terça-feira, 28 de agosto de 2012

Twenty One



I've never opened up to anyone
So hard to hold back when I'm holding you in my arms
We don't need to rush this
Let's just take it slow ♫♪


Durante todo o dia eu havia tentado não pensar, mas isso nunca deu muito certo pra mim e dei por mim durante todo o tempo lembrando da noite passada e também das coisas que Peter me dissera. Quando voltei para casa o medo que eu sentira quando acordei tinha sumido e eu estava decidido, sabia o que tinha que fazer. Conversei com Demi, disse tudo que sentia e em nenhum momento menti ou tive dúvidas, eu realmente estava disposto a tentar.
__O que acha de jantarmos?__ ainda estávamos sentados no sofá quando tive a ideia de levá-la para jantar.
__Tânia fez ensopado__ Matt murmurou de cara feia, aparentemente ele não percebera que eu não estava falando com ele__ odeio ensopado, agente podia pedir uma pizza ou coisa assim.
__Batata frita__ Manuela sugeriu sorrindo.
__E hambúrgueres__ Matt acrescentou.
__E sorvete__ Manuela completou.
Eu e Demi nos entreolhamos, estava pronto para dizer a eles que eu ia sair para jantar com Demi quando ela me interrompeu.
__Podemos sair outra noite__ ela disse sorrindo__ não tem problema, vamos fazer a vontade deles hoje.
__Tudo bem, se você acha melhor. 

Fizemos então uma espécie de piquenique à luz do luar e a beira da piscina. Forramos uma toalha no chão, pedimos pizza, batata frita, hambúrgueres e sorvete exatamente como as crianças queriam e nos sentamos para comer juntos enquanto eles contavam como tinha sido seu dia. Manuela contou sobre as brincadeiras que tinha feito com Demi durante todo o dia e como tinha se divertido, Demi apenas fez uma careta engraçada enquanto ela falava e eu tive que rir, devia ter sido um dia e tanto pra ela, mas até do que fora pra mim. Quando terminou o discurso, Manuela foi sentar-se no colo de Demi enquanto mordia uma batata frita.

__Foi um dia divertido o de vocês__ comentei sorrindo.
__Pelo menos pra ela__ Demi riu dando um gole no refrigerante__ minhas pernas estão doendo até agora. De onde tira tanta energia assim em princesa? Precisa me emprestar um pouco.
__É pelos legumes que a Tânia me obriga a comer__ ela murmurou distraidamente__ ela diz que me deixam forte.
__Preciso comer mais legumes então.
Depois Matthew começou a falar sobre a garota que gostava, a tal Michele.
__Ela adorou o presente Demi__ Matthew disse todo sorridente__ obrigada.
__Fico feliz por ter ajudado.
__Então você já se declarou pra ela?__ eu perguntei curioso__ já se beijaram?
__O que? Não, eu... Hã... __ ele começou a gaguejar e corar.
__Na ultima vez que conversamos você disse que ia enfrentar seu medo e dizer a ela o que sentia__ o lembrei__ o que aconteceu? Você estava confiante, está esperando o que Matt?
__Eu sei lá__ ele fez careta__ não é tão fácil assim.
__Eu sei que não é, uma das coisas mais difíceis da vida é conseguir expressar seus sentimentos pra alguém__ e como sabia disso, Demi me olhou de lado enquanto eu falava__ mas você tem que arriscar, vale a pena. 

De repente tive uma ideia para incentivar Matthew e sorri.
__Que tal um pequeno incentivo para que você se declare a sua garota?
__Do que está falando?__ ele me olhou desconfiado.
__Se você se declarar a Michele até o fim da semana, eu pago as suas aulas de direção...
__Eu não preciso de aulas de direção__ ele me interrompeu.
__Deixa eu terminar__ revirei os olhos__ pago as aulas de direção para você finalmente tirar sua carteira e te compro de presente um carro novinho, o que você quiser. Acho que vai precisar para levar sua namorada pra sair, isso... Se conseguir falar com ela claro.
__Você ta brincando?__ ele arregalou os olhos__ isso é sério mesmo? De verdade?
__Uma promessa, mas só se você falar com ela até o fim da semana.
__Eu topo, concerteza__ apertamos as mãos para fechar o acordo__ vou conseguir uma namorada e um carro novo, o Diogo precisar saber disso.
__Ok, vai contar pra ele então__ eu disse__ e leve sua irmã junto.
Ele não reclamou, pegou Manuela do colo da Demi e entrou em casa todo contente. Ia ser um dinheiro bem gasto aquele.
__Vai mesmo comprar um carro pra ele?__ Demi perguntou quando ficamos sozinhos.
__Matt é um bom garoto, ele merece__ dei de ombros e me deitei na toalha encarando o céu. Os únicos momentos em que Matt se comportava mal era quando me desafiava, quando queria me chamar a atenção, fora isso ele era o filho perfeito, tinha muitos amigos, era estudioso, respeitava todo mundo, exceto eu é claro, mas isso também estava mudando__ acha que é loucura minha?
__Não, eu só não esperava por essa, mas gostei do que fez.
__Eu sei ser legal quando quero__ brinquei e ela riu__, mas então... Me conta mais um pouco sobre você.
__Pensei que já soubesse tudo sobre mim__ ela disse__ não tem a minha fixa?
__Coisas triviais, eu já expliquei... Quero te conhecer melhor, me diz, você tem irmãos?
__Não, eu sou filha única__ ela se inclinou um pouco pra trás, meio deitada e meio sentada__, mas tive muitos primos e esses primos tiveram muitos filhos, não passei minha infância sozinha, e também banquei muito a mãe ao longo dos anos, por isso tenho experiência. As pessoas da minha família adoram fazer filhos.
__Eu nem imagino porque__ murmurei e rimos.
__E você, tem irmãos?
__Tenho um irmão mais velho, o Kevin. Ele devia herdar a JI no meu lugar, mas nunca se interessou pelos negócios da família então sobrou pra mim. Meu pai surtou quando o Kevin disse que não queria nada com a JI, mas como tinha outro filho acabou superando.
__E onde está o Kevin agora?
__Na Inglaterra curtindo a vida com a esposa Danielle e a filha Agatha.
__Ele é o filho esperto da família então?
__Basicamente. 

Kevin fez aquilo que eu não tive coragem. Ele enfrentou o meu pai e impôs a sua vontade, fez aquilo que queria, que sonhava. Mas no fim das contas eu sabia que tinha feito à escolha certa, eu gostava do meu trabalho, ganhava muito bem e podia dar tudo aos meus filhos, a minha vida era boa, só seria perfeita se minha esposa não tivesse morrido, mas eu estava disposto a superar isso.

__Você estava procurando emprego quando eu te conheci__ comentei__ estava tentando trabalhar como o que? Aposto que não era como babá.
__Não mesmo__ ela sorriu__ eu estava procurando emprego como secretária, mas era mais porque precisava de dinheiro do que porque era o que eu realmente queria fazer.
__E o que você queria fazer?
__Você deve ter visto na fixa que eu fiz faculdade de jornalismo e fotografia__ ela comentou__ eu queria trabalhar como fotógrafa, eu adoro tirar fotos, eu tiro foto de tudo que acontece comigo, o tempo todo. Já levei bronca de muitas pessoas por tirar algumas fotos constrangedoras, mas eu adoro.
__Nunca vi você tirando foto nesse tempo que está aqui.

