sábado, 30 de junho de 2012

Capítulo 9

- Faz quanto tempo mesmo? Digo... que vocês estão, er... ficando? Se pegando? Ou sei lá o quê... – Nick riu.

- Duas semanas. – Joe suspirou.


- Cara, você sabe que ela gosta de você. – a garota parou no topo de escada ao ouvir a voz de Chris vindo da cozinha. – E não é de agora.


- Eu também gosto dela, Chris, desde sei lá... sempre! Mas não é assim que as coisas funcionam. Nós fomos criados juntos, entende? Ela é... minhaprima, minha familia! – Joe falou num tom de voz mais baixo. Os quatro ficaram em silêncio alguns instantes e Demi ponderou se descia ou continuava ali. Preferiu optar pela segunda opção quando Nick quebrou o silêncio.


- Tecnicamente, vocês não são realmente primos, então eu não vejo problema. – Deu de ombros.


– A questão não é essa, Nick! – Joe suspirou passando a mão nervosamente pelo cabelo. Deu um gole na cerveja e observou o céu claro pela janela. Ele bem queria que o único problema fosse o fato deles serem primos ou terem sido criados juntos, mas ia muito além disso. Fechou os olhos lembrando-se de sua mãe e bufou irritado. – Se ela ao menos tentasse, poderia conseguir qualquer cara que ela quisesse, a Dem é incrível! Ela é linda, esperta, inteligente, engraçada...


- E gostosa pra caralho. – Nick completou com um sorriso e levou um pedala de Chris.


- Joe, cara, esqueça. Do pouco que eu conheço a Demi, ela não vai desistir de você. - Kevin falou calmamente olhando para o amigo. – Uma hora ou outra você vai acabar se envolvendo demais. Mulheres, meu caro, quando a gente menos espera já estamos apaixonados por elas. – falou sabiamente fazendo Demi sorrir.
Joe suspirou chegando a conclusão de que eles já tinham se envolvido demais desde o dia em que se conheceram.


- É frustrante. – Falou balançando a cabeça. – Ela nunca saiu para conhecer pessoas novas, nunca teve a chance de conhecer caras que poderiam ser legais pra ela. – Olhou para os amigos que se entreolhavam e bufou desistindo de fazê-los entender.
Caminharam de volta até sala obrigando a menina a entrar no banheiro novamente e encostar um pouco a porta para que eles não reparassem em sua presença. Pela fresta que ficou aberta, pode ver os quatro sentarem no sofá e no chão da sala em silêncio.


- Não esquece o seu encontro hoje com a Cindy. – Nick falou distraidamente batendo na perna de Joe e o menino engasgou o olhando.


- O meu... Cindy? O quê? – Perguntou sem entender recebendo um tapinha no ombro.


- A Cindy, seu gay! Lembra aquela minha amiga que gostou de você e eu disse que marcaria um encontro com vocês dois? – Os outros três riram quando Joe bateu na testa fortemente se lembrando que Nick lhe falara sobre esse encontro semanas antes.


- Se você se esqueceu da Cindy... – Kevin fez um gesto com a mão como se desenhasse as curvas de uma mulher. – Então é porque a Demi anda tomando espaço demais na sua cabeça. – Riu fazendo um coração no ar e recebendo um olhar torto de Joe.


- Então, você vai? – Chris se pronunciou o olhando.

Um silêncio tomou conta da sala e Demi prendeu a respiração chegando o mais perto que pôde para ouvir a resposta de Joe. O menino apenas deu de ombros jogando a cabeça no encosto do sofá e apertando os olhos com uma das mãos.
Demi saiu do banheiro e bateu a porta, fazendo um estrondo proposital. Do andar de cima ela viu os quatro garotos a olharem apreensivos e sorriu docemente.


- Olá, garotos! – Desceu as escadas rapidamente e pegou a bolsa na poltrona.


- Oi, Dem! – Chris, Nick e Kevin responderam em coro.


- Vai sair? – Joe perguntou arqueando a sobrancelha.


- Vou, tchau! – A garota respondeu saindo rapidamente pela porta sem olhar para trás.
Odiava quando Joe reagia daquela forma insegura. Parecia que alguma coisa o afastava sempre que eles estavam realmente se entendendo. Bufou descendo as escadas apressadamente e se sentiu mais tranqüila quando saiu na rua e um vento frio tocou seu rosto.
Não gostava nem da possibilidade de perder Joe para outra garota, era uma sensação estranha pra ela. Por vezes tentava imaginar seu futuro sem ele, mas parecia sempre que faltava alguma coisa, como se uma parte dela não estivesse realmente lá... era tudo incompleto.
"Uma hora ou outra você vai acabar se envolvendo demais."
Lembrou do que Kevin dissera e riu sozinha enquanto caminhava pelas ruas. Talvez a gente tenha envolvido demais desde que nos conhecemos, pensou.


- Bebendo antes do encontro? – A garota falou descendo o ultimo degrau e Joe a observou de cima a baixo. Ela vestia apenas uma baby look e uma calcinha azul com pequenas nuvens brancas. A garota sexy-inocente estava de volta, e ele estava ferrado mais uma vez. – A garota é baranga ou burra? – Ela perguntou sarcasticamente abrindo a geladeira e se abaixando um pouco propositalmente. Puta merda, ele estava muito ferrado.


- Espero que seja a segunda opção. – Ele resmungou bebendo mais um gole da cerveja e desviando o olhar para a televisão desligada à sua frente.


- Você podia tentar conciliar esses dois atributos em uma garota só, sabia, Joe? – Ela o olhou sorrindo. – Inteligência e beleza, não é assim tão difícil. - Caminhou lentamente até o sofá e parou quando estava perto o suficiente para sentir o perfume do garoto. Sorriu sozinha o observando enquanto ele tentava desesperadamente desviar o olhar das pernas desnudas dela.
Joe bateu os pés num ritmo desesperado no chão enquanto seu cérebro tentava pensar numa resposta rápida. Olhou novamente para a calcinha azul da garota e fechou a mão com força na garrafa de cerveja. Porra, o álcool não estava o ajudando. 


- Então... Quer ajuda pra elaborar uma resposta? – Demi perguntou afastando sua mão que segurava a cerveja e estava apoiada em sua perna e sentou em seu colo com uma perna de cada lado da sua cintura. Joe suou frio. Essa mania de Demi ler seus pensamentos e o fazer suar frio nos piores momentos, não era muito agradável.


- Dem, não começa. – Ele falou nervosamente vendo a garota em sua frente sorrir de uma forma sexy e maliciosa. Sentiu os lábios dela encostarem lentamente em seu pescoço e distribuir alguns beijinhos por ali. Porque seu corpo tinha que reagir tão rapidamente ao mínimo toque dela?


- Começar o que? – Ela perguntou o olhando e sorrindo. – Eu só acho que você deveria ficar em casa hoje à noite. Sabe? Eu odeio ficar sozinha num sábado à noite. – Ela brincou com o primeiro botão de sua camisa e ele a olhou sentindo a respiração começar a ficar mais pesada.


O primeiro botão foi aberto e ele bebeu um gole da cerveja deixando que ela começasse a brincar com o segundo botão de sua camisa. Uma de suas mãos ainda segurava a cerveja com força e a outra estava largada em cima do sofá, o punho fechado e o mais distante possível da perna da garota que parecia uma espécie de imã para suas mãos.
O segundo botão foi aberto. O terceiro. O quarto.


- Dem, por favor. – Ele tentou fechar os botões, mas a garota afastou suas mãos que num gesto inconsciente, ou não, foram parar naquelas pernas que tanto o atraiam. 


- Viu? – Ela sorriu olhando para as mãos do menino em sua perna. – Você não precisa sair hoje à noite. – Beijou o queixo dele lentamente e depois prendeu seu lábio inferior entre seus dentes, o puxando levemente. As mãos de Joe apertaram as coxas dela. Merda, ele era tão fraco. Demi abriu os botões que faltavam da camisa do menino e depois o olhou sorrindo. Dew uma forma ou de outra, ele sempre se deixava ser seduzido por ela. Agora era tarde demais.
Joe levou uma de suas mãos até a nuca da garota e a puxou para um beijo que imediatamente fez seu corpo inteiro corresponder aquilo. Sua outra mão subiu até a cintura dela por debaixo da blusa e ele sentiu ela se arrepiar. Ótimo, pelo menos ele não era o único vulnerável ali.
Deitou a garota no sofá ficando por cima dela e abriu suas pernas para que as dela ficassem no meio. Uma parte do seu cérebro mandava ele se afastar, mas a outra o mandava seguir em frente perguntando o que havia de errado naquilo? Não tem nada de errado!, pensou. Mas ele prometera...
Quando deu por si, já estava deitado no sofá com Demi por cima dele. Que droga aquela garota fazia com ele?
Ela desceu os beijos para o pescoço dele passando a mão por seu peito e sua barriga descobertos. Joe já sentia seu corpo correspondendo de todas as formas possíveis, e sua calça começava a incomodá-lo. Aonde ele tinha se enfiado? Cindy estava lá o esperando, seria tão mais fácil pra ele lidar com ela e não com Demi.
Suas mãos inquietas passeavam pelo corpo da garota sem saber aonde pararem. Ele já conhecia cada pedacinho dela, era como se ela fosse uma ilha deserta e ele fosse o único morador, só ele conhecia aquela ilha tão bem como a palma da sua mão.
As unhas da garota arranharam sua barriga obrigando-o a fazer uma careta e apertar os lábios para que não deixasse um gemido escapar por eles. Os beijos que ela dava em seu pescoço só ficavam mais provocantes. Ela trilhou um caminho de beijos até seu peito enquanto com as mãos abria o cinto e a bermuda xadrez que o garoto usava.
Enquanto ela descia os beijos ainda mais pela sua barriga o garoto a observou sentindo a respiração falha. Que porra ele estava fazendo? Por Deus, aquela era Demi! Ela era sua menina e outro dia mesmo eles estavam brincando de fazer anjinhos na neve ou acampando no jardim. E agora ela ia...
Quando sentiu a garota tocar no elástico de sua boxer a puxou pelo braço num impulso.


