sexta-feira, 30 de março de 2012

Chapter Five

Demi não teve muito tempo pra perguntar a Joseph o que queria, suas tias apareceram alguns minutos depois, queriam conversar, pra ter certeza de que Demi não estava pirando ou algo do tipo, então a proibiram de trancar a porta do quarto e apareciam a cada cinco minutos pra conferir se ela estava bem, aquilo não ajudava em nada. Então quando um novo dia surgiu ela teve de dar um outro jeito de poder conversar com Joseph sem que suas tias vissem o que ela estava fazendo. Demi pegou uma bolsa, colocou o diário, a caneta e a tinta dentro, junto com um outro caderno velho e desceu as escadas, passando pelas tias que estavam na varanda. 

__Hey, aonde você vai?__ Sarah perguntou preocupada.


__Dar uma volta pela fazenda__ ela deu de ombros__ pegar um ar.


__Demi... 


__Eu já disse que estou bem__ ela bufou e revirou os olhos__ eu não vou pirar, nem fazer nenhuma besteira ok? Só quero ficar sozinha e pensar na minha vida, será que eu posso?


__Só estamos preocupadas com você, não queremos que fique com raiva, escondemos coisas de você pro seu bem.


__Eu não estou com raiva__ prometeu, e não era mentira__ só não decidi ainda o que penso de toda essa história de bruxos e diários mágicos ok? Preciso pensar, e quando minha cabeça estiver em ordem eu digo a vocês.



Elas concordaram silenciosamente, Demi ficou satisfeita, talvez isso as impedisse de a seguirem pela fazenda e a espionarem como fizeram no dia anterior. Demi se afastou o máximo que pode da casa, pensou em ficar no estábulo junto com os cavalos, mas eles se agitaram quando ela chegou perto, e ela pensou melhor, não era uma boa ideia. Pensou no celeiro, mas ele estava trancado e não era bom dar mais um motivo pra suas tias desconfiarem dela. Então avistou uma árvore alta atrás do celeiro, olhou por um tempo e decidiu que era perfeito.
Segurou a bolsa com força e escalou a árvore, havia anos que ela não fazia aquilo e tinha perdido um pouco a prática, a tentativa lhe rendeu um bom corte na mão, mas no fim das contas ela conseguiu subir e sentar em um dos galhos, escorando as costas no tronco, pareceu seguro e ela podia ver tudo dali de cima. 
Demi abriu o caderno velho e depois o diário por cima, assim, sei alguém a visse ali não veria a capa do diário, escorou a tinta entre os joelhos e molhou a pena, sorrindo ansiosa antes mesmo de escrever qualquer coisa. 

“Então Joseph, eu tenho uma pergunta pra você. Como é ai dentro do diário?”


Ela não conseguia imaginar como seria ficar preso dentro de um diário, e isso estava corroendo por dentro. O que ele via lá do outro lado? Apenas páginas em branco ou tinha algo a mais? De repente, se ela soubesse um pouco mais, até poderia descobrir um modo de tirá-lo de lá de dentro.




“Bem Demetria, esse diário contém meus segredos, minhas lembranças. E aqui dentro eu revivo cada uma delas, todo o tempo. Elas apenas se repetem enquanto eu assisto”.


Demi considerou isso por um momento, não deveria ser agradável viver apenas de lembranças, mesmo que fossem boas lembranças, revivendo o mesmo momento milhares de vezes sem nunca ter um fim. Deveria ser enlouquecedor, ela começou a sentir pena de Joseph. 

“E o seu irmão? Está com você?”

“Eu não o vejo há um bom tempo, estamos sempre em memórias diferentes, é melhor assim.
E, eu não quero ser grosseiro, mas você não deveria estar com esse diário”.


Ela sabia disso, mas não esperava que ele a lembrasse, ela não queria se livrar do diário, não queria se livrar dele, por mais que aquilo fosse o certo a se fazer.

“Eu estou te chateando com minhas perguntas?”
“É claro que não, você é a primeira pessoa com quem eu converso em muitos anos, mais do que posso contar estando preso aqui dentro, mas é perigoso ter esse diário em mãos Demetria, você pode se machucar, há muitas pessoas atrás dele que fariam qualquer coisa pra possuí-lo”.


Ele estava preocupado com ela, ela sorriu para a folha enquanto as palavras desapareciam, sabia que estava parecendo uma maluca afeiçoando a um pedaço de papel, a alguém que ela não podia ver, mas não sabia como evitar aquela sensação boa que lhe tomava quando conversava com ele, mesmo que não tivessem falado muito.

“Eu tomarei cuidado, prometo. É que também não tenho muito com quem conversar, e quando tento sinto que estão mentindo e escondendo coisas de mim. Já você me prometeu respostas”.

“Estou preso aqui há um longo tempo, posso não ter as respostas que procura”.


Era verdade, algumas das coisas que ela queria saber Joseph nunca poderia lhe responder, essas coisas ela daria seu próprio jeito de descobrir, mas outras só ele poderia lhe contar. Ela queria saber sobre a vida dele, mas tinha vergonha de perguntar, gostaria de poder ver as lembranças dele, era engraçado. Ele disse que aquele diário continha seus segredos, mas porque todas as folhas estavam em branco?

“Disse que seu diário contêm seus segredos e lembranças, mas as folhas estão em branco”.

“É um feitiço de proteção, assim ninguém pode ler o que está escrito”.


Então as memórias dele realmente estava ali, mas protegidas. Talvez ela não tivesse que perguntar a ele, se pudesse descobrir uma forma de poder ler o que estava escrito ali. Demi encarou o chão abaixo de si, ela ia precisar da ajuda das tias pra isso, já que não entendia absolutamente nada de bruxaria. Talvez essa fosse à desculpa que estava procurando pra resolver os seus problemas. 
Como Demi não respondera nada, novas palavras surgiram no papel.

“Devolva o diário pra que possam guardá-lo em segurança Demetria, suas tias saberão o que fazer. É mais seguro pra você e pra todo mundo”.


Mas ela ignorou as palavras, fechou o diário, guardou tudo de volta dentro da bolsa e desceu da árvores, caminhando rapidamente de volta até a mansão. Suas tias ainda estavam na varanda, conversando sobre coisas banais, elas pareciam mais preocupadas que antes. Demi parou na frente delas e cruzou os braços, a expressão séria e determinada, agora que tivera a ideia, ninguém a faria esquecer.

__Algum problema querida?

__Eu quero aprender magia__ ela disse sem rodeios.

__Como é?__ as duas tias disseram ao mesmo tempo e de olhos arregalados.

__Quero que me ensinem a fazer feitiços e usar meus poderes... Essas coisas__ ela explicou calmamente.

__Não sei se é uma boa ideia Demi__ Olívia disse nervosa.

__Vocês me disseram que estou em perigo, bem... Tem maneira melhor de eu me defender?

__Isso é uma péssima ideia Sarah.

__A culpa é sua, por ser tão descuidada__ tia Sarah rebateu.

__Se não quiserem me ensinar, então me arrumem um livro... Vocês bruxas não tem livros de feitiços, essas coisas?__ ela supôs se sentindo meio idiota.