__É porque não tenho mais minha câmera__ ela explicou__ eu tinha uma câmera profissional, mas quando o meu casamento não deu certo, eu e minha mãe ficamos muito endividadas e eu perdi meu emprego, tive que vender muitas coisas para pagar as dívidas que tínhamos, e minha câmera foi uma dessas coisas. Foi como vender os meus olhos sabe? Eu via tudo pela lente daquela câmera... Mas já superei.
_Sinto muito, deve ter sido difícil.

__Foi, mas como disse, eu já superei.
__Agora que tem um novo emprego porque não compra uma nova?
__Estou usando o dinheiro para pagar contas e gastos e guardando o resto para compensar aquela poupança que eu dispersei no preparo do casamento. Não preciso de uma câmera agora. Mas falando em emprego... Agora que estamos, digamos... Saindo__ ela fez uma careta engraçada__ acho que fica estranho você me pagar para cuidar dos seus filhos.
__Eu não acho estranho. Muitos caras por aí tem casos com as babás, não é um grande problema.
__Você está muito engraçadinho hoje__ ela riu e revirou os olhos__ o que foi que te deu?
__Eu não sei__ respirei fundo e sorri para as estrelas__ estou me sentindo... Diferente.
E estava mesmo, parecia que um pouco do peso que eu tinha nas costas durante esses anos tinha sumido. Foi só uma parte, mas eu já me sentia mais leve e com uma estranha vontade de sorrir. Acontecia sempre que eu olhava pra ela, era uma sensação nova pra mim, mas eu estava gostando daquilo.

__Você fica muito mais bonito quando sorri, alguém já lhe disse isso?__ Demi perguntou me observando.
__Não ouço muito isso, acho que é porque não sorrio muito.
__Mas é verdade, você tem um lindo sorriso.
__Não mais bonito que o seu__ desviei os olhos das estrelas para fitar o rosto dela e voltei a me sentar__ eu estou realmente me sentindo muito bem Demi, e é tudo graças a você.
Ela me olhou com um lindo sorriso no rosto e os olhos brilhando, percebi que ela queria dizer algo, mas não sabia o que. Mas eu não precisava que ela dissesse nada, só queria que ela soubesse que era a responsável pelas minhas mudanças, pelas mudanças para melhor e que eu era agradecido a ela por isso.
__Posso te dar um beijo?__ perguntei em um sussurro, fitando seus lábios. Eu definitivamente estava diferente, mas nunca antes me senti tão eu mesmo quanto me sentia agora.
__Sim__ ela concordou timidamente.

Inclinei-me em sua direção e juntei nossos lábios num delicado beijo, calmo, sem pressa. Tínhamos combinado ir devagar, fazer um teste, arriscar um pouco e naquele momento não tinha pressa, não precisava de mais nada, apenas um beijo. Não sei quanto tempo ficamos ali, só nos separamos um tempo depois quando o celular dela começou a tocar.
__Desculpe, é minha mãe, eu preciso atender.
__Não tem problema, eu vou lá em cima ver se Manuela já foi dormir.

Deixei-a para atender a sua ligação, pedi a Clarissa que arrumasse a bagunça que fizemos no quintal e fui ver como estavam às crianças. Manuela já estava dormindo, com o seu pijama, o dedo na boca, agarrada ao seu ursinho favorito. Era engraçado como Matthew fazia as coisas sem que pedíssemos quando estava interessado em alguma coisa. Fui até o quarto dele e bati na porta.

__Eu já pus Manuela pra dormir__ ele disse sorridente__ ela me fez cantar a música duas vezes.
__Ela gosta dessa música cada vez mais__ comentei e tirei uma nota do bolso, entregando a ele.
__Dinheiro?__ ergueu a sobrancelha__ vai me pagar agora para pô-la pra dormir? Esse é o trabalho da Demi não é?
__Não é isso pra isso engraçadinho__ revirei os olhos__ é pra você repor... Aquilo que desapareceu do seu quarto.
__Dez dólares não é o suficiente para repor o que sumiu__ ele disse fitando a nota e percebi que estava tentando me enrolar, tive vontade de rir, mas me segurei.
__Dez dólares dá muito bem para pagar o que sumiu e ainda sobra troco, espertinho.
__Como sabe o que foi que sumiu?__ ele me encarou confuso por um segundo até que finalmente percebeu e arregalou os olhos__ foi você. Você roubou minha camisinha... Porque roubou minha camisinha?
__Porque estava precisando e não tinha uma, foi uma emergência, não vai se repetir.
__Você precisou de uma camisinha? Você? Tem certeza? Por que... Quando... Como... Com quem você a usou?
Aquela sinceramente não era uma conversa que eu queria ter com Matthew, mas ele ia saber uma hora ou outra.

__Com Demi.
__Você e Demi transaram?__ ele praticamente gritou com o espanto.
__Fale mais alto__ disse debochado__ não precisa ficar assim tão espantado ok?
__Desculpa__ ele fez careta__ quer dizer que vocês dois estão... Namorando? Como isso aconteceu?
__Bem, é uma longa história, mas estamos tentando... Você se importa?
__Eu? Não__ ele sorriu__ fico feliz por vocês, já estava mesmo na hora de arrumar uma namorada. Era disso que você estava precisando para se livrar de todo o mau humor sabe? Um pouco de sexo.
__Hey moleque, mas respeito, eu sou seu pai.
__Era brincadeira__ ele riu__ sério... Espero que dê certo entre vocês dois, a Demi é muito legal.
__Obrigado e boa noite.
__Boa noite pai e, por favor... Não entre mais no meu quarto e compre suas próprias camisinhas. 
__Falando nisso... Desde quando têm camisinhas em?
__Ganhamos na escola, isso importa? Eu não quero ter essa conversa... É constrangedor.
__Tudo bem, só... Use com sabedoria. 
__Não se preocupe, não pretendo engravidar ninguém tão cedo. 
__Já disse para tomar cuidado com essa língua__ acusei, mas era brincadeira e estávamos nós dois rindo.
Deixei-o no seu quarto, depois fui desejar boa noite a Demi. Combinamos um jantar de verdade para amanhã a noite, só nós dois, nada de crianças ou batatas fritas e sorvete e então fomos para nossos quartos. 


Fim do Capítulo


Alice: Bem flor eu até poderia continuar a escrever mas naquela epoca eu tinha ajuda  principalmente a minha inspiração kk.ela não acabou ainda ia rolar muuuitaaaa eu tava super motivada a continuar a escrever mas eu vi não tava dando certo e acredite eu também me envolvi escrevendo ela.pode até ser que num futuro proximo mas só Deus sabe eu a reescreva bjs :).



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

One Night Only. -Parte 2-

Manhattan, 5 de dezembro de 2010.

