porque eu não me deixava envolver, não arriscava... E agora eu tô assustada. Eu não sei o que quero fazer, e tenho medo de me arrepender se deixar as coisas continuarem acontecendo desse jeito... 
- Que jeito? – Joe perguntou, acariciando meu cabelo.
- Desse jeito... Primeiro a escola, depois ir direto pra faculdade, e então começar a carreira... Não tem pausa. Não tem nenhum período na nossa vida entre as responsabilidades. E eu tenho medo de acordar um dia com sessenta anos e descobrir que eu nunca vivi minha vida. Nunca tive um tempo só pra viver, sem preocupações. Entende o que eu quero dizer?
- Entendo. Por isso eu e os caras vamos viajar no fim do ano... – Joe respondeu, fazendo uma pausa como se escolhesse as palavras – E você... Se quiser, claro... Podia vir com a gente.
De início eu achei que ele não falava sério. Mas ao levantar um pouco a cabeça e vislumbrar sua expressão nervosa, eu entendi que ele não estava brincando.
- Ir com vocês? – eu perguntei, chocada.
- É. – ele respondeu – Com um currículo como o seu, não vai ser um problema trancar sua vaga em Yale por um ano. Você podia gastar esse tempo acompanhando a banda... Pensando no que você quer fazer mesmo da vida... E passando mais tempo comigo. – Joe disse a última parte sorrindo, me fazendo sorrir junto.
- E os caras da banda não se importariam de me ter por perto? – eu perguntei, em tom de brincadeira, mas começando a realmente considerar a idéia. Era algo irresponsável, impulsivo... Exatamente tudo que eu sempre quis fazer.
- Bom, em primeiro lugar acho que eles ficariam aliviados de não precisarem mais ter que lidar com minhas lamentações sobre você toda vez que eu bebo demais. – ele disse, e eu ri, imaginando a cena – Em segundo... A gente tem espaço. O Chace arrumou um trailer grande pra gente. Não é nenhum palácio, está longe de ser totalmente confortável, mas nós pretendemos dormir em hotéis sempre que der. E quando não der, é só você dividir uma cama de solteiro apertada comigo que a gente economiza espaço... – disse ele, com o meio bico de novo. Depois de ver que tinha funcionado da primeira vez, eu tinha certeza de que ele passaria a usá-lo como arma constantemente.
- Não é disso que eu tô falando. – eu disse, depois de largar o lábio inferior que eu não resisti em mordiscar – Ter uma garota por perto pode acabar afastando as groupies... E estragando os momentos de diversão entre amigos. Achei que parte do motivo de vocês viajarem fosse curtir a amizade de vocês.
- Nós podemos fazer isso com garotas por perto. Sexo, drogas e Rock ‘n Roll não é o grande objetivo dessa viagem. Bom, o rock é, claro, e o sexo é sempre bem vindo, mas sair por aí pegando groupies não é nosso objetivo. Ou pelo menos não o único objetivo e não o meu objetivo. E fique tranqüila, você não vai espantar as garotas. Eu já vi o Chace com uma menina em cada braço e ele ainda assim atraía mais, então acredite, você não vai estragar a viagem de ninguém.
- Nem a sua? – eu perguntei, a droga da insegurança voltando com tudo.
- Eu já disse que quero você. – ele disse, e eu admirei a paciência que ele estava tendo comigo – Eu te adoro, você é linda, e a química entre a gente é algo que eu nunca senti com mulher nenhuma. Eu quero ter mais tempo com você, quero te conhecer ainda mais... E, além disso, só de pensar em te deixar pra trás está me dando essa sensação ruim por dentro.
- Tem certeza que os caras não vão se incomodar de me ter por perto? – eu perguntei, já quase convencida.
- Tenho. Acho que você nem vai ser a única garota, já que o Jake está querendo levar a Claire... A gente até gostou da idéia, porque um ano só com testosterona naquele trailer pode acabar deixando as coisas meio gays... Vocês seriam uma boa dose de estrogênio pra equilibrar as coisas.
- E o meu pai? – eu perguntei, jogando meu último argumento sólido.
- Seu pai vai entender. Ele pode querer que você vá pra Yale, mas também quer que você seja feliz. Ele vai entender se você precisar de um tempo pra pensar, e vai entender se você mudar de idéia quanto a faculdade. Ele me deu apoio quando eu expliquei meus motivos, foi a minha mãe que implicou com a idéia. Seu pai vai aceitar, e se não aceitar, você já tem idade o suficiente para tomar suas próprias decisões. – ele disse, beijando o topo da minha cabeça – Mais algum impedimento? – ele perguntou, rindo.