__Isso não é um filme Demi, é a vida real__ Olívia resmungou__ não temos livros de feitiços.

__Tem os nossos diários__ Sarah comentou.

__É pessoal__ Olívia a advertiu__ você não está pensando em concordar com isso não é? Ela não sabe absolutamente nada sobre bruxaria, isso é perigoso.

__Ela vai saber se ensinarmos, ela precisa saber se defender Olívia.

__Dê-me o diário, eu aprendo sozinha__ Demi sugeriu, só havia uma coisa que ela gostaria de aprender naquele momento, como desbloquear as memórias no diário de Joseph, o resto não importava. 

__Eu não concordo com isso, Amélia deve estar se revirando no túmulo__ Olívia suspirou irritada.

__Quer saber, eu acho que você está certa Demi, está na hora de você aprender... Eu posso te emprestar o meu diário pra você ter uma ideia melhor de como as coisas funcionam e posso te ensinar alguns feitiços, só pra que você possa se defender caso precise.

__Obrigada tia Sarah__ Demi sorriu satisfeita quando a tia pegou o diário que estava ao seu lado na cadeira e estendeu pra ela com um sorriso doce no rosto, ela não pensou que fosse ser tão fácil.

__Está na hora de você se conhecer Demi, eu nunca concordei que sua mãe escondesse a verdade de você.

__O que te fez mudar de ideia assim tão rápido?__ Olívia perguntou__ ainda a pouco você não sabia o que fazer.

__Só percebi que era o melhor__ ela deu de ombros e abriu o diário, percebeu que as páginas estavam em branco como as de Joseph__ está tudo em branco tia.

__É um feitiço de proteção, assim quem pegar o diário não pode ler o que você escreveu__ explicou reforçando as palavras de Joseph__ Claro que não funciona muito com bruxos, pois qualquer um saber desfazer isso, mas se um mortal pegar nunca vai saber os segredos que contêm.

__Como eu faço pra ler?__ perguntou ansiosa.

__Revelare__ a tia sussurrou passando a mão pelas páginas.

As palavras começaram a aparecer então, na letra bagunçada de sua tia, mas estava tudo lá.

__Demi, escute uma coisa__ Sarah advertiu__ nunca leia nada do que está escrito nesse diário em voz alta.

__Por quê?

__Pronunciar os feitiços em voz alta é o mesmo que fazê-los querida, e nem todos são seguros, tome cuidado por favor, e eu gostaria que evitasse ler minhas lembranças pessoais, tem certas coisas ai que você não deve ver. Não que seja segredo, é só que é pessoal.

__Não se preocupe tia__ ela sorriu, ela já aprendera o que queria, aquele diário não tinha de muita valia pra ela, o que a interessava era o que estava em sua bolsa agora. 

__Ainda acho que isso é um erro__ Olívia resmungou.

__Lembre-se, não leia em voz alta__ repetiu ignorando as reclamações da irmã__ e me procure quando tiver interessada em aprender a prática, não adianta apenas conhecer os feitiços, você tem que aprender a controlar o seu poder, entendeu?

__Tudo bem__ ela concordou e entrou em casa correndo, fazendo o máximo possível pra esconder a empolgação.

Demi trancou a porta do quarto, mesmo sabendo que suas tias apareceriam em breve pra perturbá-la e que brigariam com ela por ter fechado a porta, mas ela precisava de privacidade. Demi colocou com cuidado o diário da tia sobre a escrivaninha e se sentou na cama, abrindo o diário de Joseph a sua frente. Ela respirou fundo.

__Revelare__ ela sussurrou a palavra passando os dedos pela página em branco.
Um pequeno brilho surgiu no papel enquanto as palavras escritas ali surgiam como num passe de mágica, numa letra bonita e bem desenhada, nada de garranchos, diferente da letra dela. Demi sorriu com expectativa e passou as paginas seguintes vendo que agora todas elas estavam preenchidas. As lembranças, a vida de Joseph estava toda ali na sua frente e ela não via a hora de descobrir tudo. 

Continua...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Chapter Four

Demi acordara decidida aquele dia, na verdade nem dormira muito bem, passara a maior parte da noite pensando com os olhos grudados naquele diário, tentando processar as loucuras que ouvira e vira, mas naquela dia ela tiraria a prova real, ela faria suas tias confessarem tudo. Ela tratou de esconder bem o diário pra que suas tias não vissem, se vestiu, e desceu para o café da manhã, as duas estava na cozinha conversando normalmente e sorriram quando ela apareceu. 

__Bom dia tias__ ela se sentou à mesa com seu melhor sorriso.


__Bom dia princesa, dormiu bem?


__Sim__ mentiu tranquilamente enquanto pensava numa forma de desmascarar as tias.
A oportunidade que ela estava esperando veio um pouco mais tarde. Ela e suas tias estavam juntas na sala, Olívia estava em pé e olhava um enfeite de vidro muito bonito, de uma bailarina que ficava em cima da lareira, ela fazia muito isso, parecia adorar aquele enfeite. Demi se aproximou como quem não quer nada.


__É bonito__ elogiou.


__Ganhei do pai de Selena__ ela comentou sorrindo__ no nosso primeiro ano de namoro.


__E porque guardou?__ ela pareceu confusa.


__Me traz muito boas lembranças, apesar de tudo__ deu de ombros__ e é lindo.



Demi pensou por um minuto, mordeu o lábio indecisa então estendeu a mão pra pegar o enfeite.

__Posso ver mais de perto?__ ela perguntou.


__É muito delicado Demi, não acho que...


Tarde demais, antes que Olívia pudesse pará-la Demi esbarrou de propósito na bailarina de vidro e ela escorregou, caindo no chão antes que pudessem pegá-la e se espatifando em mil pedacinhos. 


__Oh Deus, desculpe tia, desculpe__ ela pediu, fizera de propósito, mas realmente se sentia mal por aquilo.


__Minha bailarina__ Olívia disse de olhos arregalados.


__Eu sinto muito, foi sem querer, eu sou muito desastrada, desculpe, por favor__ Demi implorou.


__Tudo bem, ta tudo bem Demi__ tentou acalmá-la__ não tem problema, era só um enfeite bobo.


__Me sinto péssima, desculpe mesmo... Quer ajuda pra limpar?


__Não, eu cuido disso, fica tranquila.


__Ok, eu... Eu vou pro meu quarto.


Demi saiu da sala esperando que seu plano tivesse dado certo, ao invés de subir as escadas em direção ao se quarto, ela se escondeu novamente atrás do batente da porta e ficou olhando pra ver o que a tia faria.