Não, aquilo NÃO estava certo.
Ela tinha certeza que tinham marcado nove da noite. CERTEZA! No entanto, eram onze e quinze e cadê aquele inglês maldito?
Seu coração estava apertado, ela estava tensa e com vontade, para variar, de gritar. Há tempos não se sentia assim. Passara a semana inteira procurando o vestido perfeito, a maquiagem perfeita, os sapatos mais bonitos, o perfume ideal... E nem tinha cem por cento de certeza que ele iria.
E agora estava começando a desconfiar que estava certa. Ai, Murphy.
Primeira coisa: Passaram oito horas juntos e depois não se falaram por 365 dias. É muito, muito tempo.
Segunda coisa: O ano dele podia não ter sido bom. Ou, na verdade, podia ter sido ótimo, mas talvez ele tivesse conhecido alguém ou sei lá, esquecido dela por qualquer motivo, e não tivesse achado necessário aparecer e fazê-la de babaca.
Virou sua taça de vinho – estava querendo ser chique ou ficar posuda e bonita – e deixou o dinheiro sob o balcão.
Estava com vontade de chorar. Pensou, mesmo sendo um hippie maluco, que Joe fosse diferente. Ele esmurrou Derek e o chamou de filho da puta, sabe? Isso tinha que significar algo bom. Mas, para variar, estava errada.
O frio estava cortante do lado de fora do bar, mas não nevava. Colocou suas luvas e olhou para o céu, na esperança que alguns flocos de neve caíssem sobre sua cabeça, e seria o suficiente para lembrar ainda mais da noite de um ano antes. Sentiu seu celular vibrar, mas demorou eras para encontrá-lo dentro de sua bolsa gigantesca.


- Alô - atendeu rapidamente, sem olhar direito para o visor.
Teve a impressão que a pessoa já ia desligar.
- Alô? - ela disse um pouco mais alto.
- Demetria? - ouviu a voz que, mesmo um ano depois, conseguiria reconhecer de qualquer maneira. E seu coração acelerou idiotamente com isso.
- Joe? - disse rapidamente, mas não estava o escutando direito devido ao barulho. É, talvez nem fosse...
- Olha, acho que meu sotaque é inconfundível - ele riu.
- Onde você está?
- Demi? - ele gritou. - Olha, eu não tô te ouvindo direito! Eu estou no aeroporto...
- Aeroporto? - ela gritou de volta.
- Meu vôo atrasou, só vou poder aparecer... - e então a voz se foi.
- Joe? Joe? - Demi berrou do outro lado da linha, mas sua resposta foi o irritante "tu tu tu" do telefone. - Merda!
Discou rapidamente para a última chamada recebida.

"O telefone chamado está desligado ou fora da área de cobertura". 

- INFERNO! - gritou, quase tacando seu telefone à longa distância.
É claro que não ia dar certo esse encontro dos dois. Tudo bem, se ele estava no aeroporto, é porque pelo menos estava vindo, e isso iluminou seu rosto com um sorriso besta. Então ele se importava, ótimo. Precisava dar um jeito de falar com ele e saber quando conseguiria "aparecer".
Mas mesmo sem a neve, as ruas estavam congelantes, e ela resolveu ir para casa, porque ao que lhe parecia, não o veria naquele dia.
- Táxi - gritou para o primeiro veículo amarelo que apareceu, e felizmente, ele estava desocupado.
Discou para Joe sete vezes enquanto estava dentro do táxi, ouvindo The Corrs enquanto um motorista que parecia árabe cantarolava empolgado com um sotaque carregadíssimo e seu perfume de quinta categoria muito, muito forte.
Ótimo, uma crise de espirros era tudo o que ela precisava.

- Oi, aqui é o Joe. No momento não posso atender, mas você sabe o que fazer.

Biiiiiiip.


- Joe, é a Demi. Não sei onde você está e nem que horas vai chegar, mas estou entrando no meu prédio. Me liga assim que ouvir isso. Quer que eu te busque no aeroporto? Beijos e... Bom, feliz um ano vivos e inteiros para você - ela sorriu, como se ele fosse poder ver isso.
Ai, como era idiota.
Entrou no elevador e em poucos segundos, estava em seu andar. Lembrou-se do dia em que esteve ali pela primeira vez e sorriu. Um ano depois, só conseguia lembrar daquele dia como algo bom, inevitavelmente. Abriu a porta e jogou a bolsa em qualquer canto, tirando os sapatos altíssimos enquanto acendia a luz.


- AAAAAAAAAAAAH - gritou, tacando um sapato na direção do sofá.
- AI, PORRA! - já estava preparada para sair correndo, quando ouviu o grito e abriu os olhos.
- Joe? - berrou, colocando a mão no peito, devido ao enorme susto que tinha tomado.
Era ele. Vestia uma camisa branca dobrada até os cotovelos, jeans e seus casacos estavam jogados de qualquer maneira na poltrona preferida deDemetria. Como diabos estava ali? Dentro da casa dela - ok, dele, mas ainda assim - deitado no sofá, com os pés calçados em cima da manta, no escuro, como se fosse dono da porra do lugar?
- Porra, não se acende a luz na cara dos outros assim! - ele reclamou, coçando os olhos. Como ela não reparara que ele era assim... Tão gato? Era possível? - E isso doeu - ele jogou o sapato de volta, fazendo Demi desviar.
- MAS QUE MERDA É ESSA? - Ela gritou, depois de ficar em silêncio por alguns segundos, totalmente em estado de choque. - Você acha que pode invadir MINHA casa assim, colocar seus pés SUJOS na minha manta, bagunçar minha sala e ainda ME ENGANAR, dizendo que estava no... - ela parou, olhando para a cara de anjinho que o rapaz fazia. - Que cheiro é esse? - disse alto, e Joe sorriu malicioso.


- Eu imaginei que você pudesse estar com frio e puta comigo - Joe quase bocejou, sentando corretamente, depois lançou-lhe um olhar malicioso, esticando o braço para trás do sofá. Demi o encarou, nervosa, e o viu tirar uma garrafa grande e prateada dali. - Orgasmos múltiplos?
Ele disse, com um sorriso maroto nos lábios, fazendo a garota gargalhar e correr em sua direção. Joe também riu, levantando-se, mas quando ela se aproximou, pulando em cima dele, resolveu que poderia ter ficado sentado. Caíram desajeitadamente no sofá, de forma que ele perdeu o equilíbrio, e os dois pararam no chão, tendo ataques intermináveis de riso.
Joe sentou no chão, ainda rindo, e a puxou para perto dele, aninhando-a em seu colo.


- Eu senti sua falta - disse, sentindo as bochechas arderem. Ah, ótimo, era tudo o que ele precisava ter feito. Sentia-se um perfeito idiota.


Mas Demetria sorriu tão largamente que ele deixou de xingar-se mentalmente quando ela o abraçou com força e beijou seu pescoço, enquanto ele sentia seu perfume gostoso e sorria que nem um bobo. Ela também sorria idiotamente, ele sabia. Demi apoiou uma perna de cada lado do corpo deJonas, e ele a puxou mais perto pela cintura, até que ela encostasse seu nariz no dele.


- Eu também senti sua falta - ela disse, baixo, e os dois sorriram, e então, ela lhe deu um selinho e mordiscou seu lábio inferior.