- Nem pense nisso! – Falou irritado a olhando nos olhos. Irritado consigo mesmo e com ela. Ele era homem, droga! Será que era tão difícil pra ela entender isso? Se ela ao menos não provocasse tanto e não fosse estupidamente gostosa.
Demi arqueou a sobrancelha sem entender a reação do garoto.


- Droga, Dem! Pelo amor de Deus! – Ele falou impaciente sentando-se no sofá passando a mão pelo rosto e cabelo, tentando reorganizar as idéias. – Será que é tão difícil pra você entender que eu sou homem e tenho minhas vontades? Você não pode simplesmente me provocar assim! Já pensou o que poderia ter acontecido agora? Você acha que eu ia me perdoar algum dia se deixasse você fazer... aquilo? – Levantou do sofá abotoando a camisa e fechando o cinto novamente.


Olhou Demi ainda sentada no sofá abraçando os joelhos e olhando calmamente para as unhas. Menina teimosa! Ela tinha que parecer sexy até enquanto observava as unhas?


- Volto mais tarde! – Joe falou baixo pegando a carteira e a chave do carro saindo do apartamento em seguida. Ele só precisava de alguma bebida alcoólica e uma mulher.
Qualquer uma que não fosse Demi.


# Flashback (9 anos antes)

- O Joe ligou? – Demi perguntou observando a mãe guardar algumas coisas nos armários da cozinha. A mulher a olhou sorrindo carinhosamente.

- Não, meu anjo. Mas daqui a pouco vamos até lá, lembra? – Passou a mão pelos cabelos da menina que deu de ombros suspirando e saiu da cozinha correndo até o quarto.
Sentou na cama cruzando as pernas e abraçando um travesseiro enquanto encarava o mural de fotos na parede do quarto. Fotos de seus pais, seus colegas de infância que ela já nem sabia mais quem eram e fotos dela com Joe. Várias fotos deles dois. Aquele mural era praticamente um túnel do tempo, havia fotos desde que ela era bebê, até os dias mais atuais.
Fechou os olhos por alguns segundos tentando se lembrar da ultima vez que falara com Joe. Quase duas semanas haviam se passado e ela sentia um vazio dentro de si, tudo parecia errado quando ele não estava por perto. Seus pais continuavam brigando praticamente todos os dias e ele era a única pessoa a quem ela podia recorrer. Ele sempre estava lá para acalmá-la e dizer que tudo ia ficar bem, e agora tudo parecia apenas piorar.

Tomou um banho rápido pensando se Joe estaria na casa dele quando ela chegasse, precisava dos abraços reconfortantes dele. Vestiu uma bermuda jeans, uma camisa rosa clara quadriculada e o tênis de sempre. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto e botou os pequenos brincos prateados que sua mãe havia lhe dado de aniversário.


- Tá pronta? – Emily entrou no quarto e sorriu ao ver a filha se encarando no espelho. A menina apenas confirmou com a cabeça se virando para a mãe. Forçou um sorriso reparando a apatia da menina, sua pele parecia mais pálida que o normal e seu olhar não demonstrava nenhum tipo de emoção. Não conseguia entender que tipo de relação ela e Joe mantinham, mas sabia que havia algo mais intenso do que uma relação saudável de amizade entre duas crianças. Sentia medo por isso, era como se uma parte de sua filha se apagasse quando ele não estava por perto. Sempre fora assim, desde que eram crianças.

Tocou a campainha da casa sentindo as mãos geladas e lançou um olhar ansioso para a mulher ao seu lado. Ela apertou carinhosamente seu ombro quando ouviu a porta da casa ser destrancada e sua irmã lhes sorrir.
Demi abraçou a tia lhe lançando um sorriso rápido e passou os olhos pela casa na expectativa de vê-lo por ali. Nem sinal. As duas mulheres conversavam animadas e seguiram para a cozinha deixando-a na sala pensando se perguntava a sua tia se Joe estava em casa ou não. Suspirou optando por subir as escadas silenciosamente ouvindo as vozes se afastarem e um silêncio ir tomando conta do corredor na parte de cima da casa.
A porta do quarto dele estava entreaberta com o aviso de "Não Entre" virado. Ela odiava aquele aviso, fora posto ali quando ele entrou na adolescência e aprendera a usar a palavra privacidade em momentos adequados. Abriu um pouco mais a porta sem fazer barulho e demorou alguns segundos para avistar a figura de Joe sentada no chão com as costas apoiadas na cama e as pernas encolhidas. Caminhou até lá e sentou ao seu lado também encolhendo as pernas.


- Oi. – Falou calma olhando o perfil do menino até ele virar o rosto para encará-la.


- Oi – Respondeu da mesma forma esboçando um sorriso que passaria despercebido pelo olhar de qualquer um que não fosse Demi. – Senti sua falta. – Admitiu olhando os próprios pés.


- Também senti sua falta. – Abraçou os joelhos. – As coisas lá em casa estão chatas. – Suspirou recebendo um olhar confuso do mais velho. – Mamãe e papai continuam brigando. – Deu de ombros.


- É normal os casais brigarem. – Joe brincou com o carpete que cobria o chão do seu quarto.
Um silêncio se instalou no quarto e Demi observou algumas folhas que estavam no chão próximas a ela. Passou os olhos rapidamente constatando que era algum trabalho escolar de Joe e leu no final da página; "Dupla: Joe Jonas e Katlin Smith". Desejou por alguns segundos que fosse seu nome ali ao lado do dele, como sempre fora, fosse em pedaços de árvores ou em desenhos infantis. 


- Você gosta dela? – Perguntou num tom de voz quase inaudível sem tirar os olhos da folha de papel. Joe acompanhou seu olhar e deu de ombros.


- Não sei. – Respondeu com sinceridade. – Eu... – Suspirou pesadamente tentando encontrar as palavras certas. – Beijei a Katlin, de verdade. – Confessou com medo da reação da garota ao seu lado.

Demi não se moveu e nem tirou os olhos da folha no chão.
- Eu senti sua falta. – Repetiu com a voz estável. Havia aprendido com Joe a ser madura cedo demais. 


- Desculpe. – Joe respondeu a olhando.


Para qualquer pessoa que escutasse aquela conversa, seria como se faltasse um pedaço dela, alguns esclarecimentos, algumas palavras exaltadas e outras mais calmas. Mas eles não precisavam disso, eles conversavam no silêncio agonizante que deixaria qualquer espectador revoltado e ainda assim seduzido por aquele espetáculo sigiloso.


# End of flashback

Seus olhos se fecharam por alguns segundos e depois abriram novamente encarando a televisão ligada em algum filme de ação. Ela nem gostava desse tipo de filme, mas o barulho a mantinha acordada. Respirou fundo se sentando no sofá, ou acabaria pegando no sono mesmo com aquela barulheira de gritos e tiros que vinha de filme. Eca.
Encarou a porta do loft tentando apenas com a força do pensamento fazer com que Joe entrasse por ela. Já eram quase onze horas da noite e Joe ainda não havia dado noticia, ela odiava quando ele fazia isso. Desejou por alguns segundos não ter o provocado daquela forma, mas era simplesmente algo maior do que ela. Ele estava sempre por ali passeando pra lá e pra cá apenas com suas boxers engraçadas e a provocando mesmo sem saber, e se ele fazia, por que ela também não poderia? Ela tinha tantos desejos e vontades quanto ele.
O barulho da chave girando na porta a acordou de seus pensamentos e viu Joe entrar e passar direto por ela sem nem olhá-la.
Ele odiava fazer isso, ignorar Demi era uma coisa que doía nele mesmo.
Ela abraçou as pernas olhando para o chão sem coragem de falar qualquer coisa. Preferia que Joe a xingasse do que a ignorasse. Ouviu a porta do banheiro no andar de cima bater com força e o chuveiro ser ligado em seguida. Suspirou profundamente sentindo uma dorzinha estúpida incomodar seu peito.

Joe ficou embaixo do chuveiro deixando que a água gelada praticamente congelasse seus ossos. Era tudo que ele precisava. Fechou os olhos com força tentando não pensar em nada, mas a porcaria da culpa o estava assombrando. Será que ele não conseguia ignorar a garota nem por um segundo sem sentir idiotamente culpado por isso? Ela mesma era culpada pela culpa que ele estava sentindo. Ela e a sua estúpida calcinha azul com nuvens brancas.
Ele nunca fora tão vulnerável nas mãos de uma garota, mas com Demi era sempre assim. Desde que eram adolescentes, desde o primeiro beijo, desde sempre. E depois de anos achando que tudo havia sido apenas sua imaginação, lá estava ele de novo se sentindo fraco e vulnerável. Patético.
Desligou o chuveiro e pegou a toalha rapidamente a esfregando pelo corpo numa tentativa de não sentir tanto frio. A boxer de patinhos que Demi havia lhe dado alguns meses antes pendia atrás da porta, ele bufou a vestindo e passou a mão pelo cabelo rapidamente fazendo com que o espelho ficasse todo molhado.
Quando abriu a porta do banheiro viu a imagem de Demi sentada em sua cama com as pernas cruzadas como um índio e aquela feição que ele conhecia tão bem; ela queria pedir desculpas, mas pra variar não sabia como.
Ela sempre fora péssima em pedir desculpas, muitas vezes por orgulho, outras vezes por não saber o que falar. Joe era uma das poucas pessoas a quem ela conseguia pedir desculpas, mesmo que desse milhares de voltas para conseguir finalmente dizer a palavra.
A olhou por alguns segundos ainda em dúvida do que fazer, e quando decidira por ignorá-la novamente, ela resolveu falar.