__Oh__ ela gemeu inconformada__ eu adoro essa bailarina.


__Foi um acidente__ Sarah disse despreocupada.


__Ok, Demi não precisa ficar sabendo disso.


__Olívia, o que você...



Sarah não terminou sua frase. Olívia fez um gesto com as mãos e num passe de mágica os pedacinhos de vidro no chão começaram a se juntar sozinhos até que a bailarina estivesse novamente inteira, perfeita e sem nenhum arranhão, e de volta em cima da lareira.

__Você é louca__ Sarah resmungou__ se a Demi vir isso...


__EU SABIA__ Demi saiu de trás de porta e entrou na sala.


__Demi querida, agente pode explicar__ Sarah tentou se justificar.


__Vocês são bruxas?__ Demi perguntou sem rodeios chocando as duas mulheres.


__Parece que ela já sabe__ Olívia fez careta, mordendo o lábio com força.


__De onde tirou isso querida?__ Sarah tentou desmentir__ isso que você viu...


__Para de mentir pra mim, eu já sei de tudo... Ouvi a conversa de vocês com aquele velho esquisito, porque esconderam isso de mim? Acharam que não era importante eu saber que minhas tias são bruxas?


__Sua mãe não queria que você soubesse.


__Então é verdade__ ela fechou os olhos com força um momento__ eu sou uma bruxa também?


As duas mulheres se entreolharam sem saber o que dizer, não esperavam que aquilo acontecesse, pelo menos não daquela forma, se um dia Demi tivesse que descobrir seria numa conversa civilizada.


__Demi querida...


__Não mintam pra mim, eu quero saber, eu quero a verdade.


__É uma longa história.


__Eu tenho tempo__ ela cruzou os braços e as encarou deixando claro que não desistiria.

Bem, já que ela tinha mesmo descoberto, talvez fosse melhor desse jeito. Olívia e Sarah se sentaram no sofá e fizeram um gesto pedindo que Demi fizesse o mesmo, dezoito anos de mentiras descobertas assim em um segundo, elas sempre desconfiaram que esse momento chegaria, Demi era esperta demais e nunca concordaram plenamente com a ideia de Amélia lhe esconder a verdade. 

__Demi, a nossa família é uma familia especial__ Sarah começou a falar, procurando as palavras certas__ a família Gilbert vem de uma longa e antiga linhagem de bruxos, nossa família é descendente da primeira família de bruxos que existiu no mundo. A família original, como costumamos chamar. 


__Minha mãe e meu pai...


__Descendentes diretos da família original, os dois eram bruxos. 


__E porque ninguém nunca me contou isso?__ ela questionou irritada.


__Sua mãe não queria que você fizesse parte desse mundo, ela sempre quis ser apenas normal e esperava que você pudesse ser também, ser um bruxo tem seus perigos querida, é muito complicado. 


Demi parou pra considerar aquelas palavras um momento, nesse contexto as atitudes estranhas de sua mãe, seu jeito protetor e as todas as coisas inexplicáveis que ela presenciara faziam todo o sentido. Nunca, em um milhão de anos Demi imaginaria que era uma bruxa, até pensar naquela palavra era ridículo. Então seus pensamentos tomaram outra direção, pensou no diário escondido em seu quarto e nas coisas que ouvira Walter dizer ontem.



__Demi...

__Quem é Joseph Gilbert?__ Demi perguntou encarando a tia Sarah, ela parecia mais disposta a falar.


__Onde ouviu esse nome?__ ela ficou tensa por um momento.


__Walter, o homem que conversava com vocês ontem, falou o nome dele e algo sobre um diário__ enquanto ela não entendia o que estava havendo não havia necessidade de contar as tias que ela tinha o diário.


__Demi, é uma história longa e complicada.


__Eu já disse que tenho tempo e acho que sou perfeitamente capaz de entender... Anda, fala.


__Tudo bem__ Sarah concordou__ há uns quatrocentos anos atrás existia a família original, como eu já disse. A família era composta por três irmãos e suas esposas, naquela época só um deles teve filhos, três filhos pra ser mais precisa, Robert, Joseph e Nicole Gilbert. Eles eram muito poderosos e estavam sendo treinados, aprendendo a usar seus poderes pra se tornarem os mais poderosos do mundo. 


__Quando tinha vinte anos, Joseph conheceu uma moça chamada Esmeralda__ Olívia continuou__ só que ela não era uma bruxa, era uma mortal, e havia apenas uma regra que devia ser seguida naquela época, era extremamente proibido contar sobre a existência dos bruxos a qualquer mortal, era pra proteção de todos, as pessoas não levavam isso na boa, elas tinham medo. Mas Joseph estava perdidamente apaixonado por Esmeralda e acabou contando seu segredo a ela.


__Ela o entregou?__ Demi supôs fascinada, começando a se envolver na história.


__Não, ela também o amava e o aceitou como era__ Sarah disse__ o problema foi outro. 



Joseph estava tão cego de amor que não percebeu que seu irmão mais velho Robert também era apaixonado por Esmeralda. Ele guardou isso pra si por um bom tempo, até mesmo acobertou os segredos do irmão, mas Robert era imprudente e ganancioso, ele queria sempre mais.


__Uma noite Robert convidou o irmão Joseph para cavalgar__ Olívia prosseguiu__ foi uma armadilha. Robert estava obcecado e queria tudo que o irmão tinha. Ele ia roubar os poderes de Joseph e depois matá-lo, assim ele poderia ficar Esmeralda, e quando não houvesse ninguém pra o impedir, ele roubaria os poderes de todos os bruxos existentes, assim ele seria o único e mais poderoso. 

__E o que aconteceu?__ ela questionou inquieta.


__Joseph era esperto, ele carregava sempre consigo o seu diário, todo bruxo ganha o seu ao completar dezoito anos, é uma tradição, você coloca nele todas as suas memórias, e seus feitiços, é seu melhor amigo. Joseph fez um feitiço aquela noite, aprisionando a si mesmo e o irmão dentro de seu diário pra impedir que Robert completasse seu plano e destruísse o mundo da magia. 


__Ele aprisionou a si mesmo no diário?__ ela disse chocada, então realmente havia uma pessoa ali, ela conversava realmente com Joseph Gilbert, não era um truque ou um feitiço idiota.


__Pra proteger a todos os outros, se não fosse por ele não estaríamos aqui hoje Demi__ Sarah explicou__ precisa entender uma coisa, o diário de Joseph Gilbert desapareceu, é isso que Walter veio nos contar ontem. Há quatrocentos anos esse diário é passado de mão em mão e é protegido, pra que não caia em mãos erradas, aquele diário é perigoso, se alguém libertar Robert, estaremos perdidos.


Roubado, então a mulher que lhe dera o diário o havia roubado? Porque ela faria algo assim?