Joe a segurou pela nuca, agarrando seus cabelos, e vendo que ela fechara os olhos, a beijou.
Não lembrava exatamente a sensação que beijá-la tinha lhe causado um ano antes. Mas definitivamente não era aquela. Quando suas línguas se tocaram, um arrepio lhe percorreu a espinha, e enquanto Demetria arranhava levemente sua nuca e retribuía o beijo calmamente, a princípio, ele sentiu seu coração disparar e a apertou com mais força contra si, apenas guiado pelos instintos e tendo uma certeza anormal de aquilo era o certo a se fazer.
Demi tinha pensado naquele reencontro. Tinha pensado e repensado, tinha quase ensaiado. Ela o encontraria, eles se abraçariam, beberiam alguma coisa, e em algum ponto de uma conversa animada, rolaria um clima, e ele a beijaria. No entanto, tudo tinha acontecido de trás para frente, e ela não conseguia sentir vergonha alguma disso, como aconteceria normalmente. As mãos firmes de Joe pressionavam seu corpo contra o dele, como se quisesse fundi-los em um só. O beijo, doce e calmo no início, estava profundo e acelerado, lhe causando arrepios, e uma sensação estranha de que tinham esperado demais por isso. Podia sentir seu coração batendo nos ouvidos. Ai, caramba.
Jonas, ao ouvir a respiração alta da garota, sorriu durante o beijo. Demetria teve vontade de rir, mas não o fez, e ele a segurou com força pela coxa, subindo a mão por sua perna descoberta, enquanto tentava se livrar do casaco enorme que ela ainda usava. Quando conseguiu, desceu em beijos pelo pescoço da garota, e enquanto ela arranhava suas costas por baixo da camisa, ele lhe deu um beijo no queixo, fazendo-a sorrir e mover as mãos para o botão de sua camisa, enquanto Jonas voltava a buscar vorazmente por seus lábios. Demetria não teve problemas com a camisa, que foi parar no chão em segundos, e ela mordiscou o lábio, distribuindo beijos pelo pescoço já arrepiado do rapaz, que a apertou com força e a levantou, pegando-a de surpresa. Os dois sorriram e cambalearam até a escada do duplex, sem partir o beijo.
Na curva da escada, Joe a prensou contra a parede e Demi envolveu sua cintura com as pernas, enquanto ele lhe tirava o vestido preto lindo que usava, e lhe beijava o colo, perto do sutiã rendado que ele achara incrivelmente sexy, mas não tinha tempo nem fôlego para comentar.
Aquela garota estava o deixando louco. Que merda era aquela?
Joe deu graças ao ver a porta do quarto aberta. Tateou o interruptor e o deixou à meia luz com toda dificuldade do mundo, enquanto Demetria mordia seu pescoço e arranhava sua barriga, perto da barra da boxer que estava à mostra. Ele sorriu malicioso e a beijou, enquanto ela abria o zíper e chutava os jeans do rapaz para baixo. Demi desceu de seu colo e o fez caminhar de costas até a cama. Ao empurrá-lo, no entanto, Jonas tomou um puta susto com a queda brusca no colchão.
Olhou para os lados, assustado, e encarou a garota que estava com as pernas ao lado de seu corpo.


- Cadê sua cama? – perguntou, ofegante. Ela deu uma gargalhada gostosa que o fez rir junto, mesmo sem entender.
Depois curvou seu corpo por cima do dele, e lhe deu um beijo rápido.
- Lembranças de um ano atrás – ela sorriu. – Acho camas muito impessoais depois de conhecer o poder de um colchão perdido no meio do quarto –Demi disse e Joe riu, virando seu corpo por cima do dela.


- Você é mesmo estranha – disse, e ela riu. Então Jonas tirou uma mecha de cabelo que tinha caído no rosto de Demetria. – E é por isso que eu vou com a tua cara.
Ao beijá-la novamente, Jonas conseguiu sentir o ritmo acelerado do coração de Demi, o que lhe causou um arrepio pela espinha e o deixou feliz por não ser o único ali com sérios problemas mentais e com vontades que já não conseguia mais controlar.
Não demorou muito para que suas peças íntimas tomassem rumos distintos do quarto, enquanto ele lhe distribuía beijos nos mais diversos lugares, e ela o arranhava de uma forma tão delicada, mas tão sexy, que ele quis que nunca parasse de fazer aquilo.
Quando Joe conseguiu achar um preservativo na mesa de canto de Demi (ela não tinha cama, mas tinha mesas de canto), ela lhe lançou um olhar meio ludibriado, que o fez sorrir. Não perguntou nada.
E então, os dois eram um só.
Sem problemas, sem traumas. Só o que tinham esperado, mesmo que não tivessem certeza disso, por 365 dias, 8,760 horas e 525,600 minutos. Ou talvez muito mais do que isso.

- Orgasmos múltiplos – Demi sussurrou, com sua cabeça apoiada no peito nu de Joe, e o garoto gargalhou.
- Obrigado, eu sei que sou foda, modéstia à parte – disse, rindo, e ela o estapeou. – Outch! Esse round vai ter sadomasoquismo? – perguntou, e a garota gargalhou, o empurrando para fora do colchão.
- Você é um gringo muito metido – Demetria disse, e Joe riu, sentando-se. – Eu estava me referindo à minha garrafa de café que você não deixou que eu provasse - disse, olhando-o com malícia, e Jonas riu.
- Foi você quem me atacou – ele respondeu, presunçoso. – O que só prova que eu...
- MEU CAFÉÉÉÉÉ! – Demi berrou, e os dois gargalharam.
- Folgada... – ele sussurrou, ficando em pé e caminhando até a porta.
- Ei, eu ouvi isso! – Demetria disse alto, fazendo o garoto rir, e quando voltou a andar, ela o chamou de novo. – Joe!
- O que é, dessa vez? – ele fingiu impaciência e Demi sorriu.
- Você realmente tem uma bundinha muito sexy – disse, fazendo-o gargalhar e voltar para cama, prendendo-a entre as pernas e a beijando.

- Um brinde à nós, que sobrevivemos por um ano depois do dia pseudo mais terrível da face da Terra – Demi disse, levantando uma caneca natalina, e Joe sorriu.
Os dois estavam sentados no sofá da sala dela, e Demetria vestia sua camisa. Eles tinham uma manta gigante jogada por cima deles, e o café, que ele teve que fazer de novo após mais uma certa... brincadeira na cama, fazia papel de champagne às quatro da madrugada.


- Um brinde à nós, que além de sobrevivermos a tudo isso, soubemos comemorar da melhor forma – ele a olhou malicioso, e os dois riram, brindando com as canecas tomando o líquido quente.
- Café às quatro da madrugada... Insônia é luxo, não? – Demi disse e Joe a lançou um olhar galanteador.
- E quem disse que eu vou deixar você dormir? – perguntou, malicioso, fazendo a garota rir, enquanto chegavam mais perto para um beijo que quase fora regado por uma chuva de cafeína.

- Eu achei que você não fosse aparecer – Demi disse baixo, enquanto Joe acariciava seus cabelos, deitados na cama. Ele sorriu.
- Você é maluca – ele riu igualmente baixo. – Eu contei os dias para voltar para cá.
- Não sabia que Nova York era tão melhor que Londres – ela respondeu, mordendo o lábio, e Joe riu, beijando sua testa.
- Qualquer lugar com uma garota estranha e várias doses de café fica melhor – ele respondeu, fazendo-a rir e lhe dar um selinho.
Naquela madrugada, nevou em Nova York.