- Você podia ter ao menos ligado pra falar que ia chegar tarde. – A voz de Demi saiu baixa, mas firme. – Eu fiquei preocupada. - Joe observou a sala escura no andar de baixo, iluminada apenas pela televisão. 


- Eu acho que já sou crescidinho demais pra ter que ficar dando satisfações pra alguém. – Respondeu sério.


- Então eu devo ser estúpida demais por ainda me preocupar com você! – A irritação fez a voz dela sair mais alta. – Espero que você tenha se divertido com a Cindy. – Frisou o nome da menina e se levantou da cama na intenção de voltar para a sala.


- Eu não saí com a Cindy. – Joe deixou escapar e observou a menina parar no meio da escada e se virar para encará-lo. 


- Saiu com alguma outra mulher? – Perguntou com medo da resposta, mas sentiu um alivio imediato quando viu o garoto negar balançando a cabeça.


- Eu fui pra casa do Nick, os caras estavam lá. – Deu de ombros.

Demi concordou vagamente com a cabeça. Olhou os degraus da escada que faltava descer e depois olhou novamente pra Joe mordendo o lábio.

- Desculpa. – Falou por fim fazendo o garoto a olhar. – Por hoje mais cedo... – Suspirou sem vontade de completar a frase. Ela não se arrependia do que tinha feito, apenas se arrependia de ter deixado Joe irritado.


- Me desculpa também. Acho que fiz tempestade num copo de água. – Falou com simplicidade. – Eu não precisava ter aumentado a voz com você. – E ele bem sabia o quanto ela odiava que aumentassem a voz para ela. 


Demi balançou a cabeça sem jeito e sem saber direito o que fazer, no final acabou se decidindo por voltar para a sala, o barulho do filme de ação já estava a tirando do sério.
Se jogou no sofá encolhendo as pernas e as abraçando pelo joelho e botou em um canal de clipes. Ela amava assistir clipes, era sua terapia. O único problema era quando começava aquela seção de clipes de rap que a deixava totalmente frustrada, se ao menos os clipes fossem diferentes. Mas era sempre um monte de mulheres seminuas, jóias, dinheiro e carros importados para todos os lados. Argh. Rappers podem ser seres desprezíveis.
Sentiu o sofá afundar e se deparou com Joe ao seu lado com um sorriso infantil no rosto.


- Não tá com sono? – Perguntou calmamente. Demi balançou a cabeça negando. – Estranho você ainda estar acordada. A televisão ligada te faz dormir. – Falou com convicção.


- Faz. – Concordou mesmo sabendo que ele não fizera uma pergunta. – Mas eu estava realmente preocupada. 


- Você nunca vai deixar de se preocupar comigo, né? Mesmo que eu tenha 40, 50 anos. – Joe sorriu fazendo a menina rir pelo nariz concordando.


- Você vai parar de se preocupar comigo? – O olhou mordendo o lábio inferior e viu Joe negar sorrindo. - Consegue esquecer o que fez você se irritar hoje mais cedo e me deixar voltar a fazer o que estava fazendo? – Demi sorriu de lado observando o menino deixar um riso baixo escapar.


- Se eu disser que não você vai me provocar de novo? – Ele a olhou com a sobrancelha arqueada.


- Pode apostar! – Riu.


- Ah, então a resposta é não. – Falou um pouco mais sério e depois sorriu de lado.


- Hm... – A menina se virou pra ele com a sobrancelha arqueada. – Sempre posso tentar te fazer mudar de idéia! – Sentou no colo dele desligando a televisão e jogando o controle no chão.
Começou a dar leves beijos no pescoço de Joe sentindo-o acariciar suas pernas e aos poucos foi fazendo os beijos virarem chupões que com certeza deixariam algumas marcas pelo pescoço do garoto.


Joe fechou os olhos sentindo a garota trilhar um caminho até seu ouvido e morder levemente seu lóbulo. Suas mãos subiram pelas pernas dela até irem parar embaixo da blusa que ela vestia, apertou sua cintura com força sentindo os beijos dela chegarem até sua boca e no mesmo instante sua língua pedir a passagem facilmente cedida. A menina se ajeitou no colo dele colocando uma perna de cada lado do seu corpo e ele a puxou ainda mais para perto se esquecendo da lei de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.
Demi desceu as mãos até a barra da camisa do garoto e a puxou desajeitamente para cima, partindo o beijo apenas por milésimos de segundos suficientes para jogar a camisa do outro lado da sala. Com um pequeno impulso Joe fez com que ela se deitasse no sofá e ficou por cima puxando a perna dela para cima para que pudesse encaixar as suas entre as dela.
Passou as unhas pelas costas dele ouvindo um gemido abafado sair pela boca do menino e sorriu para si mesma, ela amava provocá-lo e sentir ele reagir ao toques dela. Joe desceu a mão pelas costas dela e apertou levemente sua bunda fazendo-a rir, mas impedindo-o de quebrar o beijo. Levantou a camisa da menina aos poucos, beijando cada novo pedaço revelado da barriga dela e quando terminou de tirá-la não pôde evitar olhar para os seios da menina ainda dentro do sutiã.
Beijou o colo desnudo dela deixando que suas mãos passeassem por aquele corpo que ele tanto adorava e que vinha habitando seus pensamentos. Os dedos da menina delicadamente entrelaçados em seus cabelos faziam um carinho gostoso e provocante que o fazia esquecer qualquer outra coisa que não fosse o corpo dela em contato com o dele.
Procurou pelos lábios dela novamente e deixou que suas línguas brincassem enquanto vez ou outra mordiscava o lábio inferior dela ouvindo-a ofegar e apertar as unhas em suas costas e ombros. As mãos dela brincaram com o elástico de sua boxer e ele sentiu como se tivesse levado um murro quando Demi começou a abaixar a boxer.


- O que foi? – Ela perguntou confusa quando ele se afastou e sentou no sofá com a boca vermelha e a respiração descompassada.


- Dem, a gente não.. vai... – Falou com dificuldade tentando encontrar as palavras certas, e que não soassem como se ele fosse a garotinha da relação ou seja lá o que fosse que eles tivessem.


- Transar? – Demi completou a frase ainda tentando entender qual era o problema de Joe. Ele a olhou procurando por alguma resposta, mas ela apenas bufou e se sentou no sofá direito. – Então me diz, Joe. O que a gente vai fazer? Ficar se pegando no sofá e em outros cantos da casa pra sempre? É isso?


-NÃO! – Respondeu irritado. – A gente só... não precisa fazer isso agora. – Completou passando a mão pelo cabelo.


- E se depender de você nem agora e nem nunca, Joe. Essa é a segunda vez que isso acontece. Por Deus, eu nunca vou perder o cargo de prima fraca e mais nova que você tem que proteger? – Demi escondeu o rosto entre as mãos e tentou respirar normalmente sentindo o coração acelerado.


- Não é isso, Demi. – Bufou impaciente. Ou era isso? Talvez ele ainda não tivesse se acostumado em vê-la como mulher, não se acostumara em sentir o desejo dela tão próximo e igual ao seu. – Olha pra mim. – Pediu segurando os dois pulsos da menina e obrigando-a a olhá-lo. – Você é a pessoa mais importante que eu tenho e se eu machucar você, vai doer mil vezes mais em mim.


- Você não vai me machucar. – Demi falou com convicção.


- Não, não vou. – Ele a abraçou com força. – Me desculpa. – Falou baixo beijando o ouvido dela e a viu concordar com a cabeça ainda com o rosto afundado em seu peito.


- Não vai adiantar se eu disser que dessa vez to realmente preparada? – Perguntou inocente fazendo Joe rir baixo.


- Não hoje. – Suspirou recebendo o impacto das palavras dela.
Ela estava preparada. Preparada pra ele, pra ser dele.
Ele só precisava saber se estava preparado pra aceitar isso, e finalmente deixar que aquilo acontecesse.



Continua...


Esse cap foi só pra esquentar kkk

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Capítulo 8

- Joe, espera! Meu cadarço tá desamarrado! – Demi reclamou num tom irritado e alegre ao mesmo tempo. Andar tentando amarrar os cadarços e ao mesmo tempo ter alguém puxando seu moletom é uma tarefa realmente difícil.

- Você amarra no caminho! – Joe continuou puxando o capuz da menina recebendo um tapa na mão e um olhar maligno dela.
Se abaixou arrumando o all star que estava quase saindo do pé e depois arrumou o moletom, bagunçado graças aos puxões de Joe.


- Pronto, agora podemos ir! – Falou sorrindo fazendo o menino rolar os olhos. – Nunca vi você com tanta pressa. – Reclamou colocando as mãos dentro do bolso do moletom e sentindo o vento frio jogar seus cabelos para trás. Joe deu de ombros.


- Já disse que as inscrições acabam hoje, e eu não olhei o horário. – Falou consultando o relógio que marcava quase meio dia.


- Você tá mais preocupado do que eu. – Demi riu. – Parece até que é você que vai se inscrever no curso.


- Isso, continua caçoando que eu nunca mais vou que nem um idiota correndo te avisar sobre algo que te interesse. – Fechou a cara fazendo-a prender o riso.