__Não é possível libertar apenas um deles? Libertar apenas Joseph?

__Não, se você libertar Joseph você liberta também Robert e visse versa. Nenhum dos dois pode sair daquele diário, nunca, é estritamente perigoso e proibido. E já que estamos acabando com segredos, você precisa saber do perigo que corre Demi.


__Perigo? Eu?


__Entenda querida, você é a ultima Gilbert de sangue puro viva__ Olívia explicou calmamente__ você é filha de dois Gilberts, não tem sangue mortal, nem de alguma outra família de bruxos, tem sangue puro, como chamamos, e um bruxo de sangue puro, descendente de um Gilbert é muito poderoso, mais que qualquer outro. O diário foi roubado, mas só alguém como você poderia libertá-los.


__Por isso estamos preocupados, se alguém estranho te procurar, se você tiver noticias ou souber qualquer coisa desse diário você precisa nos avisar imediatamente está entendendo?
Demi congelou por um segundo enquanto absorvia tudo aquilo, ao que deu pra entender aquela mulher roubara o diário e lhe dera na esperança de que ela libertasse os dois bruxos presos lá dentro. Talvez aquela mulher voltasse, talvez resolvesse ameaçá-la ou algo assim, Demi sabia que deveria naquele momento contar as tias que estava com o diário, mas não conseguiu. Ela não queria entregar o diário, não queria o devolver, queria pegá-lo e conversar um pouco mais com Joseph, descobrir mais coisas sobre ele, estava dividida entre a preocupação e a curiosidade. 


__Você entendeu Demi?__ Sarah insistiu, olhando pra Demi de um jeito estranho.



__Se você souber alguma coisa sobre esse diário__ Olívia disse séria__ você precisa nos contar imediatamente.

__Não sei de nada__ mentiu já se sentindo culpada.


__Demi...


__Eu entendo ta bom?__ ela se levantou irritada__ eu entendi tudo, mas não sei de nada. Eu... Eu preciso ficar sozinha pra entender toda esse loucura está bem? Eu só preciso de um tempo. 


Demi saiu correndo dali antes que suas tias tivessem tempo de dizer mais alguma coisa, ou perceber que ela tinha algo a esconder. Correu direto pro seu quarto e trancou a porta, indo se jogar na cama, estava surpresa consigo mesmo ao perceber que não estava com medo de toda aquela loucura de bruxaria, só se encontrava ansiosa e extremamente curiosa pra saber ainda mais. Ela queria saber mais sobre o bruxo preso dentro daquele diário que por obra do destino tinha ido parar em suas mãos. 
Demi pegou o diário em seu esconderijo e o abriu sobre a cama, segurando a caneta de pena entre os dedos, demorou um longo minuto até que ela resolvesse escrever. Talvez Joseph respondesse as perguntas que ela tinha e não podia fazer as tias, não custava tentar.

“Minhas tias me contaram sua longa história, é bem impressionante, e ao que parece eu sou uma bruxa”.


Demi esperou impaciente enquanto as palavras que ela escrever desapareciam, sugadas pelo papel e outras apareciam no lugar, mas ela sorriu quando sua resposta chegou, mas empolgada com a situação do que deveria.




“Eu te disse que minha história não tinha um final feliz”.


Ser traído pelo próprio irmão não deveria ser algo fácil de conviver, ainda mais com as consequências dessa traição. Demi se sentia um pouco traída naquele momento, afinal toda sua vida fora uma grande mentira, todos em quem ela confiava lhe enganaram, lhe esconderam sua verdadeira natureza.

“Deve odiar o seu irmão pelo que ele lhe fez, nem imagino como deve ser tamanha traição”.


Demi no fundo esperava que ele dissesse que odiava o irmão e que nunca o perdoaria, estava à procura de um bom motivo pra sentir raiva das mentiras que lhe contaram, mas o engraçado era que quanto mais ela tentava sentir raiva, menos conseguia se importar. Ela acabara de descobrir algo magnífico, algo com o que sonhou tantas vezes quando era menina, descobriu uma nova razão pra seguir em frente, algo em que manter o foco pra não ter que apenas sentar e se lamentar por suas tragédias.

“Não o odeio. É verdade que talvez nunca o perdoe pelo que fez, mas ainda assim é meu irmão. Robert estava perdido, confuso, é fácil deixar que o poder cegue você”.
“Está preso ai dentro há anos por culpa dele. Não tem vontade de sair? De viver?
Ao que pude entender, ele é o único que te impede de ser liberto”.

“Já me conformei com a ideia de que nunca sairei daqui, isso já não me incomoda há um bom tempo”.


Mas incomodava Demi, ela gostaria de poder vê-lo, não conseguia conter a estranha curiosidade sobre aquele bruxo que crescia dentro de si. Não imaginava como seria uma pessoa capaz de sacrificar sua vida e tudo que tinha pra salvar um monte de pessoas que nem ao menos conhecia. 
Antes que ela pudesse pensar em algo pra dizer novas palavras surgiram na página em branco.

“Porque nunca lhe contaram que você era uma bruxa?”

“Minha mãe era super protetora, queria que eu estivesse segura e que fosse normal”.
“Você não me parece incomodada nem assustada por saber que é uma bruxa. Já conheci outras pessoas que também não sabiam de sua verdadeira natureza e que quando descobriram quase enlouqueceram. As pessoas têm medo daquilo que não conhecem nem podem explicar”.

“Eu nunca fui uma garota muito normal apesar dos esforços de minha mãe. Eu não estou com medo, apenas curiosa, eu quero saber mais sobre esse mundo, quero saber mais sobre você”.

“Diga o que quer saber, eu responderei se puder”.


Demi sorriu, no fim das contas parecia que ela tinha arrumado um amigo. Ela sabia que suas tias não lhe contariam tudo que ela desejava saber, só o que achavam que era necessário, ela podia ver nos olhos delas. Então ela daria o seu jeito de aprender tudo sozinha, e tomaria cuidado pra que ninguém descobrisse que ela estava com aquele diário. Aquele seria o seu segredo. 

Continua...

terça-feira, 27 de março de 2012

Chapter Three

Demi estava deitada em sua cama passando as músicas do seu ipod, já havia escutado todas pelo menos duas vezes e agora estava entediada. Sim, fazia uma semana do seu aniversário e ela já fizera de tudo que havia pra se fazer naquela bendita cidade, e agora não sobrara mais nada. Selena estava ocupada com os estudos e o namorado, suas tias lhe davam o máximo de atenção que podiam, mas elas não eram adolescentes e não sabiam se divertir, na verdade a cada dia que Demi passava ali as achava ainda mais estranhas. 
Demi desligou o ipod irritada, ia dar mais uma volta por ai pra ver se tinha sorte de achar algo pra fazer, mas quando foi levantar da cama acabou tropeçando e pisando em alguma coisa que estava jogada no chão entre a cama e a mesinha de cabeceira. Olhando com atenção Demi viu que era uma caixa de presente, a caixa que aquela tal de Nicole havia lhe dado. Demi havia largado o presente de qualquer jeito no quarto aquele dia e deve ter ido parar embaixo da cama de modo que ela não pode ver e acabou se esquecendo completamente dele. 
Demi pos a caixa sobre a escrivaninha e sentou na cadeira, desfez o laço curiosa pra saber o que tinha lá dentro, de repente seria algo que a ajudasse á passar o tempo, mas não tinha grandes esperanças, e com razão. Quando terminou de abrir a caixa encontrou dentro um livro... Não, não era um livro, ela percebeu, era um diário e nem parecia novo, tinha uma aparência um tanto desgastada e antiga, que tipo de presente era esse?