Na semana seguinte, uma nevasca fez com que boa parte dos americanos de Nova York ficassem em casa. Cinco dias. Exatos cinco dias dentro daquele apartamento, sem sair para absolutamente lugar algum. Joe e Demetria dormiam até tarde, almoçavam massas que ela adorava cozinhar, tomavam litros de café e vodka por dia, passavam horas conversando, jogando videogame, assistindo seriados de comédia e na maior parte do tempo, se beijando e aproveitando o colchão, o tapete, o sofá, o box do banheiro, a bancada da cozinha, a escada de emergência e alguns outros lugares para... Você sabe.
Nesse pouco espaço de tempo, Demetria teve a sensação de conhecia melhor Joe que qualquer outra pessoa. E ele tinha a mesma impressão. Ela sabia das histórias de infância, de seu pânico por aranhas, que seu sabor de pizza preferido era mussarela e quais eram suas fantasias (na cama) e seus objetivos (fora da cama). Joe sabia que Demi não podia ser acordada antes das dez da manhã, à não ser que ele quisesse ter dois sapatos e um despertador jogados em sua direção, sabia que ela tinha pavor de música country, por ter nascido no Texas, que sabia andar à cavalo (ele soube se aproveitar dessa confissão), que assinava todas as revistas de moda dos Estados Unidos e que gostava de massagem nos pés e beijos na nuca.

Mas, com o fim da nevasca e a abertura dos aeroportos, chegara o dia que eles esperavam, mas não queriam que chegasse.
Joe precisava voltar para a Inglaterra.
Ele tinha lhe prometido que voltaria a morar nos Estados Unidos, mas ainda estava ligado a seu emprego e a papelada, que já estava bem encaminhada para sua volta, ainda demoraria duas semanas para ser finalizada, ele estava no país com visto de turista.
Tinham conversado vagamente sobre a situação que viviam e sobre seu relacionamento repentino. Demi sabia muito bem do pânico que Jonas tinha de relacionamentos sérios. O cara tinha dito com todas as letras que não acreditava no amor, poxa! Mas como ele era lindo! E incrível, e como todas suas atitudes contradiziam com esse pequeno fato! Ela preferiu não pressionar. Combinaram que, assim que ele voltasse, decidiriam o que fariam.
Mas eles se gostavam, e muito, isso estava na cara. E pelo menos essa certeza ela tinha.
Ele, novamente, não a deixou ir até o aeroporto.
Demi assistiu Joe entrar no táxi em meio à neve. Ele se despedira dela na porta do apartamento. Ela estava com lágrimas nos olhos e com vontade de gritar, correr até lá embaixo e fazer uma típica cena de filme americano.
Só queria que ele olhasse para cima.
Ele precisava olhar, só para ela ter certeza. Certeza de que aquilo tudo não era uma ilusão perfeita de sua cabeça.
Que seu coração não estava a enganando de novo.
A porta do táxi bateu, mas Demi não recebeu olhar algum de volta.

- Sem ofensas, amiga, mas seu café não é tão bom assim – Demi disse, e Susan, sua amiga e colega de trabalho, riu.
- Ah, só o café do meu maravilhoso inglês Joe Jonas que presta! – a outra respondeu com uma voz afetada, fazendo Demi gargalhar. – Vá se ferrar, gatíssima!
- Eu não disse isso! – ela se defendeu, tomando mais um gole, enquanto selecionava as fotos para o próximo editorial de moda.
- Falando nisso, como ele está? – Susan abaixou a haste dos óculos, e Demi sorriu.
- Hm, de acordo com os meus conhecimentos, em reunião – ela disse, fazendo careta.
- Caramba, você estão casados ou o quê? – Susan zombou, e Demetria lhe mostrou o dedo do meio. – Ei! Malcriada!
- Nos falamos ontem à noite, sua babaca... Ele disse que tinha reunião hoje, só isso.
- Ainda não tocaram naquele assunto? Digo... Sobre como vocês dois vão ficar?
Argh. Essa pergunta de novo? Por que diabos gostavam tanto de questioná-la sobre isso? Não queriam apressar nada, que saco!
(Na verdade, bem no fundo, Demi também perguntava a mesma coisa).
Não admitiu para as amigas, nem para si mesma, mas estava preocupada com isso. Falavam-se muito pouco desde que Jonas voltara à Inglaterra. Suas conversas por email e telefone ficavam escassas com o passar dos dias, e ela temia o pior. Será que aquela semana tinha sido mágica apenas pra ela?
Será que ele tinha ficado assustado com aquela proximidade toda?
Droga, por que os homens são tão complicados?

Ao sair do trabalho, naquele dia, Demi resolveu que não queria ir para casa. Aquele lugar trazia lembranças, muitas, excessivas, e precisava ficar um pouco longe disso. Precisava parar de sentir o cheiro de Joe no ar e lembrar das coisas que ele dizia, que a fazia rir sozinha por horas. Ao passar pela rua que, pouco mais de um ano antes, o encontrou num bar, rolou os olhos, entrando no bar ao lado.


- Um Cosmopolitan, por favor – pediu, sorrindo calmamente para o barman de olhos verdes. Ele era bonito, sim. Não a interessava.
O rapaz a serviu e ela agradeceu, tomando o drink de forma lenta e quase melancólica. Esperava que ele ainda pensasse nela. Esperava, do fundo do coração, que ele sei lá... Não estivesse com outra pessoa. Que ele não tivesse outra pessoa esperando por ele, em Londres. Que ele soubesse o quanto era importante na vida dela.
- Argh, sai da minha cabeça – exclamou, e o senhor de sessenta e poucos anos que estava no banquinho ao lado a encarou, confuso. – Ah, desculpe – murmurou, impaciente, e ao colocar o dinheiro no balcão, pegou sua bolsa e saiu para a rua.
Neve.
- Ah, perfeito – ela reclamou, rabugenta, e bateu os pés na calçada, nervosa por estar de salto. Enfiou as mãos nos bolsos e gritou pelo primeiro táxi, mas ele não parou.
Nem o segundo.
- Ah, mas que inferno! – murmurou, e então resolveu que caminharia até o apartamento. Na neve. Estava mesmo precisando congelar a cabeça.
Mas, ao dar dois passos para o lado, a porta do bar que ela tanto queria evitar abriu. E duas garotas saíram de lá de dentro, bêbadas e sorridentes. E quando a porta bateu, ela o viu através do vidro.
Porra, Demetria, bêbada com um Cosmopolitan?
Caminhou, nervosa, e então ouviu de novo o baque da porta do bar.
- Demi! – ouviu uma voz gritar. Não olhou para trás. – Demi! – ele a segurou pelo braço.
Ela não estava louca!
- Joe? – Demi quase gaguejou, sentindo as mãos gelarem dentro da luva. – O quê... O que diabos você...? O que está fazendo aqui? Você ia voltar em uma semana, e...


- Cala a boca – ele disse, baixo e sorridente, mas contorcia as mãos de forma nervosa. Demi arqueou a sobrancelha. – Eu resolvi fazer uma surpresa. Mas você não estava no apartamento, e quando liguei na revista, disseram que você tinha ido para algum outro lugar. Pensei que pudesse estar aqui... – disse, com a voz quase beirando a timidez, coisa que não era normal pra ele.
- Eu estava no bar ao lado... Eu não queria... Bem... – Demi se atrapalhou com as palavras e Joe sorriu.
- Lembrar?
Ela apenas assentiu com a cabeça. Joe sentiu algo gelar dentro dele.
- Por quê?
- Porque é difícil – ela respondeu baixo. – Porque passamos uma semana maravilhosa juntos, e então depois disso nos afastamos, não só geograficamente... Eu sei quando uma pessoa não quer alguma coisa. Eu sei que eu estava o importunando com minhas ligações e emails, e sei que, talvez, isso tudo tenha significado muito mais para mim do que para você – ela disparou, e Joe abriu a boca, mas não conseguiu interromper.
- É isso? – ele perguntou, chacoalhando a cabeça, indignado. – Você acha que eu seria capaz de ignorar você?
- Eu não sei... – Demi não conseguiu continuar, porque Joe... Começou a rir. Tipo, rir, no meio de um momento tenso! Aquele garoto tinha titica de galinha na cabeça ou algo parecido? – Tá rindo do quê? – ela alterou um pouco a voz, e ele tentou segurar o riso, mas demorou um pouco. – Jonas!
- Você é tão patética e tão estranha que chega a ser engraçado – ele respondeu, levando um tapa.
- Você bebeu, seu inútil? – ela perguntou, nervosa, e Joe a segurou pelos pulsos.
- Demi, você tem alguma ideia do porquê eu estou aqui? – ele perguntou, fazendo-a negar com a cabeça. – Eu também não tenho a menor ideia.
- Quê? – a garota perguntou, com a voz afetada, e ele sorriu.