- Aw, você é tããão dramático. – Ela o abraçou de lado sem parar de andar.


- Não tem graça, Demi. – Joe tentou se soltar do abraço dela, mas a menina entrou em sua frente fazendo-o caminhar mais devagar e sorriu passando os braços por seu pescoço.


- Lógico que tem graça, Jonas. Você nem imagina o quão bonitinha é essa sua cara emburrada. – Riu sozinha vendo-o rolar os olhos.


- Dá pra parar de me abraçar e me deixar continuar caminhando? A gente não vai chegar lá a tempo. – Tirou delicadamente os braços da menina de seu pescoço fazendo-a estender a língua.


- Rabugento! – Brincou pegando sua mão livre e quando ele fez menção de soltá-la, entrelaçou os dedos nos dele.

- Acho que é aqui. – Joe apontou uma casa de madeira escura. Estivera ali algumas horas antes, mas podia jurar que vira um anúncio sobre um curso de Design na porta.
Entraram pela porta de vidro da casa ainda de mãos dadas e foram recebidos por uma senhora sorridente que arrumava alguns papéis em cima da mesa.


- Posso ajudá-los? – Perguntou serenamente. Joe balançou a cabeça confirmando.


- Não era aqui que estava acontecendo as inscrições para um curso de Design? – Perguntou em duvida.


- Sim, aqui mesmo. Eu apenas tirei o cartaz da porta porque o período de inscrições acabou dez minutos atrás. – Confirmou.
Demi apertou a mão de Joe sem acreditar em sua falta de sorte.


- Será que a senhora não pode nos ajudar e deixar que ela se inscreva? Eu vi o cartaz mais cedo, mas ela não estava comigo e eu tive que ir até em casa para trazê-la. – Pediu fazendo a cara convincente que Demi sabia que só ele conseguia fazer.
A senhora observou o relógio por alguns segundos e depois olhou a pilha de inscrições em cima da mesa, não era muito grande, mas havia um numero considerável. 


- Tudo bem, afinal são apenas dez minutos. Mas, por favor, não demorem. – Sorriu lhes entregando algumas folhas para que Demi pudesse preencher e a menina sorriu agradecida. Sentaram-se em algumas cadeiras que havia por ali e enquanto Demi preenchia uma das folhas, Joe a ajudava preenchendo a outra.


- Você vai ter que ser meu responsável. – Ela riu colocando o nome de Joe na folha. – Que absurdo! – Fez careta.


- A gente mora junto, não faz diferença. – Ele deu de ombros também rindo.


- Olha, eu posso ganhar bolsa de estudo na Rússia ou no Japão. – Demi falou lendo a parte de trás da folha. – Cara, imagina um curso de Design no Japão! – Falou pensativa. Joe fez uma careta discreta sem gostar da idéia. A menina o olhou e viu que ele ainda terminava de preencher a ficha.


- Pronto. – Falou pegando a folha que a menina tinha preenchido e juntando com a sua. – Aqui, senhora. – Entregou as duas folhas para a mulher que sorriu.


- Se inscrevendo para fazer o curso você já automaticamente concorre as bolsas de estudo fora do país. – Esclareceu vendo Demi concordar com um sorriso. – Boa sorte. – Falou sorridente e os dois acenaram com a cabeça saindo da casa.



# Flashback (10 anos antes)

- Você ainda vai demorar? – Demi perguntou sentada na cama observando o menino concentrado na tela do computador.

- Acho que não. – Joe respondeu sem desviar o olhar do monitor.


A menina bufou irritada e deitou na cama ainda deixando as pernas cruzadas. Era sábado à tarde e desde que chegara à casa de Joe, o menino estava fazendo um trabalho do colégio. Ela já havia lido revistas, assistido televisão, ouvido música, mas nada conseguia prender sua atenção por muito tempo.
Desde que Joe completara 12 anos e entrara na irritante fase da adolescência, ela vinha sentindo que estava perdendo seu melhor amigo tanto para os estudos como para os novos amigos dele.
O telefone tocou no criado mudo ao lado da cama e Demi atendeu ouvindo uma voz feminina perguntar por Joe do outro lado da linha. "Só um instante", murmurou mal humorada estendendo o telefone para o menino que a olhava.


- Oi, Katlin! – Joe falou animado e saiu do quarto deixando Demi encarando a cadeira vazia que antes ele estava sentado.
Abraçou as pernas suspirando alto e desejou que eles nunca precisassem crescer. A maldita chegada da adolescência de Joe a irritava. Se ao menos eles tivessem a mesma idade as coisas seriam mais fáceis. Eles poderiam ir para a escola juntos e Joe não a trocaria por um telefonema de alguma garota da mesma idade que ele.
Ouviu uma risada alta vinda do corredor e segundos depois Joe adentrou o quarto desligando o telefone e sentando novamente na cadeira em frente ao computador sem dizer nada.

Meia hora depois Joe desligou o computador e sorriu observando a menina adormecida em sua cama. Ela estava crescendo tão rápido que por vezes ele sentia medo de perdê-la, e por mais que soubesse que, mesmo sem querer, algumas vezes a estava deixando de lado por causa do colégio e dos novos amigos, se sentia egoísta o suficiente pra desejar que ela não fizesse o mesmo com ele. Não queria perdê-la para meninas bobas pré-adolescentes e nem para um garoto qualquer que pudesse se aproveitar dela.
Deitou de barriga pra cima ao lado da menina e ficou observando o teto sentindo a respiração calma dela bater em seu pescoço.
As horas que passava com Demi eram as únicas em que ele se sentia ele mesmo, se sentia seguro com ela, não precisava fingir que gostava de alguma coisa apenas para agradá-la, ela sabia melhor do que ninguém como ele era, o que gostava e como se sentia. Demi o aceitava como ele era e nunca faria nada para mudá-lo, sentia como se ela fosse uma parte dele mesmo que nascera separada do seu corpo. Ela era aquela parte que as pessoas estão sempre em busca e que levam anos para encontrar, se é que encontram.
Demi abriu os olhos encontrando os olhos Verdes de Joe a encarando.


- Eu dormi? – Perguntou coçando os olhos e Joe confirmou rindo. – Achei que você fosse sair. – O olhou com a sobrancelha arqueada.


- A gente combinou de ver filme, lembra? – Sorriu.


- Mas achei que seus amigos tivessem te chamado. Não foi pra isso que aquela menina te ligou?


- Aham. – Joe confirmou e Demi fechou a cara. – Mas eu falei pra ela que já tinha combinado de ficar com você. – Falou a olhando com sinceridade.

Demi abriu a boca tentando achar alguma coisa para falar, mas sua única ação foi abraçar o menino e enterrar seu rosto na curva do pescoço dele sentindo as lágrimas chegarem até seus olhos. Joe sorriu abraçando a menina pela cintura.

- Eu amo você, Dem. Nada muda isso. – Falou respirando o perfume de morango que saia do cabelo dela. 


- Também amo você. – Respondeu com a voz fraca desejando que aquele momento durasse para sempre.



# End of flashback

- Joe, senta aqui. – Demi chamou enquanto o menino descia as escadas bagunçando o cabelo.

- Pra quê? – Perguntou desconfiado.


- Ai, deixa de ser chato e senta logo aqui, garoto. – Ela apontou o espaço vazio do sofá fazendo-o arquear a sobrancelha. – Ai, eu to carente hoje, tá legal? Só quero sua companhia, droga. – Cruzou os braços olhando para a televisão e Joe riu baixo.


- Tpm, é? – Perguntou deitando no sofá com a cabeça no colo da menina. Ela negou balançando a cabeça. 


- Só carência mesmo. – Respondeu mais baixo passando as mãos pelo cabelo do menino.


- Então pode ficar carente sempre. – Ele sorriu fechando os olhos e aproveitando o carinho. Demi sorriu sozinha observando o rosto sereno do garoto e se ajeitou no sofá colocando uma almofada em seu colo para que ele ficasse mais confortável. Seus dedos brincavam com o cabelo de Joe desarrumando-o enquanto fazia penteados nele.


- Não dorme. – Demi riu baixinho abaixando o rosto.


- Sério que você não quer que eu durma? – Joe brincou abrindo apenas um olho e encarando a menina. Ela riu balançando a cabeça negativamente. 


- Quero sua companhia, lembra? – Arqueou a sobrancelha vendo-o concordar vagamente com a cabeça. – Gosto de ficar assim com você. – Passou o dedo levemente pela testa dele e desceu contornando o rosto calmamente.


- E eu gosto da Demi carente. – Abriu os dois olhos encarando a menina que estava perdida em pensamentos observando seu rosto e fazendo o contorno dele com seus dedos. Os cabelos dela presos em um coque frouxo deixavam seu rosto com um ar mais inocente e Joe pôde ver quando suas bochechas ficaram levemente coradas e se deu conta de que estava tão perdido no rosto de Demi, quanto ela estava no dele.
Eles não precisavam de palavras em momentos como esse, sabiam o que estavam pensando e o que estavam sentindo. Também não precisavam de esforço algum pra se aproximarem, antes que pudessem reparar já conseguiam sentir as respirações se misturando e os lábios se encostando lentamente e se abrindo na mesma hora para que pudessem sentir seus gostos já tão conhecidos e ainda assim tão novos.
Os dedos de Joe se perderam nos cabelos da menina, enquanto Demi acariciava seu rosto com o polegar fazendo movimentos circulares. Joe partiu o beijo apenas por alguns segundos, para que pudesse se sentar e ficar de frente para a menina que sorriu docemente quando ele a puxou para sentar em seu colo.
Harte estava deitado no chão ao lado do sofá e espirrou fazendo os dois partirem o beijo novamente para poder dar risada.