- Vários. E se depois desse ano eu decidir que quero mesmo ir pra Yale? O que acontece com a gente?
- Não sei, minha linda. Mas se nada melhor aparecer, eu pretendo ir pra faculdade... Eu fui bem nos SAT2, e se eu pedir tenho certeza que alguns dos meus professores podem mandar cartas de recomendação por mim ano que vem... Eu podia tentar uma vaga em Yale.
- Você sabe que não é tão fácil. E se você tentar e não passar? E se vocês receberem uma proposta de contrato irrecusável com alguma gravadora e eu mesmo assim decidir que quero ir pra Yale? E se...
Demi! – ele me interrompeu, rindo – Você já percebeu quantos “e se” você disse? Esquece isso. Não vale a pena deixar de viver o presente pra ficar pensando só no futuro. Foi o que você fez a vida inteira, não foi? Então. Por tudo que eu sei, amanhã um meteoro pode se chocar contra a terra e acabar com a humanidade. Pela primeira vez na sua vida, tenta viver o agora. Eu não sei o que vai acontecer no final do ano que vem. Mas a gente atravessa essa ponte quando chegar nela, ok? Nós vamos dar um jeito, confia em mim.
- Eu confio. – eu disse, relaxando. Já havia me preocupado demais durante esses anos todos. Estava na hora de deixar a vida me surpreender.
- Então... Já esclareci todas as dúvidas? Você vai com a gente? – ele perguntou, sorrindo esperançoso. Eu assenti – E posso te considerar minha namorada?
- Oh, isso não. – eu disse, me controlando para não rir da cara de choque dele – Não vai acontecer. Eu já te tirei do meu sistema, sabe? – eu disse, sorrindo sacana – Nada mais de querer Joe Jonas. Não, agora eu tô curada... Agora só quero caras chatos e não tão sexys. Não você. Não mesmo...
Ele levantou uma sobrancelha, deixando claro que sabia que eu estava brincando. Se inclinando na minha direção, ele me beijou, longa e sensualmente, me deixando um pouco tonta.
- Terminou? – ele perguntou ao me largar, sorrindo.
- Aham. – eu disse, retribuindo o sorriso e levantando da minha cadeira de forma a sentar de lado no colo dele. Fazendo isso, eu pude reparar na confusão que nós havíamos feito na cozinha.
- Sua mãe e meu pai teriam um ataque se vissem o que a gente fez com esse lugar. – eu disse, rindo.
- Falta tempo até eles chegarem, a gente arruma. Se eles soubessem o que aconteceu aqui, a bagunça seria a última das preocupações. – respondeu Joe.
- Eles vão enlouquecer quando descobrirem sobre nós dois, não vão? – eu perguntei, suspirando. 
- Vão. Por isso eu acho melhor a gente só contar quando estivermos bem longe. Já vai ter atrito o suficiente nessa casa por causa da viagem. – disse Joe, franzindo as sobrancelhas – Mas não se preocupe. Eles não vão gostar, mas vão ter que entender. Nós não somos irmãos, e em pouco tempo nem vamos mais morar nessa casa. É só a gente esperar um pouco pra evitar drama desnecessário. – disse Joe, em seguida sorrindo – O pior é que além de tudo a gente roubou o aniversário deles. 
Nós dois rimos, e o assunto tenso estava oficialmente superado.
- Bom, se você tentar não ser tão sexy, eu posso conseguir fingir que não há nada entre nós por um tempo. – eu disse, me inclinando para beijá-lo. Eu não conseguia mais parar. Estava definitivamente viciada.
- O que você quer que eu faça se eu não posso parecer sexy? Ande com um saco de papel no rosto? – ele perguntou, e eu revirei os olhos.
- Me explica como exatamente seu ego cabe nessa casa? – eu perguntei, rindo.
- Ele escapa um pouco pelas frestas debaixo das portas... AI! – ele exclamou, depois que eu dei um tapinha em seu peito.
- Você é tão convencido que chega a dar nojo, sabia? – eu disse, o beijando novamente e começando a me levantar do colo dele.
- Você gosta de mim assim mesmo. – disse ele, dando de ombros – E onde a senhorita pensa que vai?
- Meu pai e sua mãe chegam em duas horas, é melhor a gente começar a trabalhar. Eu ainda preciso recomeçar a cobertura do bolo. – eu expliquei, pegando a camisa de Joe no chão e a vestindo antes de pegar a cobertura de caramelo e outra lata de leite condensado. 
- A cobertura? E quem vai limpar a cozinha? – ele perguntou, desconfiado.