- Você percebe que tem algo de errado com você quando passa um vôo de quase sete horas com uma garota na cabeça – ele disse, e Demi deixou os pulsos caírem, reprimindo um sorriso. – Principalmente quando garotas não ficam na sua cabeça por mais de duas horas após o sexo.
Demetria ia abrir a boca para contra argumentar, mas Joe começou a falar de novo.


- Quando cheguei em Londres, eu fiz tudo para... Para tentar te tirar da cabeça pela merda de dois minutos, sabe? Eu nunca pensei em me apegar assim a uma garota, então fiquei assustado, e por isso me afastei – Joe disse, e suas bochechas coraram. Demi sabia que não era do frio.
- Joe, eu nunca te pedi para que fôssemos nada... – Ela disse, e ele sorriu.


- Eu sei. O que me assustou foi saber que, mesmo sem você ter pedido, ter alguma coisa era bem o que eu queria. Bem o que eu quero - ele sorriu. – Meu emprego em Londres é melhor que o de Nova York. Minha família está lá, eu gosto de lá, mas... Algo estranho me puxou de volta para cá. Eu quero ficar aqui, Demi. Em Nova York. Com você – Joe disse, sorrindo timidamente, e Demi riu, e sem dizer nada, pulou em sua direção.
Dessa vez o garoto estava preparado, e não despencou no chão. A segurou no ar, no meio da rua, e os dois sorriram antes de se beijarem de uma maneira que parou o trânsito da rua.

Manhattan, 5 de dezembro de 2011.

- Joe... – Demi sussurrou, com a voz ansiosa – Você lembra daquela vez que eu perguntei se você acreditava em destino?
O garoto sorriu do outro lado da linha.
- Lembro – ele respondeu simplesmente, esperando que ela continuasse.
- O que você acha disso agora? – Demi perguntou, e Joe não estava a vendo, mas tinha certeza que ela estava estralando os dedos ou fazendo algum gesto nervoso com as mãos. Típico.
E então ele sorriu.
- Eu ainda não acredito nisso – respondeu calmamente. – Mas sabe que você me fez acreditar em uma coisa?
- No quê? – ela perguntou com a voz baixa.
- Eu não acredito em destino... – ele sorriu. – Mas eu acredito no amor – disse, fazendo Demi sorrir do outro lado da linha.
- Tudo bem, eu só precisava ouvir isso – Demi sorriu. – Preciso desligar, tem gente me esperando.
- Anda logo – ele riu. – Eu amo você, estranha.
- Eu também amo você.
Joe colocou o celular no bolso e virou seu olhar para a porta da igreja.
Para ver a garota que ele amava entrar.

“Eu sei que o futuro dá medo.
Eu sei que o mundo pode ser ameaçador.
Mas você deve saber que às vezes, quando as coisas parecem mais desesperadoras... As pessoas te encontram”.
(One Tree Hill)


FIM

Espero que tenham gostado :)

domingo, 26 de agosto de 2012

Mini Fic. One Night Only -by Cah Sodré

Hey hey gente eu sei. to sem postar mas não fiquem com raiva tem uma explicação a Cacau ta dodoi meninas e não ta podendo escrever...então como eu sou boazinha e pra não deixar vocês na mão eu vou postar uma Mini Fic aqui espero que gostem.



-One Night Only-




Essa é uma história de um garoto, que conhece uma garota.
Ninguém nunca diria que eram feitos um para o outro.
Ninguém jamais saberia que, coincidência ou destino, eles foram programados para se encontrem.
De algum jeito, de alguma forma.
Por uma noite, apenas.


Manhattan, 5 de dezembro de 2009.


Demetria

Demetria colocou seu gorro vermelho e correu na neve da 5ª Avenida. Começara a nevar mais cedo que o normal, e a paisagem quase translúcida lhe dava a sensação de paz, mesmo em meio a intermináveis buzinas e a um trânsito infernal comum naquela hora do dia. Seus pés a estavam matando, apertados por horas dentro daquelas botas Louboutin de salto finíssimo - mas ela não podia reclamar. Ainda que tivesse certeza que um dia teria uma síncope de tanto stress, trabalhar na editoria de moda da Vogue America sempre fora seu sonho - um sonho menos glamuroso quando tornou-se realidade, isso é bem verdade.
Aquele dia tinha produzido um ensaio de tendências para a moda verão, ao ar livre. Tente fazer isso no meio da neve, com modelos ameaçando morrer de hipotermia.
Mas, ao menos, ela não era nenhuma Andy Sachs, em O Diabo Veste Prada. Amém.
Nada mal para uma garotinha do interior do Texas, que desafiou a família toda quando decidiu que não seria enfermeira, que não trabalharia no Hospital Geral e que faria Moda na Universidade de Columbia.
Seu pai não tirara seu chapéu de cowboy para isso. Mas Demi nunca ligou, sempre teve certeza de que estariam todos em sua formatura, o que de fato aconteceu.
Viver em Nova York sempre fora seu sonho, desde pequena. Não voltaria jamais para aquele fim de mundo.


- Ufa! - exclamou ao sentir o ar quente da Starbucks encher seus pulmões.
O dono da Starbucks deveria ser canonizado. Aquele cara sim era um gênio.
- Um Caramel Macchiato e um Mocha branco, por favor! - sorriu para a atendente, já sacando o celular da bolsa.
Ele atendeu no terceiro toque.
- Oi, amor! - Demi sorriu, digitando a senha de seu cartão de débito com a mão livre. - Que saudade!
Ouviu a risada rouca que tanto gostava do outro lado da linha.
- Nós nos vemos essa manhã, Demetria. - ele disse, rapidamente.
- Está ocupado? - Demetria indagou. Achou estranha aquela resposta. Certamente Derek, seu namorado há quatro anos e noivo há um ano e meio, estava atolado de processos para solucionar em sua frente.
Ela o imaginou de gravata, atrás de uma pilha de papel, e achou aquilo incrivelmente sexy.
Lembrou da vez que eles fizeram certas coisas na mesa daquele escritório. Com direito a jogar todos os papéis para o alto, como nos filmes. Riu sozinha de sua idiotice quando o ouviu chamar do outro lado da linha.