- Nossa, isso é que eu chamo de quebrar o clima! – Demi riu alto ainda sentada no colo de Joe e olhou o cachorro que continuava deitado com os olhos fechados sem saber o que tinha acabado de fazer.


- Sério, esse animal me odeia! – Joe falou indignado pegando uma almofada para jogar no cachorro, mas sendo impedido por Demi.


- Joe! – O repreendeu tirando a almofada de sua mão.


- Eu não ia jogar de verdade, Dem. – Falou sincero a olhando. – Se alguém visse isso ia até pensar que eu maltrato o Harte.


- Joe, você tá rabugento hoje. Já falei isso? – A menina o olhou sorrindo.


- Rabugento, é? – Joe sorriu de lado a olhando. Demi já sabia o que ele ia fazer, mas antes que pudesse se levantar e sair correndo ele a deitou rapidamente no sofá e começou a fazer cócegas em sua cintura, fazendo-a se contorcer.


- Nããão! Joe, pára! – Ela falava entra as risadas fazendo o menino rir de suas tentativas frustradas de se soltar dos braços dele. 


- Você se contorce demais, cara. Tenho medo que atinja alguma área frágil. – Ele riu deixando seu corpo cair por cima do de Demi e enterrou o rosto no pescoço dela, como ela gostava de fazer com ele.


- Rabugento e fresco! – Demi falou baixo no ouvido dele e riu baixo quando ele estremeceu.
Joe começou a dar pequenos beijos no pescoço da menina que fechou os olhos sorrindo e segurou com força na camisa que ele vestia. Aos poucos os beijos foram virando chupões e ela teve que morder o lábio para evitar que alguns gemidos escapassem. As mãos dele percorreram seu corpo e pararam em sua cintura a apertando por debaixo da blusa enquanto ela entrelaçava os braços em seu pescoço sentindo Joe se afastar um pouco apenas para poder olhá-la e passar o nariz carinhosamente pelo dela fazendo-a sorrir.


- Rabugento, fresco e lindo! – Eles riram baixo e Joe prendeu o lábio inferior da menina entre seus dentes, puxando-o devagar fazendo-a suspirar pesadamente. Ele segurou o rosto dela com uma das mãos e a observou fechar os olhos enquanto ele acariciava sua bochecha com o polegar e assoprava os lábios molhados dela.
Joe sorriu sozinho vendo a menina daquela forma, ela ficava incrivelmente linda e ainda mais desejável com os olhos fechados e um sorriso no canto dos lábios. Encostou sua boca na dela lhe dando um selinho demorado e depois passou a língua por seus lábios sentido-os se abrirem dando passagem para encontrar com a língua dela.
Demi apertou mais seus braços em volta do pescoço de Joe e encaixou uma de suas pernas entre as dele. Sentiu ele morder lentamente seu lábio inferior, puxando-o seguidas vezes e sorriu gostando da provocação. Achava incrível a forma como Joe sabia o que fazer em momentos como aquele, ele conseguia provocar diversas sensações na menina e fazê-la se sentir segura de verdade. Segura de que era aquilo que ela queria e que não havia nada mais certo do que aquilo. Do que a certeza deles dois juntos em seu mundinho impenetrável.



Continua...


Bem vindas novas Tchutchucas :D


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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Capítulo 7

Abriu os olhos rapidamente com a respiração pesada e encarou o teto branco. Por alguns segundos não teve coragem de se mexer, apenas esperou sua respiração se acalmar e tateou o sofá para ter certeza de onde estava. O perfume de Joe estava espelhado pela sala e ela se sentiu mais leve e segura. Sentou-se calmamente e viu Harte subir no sofá balançando o rabo animado.

- Bom dia, meu bebê. – Acariciou a cabeça do cachorro que se esparramou pelo sofá e se aconchegou em um canto macio.


Demi suspirou fechando os olhos por alguns segundos ainda podendo ver imagens do seu sonho vagarem por sua mente. Ela ainda podia ver a imagem clara de sua mãe e seu pai sorrindo para ela, antes de simplesmente sumirem, desaparecerem bem na sua frente.
Se levantou passando a mão pelo rosto da tentativa de espantar as lembranças do sonho e entrou no banheiro para tomar um banho rápido e acordar de vez.

- Hey, bom dia! – A menina sorriu vendo Joe entrar pela porta e Harte correu até ele abanando o rabo. Joe sorriu fraco sem falar nada e caminhou até a mesa da cozinha onde Demi tomava café, passou os dedos pela mesa fazendo desenhos abstratos e a menina o olhou sentindo o coração doer. Ela não gostava dessa sensação, e não gostava do silêncio assustador que havia se instalado no loft, nem mesmo Harte fazia barulho algum.


- O que aconteceu? – Ela perguntou baixo observando o café na xícara sem vontade alguma de tomar. Joe suspirou audivelmente fazendo a menina prender a respiração.


- O... seu pai. – Falou fechando os olhos fortemente. Demi o olhou sem entender, mas sentindo seu coração pesar. – Ele morreu. – Demi deixou um gemido baixo escapar por entre seus lábios e sentiu a dor no coração ficar ainda mais insuportável. Inconscientemente levou a mão até o peito e sua respiração ficou mais pesada.
Joe a olhou sentindo a dor da menina e segurou sua mão que ainda estava em cima da mesa. A outra mão dela continuava no peito, como se dessa forma ela pudesse fazer a dor parar. Seus olhos estavam vidrados na mesa branca da cozinha e seu rosto ficava mais pálido conforme os segundos passavam.
Joe deu a volta na mesa e parou se ajoelhando ao lado da menina.


- Eu sinto muito. – Falou baixo vendo que a menina não esboçava nenhuma outra reação, apenas continuava ali parada com a respiração pesada. Ele a puxou para seu peito e segundos depois, sentiu a menina se contrair e finalmente começar a chorar com o rosto enterrado na curva de seu pescoço.


- Eu tive um sonho hoje. – Demi começou a falar, sua voz saindo abafada. – Com meu pai e minha mãe, e eles sumiam bem na minha frente. Eu gritei por eles e tentei caminhar até onde eles estavam, mas eles tinham simplesmente sumido. – Afastou um pouco o rosto para olhar para o garoto em sua frente.


- Foi só um sonho, Dem. – Joe sorriu fraco segurando seu rosto. 


- Não, não foi só um sonho, Joe. Foi uma despedida. – Falou fungando enquanto secava as lágrimas que ainda caiam por seu rosto. – Foi minha ultima oportunidade de vê-los. E eles estavam felizes, sabe? Sorrindo e tudo. – Brincou com os dedos da mão tentando lembrar com mais clareza do sonho. Odiava o fato de nunca ter sido boa em memorizar sonhos, nem os bons e nem os ruins. Bastava uma misera horinha pra eles desaparecerem de sua mente, restando apenas alguns flashes aleatórios. 


- O enterro vai ser hoje à tarde. – Joe falou segurando em suas mãos. – Você quer ir? - Ela concordou balançando a cabeça.
Levantou-se da cadeira deixando o menino que ainda estava joelhado no chão e foi até o sofá se sentando e abraçando os joelhos com força, parecia que uma parte de seu coração havia sido arrancada. A segunda parte dele a ser arrancada, agora só restava uma. Olhou rapidamente paraJoe sentado na cadeira que ela ocupara segundos antes, seu olhar preocupado sobre ela e sua feição séria e triste. Qualquer coisa que a machucasse, o machucaria também. E vice-versa.

- Dem? – Joe perguntou num tom preocupado batendo na porta do banheiro.
Demi havia entrado para se trocar fazia quase meia hora, e aquilo já estava o deixando preocupado. Passara toda a manhã e o começo de tarde observando a menina deitada no sofá com uma expressão vazia no rosto. As lágrimas se acumulavam em seus olhos a todo instante, mas ela parecia disposta a lutar contra todas elas.
A porta do banheiro foi aberta revelando uma Demi com o rosto mais pálido que o normal e os olhos vermelhos. A observou em silêncio sem saber as palavras certas para acalmá-la, então apenas a abraçou sentindo a menina começar a chorar segundos depois.


- Você não precisa ir se não quiser. – Falou minutos depois enquanto a menina parecia chorar tudo que havia segurado durante àquelas horas. A ouviu soltar um gemido em negação e a apertou entre seus braços.
Alguns minutos se passaram até que a menina conseguisse se acalmar e seus soluços cessarem dando lugar para apenas algumas lágrimas solitárias que vez ou outra caiam por seu rosto.


- A gente pode ir agora. – Ela falou saindo do banheiro depois de jogar uma água no rosto e constatar que nem maquiagem iria melhorar seu rosto pálido e sem vida. Mas foda-se, ela tinha acabado de perder o pai, tinha todo o direito de parecer um cadáver ou que fosse.
Joe pegou sua mão entrelaçando os dedos no dela e saíram de casa em silêncio. E assim foi todo o caminho até o cemitério. Ficou em dúvida se ligava o rádio, mas achava que uma música lenta aumentaria o clima melancólico, e uma música pesada faria a tensão aumentar ainda mais. Optou por deixar que o barulho da cidade fosse a única coisa a ser ouvida no carro.
Demi saltou do carro apertando o sobretudo em seu corpo, o vento gélido naquele momento lhe parecia tão inconveniente e incomodo quanto o barulho de seus passos pelo chão de pedras do cemitério. Procurou pela mão livre de Joe que em segundos se juntou à sua com os dedos entrelaçados, estava sem a menor vontade de ter que ficar com elas dentro do bolso para esquentá-las.
De longe avistaram algumas pessoas em silêncio enquanto um padre dizia algumas palavras que por causa da distância eles não conseguiam ouvir.Joe fez menção de se aproximar, mas sentiu a garota rígida ao seu lado, o olhar perdido em algum lugar à sua frente e a respiração que por vezes parecia falhar. A observou em silêncio e percebeu que ela não sairia dali, ela não conseguiria se aproximar mais. Alinhou-se ao lado dela e apertou carinhosamente sua mão sentindo-a corresponder da mesma forma.
Uma mulher os observou de longe e fez um breve aceno para Joe, ele acenou uma vez com a cabeça reconhecendo a senhora Wayne. A mulher olhou Demi que continuava com o olhar perdido e voltou sua atenção para o padre.
Os minutos já pareciam horas e Demi achava que a qualquer momento suas pernas poderiam ceder. Sentia seu nariz doer por causa do frio, mas ela não conseguia se mexer, não queria se aproximar mais e não queria ter a confirmação de que, se não fosse por Joe, nesse momento ela estaria sozinha no mundo.