Eu lancei a ele meu melhor olhar de gatinho do Shrek.

- Oh, não. – ele disse, balançando a cabeça.
- Por favor... – eu pedi, piscando os olhos inocentemente.
- Não, Demi. – ele insistiu, cruzando os braços.
- Por mim... Eu ia ficar tão feliz... – eu continuei.
- Não... – ele repetiu, porém com muito menos firmeza.
- Eu ia ficar tão... Grata... – eu disse, abaixando a cabeça me fingindo de triste, enquanto dobrava um joelho um pouco, encostando a ponta do pé no chão e mexendo o corpo devagar de um lado para o outro com as mãos para trás.
- Grata... Quanto? – ele perguntou, olhando minhas pernas.
- Você não vai saber se não arrumar a bagunça pra mim... – eu respondi, sorrindo.
- Argh, tá bom! – ele disse, revirando os olhos e pegando sua calça no chão, a vestindo – Mas só porque você fica sexy com a minha camisa.
Eu sorri e me voltei para os ingredientes na bancada à minha frente, porém me virei de novo ao perceber algo com minha visão periférica. Joe discretamente havia recolhido minha calcinha, largada no chão, e a colocara no bolso.
Eu clareei a garganta, chamando a atenção dele.
- Com licença, acho que você tem algo que me pertence nas suas calças. – eu disse, cruzando os braços.
- Já tá possessiva assim? – ele perguntou, sorrindo safado – Daqui a pouco vai querer tatuar seu nome no meu...
- Eu quis dizer no seu bolso. – eu interrompi, antes que ele continuasse a falar merda.
- Oh, isso... – ele disse, fazendo o meio bico de novo enquanto eu me aproximava – Eu preciso de algo para me consolar durante as noites que nossos pais estiverem em casa...
- Bem... – eu comecei a dizer, parando na frente dele e tirando a minha calcinha de seu bolso – Se você me prometer que fica bem quietinho... E se for bonzinho o suficiente para ir até o meu quarto buscar isso – eu balancei de leve a calcinha – de noite sem ninguém perceber... Eu posso pensar em outras maneiras de te... Consolar.
Eu nem acreditava que havia dito aquilo. Céus, desde quando eu sou pervertida desse jeito? Nossos pais estariam em casa! 

Definitivamente, Joe estava me corrompendo.

Depois da surpresa inicial, os lábios dele se curvaram em um sorriso sedutor e ele fez menção de abraçar minha cintura. Eu dei um tapinha em uma de suas mãos antes que ele conseguisse me tocar.
- Depois. Agora limpeza. – eu disse, apontando para bagunça com pose autoritária. Ele me olhou feio mais fez o que eu mandei, resmungando o tempo inteiro enquanto eu voltava para minha cobertura de leite condensado e caramelo, totalmente feliz.

Eu disse que ia fazer ele engolir aquele riso...

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~



Cerca de duas horas depois, eu estava na sala, sentada em frente ao bolo de chocolate do qual eu não havia resistido a tirar um pedaço. Era ótimo, mas estava longe de ser melhor que sexo.
Demi! – a voz de Joe me chamou, e em seguida eu o ouvi descendo as escadas – Me ajuda a dar um nó nessa gravata?
Ele estava uma verdadeira visão, assim como da primeira vez que eu o havia visto. Como íamos há um restaurante mais refinado, a mãe de Joe insistira que ele usasse o smoking. Eu senti uma onda gigante de gratidão por Margaret. Joe usando black tie era de tirar o fôlego. 
- Você tá linda. – ele disse, me olhando com admiração antes de me beijar. Eu corei, me parabenizando internamente pela escolha da roupa. Era meu melhor vestido, cor de vinho em formato tubinho, nem muito longo e nem muito curto. 
- Você também, mas provavelmente você já sabe disso. – eu respondi, fazendo Joe rir.
Eu pedi que ele segurasse meu pedaço de bolo enquanto dava o nó da gravata borboleta. Anos morando sozinha com o meu pai haviam me ensinado a fazer todo tipo de nó de gravata.
- Obrigado. – ele disse, com a voz abafada por estar com a boca cheia do meu bolo. Já quase não restava nada do pedaço que eu o entregara para segurar.

Eu já devia saber que entregar minha comida para o Jonas e esperar tê-la de volta era inocência demais.