__Essa obsessão maluca dessas pessoas com diários__ Demi resmungou pegando o diário em suas mãos e o virando com cuidado pra analisá-lo melhor. 

A capa parecia ser de couro, tinha alguns detalhes nas pontas que pareciam ser de ouro, mas provavelmente era falso, inclusive as letras no canto superior, deviam ser iniciais de alguém, e concerteza não eram as dela. JG estava escrito.


__Meu nome é com D, que droga de presente__ bufou o largando sobre a mesa. 


Demi bateu um pouco o pé no chão, de braços cruzados e emburrada, até seus olhos pousarem novamente na caixa e ver que havia algo mais lá dentro, era uma pena negra. Demi a segurou entre os dedos, na verdade era uma daquelas canetas de pena, também antiga, porém bonita, ela parecia reluzir quando a luz batia nela. Junto também viera a tinta, aquela tal de Nicole era uma pessoa estranha.
Selena dissera que era como ter um amigo pra desabafar, talvez não fosse assim tão ruim, talvez fosse o que ela estava precisando ali, um amigo pra dividir aqueles segredos que ela não teria coragem de contar a ninguém. Demi abriu com cuidado o diário na primeira página, as folhas estavam levemente amareladas, nem pareciam feitas de papel, mas era como se a convidassem a escrever ali tudo que a atormentava. Ela mergulhou a ponta da caneta na tinta e encarou por um instante a folha pensando em como começar. 


__Não é difícil, só escreva o que sente, você pode fazer isso__ ela murmurou pra si mesma.

Uma gota de tinta pingou na primeira página do diário, a tinta brilhou intensamente no papel por um segundo e em seguida, como se estivesse sendo chupada pela página, desapareceu. Demi encarou o diário confusa, virou a página algumas vezes tentando entender o que tinha acontecido, mas foi como se a tinta nunca tivesse tocado o papel, aquilo foi estranho. Demi tornou a molhar a pena e encarou novamente o papel... Escrever “Querido diário” parecia algo estúpido demais, então resolveu começar de forma diferente.


“Meu nome é Demetria”


As palavras brilharam momentaneamente na página e também desapareceram sem deixar vestígios, como se tivessem sido sugadas, Demi encarou o papel confusa, largando a pena sobre a mesa e então algo estranho aconteceu. Filtrando-se de volta a página, com a tinta de Demi, surgiram palavras que ela não escreveu.

“Olá Demetria! Meu nome é Joseph Gilbert. Como você encontrou o meu diário?”

Essas palavras também se dissolveram e foi como se nada nunca tivesse sido escrito, Demi se levantou da cadeira assustada, se afastando do diário, que espécie de brincadeira era aquela? Aquilo não era possível. Demi ficou encarando o diário sobre a mesa sem saber o que fazer... Joseph Gilbert, JG, meu diário. Ela se remexeu inquieta dividida entre a curiosidade e o susto que levara, talvez fosse só uma brincadeira, algum truque daquela tal de Nicole, mas ela precisava entrar no jogo pra descobrir. Demi sentou-se novamente na mesa, pegou a pena percebendo que sua mão tremia e escreveu.

“Eu o ganhei de presente. Quem é você?”


Demi esperou ansiosa por uma resposta, não acreditava que estava realmente “conversando” com o diário, não era isso que tinha imaginado quando Selena falou que o diário seria como um amigo. Aquilo era alguma espécie de tecnologia que ela não conhecia? Ou ela estava ficando louca? Já tinha visto coisas esquisitas na vida, mas aquilo era um pouco demais.

“Joseph Gilbert, um dos três filhos da Família Original.”


Família Original? Demi encarou as palavras até que elas desaparecessem novamente, ela devia estar surtando agora, mas ao invés disso tentou se lembrar de onde já tinha ouvido falar daquilo. Esquecendo por um momento que estava batendo um papo com um caderno velho ela voltou a escrever.

“Família Original? O que é isso?”


Demi percebera que até mesmo borrara a página ao escrever de tão nervosa e ansiosa que se encontrava.

“A Família Original, a primeira família de Bruxos do mundo”


Bruxos, ao ler aquilo à pena caíra novamente da sua mão. Demi empurrou o diário pra longe sentindo seu coração palpitar forte dentro do peito. Bruxos não existiam, essas coisas não eram reais e ela estava ficando completamente louca, era a única explicação, talvez fosse à falta de um sono descente nos últimos meses, sim era isso, ela estava vendo coisas por passar muito tempo sem dormir.
Largando o diário e as coisas sobre a mesa Demi correu pra fora do quarto e desceu as escadas apressada a procura das tias, ficar muito tempo sozinha naquela casa não era uma boa ideia. Demi ouviu vozes vindas da sala, ia chamar o nome das tias, mas ouviu uma voz desconhecida e percebeu que elas não estavam sozinhas. Demi se aproximou silenciosamente e se escondeu atrás do batente pra poder ouvir o que conversavam, a terceira pessoa na sala era um homem estranho, careca, devia ter volta de uns sessenta anos, os três pareciam um pouco nervosos, o assunto devia ser sério. 

__Estão cometendo um erro ao esconder a verdade da garota__ o homem disse encarando a lareira que estava apagada__ ainda mais agora, em um momento de crise.

__Amélia não queria que ela soubesse, vou respeitar o desejo de minha irmã__ Olívia disse convicta.

__O que quer dizer com momento de crise?__ Sarah perguntou preocupada__ o que esta havendo?

__O diário desapareceu há cerca de uma semana. Foi roubado e não temos nenhuma evidencia de quem foi.

__Como deixaram algo assim acontecer?__ Sarah se alterou__ pensei que houvesse seguranças de olho, achei que estava enfeitiçado e que ninguém podia tocá-lo Walter, pode me explicar como isso é possível?

__Nenhum bruxo podia tocá-lo__ Demi quase pode sentir o coração lhe rasgando a pele quando ouviu ele pronunciar a palavra bruxo, seus olhos se arregalaram__ nenhum bruxo conhecido tinha poder pra desfazer aquelas proteções, era impossível.

__Então como explica isso?

__Uma bruxa desconhecida foi vista passeando pela cidade nos últimos dias, ninguém sabe quem é, ninguém a conhece e nem a viu depois do ocorrido, mas suspeitamos que possa ter sido ela. 