- Opa, desculpa, me distraí aqui com os pedidos - disse rapidamente, chacoalhando a cabeça. - Quer seu Mocha com muita canela, como sempre? Eu estou aqui na esquina do seu escritório, vou passar aí para...
- Eu estou em casa - ele disse, rapidamente.
- Em casa? Wow, essa é nova - ela riu. - Nossa, isso é incrível, amor, finalmente te deram uma folga! Acho que seu café vai chegar meio frio, infelizmente... Mas vou tentar correr! O que acha de pedirmos tailandesa hoje? Estou morrendo de vontade de comer aquele frango de tangerina, espero que dessa vez não venha laranja, se não eu...
- Demetria! - Derek a interrompeu. Demi tinha acessos e costumava falar mais que os cotovelos do nada. Ele não riu. - Vem logo para casa, estou esperando você... Amor.
Ao segurar os dois copos com certa dificuldade, devido ao telefone, Demi teve certeza que havia algo muito errado com Derek.
Ela o conhecia mais que a si mesma. Moravam juntos há dois anos, conviviam o suficiente para que ela entendesse, por seu tom de voz, que as coisas estavam estranhas. Respirou fundo, sentindo um súbito arrepio na espinha.
- Eu estou indo - disse, quase em um susssurro, e jogou o aparelho na bolsa.
Não colocou canela no café dele.

Joe

- Senhor Jonas, esqueceu algum celular de novo? - Joseph, o porteiro do prédio, perguntou, já quase rindo.
Terrível aquela mania que Joe Jonas tinha de esquecer celulares, chaves, carteiras e até garotas presas dentro do escritório. A expressão de Joe fez com que o adorável velhinho murchasse atrás do balcão.
- Aconteceu alguma coisa? - Joseph perguntou. Jonas rolou os olhos.
As veias de seu pescoço estavam saltadas, seus olhos pareciam que iam pular do rosto. Qualquer um que o encarasse por pouco mais de um segundo ficaria confuso em decidir se Jonas estava transbordando ódio ou morrendo de pânico.


- Agora não, Joe - disse, seco, esmurrando os botões do elevador.
Nunca havia tratado aquele senhor daquela forma. Adorava Joseph.
Mas seu coração estava tão acelerado que os quinze segundos esperando o elevador lhe pareceram mais lentos que dois anos e alguns meses. Todos os momentos que passara naquele prédio vieram em sua mente - desde o dia em que fora contratado, das horas correndo de um lado para o outro, dos papos com Joe, das noitadas com os caras nas sextas feiras, das garotas que levara para a copiadora quase que semanalmente.
Ele era uma lenda viva ali.
- Dois anos, nove meses e dezessete horas - sussurrou, esmurrando a parede do elevador.
Eleonor, a ascensorista, já tinha ido para casa. Todos já tinham.
Mas ele sabia que a pessoa com quem queria falar estaria, como sempre, fumando um charuto com os pés em cima da mesa, admirando a vista do 63° andar após o expediente.
Entrou como um furacão na sala dela.
- Margareth! - gritou para a senhora de meia idade que estava virada de costas. Seus cabelos loiros emolduravam seu rosto redondo e ela vestia um conjunto de saia e blazer escuros. Era uma perfeita dama durante o dia, mas agia como seu antigo marido - de quem tinha herdado aquela empresa, após seu infarte em uma viagem ao Cabo três anos antes (alguns diziam que Charles detestava férias, e isso o matou) - quando estava sozinha.
- O que é, Jonas? Quem está morrendo? - disse, com seu típico tom de voz entediado.
Ao girar a cadeira, no entanto, percebeu, pelos olhos avermelhados do rapaz, que o assunto dessa vez era sério. - Alguém ESTÁ morrendo? - perguntou, assustada.
Joe jogou um mandado policial na mesa de Margareth. Ao sentar na cadeira em sua frente, abaixou o rosto e passou as mãos pelos cabelos nervosamente enquanto a mulher analisava o que estava escrito.
- Ah, querido - Margareth quase sussurrou. - Eu sinto... Eu sinto muito. Nós fizemos tudo o que poderíamos ter feito, mas...


- NÃO FIZERAM! - Joe berrou, levantando da cadeira. - Se tivessem feito essa merda direito, eu não teria recebido a porra desse mandado oficial! OFICIAL, Maggie! - Jonas quase correu até a mesa de drinks da sala da chefe. Alcançou uma garrafa de whisky, e sem preocupar-se em procurar um copo, entornou uma grande quantidade do líquido.
Maggie não parecia espantada, no entanto.
Contratou Joe Jonas pessoalmente dois anos e alguns meses atrás. Quando o rapaz apareceu em seu escritório, devidamente atrasado para um legítimo inglês recém chegado de Kent, afobado com as palavras e visivelmente desesperado por uma chance naquela cidade, encantou-se por ele. Não da maneira que todas as garotas do prédio se encantaram - e Joe aproveitou-se bastante disso, ouvira falar. Sabia que ele era uma boa pessoa e um profissional cheio de potencial. Ficou sabendo, meses depois de contratá-lo, que Joe havia vindo para os Estados Unidos sem absolutamente nada, deixando uma família rica para trás, e que, naquele dia, estava desesperado com a possibilidade de ter que voltar para casa e decepcionar seus pais novamente.
E agora, isso estava acontecendo de fato.


DEPORTADO.


Joe leu a palavra que o fazia sentir vontade de vomitar novamente.
- Joe, querido, você sabia quando entrou aqui da duração do contrato! Fizemos tudo pela renovação, no entanto, há algum problema com seus documentos... Eu nem sabia que ingleses eram deportados da América! - Maggie disparou. Joe a olhou, afrouxando o nó da gravata.
- Então é isso? Eu simplesmente tenho que... Ir embora?
Merda, como aquilo doía!
Pela primeira vez em vinte e quatro anos ele era o orgulho da sua família. Sempre fora tudo sobre Michael, seu irmão mais velho.
Ele orgulhara sua família ao ganhar uma bolsa em Oxford, mesmo sem precisar de uma.
Ele orgulhara seu pai ao tornar-se um médico renomado.
Fora Michael quem casou com a herdeira de uma fortuna na nobreza britânica.
E também ele quem dera o neto que seus pais sempre sonharam.
Joe sempre foi o garoto bagunceiro do colégio, que visitava a diretoria duas ou três vezes por semana, que sumia em bebedeiras com os amigos e que nunca tinha uma namorada fixa para apresentar nas festas familiares. Nunca ligou para escola, nem para o dinheiro do pai. Não ganhou bolsa em lugar algum, mas formou-se em Administração de Empresas na Universidade de Cardiff.
Nem ele sabia como isso tinha acontecido, já que ele pouco frequentava as aulas e só vivia em festas. Mas gostava daquela profissão, e sabia que quando deixasse de agir como um moleque, era isso que iria fazer com prazer. Quando largara tudo sem aviso prévio e fora para Nova York, seu pai apontou o dedo em seu rosto e disse quatro palavras que agora ecoavam em sua cabeça tão cortantes quanto fascas afiadas.


"Você não é capaz". "Você-não-é-capaz".


Quando conseguiu aquele emprego, sua vida mudou. Em poucos meses, saiu de seu microapartamento em um bairro perigoso para um duplex com vista para o Central Park. Não era sobre o dinheiro, mesmo sabendo, antes mesmo de entrar naquela entrevista, que enriqueceria muito fácil ali. Era uma questão de orgulho.
A melhor coisa de sua vida foi quando voltou no Natal para Kent.
Ver seu pai engolir tudo o que sempre disse sobre ele foi quase como um presente trazido pelo bom velhinho. Joe levou Candace, uma secretária de Maggie que era perfeita (fisicamente e mentalmente) para apresentar como sua namorada. Claro que o relacionamento acabou duas semanas depois. Mas naquele dia, seu pai lhe dissera:


"Filho, você é um homem agora. Estou muito orgulhoso de você".