- Vem comigo. – Os lábios de Joe em seu ouvido a acordaram e foi como se milagrosamente suas pernas tivessem ganhado vida novamente. Ele a puxou pela mão fazendo-os contornar o amontoado de pessoas que se encontravam por ali e subiu uma rampa e alguns degraus desgastados.
Demi observou de cima de um pequeno morro que dali podia ver perfeitamente o caixão de seu pai apesar da distância. Observou o rosto calmo deJoe se perdendo por alguns segundos nos olhos dele que pareciam mais claros e transparentes que o normal. Ele beijou sua testa e a colocou na frente dele a abraçando pela cintura sem deixar qualquer mínima distância entre eles.
O caixão começou a descer e os dois observaram em silêncio algumas pessoas se aproximarem e jogarem flores no grande buraco que havia ali. Por alguns segundos a menina desejou que alguém também jogasse flores no espaço vazio que ficara em seu coração, talvez não doesse tanto.



# Flashback (11 anos antes)

- Pai pai, pai! – A menina pulava animada em volta do homem que sorria vendo sua pequena gargalhar. – Posso chamar o Joe? – Ela falou com os olhos brilhando. Como se ela aceitasse ir para algum lugar sem ele, mesmo que fosse o quintal de casa.

- Claro que pode, minha princesa. – Ele a carregou e pegou o telefone discando rapidamente o numero da cunhada. – Você fala! – Entregou o telefone para a criança vendo-a concordar freneticamente. 


- Joe? – A excitação na voz da menina fazia o homem rir. – Eu e o papai vamos acampar no jardim de casa, mas só vai ser legal se você vier. – Qualquer pai se perguntaria o que havia de errado para a filha falar aquilo, mas quem conhecia Demi e Joe sabia que para eles não havia diversão se não estivessem juntos. Os dois pareciam não funcionar se estivessem separados, era como se não conseguissem se sintonizar sem a presença um do outro.
Minutos depois a menina desligou e sorriu para o pai.


- Ele vem! – Falou sem conseguir conter a animação. O pai a colocou de volta no chão e ela correu escada a cima enquanto ia gritando pela mãe.

Demi mordeu o torresmo fazendo uma careta ao sentir sua língua queimar. O menino seu lado riu assoprando seu próprio torresmo e depois tirando um pequeno pedaço apenas para constatar se estava em uma temperatura que considerava comestível.

- Crianças, não comam muito porque pode não fazer bem a vocês durante a noite. – O homem falou sorrindo observando a filha e o sobrinho concordarem.
Joe ajeitou a manta que cobria seu corpo e o de Demi fazendo com que os dois ficassem mais próximos e se aquecessem mais. A pequena fogueira já estava se apagando e o calor que emanava não era mais suficiente para proteger as três pessoas do lado de fora da casa.
Duas barracas estavam logo ao lado das crianças, uma menor e uma maior para que o pai de Demi coubesse. 


- Sabia que se você passar o dedo rápido pelo fogo não vai queimar? – Joe falou sorrindo e se aproximou um pouco mais da fogueira passando o dedo pela chama baixa.


- Não! – Demi falou se assustando e ele riu.


- Não queima, Dem. – Falou tranquilamente passando novamente o dedo. – Quer tentar?


- Não, tenho medo. – A menina falou com sinceridade fazendo o pai sorrir. Ele apenas observava as duas crianças enquanto lia um livro distraidamente. 


- Eu não ia pedir pra você tentar se soubesse que vai te machucar. – Joe a olhou um pouco magoado por ela ter duvidado. 


- Tem certeza? – Perguntou ainda incerta e viu o menino concordar sorrindo.

Demi se aproximou um pouco mais da fogueira e Joe pegou sua mão fazendo com que seu dedo passasse rapidamente pela chama. A menina fechou os olhos com força e ele riu.

- Já passou? – Ela abriu um dos olhos e viu o menino passar novamente o dedo dela sem queimar.



– É legal. – Riu achando graça da sensação.

- Crianças, acho que está na hora de dormir, certo? – O pai da menina se levantou deixando o livro que estava lendo em cima da cadeira. As duas crianças concordaram se levantando sem jeito para não deixar que a manta que os cobria caísse.
Com uma lanterna o homem iluminou a barraca das crianças e os ajudou a entrar.


- Não fiquem acordados conversando e se precisarem de qualquer coisa eu estarei na barraca ao lado. – Os dois concordaram com murmúrios e se deitaram nos pequenos colchonetes que havia ali.
Joe ajeitou a manta a manta fazendo-a ficar sobre os dois enquanto a menina se encolhia.


- Tá frio. – Ela falou rindo quando ele deitou de frente pra ela.


- Você não tem medo? – Joe perguntou baixo com o rosto próximo ao dela. Demi arqueou uma sobrancelha sem entender. – Que apareça algum bicho aqui. – Deu de ombros.


- Não. – Respondeu calmamente. – Você tá aqui. – Ela sorriu sincera já de olhos fechados.
Joe observou o rosto calmo da menina que respirava tranquilamente e sentiu novamente o estranho calor que percorreu seu corpo fazendo-o corar levemente. Fechou as mãos por debaixo da manta e sentiu que apesar do frio, elas suavam.


- Boa noite, Dem. – Falou baixo também fechando os olhos.


- Boa noite, Joe.


# End of flashback

O aquecedor do carro indicava 23 graus e ainda assim a garota podia sentir suas mãos geladas e trêmulas e seus dentes que por alguma razão ficavam se batendo todo o tempo. A volta para casa agora parecia mais longa que a ida até o cemitério, ela sentia como se estivesse sentada naquele banco há horas e ainda assim estivesse longe de chegar.
Joe observava o céu ganhar um tom rosa alaranjado enquanto os carros ligavam seus faróis e as luzes da cidade se acendiam. Ele odiava ficar parado no trânsito e sempre que podia, evitava sair em horários de pico, mas lá estava ele seguindo lentamente atrás da fileira de carros. Podia sentir a inquietação da menina, fosse por suas mãos fechadas em punho ou por sua respiração que parecia totalmente desregulada.
Demi observou as pessoas passarem na rua do lado de fora, completamente alheias e absortas em seus próprios problemas. Ela se perguntou se alguém mais também havia perdido uma parte de si mesmo naquele dia. Se alguém mais podia sentir um espaço oco no coração que por vezes parecia parar de pulsar. Olhou rapidamente para o lado e viu o rosto sério de Joe que prestava atenção nas ruas. Ele sentia. E ela não gostava disso, não gostava da mania que os dois haviam adquirido desde pequenos de sentir a dor um do outro, mas era inevitável e por mais que eles tentassem fingir que estava tudo bem, sempre sabiam se estavam sofrendo.
O carro parou na vaga da garagem e Demi saiu rapidamente indo chamar o elevador, deixando Joe um pouco pra trás. Suas mãos inconscientemente estavam fechadas em punho ao lado de seu corpo e antes que ela percebesse que suas unhas estavam machucando sua palma, a mão quente deJoe encaixou-se a sua com perfeição fazendo-a soltar um suspiro como se estivesse antes prendendo a respiração.
O simples gesto de segurar a mão da garota, Joe sabia que era suficiente para acalmá-la. Ele podia saber como estava se sentindo com aquele simples toque, parecia que o contato de sua mão com a dela lhe permitia sentir o que ela estava sentindo, e vice-versa. Era mais fácil tranqüilizá-la dessa forma, especialmente quando ele nunca fora muito bom com palavras de conforto.
Entraram em casa em silêncio, que apenas foi quebrado por alguns latidos de Harte. Demi passou a mão rapidamente pela cabeça do cachorro e pegou algumas roupas entrando no banheiro em seguida. Joe suspirou pesadamente sabendo que ela iria voltar a chorar e por mais que ele odiasse vê-la daquele jeito, sabia que não havia nada que ele pudesse fazer.
Foi até a cozinha preparando um sanduíche rápido ouvindo o estômago protestar e se sentou comendo calmamente e consultando o relógio a todo o momento imaginando se demoraria muito para Demi sair do banheiro fingindo que não havia ficado intermináveis minutos chorando.
Estava observando o vazio escuro da sala quando ouviu a porta do banheiro se abrir revelando uma Demi com calça e casaco de moletom e os cabelos presos no alto da cabeça. Seu rosto não demonstrava nenhuma emoção, mas seu olhar jamais conseguiria esconder a tristeza que estava sentindo.
Joe se levantou rapidamente.

- Quer comer alguma coisa? Posso preparar um... – Antes que conseguisse terminar a frase, Demi balançou a cabeça.

- Não, obrigada. – Falou baixo. – Posso? – Perguntou apontando o quarto de Joe no andar de cima. Ele concordou balançando a cabeça sabendo que ela queria ficar sozinha. A observou subir a escada lentamente e depois o loft cair em total silêncio.