__Não importa, mesmo que essa bruxa tenha roubado o diário ela não pode fazer nada, não pode libertá-los. 

__Mas eu sei de alguém que poderia fazer__ ele lançou as duas um olhar sugestivo.

__Ela não sabe de nada__ Olívia tratou de deixar bem claro__ ela não poderia fazer nada disso.

__Ela é a ultima Gilbert de sangue puro viva, ela poderia fazer se quisesse.

A ultima Gilbert de sangue puro, ao que dava pra entender estava falando dela. Demi não tinha outros parentes além das tias e ela era a última descendente direta dos Gilbert, suas tias já haviam comentado isso durante a semana numa conversa que surgira durante o almoço sobre a arvore genealógica da família.
Mas aquilo não podia ser sério, devia ser algum tipo de brincadeira de mau gosto, bruxos... Isso não existia. 

__O que você quer Walter? O que está insinuando afinal?

__Fiquem de olho na garota__ ele respondeu simplesmente__ enquanto não encontrarmos o diário de Joseph Gilbert sua sobrinha pode estar em perigo e pode ser um risco pra todos nós.

O homem estalou os dedos e a lareira se ascendeu magicamente, Demi tropeçou caindo sentada no chão com o impacto das ultimas palavras e a cena que presenciara. Ela não pode conter o grito e o barulho da queda, chamando a atenção das tias e do visitante.

__Demi, o que aconteceu?__ Olívia estendeu a mão pra ajudá-la a levantar.

__Eu estava passando... E tropecei__ ela gaguejou nervosa__ eu... Eu sinto muito. 

__Tudo bem, tome mais cuidado querida, pode se machucar.

Demi encarou o homem a sua frente, que também não tirava os olhos do rosto dela, sua expressão não era nada amigável e encheu o coração dela de pavor, suas tias pareceram notar o momento de tensão. 

__Demi, esse é um velho amigo da família__ Sarah apresentou__ Walter Jenkins. 

__Oi__ ela sussurrou. 

__Oi__ ele forçou um sorriso, não se dando muito trabalho de disfarçar seu desgosto em vê-la. 

__Querida, está tudo bem? Você está tremendo__ Olívia perguntou preocupada com a expressão de pavor que Demi não conseguia esconder por mais que tentasse. 

__Eu... Não me sinto muito bem, vou pro meu quarto. 

Demi não esperou que dissessem nada, voltou correndo pra seu quarto fechando a porta atrás de si e se escorou na porta, deixando que seu corpo escorregasse até o chão. Respirou fundo tentando controlar os batimentos cardíacos e a falta de ar. Demi sempre soube que tinha algo de estranho em sua família, já presenciara cenas estranhas que não conseguia explicar, vira sua mãe e suas tias cheias de segredinhos, sempre sussurrando pelos cantos e tomando cuidado com o que falavam na frente dela, mas nunca pensara que era isso que elas escondiam.
Quando era pequena suas tias lhe contavam histórias sobre bruxos, lhe contavam aventuras incríveis que deixavam Demi fascinada e ela até mesmo comentara mais de uma vez que adoraria ser uma bruxa também, que seria magnífico ter super poderes, mas suas tias pararam com as histórias quando ela começou a crescer e entender melhor a vida, a pedido de sua mãe é claro, ela nunca entendeu o porquê, mas agora fazia sentido. 

__Bruxos__ ela murmurou pra si mesma__ não era esse o tipo de emoção que eu procurava.
Mas enquanto pensava, aquilo respondia e explicava todas as coisas estranhas que ela presenciara durante todos esses anos, e o medo inicial foi sumindo e dando lugar a curiosidade. Demi se levantou do chão e se sentou de novo encarando as páginas em branco do diário sobre a escrivaninha. Depois de pensar por um longo tempo ela molhou a ponta da caneta na tinta e escreveu.

“Então, bruxos realmente existem?”


Ela já sabia a resposta era óbvio, mas ainda precisava que alguém lhe confirmasse, precisa ouvir, ou ver com todas as letras pra só então aceitar aquela loucura toda. Ela esperou impaciente por uma resposta, e com a demora começou a se perguntar se de repente não tinha imaginado tudo aquilo. Mas antes que ela tivesse tempo de ficar novamente nervosa, novas palavras surgiram na página.

“Sim, existem. Você não é uma bruxa?”

A pergunta a pegou um pouco de surpresa, o que ela deveria dizer? Ninguém havia lhe dito diretamente que ela era uma bruxa, mas tudo lhe dava a entender que sim. O pensamento era um pouco perturbador.

“Se eu sou, esqueceram de me contar.
O que faz nesse diário?”


Por um momento Demi teve a dúvida se estava conversando com um diário ou se havia uma pessoa realmente ali, ela não entendia de bruxos nem magia, mas estava sinceramente curiosa pra saber de tudo.

“É uma longa história, e não tem um final feliz. Você não vai querer saber.”


Mas ela queria saber, e agora estava disposta a qualquer coisa pra descobrir toda a verdade que suas tias e sua mãe lhe esconderam por tanto tempo. Demi ouviu passos se aproximando pelo corredor, fechou o diário rapidamente, e o jogou de qualquer jeito dentro da caixa junto com a tinta e a pena, e depois a escondeu atrás da escrivaninha. Um minuto depois sua tia Olívia abriu a porta sem bater e Demi forçou seu melhor sorriso, encarando a tia de olhos arregalados. 

__Demi, está tudo bem com você?__ ela perguntou preocupada__ você parece assustada.

__Eu estou bem__ respondeu tentando parecer mais natural__ minha bunda ainda doía pelo tombo que levei, eu sou meio desastrada, não se preocupe.

__Tudo bem então__ sua tia parecia tão desconfortável ao sorrir quanto Demi estava, ambas sabiam que algo estava errado, mas nenhuma se atrevia a falar a verdade__ se precisar de alguma coisa é só chamar.

__Claro tia, obrigada. 

Quando sua tia saiu do quarto, Demi pegou novamente a caixa e ficou encarando-a por um bom tempo. Não era o presente de dezoito anos que tinha esperado, mas aparentemente ela tinha encontrado algo pra se ocupar. Ela daria um jeito de arrancar a verdade das tias, de uma forma que não houvesse como elas mentirem novamente, ou ela não se chamava Demetria Gilbert. 

Continua...

Clarinha Clarinha linda apareceu a quanto tempo ne flor ?! kk.

Licy' and Adríh'  Hey my lind's olha flor desculpa não postar a sua tag agora ta. mais esses dias eu to cheia de provas e não vai dar :((( ~no sabado eu posto ta ?!~ bjinhoos.