- Se veste como um gentleman, se comporta como um porquinho. – eu disse, rindo, e ele olhou feio para mim – O quê? É verdade. – eu dei de ombros, pegando um guardanapo ao lado do bolo que eu colocara sobre a mesa na parte da sala que constituía a sala de jantar e limpando o chocolate que se espalhara pelos cantos da boca dele. Como eu disse, um porco.
- Desde quando você é minha mãe? – ele perguntou, protestando contra minhas tentativas de limpá-lo.
- Desde que você voltou a comer como um recém-nascido. – eu respondi, parando de esfregar o guardanapo quando fiquei satisfeita com o resultado.
Observando Joe enfiar o resto do meu pedaço de bolo na boca, eu peguei minha bolsa, também em cima da mesa, e a revirei até achar o colar que eu enfiara ali quando desci de meu quarto minutos antes, já que como o fecho era complicado, eu ia precisar de Joe para colocá-lo.
- Fecha pra mim? – eu pedi, colocando o colar em volta do meu pescoço e me virando de costas para Joe. Ele assentiu com a cabeça, ainda de boca cheia, e fechou o colar.
- Como estou? – eu perguntei, virando pra ele novamente.
- Linda. – ele me respondeu, sorrindo sincero e em seguida se voltando para o bolo – Posso pegar outro pedaço?
- Gostou, é? – eu perguntei, rindo enquanto me voltava para o espelho de parede, querendo conferir o efeito do colar combinado ao vestido.
- Aham. – Joe respondeu – Mas acho que mesmo assim a gente respondeu a questão. Definitivamente não é melhor que...
- PAI! MARGARET! – eu exclamei, de forma a impedir que Joe concluísse aquela frase. Havia acabado de me voltar para o espelho e visto o reflexo dos dois nos olhando boquiabertos.
A porta da rua ficava bem longe da área de jantar, de forma que não havíamos ouvido os dois entrando. Meu pai e Margaret nos encaravam como se houvéssemos saído de outro planeta, e era fácil entender o porquê. Quando eles saíram de casa, nós estávamos há um passo de arrancar a cabeça um do outro. Os dois provavelmente esperavam encontrar o lugar totalmente destruído, e um de nós inconsciente com um galo gigante na testa, no mínimo. Talvez já estivessem se preparando para ligar para o hospital quando atravessaram a porta para entrar em casa. Mas, ao invés de terror e destruição, se deparar com o clima totalmente doméstico entre eu e Jonas, a tensão que normalmente nos envolvia totalmente superada, devia ser bem assustador.
Eu e Joe trocamos um olhar, ambos sorrindo nervosos. Será que eles estavam ali desde o beijo? Não, improvável. Não teríamos passado tanto tempo sem perceber a presença deles, e os berros ultrajados dos dois teriam sido inevitáveis. Mas mesmo assim, será que eles haviam percebido algum clima? 
Eles continuavam nos olhando abismados. Margaret parecia não nos reconhecer e meu pai parecia estar esperando que o Ashton Kutcher aparecesse e anunciasse que ele estava no Punked. Eu não os culpava. Mesmo se eles realmente não tivessem percebido nada demais, acreditar que eu e Joe estávamos sendo amigáveis um com o outro era como acreditar que uma víbora venenosa podia ser amiga de um ratinho suculento.
- Eles não estão gritando. – disse Margaret para meu pai, em tom incrédulo. Senti uma onda de culpa me dominar. O meu péssimo relacionamento com Joe devia ser algo que realmente preocupava os dois, se ambos pareciam tão chocados com o simples fato de estarmos há mais de trinta segundos no mesmo aposento sem berrar um com o outro.
- Nem se ofendendo. – acrescentou meu pai, como se em um transe – É... Um milagre.
Nenhum dos dois se referiu a nós, de forma que eu e Joe apenas continuamos com os sorrisos falsos, na tentativa idiota de fingir que não havia nada de errado. Porém quando nem meu pai nem Margaret disseram mais nada, o silêncio começou a ficar estranho. Se deixássemos aquilo continuar, em breve provavelmente começariam as perguntas. Quando o choque passasse, nossos pais iriam querer saber que espécie de milagre havia acontecido naquela casa, e como exatamente nós fizemos as pazes. Se isso acontecesse, provavelmente acabaríamos deixando escapar alguma coisa. Joe era um péssimo mentiroso e eu sempre gaguejava quando precisava inventar uma mentira de súbito. Não, eu precisava de um pouco mais de tempo para pensar numa história convincente. 

Foi por isso que, alargando meu sorriso nervoso e pegando a bandeja sobre a mesa, eu disse a única coisa que parecia segura no momento.

- Oi, gente. Alguém quer bolo?

Fim.

Bom gente espero que tenham gostado da mini fic :] e ahh pra quem quiser saber essa receita desse "tal bolo" existe mesmo.