Desligou a televisão sentindo os olhos pesados e ouviu Harte ressonando no chão da sala encostado no sofá. Levantou-se sem fazer barulho e agradeceu pelo cachorro parecer estar cansado demais para se levantar junto com ele.
Joe subiu lentamente as escadas ouvindo a garota fungar no andar de cima. A única luz acesa era a do abajur ao lado da cama. Demi estava deitada de lado, suas pernas encolhidas e suas mãos embaixo da cabeça, sua respiração estava um pouco descompassada por causa do choro baixo que ainda escapava por entre seus lábios. 

- Precisa de alguma coisa? – Joe perguntou baixo chegando perto da cama. A menina balançou levemente a cabeça em negação. – Quer algum remédio pra dormir? – Novamente ela balançou a cabeça. – Quer que eu fique aqui com você? – Sentou-se na cama e viu a menina confirmar baixinho.
Deitou-se com cuidado aproximando seu corpo do dela, um de seus braços passou por debaixo da cabeça dela, e o outro a abraçou trazendo-a mais pra perto. Beijou demoradamente sua cabeça e depois seu pescoço descoberto. Entrelaçou seus dedos aos dela e acariciou as costas da mão da menina com seu polegar.

- Tá doendo. – Demi falou baixo fazendo o menino soltá-la um pouco. – Não é isso. – Bufou frustrada fazendo-o abraçá-la forte de novo. – É o coração. – Completou mais baixo.

- Se eu pudesse de alguma forma, fazer parar de doer, eu faria. – Joe falou no mesmo tom, e a menina fechou os olhos sabendo que aquilo era verdade. Se ele pudesse encontrar alguma forma de fazê-la não sofrer, então ele faria, sem hesitar. 


Continua...

Desculpa a demora mais não deixem de comentár ok ?!! kk e BEM VINDAS novas seguidoras :D


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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Capítulo 6

- Preparada? – Joe perguntou incerto observando a menina ir se acalmando aos poucos enquanto posicionava as mãos no volante do carro. Ela concordou vagamente com a cabeça e ele respirou fundo. – Ok, fica calma, não é nenhum bicho de sete cabeças. 

- Eu sei. – A menina engoliu em seco tentando não deixar a respiração ficar desregulada.
Ela odiava ter tanto medo de estar fazendo aquilo. Um dia ela teria que aprender a dirigir, certo? Ela não podia viver pra sempre assustada e com medo de que um acidente acontecesse e a machucasse tanto quanto aquele que acabou com a vida de sua mãe. 


- Certo. – Joe começou. – O carro é automático, então não existe embreagem e nem marchas, você apenas precisa pisar no freio e no acelerador. Cuidado porque os dois, digamos, funcionam muito rápidos. Você não precisa pisar com força. – Demi ouvia tudo atentamente e concordava vez ou outra com a cabeça. – O volante você vai sempre girar para a direção que você quer seguir, mesmo que esteja dando ré. As marchas desse carro você só vai usar em casos extremos. Em ladeiras muito íngremes, por exemplo, você usa a primeira marcha. 


- As setas, para cima é direita e para baixo é esquerda, a luz liga aqui no canto e o limpador controla aqui. – Demi sorriu vendo Joe concordar. – Algumas coisas eu lembro. – Falou tentando não deixar imagens da sua ultima e desastrosa tentativa de dirigir invadirem sua mente. 


- Hm... acho que você pode começar. – Joe sorriu lhe passando confiança enquanto a menina batia os dedos ansiosamente no volante. Ele apontou o freio de mão e ela fez um gesto com a cabeça concordando.
Respirou fundo uma ultima vez antes de empurrar o freio de mão para baixo e ir tirando o pé do freio aos poucos. Olhou os retrovisores reparando na rua vazia e agradecendo mentalmente. 


- Dem, você pode acelerar. – Joe falou receoso.
Com mais cuidado que o necessário, Demi pisou no acelerador fazendo-o sair lentamente do lugar. Aos poucos foi pisando com um pouco mais de força, até atingir uma velocidade que considerou razoável. Joe observou o ponteiro marcar 30 km/h e sorriu achando engraçado o medo da menina de andar um pouco mais rápido.
Um carro os ultrapassou buzinando e Demi pisou no freio fazendo Joe voar pra frente do carro por estar sem cinto. 


- Ai meu Deus, ai meu Deus. O que eu fiz? Você se machucou? – Ela se desesperou tirando o pé do freio. 


- Não tira o pé do freio! – Joe falou um pouco mais alto fazendo-a colocar novamente o pé no freio e o olhar com medo. Ele a ajudou a encostar o carro, colocou no ponto morto e puxou o freio de mão. – Ok, pode tirar. – Falou mais calmo respirando fundo. 


- Desculpa. – Demi sussurrou encarando as mãos que estavam entrelaçadas em seu colo. 


- Dem, você não pode se assustar com cada carro que passar buzinando por você, estamos em uma via em que as pessoas andam no mínimo à 50 e você estava em 30. E você não pode parar o carro e tirar o pé do freio, ele vai recomeçar a andar. – Explicou calmamente vendo a menina concordar em silêncio. – Quer tentar de novo? 


- Não. – Respondeu simplesmente olhando para o lado de fora da janela. O medo estampado em sua face e dominando seu interior. 


Joe ficou em silêncio por algum tempo deixando que a menina se acalmasse ou que o medo a abandonasse, mas ele duvidava que aquilo fosse acontecer. Ele ainda se lembrava perfeitamente da reação da menina ao saber que a mãe havia morrido em um acidente de carro, e aquela memória provavelmente a atormentava com a mesma intensidade. 


- Eu não consigo. – A voz fraca da menina preencheu o silêncio fazendo com que ele a olhasse e percebesse seus lábios trêmulos. 


- Hei, você não precisa fazer isso agora se não quiser. – Joe falou calmamente. – A gente vai ter todo tempo do mundo pra isso, Dem. E você tem dezoito anos, tem a vida inteira pra tentar dirigir. 


- E se eu nunca conseguir? – Ela finalmente virou o rosto para encará-lo e deixou uma lágrima solitária correr por seu rosto. 


- Ônibus, táxi, metrô e Joe Jonas existem pra isso. – Falou de uma forma engraçada arrancando um riso baixo da menina. – Mas sério, Dem, você não é obrigada a saber dirigir. Se você não se sente bem com isso, então ninguém vai te forçar a nada. 


- Sei disso. – Concordou voltando a olhar a rua do lado de fora.
Um homem passou de mãos dadas com uma menina que aparentava uns 15 anos, os dois sorriam enquanto o homem parecia falar uma coisa engraçada. Demi mordeu o lábio sentindo o coração pesar mais do que deveria. 


- Joe... – O chamou ainda olhando o homem e a menina se afastarem, sentiu os olhos de Joe sobre si. – Você tem alguma noticia do meu pai?
Joe abriu a boca rapidamente, mas nenhum som saiu dela. Agradeceu o fato de Demi ainda estar perdida em pensamentos olhando pela janela, ou ela teria visto que seu rosto de repente ficou pálido e seus olhos se arregalaram. Olhou também para a rua do lado de fora pensando no que falar.
A verdade é que ele havia encontrado uma senhora que mora na mesma rua que a garota morava, e para sua surpresa a senhora lembrava-se perfeitamente dele e de Demi. Antes mesmo que ele pudesse perguntar se ela havia visto o pai da menina, a senhora começou a reclamar de como homens suspeitos e medonhos rondavam a antiga casa de Demi e o pai dela era raramente visto. 


- Não. – Respondeu simplesmente se odiando por ter que mentir para ela. 

Demi voltou seu olhar para e ele, e por alguns instantes Joe pôde jurar que ela soube que ele estava mentindo. Sorriu fraco e sem vontade vendo a menina repetir seu gesto antes de abrir a porta do carro e sair. Ele entendeu o recado e pulou para o banco do motorista no mesmo instante em que ela abria a porta do carona e sentava no mesmo lugar que ele estava segundos antes. 

- Casa? – Joe perguntou ligando novamente o carro. 


- Tanto faz. – Demi deu de ombros voltando a se perder em pensamentos enquanto olhava pela janela. 



# Flashback (11 anos antes)

- Espera, Joe, assim eu nunca vou te alcançar. – Demi falava arfando enquanto corria atrás do menino. 

- Vamos, logo, Dem! – Ele parou esperando a menina se aproximar mais e quando ela chegou perto, pegou sua mão voltando a correr pelo enorme gramado, até entrarem na casa. – Shh! – Joe botou o dedo na boca pedindo para que ela fizesse silêncio e a menina concordou mordendo o lábio inferior.
Os dois adentraram a enorme sala e subiram a escada em silêncio e tomando cuidado para que ninguém os visse. Joe olhou os dois lados constatando que o extenso corredor estava vazio e puxou a menina pela mão caminhando com cuidado até uma das ultimas portas que estava entreaberta. Olhou pela fresta aberta e botou a mão na boca rapidamente para conter um riso fazendo Demi arquear as sobrancelhas sem entender.


- Vem aqui. – Sussurrou botando a menina em sua frente fazendo com que ela tivesse a mesma visão que ele estava tendo.
Dentro do quarto havia duas pessoas deitadas na cama, ou melhor, um casal bastante animado aos beijos e um pouco mais, por sorte ainda estavam parcialmente vestidos.
Demi abriu a boca sem acreditar e também segurou um riso olhando pra Joe em seguida. Ele sorriu em silêncio e os dois voltaram a observar o casal.
As mãos do homem passeavam por toda extensão alcançável do corpo da mulher que arranhava as costas nuas dele fazendo-o soltar gemidos nada discretos. 