Biaa M. Oi flor olha eu respondo os comentários quando da e quando em alguns deles tem perguntas.
hahahaha curiosinha vc ne ?! kkk mais vai ficar na curiosidade mesmo por que eu não vou contar nada rumm ~eu mau aqui o/~ bjinhooooos.

domingo, 25 de março de 2012

Chapter Two

Estava escuro, a única luz no cômodo provinha da lua lá fora, que passava pela janela clareando levemente o lugar. Parada bem ali, por um momento Demi não soube onde estava, mas logo reconheceu a cozinha da sua casa, com a mesa redonda de apenas três cadeiras, o armário verde parte da decoração extravagante que sua mãe escolhera, pois tinha um gosto bem peculiar. As fotos de família em um quadro na parede e a louça do jantar ainda na pia, Demi sorriu praquela cena, sentindo-se agradavelmente confortável naquele lugar. 
Mas algo aconteceu de repente, antes que ela pudesse pensar em fazer qualquer coisa à cozinha começara a pegar fogo, chamas fortes surgindo por todos os lados de forma que não havia por onde fugir. A fumaça era sufocante e tornava impossível ver qualquer coisa, mas Demi achou ver uma sombra lá fora, a observando pela janela e sorrindo enquanto ela era encurralada pelo fogo. E era tão quente, insuportavelmente quente, ela podia sentir sua carne queimando, o cheiro e a dor. Um grito de pavor à agonia escapou por sua garganta antes de ela acordar assustada, e sentar na cama de olhos arregalados.

Um pesadelo, tinha sido só um pesadelo, não fora real. Aquele mesmo terrível pesadelo que vinha se repetindo quase todas as noites desde que sua mãe morrera naquele incêndio e parecia tão real, ela podia sentir a dor e aquilo a fazia querer chorar, imaginando sua mãe passara por tudo aquilo, que sofrera horrores até que finalmente sua vida se acabasse. O desespero era tão sufocante. Ela tentou espantar as imagens da sua cabeça, passou a mão pela testa e pelo cabelo e percebeu que estava ensopada de suor, grudenta. 

__Demi está tudo bem?__ ela se sobressaltou quando suas tias entraram de repente no quarto.


__Ouvimos você gritar__ Sarah se sentou na beirada da cama__ o que aconteceu?


__Foi só um pesadelo__ ela forçou um sorriso, não queria preocupar as tias com nada, já estava fazendo muito lhe acolhendo, ela podia lhe dar com seus problemas sozinha. 


__Está tudo bem mesmo?


__Está sim, já passou.


__Ótimo__ Olívia sorriu batendo palminhas como uma adolescente faria__ nesse caso... Feliz aniversário. 


__Aniversário?__ Demi encarou as tias completamente confusa__ como assim?


__Hoje é seu aniversário de dezoito anos querida, não me diga que esqueceu?



Talvez elas tivessem razão, e mesmo que não tivessem Demi não queria decepcioná-las então aceitou o desafio, ela podia aproveitar o dia como se tudo estivesse bem, ela sabia fingir, tinha praticado muito nos últimos meses. Então ela se levantou, tomou um bom e demorado banho frio pra espantar aquela sensação horrível do pesadelo, vestiu uma roupa “bonita”, que suas tias escolheram pra ela e desceu pra tomar o café da manhã que elas haviam lhe preparado, parecia um café da manhã de rainha, ao olhar pra mesa nem soube por onde começar. 

__Então, planejaram alguma coisa especial pra hoje?__ ela perguntou embora já soubesse que sim.


__Na verdade planejamos sim, não se irrite__ Olívia pediu__ lembra da Selena? 


__Sua filha? Claro que lembro.


A árvore genealógica da família Gilbert era um pouco complicada. Amélia, mãe de Demi, era filha do primeiro casamento de sua avó, Marcie Gilbert com seu avô Jonathan Gilbert, descendentes da mesma família. Já Sarah e Olívia eram filhas do segundo casamento de Marcie, com um tal de Felix Hendrix, então elas eram na verdade eram somente meia irmãs. Olívia tivera uma filha, Selena, com um cara que desapareceu misteriosamente quando soube que ela estava grávida. Demi costumava brincar com ela quando eram crianças, eram grandes amigas.

Aparentemente a família Gilbert era muito importante no século XVII, e Demi era uma descendente direta deles, sendo sua mãe e seu pai também da mesma família, uma família muito grande por sinal. Suas tias às vezes lhe contavam histórias sobre a família, isso antes de sua mãe as proibir por algum motivo que ela não entendia. 

__Onde ela está a propósito, faz tempo que não a vejo.


__Está morando com uma amiga mas perto do centro da cidade, resolveu sair da barra da saia da mãe.


__Convidamos ela pra levar você pra um passeio pela cidade hoje, pra relembrar os velhos tempos e pra te ajudar a fazer umas comprinhas sabe? Comprar uma roupa bem bonita pra sua festa de aniversário hoje.


__Festa de aniversário?__ Demi quase engasgou com o suco de laranja__ como assim festa?


__Não vai ser nada grande, só uma pequena reunião com alguns amigos e membros da família__ Sarah tentou se explicar__ é um dia muito especial pra se passar sozinha.


__Mas eu não queria uma festa, eu pensei que passaríamos o dia juntas.


__Vai ser divertido Demi, você vai ver__ Olívia quis encorajá-la__ vai ser bom pra se enturmar e fazer amigos, você ainda vai me agradecer isso.



Demi passou todo o café da manhã tentando tirar a ideia da festa da cabeça das tias, mas foi um esforço em vão e ela não teve alternativa a não ser concordar. Agora ela estava caminhando pela cidade com sua prima Selena que não via a vários anos para comprar uma roupa nova, como se ela realmente precisasse disso agora. 

__Você não está muito contente por estar aqui não é?__ Selena comentou com um sorriso compreensivo.


__Desculpe, é legal te ver depois de tanto tempo, mas eu realmente não queria uma festa de aniversário.


__Minha mãe e tia Sarah são impossíveis, não adianta discutir com elas, o que você tem que fazer é concordar e tentar aproveitar a surpresa, elas só querem que você se divirta um pouco e esqueça os problemas.


__Eu sei disso, eu vou tentar, espero sobreviver até o fim do dia. 


Durante todo o dia Demi e Selena passearam pela cidade fazendo comprar e conversando, botando os assuntos em dia. Selena contou que se mudara pra morar com uma amiga pra se livrar das loucuras de Sarah e Olívia, contou que faria faculdade de direito e falou sobre o namorado e juntas relembraram as loucuras que faziam quando crianças, Selena era alguém fácil de conversar e ela fazia Demi sorrir sem muito esforço. Escutou suas histórias chatas com atenção e não tocou em nenhum assunto que a deixasse desconfortável, era muito fácil ser amiga dela, fora que ela tinha um ótimo gosto.



__Porque não experimenta esse?__ Selena sugeriu mostrando um vestido tomara que caia de renda com uma laço na cintura__ aposto que vai ficar lindo em você. 

__É lindo mesmo, mas não tem de outra cor? Sou louca por azul__ ela disse revirando as araras__ bom não tem, vai ser esse mesmo.


Demi se virou pra ir até o provador, mas Selena segurou seu braço gentilmente lhe entregando o vestido na cor azul claro com o laço preto, exatamente o que Demi imaginara


__Onde achou? Eu revirei as araras e não tinha.


__Acho que não procurou direito__ ela deu de ombros com um sorrisinho que Demi não entendeu bem. 


__Obrigada, eu vou experimentar. 


Quando terminou de vesti-lo Demi se olhou no espelho, era simplesmente lindo e lhe caíra perfeitamente bem, ela saiu do provador pra mostrar a Selena que lhe esperava sentada em um pequeno sofá que havia no canto da loja.


__Ficou perfeito, é esse mesmo__ ela disse assim que o viu. 


__Vou levar, quanto custa?__ ela tentou olhar a etiqueta que ficava na parte de trás.


__Eu pago__ Selena interveio__ um presente de aniversário meu pra você.


__Não precisa fazer isso.


__Eu quero, não é nada demais.



Selena abriu a bolsa pra pegar a carteira e Demi viu algo que lhe chamou atenção, um caderno... Não, não, era um diário. Ela achava engraçado como todo mundo na sua família parecia ter um. Sua mãe tinha e vivia escrevendo nele, quase todos os dias e nunca deixava Demi nem mesmo chegar perto, com se houvessem segredos de estado ali que podiam ameaçar a segurança do mundo. Suas tias também tinham um que carregavam consigo pra cima e pra baixo e vários amigos de sua mãe que Demi conhecera também tinham, e agora Selena. 

__Qual é a de vocês com esses diários em?__ ela não resistiu em perguntar. 


__Coisa de família__ Selena respondeu educadamente fechando a bolsa__ você não tem um?


__Não vejo muita graça nisso.


__É melhor do que parece, é como ter um amigo pra quem pode contar todos os seus segredos, pode desabafar e sem medo de ser julgada, é revigorante, você devia experimentar.


__Eu acho que vou passar, mas valeu. 


Depois de comprar o vestido e sapatos que combinavam Demi e Selena pararam pra fazer um lanche. Suas tias a proibiram de voltar pra casa antes das oito, que era quando tudo pra festa estaria pronto. Demi pensou em aproveitar esse meio tempo pra fugir, mas até que estava se divertindo com Selena, não custava nada esperar.

Demi havia resolvido dar uma chance à festa, não teve como ser de outro jeito quando voltou pra casa e viu a linda decoração que suas tias haviam feito pra agradá-la. Mas as coisas não estavam sendo como ela esperava, todos os convidados que chegavam a olhavam de um jeito estranho, alguns com pena pela morte da sua mãe, e ela odiava ser motivo de pena, e outros com uma curiosidade e uma profundidade que a deixavam incomodada. Foi assim quando Selena lhe apresentara o namorado Nicholas.

__Demi, esse é o Nicholas meu namorado__ ela disse com um sorriso e um olhar apaixonado__ Nicholas, essa é minha prima Demetria Gilbert, de quem eu havia falado. 


__Então essa é a famosa Demetria Gilbert__ ele disse lhe dando um gentil aperto de mão__ é um prazer finalmente conhecê-la Demetria, ouvi muito falar de você ultimamente.


__Jura?__ ela perguntou surpresa__ achei que Selena nem se lembrasse mais de mim. 


__Nunca esqueceria de você Demi. 


__Fascinante__ Nicholas murmurou a olhando dos pés a cabeça de uma forma que a deixara totalmente desconfortável, como se tentasse ver através dela__ ela parece mesmo... Normal.


__O que?__ Demi o encarou confusa.


__Nada__ Selena deu uma cotovelada no namorado discretamente__ ignore as besteiras dele por favor.



Depois de um tempo Demi cansou de ser a atração da noite e escapou pela porta dos fundos, se sentando na varando sozinha com seu copo de refrigerante e admirando as estrelas. Ela se sentia estranha àquela noite, algo dentro dela não parecia normal. Talvez tivesse comido algo que não fizera bem, ou fosse à situação desconfortável de ser analisada por todo mundo, mas ela podia sentir algo se revirando em seu estomago, e um calor estranho se espalhando pela pele, não era uma sensação muito agradável. 

__Não está curtindo sua festa?__ uma voz gentil perguntou.


Demi baixou os olhos das estrelas e encontrou uma jovem parada a sua frente com um sorriso educado no rosto. Tinhas os cabelos negros e compridos, os olhos castanhos eram brilhantes e gentis assim como a voz, e ela não devia ser muito mais velha que Demi, talvez uns dois anos apenas. 


__Não sou muito de festas__ deu de ombros__ e essa parece mais um funeral. 


__As pessoas não sabem ser muito sutis com o sofrimento dos outros, eles não fazem por mal.


__Desculpe, eu conheço você?


__Que falta de educação a minha__ ela sorriu envergonhada__ eu me chamo Nicole, sou uma velha amiga da sua mãe. Amélia era uma mulher maravilhosa.


Velha amiga? Aquilo não pareceu muito certo, afinal Nicole era jovem, mas Demi não comentou nada.


__Sinto muito por sua perda Demi.



__Obrigada, minha mãe nunca me falou de você__ ela tentava se lembrar se alguma vez ouvira aquele nome ou vira aquele rosto, mas nada lhe ocorria, e duvidava que esqueceria um rosto tão bonito e sorridente como o de Nicole, ela parecia ser uma pessoa agradável.

__Amélia era assim mesmo__ deu de ombros__ só passei pra lhe desejar um feliz aniversário e lhe entregar isso. 


Ela estendeu pra Demi uma caixa, com um laço cor de rosa preso na tampa.


__Não precisava me dar um presente.


__É só uma lembrança, sei que fará muito bom proveito dela. 


__Bem obrigada__ ela segurou caixa meio sem jeito por aceitar um presente de uma estranha que acabara de conhecer, mas seria grosseria recusar__ não quer entrar?


__Não, estou com um pouco de pressa, só passei pra te ver. Feliz aniversário Demi, agente se vê por ai. 


Demi ficou observando enquanto Nicole se afastava, achava estranho sua mãe nunca ter mencionado ela, mas sua mãe era mesmo cheia de segredinhos, talvez não fosse ninguém muito importante. Ela observou com cuidado a caixa em suas mãos, ia abrir a tampa, curiosa pra saber que presente era aquele mas ouviu passos atrás de si e se levantou rapidamente.
__O que faz aqui fora?__ Selena perguntou olhando em volta.


__Só pegando um ar.


__Vem, não fiquei ai sozinha, é seu aniversário.


Selena a puxou de volta pra dentro de casa. Demi largou a caixa de presente de qualquer jeito no seu quarto e voltou pra festa, fingindo estar gostando de toda aquela atenção. 



Continua...


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