- Ew! – Demi falou baixo entortando a boca quando o homem desceu os beijos para o pescoço da mulher. – Que nojo. – Completou. 


- Um dia você vai fazer isso também. – Joe falou rindo e parando de prestar atenção no casal. 


- Não vou nada. – A menina retrucou o olhando. 


- Vai sim. – Deu de ombros com um ar de superioridade. 

A menina fez uma cara emburrada e cruzou os braços olhando novamente o casal. 

- Eu não vou beijar nunca, é nojento. – Fez uma careta se afastando da fresta aberta da porta. - Não é nojento se for com a pessoa que você gosta. – Joe sorriu a olhando. 


- Você já beijou? – A menina perguntou mais chocada pelo fato dele nunca ter contado nada, do que por ele já ter beijado alguma menina. 


- Não, mas eu sei. – Deu de ombros novamente e se afastou da porta. – Vamos descer, nossas mães devem estar nos procurando. – Falou voltando a caminhar com Demi em seu encalço.


- Joe. – A menina o chamou parando no meio da escada e sentando, ele a olhou sem entender. – Se eu beijasse você, não ia ser nojento? – Perguntou com curiosidade. Joe parou por alguns segundos, pensando. 


- Não sei. – Falou com sinceridade sentando-se ao lado da menina. – Quer tentar? – A olhou em dúvida recebendo o mesmo olhar de volta.
Demi olhou rapidamente a boca de Joe e se sentiu envergonhada por isso. Olhou o final da escada pensando em sair correndo, mas percebeu que ela não queria sair correndo, ela queria mesmo tentar. Joe era o único garoto que ela confiava de qualquer forma. Se não for com ele, pensou, não vai ser com nenhum outro.
Olhou novamente o garoto ao seu lado e balançou a cabeça concordando.
Joe sorriu fraco sem saber direito o que fazer, não pensava que ela ia concordar. 


- Hm... fecha os olhos. – Pediu vendo a menina o olhar em dúvida, mas fechar os olhos segundos depois. Devagar, ele aproximou o rosto do dela e encostou sua boca na dela fechando também os olhos. 


Menos de dez segundos, que pareceram uma eternidade na cabeça dos dois, eles se afastaram abrindo os olhos. Joe estranhando o formigamento nas mãos e o calor que lhe atingiu em cheio, e Demi achando que tinha algo errado com o coração que tinha acelerado sem mais nem menos.
Antes que pudessem falar alguma coisa, duas vozes se aproximaram no corredor e eles trocaram um olhar rápido antes de descerem as escadas correndo e saírem da casa voltando para o jardim bem iluminado que estava cheio de mesas e cadeiras e com várias pessoas circulando.
Chegaram ofegantes até a mesa em que suas mães estavam e sentaram lado a lado nas cadeiras.


- Onde vocês estavam? – Emily perguntou olhando a filha respirar com dificuldade e reparando em seu rosto levemente avermelhado e não muito diferente do de Joe.


- Brincando. – Os dois falaram levantando os ombros ao mesmo tempo.
A mulher os olhou desconfiada, mas sabia que mesmo se estivessem aprontando alguma coisa, nunca iriam falar, achou melhor deixar de lado e voltou a conversar com a irmã ao seu lado.
Demi observou as próprias mãos enquanto esperava o coração desacelerar e sentiu o olhar de Joe sobre si a analisando. 


- Você sentiu alguma coisa? – Ele perguntou mais baixo, mais por vergonha do que medo que alguém os escutasse. 


- Meu coração acelerou. – Respondeu com sinceridade. – E você? – O olhou ansiosa. 


- Nada. – Acabou falando depois de um tempo e por pouco não voltou atrás e confessou que sentiu as mãos suarem e formigarem, enquanto um calor estranho percorreu seu corpo.
A menina balançou a cabeça concordando e deu de ombros levemente voltando sua atenção para a conversa que as mulheres na mesa estavam tendo. 



# End of flashback

Observou o cachorro chocolate correr pelo gramado espantando alguns poucos pássaros que haviam por ali e riu sozinha achando graça em como Harte tinha capacidade de se divertir sozinho e com qualquer coisa. Agora ele estava maior já tinha passado da fase de ser paparicado por todas as pessoas e passara para a fase em que as elas se aproximam com medo e perguntam se ele mordia.
Ele se deitou ao lado de Demi que estava encostada em uma árvore e apoiou a cabeça em uma das pernas dela num pedido de carinho. A menina adorava os momentos de carência do animal, ele tinha mania de querer ficar no colo, ou de deitar com a barriga pra cima para que a acariciassem. Ela levou uma das mãos até a cabeça dele e começou a fazer carinho fazendo-o fechar os olhos aos poucos.
Ouviu passos na grama se aproximando e segundos depois alguém sentar ao seu lado. Sorriu para Joe que retribuiu antes de passar a mão rapidamente pela cabeça do cachorro fazendo-o balançar o rabo preguiçosamente.


- Qual era o assunto tão urgente do Nick? – Demi perguntou o olhando.
Joe deu de ombros soltando uma risada pelo nariz.


- Uma antiga ficante dele apareceu do nada dizendo que suspeitava estar grávida e só podia ser dele. – Demi riu também balançando a cabeça. – Mas no final não tinha gravidez nenhuma, parece que a menina é meio obcecada pelo Nick.


- O Nick deve ter muitas fãs espalhadas por ai. – A menina concordou. 

Alguns minutos se passaram em silêncio e os dois apenas observavam a pequena movimentação do parque. Algumas crianças brincando, alguns casais apaixonados e alguns patos barulhentos que ficavam em um lago e tinham a sorte de Harte estar bem aconchegado na perna da dona, ou eles certamente seriam sua maior diversão. 

- Não gosto quando você mente pra mim. – Demi quebrou o silêncio soltando um suspiro cansado.


- Sei que não. – Joe apoiou as duas mãos na grama um pouco atrás de si e cruzou as pernas ficando em uma posição mais relaxada. 

Demi o olhou sabendo que ele tinha entendido o que ela quis dizer. 

- Nem sou tão frágil quanto você pensa. 


- Sei que não. – Repetiu a olhando e desviando rapidamente o olhar para o céu. – Encontrei a senhora Wayde alguns dias atrás. – Finalmente falou fazendo com que a menina parasse de fazer carinho no cachorro e voltasse sua atenção toda para ele. – Ela não vê o seu pai faz algum tempo e parecia assustada com uma movimentação estranha perto da sua casa. 


- Movimentação estranha? – Perguntou sem entender. 


- Alguns homens suspeitos, como ela mesma disse. – Deu de ombros nem um pouco confortável por estar tendo aquela conversa com a menina. 


- O que você acha? – Demi o olhou em dúvida. 


- Não sei. – Preferiu não falar nas possibilidades que já havia pensado.


- Tenho medo que aconteça alguma coisa com ele. – Confessou mais baixo.
Não importava o quanto ele a tinha maltratado e o quanto ele a machucou com todas as palavras ditas durante os longos anos em que morou com ele. Acima de tudo ele ainda era seu pai e suas memórias de infância provavam que ele algum dia esteve presente na vida dela e a fez sorrir incontáveis vezes. Era ele que ficava acordado durante a noite quando ela não estava se sentindo bem ou que acampava junto com ela no jardim de casa. 


- Não vai acontecer nada. – Joe falou com a voz tranqüila querendo que aquilo fosse realmente verdade. Mas como ele podia ter certeza se suspeitava que o pai da menina estava envolvido com drogas?
Se sentou mais perto da garota também encostando-se à árvore e passou um braço por detrás dela a abraçando pela cintura. Ela deitou a cabeça em seu ombro recebendo um beijo na testa que a faz sorrir levemente, gostava do cuidado que Joe tinha com ela, mesmo que por vezes se irritasse por ele achar que ela era de cristal e pudesse partir a qualquer momento. 


- Às vezes eu me culpo por ter saído de casa e nunca mais ter dado noticia. – Comentou calmamente. 


- Se você não deu mais noticia foi porque ele fez por merecer. – Joe deu de ombros. – Não se culpe por nada, você sabe que seu pai há muitos anos perdeu o respeito por si próprio e por todos que faziam parte da vida dele. 


- Não queria que fosse assim. – Se encolheu um pouco sentindo os braços de Joe a apertarem mais contra si e ele se mexer para deixá-la mais confortável. 


- Mas aconteceu e você não teve culpa de nada. – Sua voz tranqüila a reconfortou. Como sempre acontecia. 


- Eu acho que eu já teria enlouquecido se eu não tivesse você do meu lado. Provavelmente estaria tão perdida quanto o meu pai. – Riu ironicamente do próprio destino. 


- Você nunca foi muito boa em se virar sozinha. – Joe zombou recebendo uma leve cotovelada na barriga. 


- Queria conseguir me lembrar da primeira vez que você foi lá em casa, depois da minha tia te adotar. – Suspirou puxando todas as suas memórias de infância de sua mente. Não conseguia lembrar de alguma em que Joe não estivesse presente. – Você lembra? 


- Quase nada. – Mentiu. 


Lembrava-se perfeitamente dos olhos do bebê de seis meses que o encarava como se pudesse prever toda sua vida. Lembrava-se perfeitamente de como o corpo frágil dela ficava perfeitamente seguro em seus braços como se tivesse de alguma forma sido moldado para se encaixar ali. Lembrava-se principalmente do que dissera a ela, e aquela promessa ele podia dizer que não iria quebrar nunca. 



Continua...


Divulguem o blog.por favor gente :D