Agora, ele estava voltando pra mesma merda de antes.
Nada de independência. Nada de Nova York. Nada de orgulho.
- Querido, eu liguei para alguns contatos, posso arrumar um emprego pra você em Londres, em uma empresa conhecida, até que você arrume tudo e que possa voltar para...
- Eu não quero ir - sua voz quase não saía. Sentia-se como um garotinho indefeso de cinco anos.
- Mas, infelizmente, você terá que ir, Joe - Maggie estendeu o mandado judicial junto com outra folha a ele.
Sua demissão.
- Você está me...?
- Não torne isso mais difícil do que já é, por favor. Você sabe que eu queria que você ficasse.
Joe assinou de forma descoordenada o papel, enquanto Maggie dava a volta na mesa.
Ao levantar-se, viu, por trás dos óculos de armação preta da senhora, que seus olhos estavam marejados. E então se abraçaram.
Jonas deixou que algumas lágrimas caíssem. Aquele era seu lugar.
O que faria de sua vida agora?
Ao correr para fora das imponentes portas de vidro, ignorando Joseph, encarou a neve e as luzes de Natal.
E teve certeza que, dali em diante, sua vida seria uma merda.
Não sabia pra onde ir quando entrou no táxi.

Demetria

"Eu não te amo mais. Desculpe".


As lágrimas escorriam quentes pelo rosto pálido e gelado de Demi, enquanto ela derrapava com seus saltos pela neve. Como assim, não a amava mais? Como tudo aquilo podia simplesmente ter evaporado, todo o amor, toda a paixão, todo o tesão que eles tinham um pelo outro?
O pior era que ela ainda o amava. O desejava. Precisava dele.
E então, entre um frango de tangerina e algum quote engraçado de Chandler, em Friends, Derek resolvera apontar uma arma para seu peito e explodir seu coração.
E ela estava perdida, com frio, enojada e com vontade de deitar na neve e morrer de hipotermia, como quase aconteceu com suas modelos aquela tarde.
Aquele beco não estava movimentado, exceto por um casal que se beijava com paixão em um banquinho e três cachorros que se encolhiam perto de caixas de papelão.
Não conseguiu se segurar. Gritou, do fundo do seus pulmões. Pensou que nunca fosse conseguir parar de gritar. Sem parar. Bateu os pés com força no chão, até o salto atolar na neve e a derrubar de bunda no gelo.
Então gritou de dor e de ódio. E ninguém estava mais ali.
Nem o casalzinho, nem os cachorros.
Estava completamente sozinha.

Joe & Demetria

Joe encarava um cubo de gelo derretendo dentro de seu Whisky como se aquilo fosse muito interessante. Não havia reparado na garota que tentava a todo custo encostar nele, querendo um pouco de atenção, quem sabe alguma bebida grátis e uma ida sem compromisso ao motel mais próximo. Ele tinha o poder de detectar esse tipo mulher. Se aquele dia não tivesse sido tão bizarro, provavelmente estaria cantando a garota de forma barata que, se fosse dita por algum cara em uma construção, a faria torcer o nariz... Mas vinda dos lábios de Joe Jonas, com seu sotaque britânico que todas adoravam, era praticamente um convite para algo promissor entre quatro paredes. Ao ouvir o barulho estrondoso da porta chocando-se contra a parede, acordou de um transe, mas não se deu ao trabalho de olhar para trás.


- Não, Claire, eu quero mais que ele se fod... - a garota parou de falar, tacando as coisas na mesa. Devia ter chumbo naquela bolsa. - Não, eu não quero ver ninguém. Me deixe em paz! - a voz fininha disse, antes de tacar um Blackberry no balcão de mármore gélido.
- Um martíni para a senhorita? - o barman perguntou, galanteador, e Jonas ouviu a garota bufar. Não fazia ideia de como, mas algo o dizia que ela estava rolando os olhos.
- Uma tequila. Sem sal e sem limão - murmurou. Um pouco confuso pela chegada repentina de uma pessoa surtada ao seu lado, Jonas atreveu-se a tentar olhá-la, enquanto virava o resto do líquido que estava em seu copo de uma vez só.
Os dois bateram os copos no mármore.
- Completa - disseram ao mesmo tempo.


Joe teve vontade de rir, mas não o fez. A encarou pela primeira vez. A garota usava um casaco enorme preto e tinha um gorro de lã vermelho na cabeça. Apesar de estar quente lá dentro, ela não pareceu importar-se em deixar esses pertences pendurados perto da porta. Seu olhar estava vidrado na tela do celular, como quem espera muito que o aparelho toque a qualquer momento. Rodava freneticamente um anel com um brilhante enorme em seu dedo. Quando o barman completou seu shot de tequila, ela mal esperou que o rapaz levantasse a garrafa, virando-o novamente, para susto do mesmo.


- Algo mais forte, por favor - disse, quase num sussurro. Então, para surpresa de Joe, ela virou para o lado, o encarando com seus olhos um pouco avermelhados, provavelmente de tanto chorar. - Perdeu alguma coisa aqui?
Joe não sabia o que responder. Aquela garota era obviamente linda, mas claramente meio descontrolada. Rolou os olhos impaciente tomou um longo gole de seu Whisky.
- De forma alguma - estendeu os braços ao lado da cabeça, voltando seu olhar para o letreiro luminoso da Heineken na parede.
- Até parece... - a ouviu murmurar, então rodou no banquinho para encará-la.
- Como disse? - perguntou, já sentindo a cabeça doer.
Era só o que lhe faltava. Demissão remix deportação featuring Garota-louca-no-bar.
Ele devia ter pensado melhor, em suas vidas passadas, antes de mandar pombos cagarem na cruz.


- Até parece que você não está morrendo de vontade de rir da patricinha estranha do bar que toma tequilas que nem água com cara de choro! - ela esbravejou, nervosa. - Tá querendo o quê? Esperar que eu fique bêbada o suficiente para me arrastar para a cama? O que diabos é esse sotaque britânico falso? - indagou, com a sobrancelha erguida.
Ao vê-la com a mão na cintura, parecendo uma garotinha de cinco anos brigando na pré escola, tudo o que Joe conseguiu foi rir. Gargalhar.
Até que ela ficasse tão vermelha que parecia que ia explodir - ou explodir a sua cara com a bazuca que guardava dentro da bolsa. Só uma arma desse porte explicaria o peso e o barulho que aquele negócio fez ao cair na bancada.


- QUAL O SEU PROBLEMA? - ela gritou, e então Joe segurou o riso, tomando um gole da bebida.
- Muitos... Você nem imagina o tanto, "patricinha" - Jonas riu, fazendo aspas com os dedos. - Mas só para constar, eu sou inglês de verdade. Não estou fingindo sotaque pra levar menininhas indefesas pra cama. Eu simplesmente as convido e elas me seguem por vontade própria - riu, presunçoso, lançando seu melhor olhar galante.
Dessa vez ela quem teve um ataque de risos, deixando o rapaz visivelmente ofendido.
- Oh, por favor. Conta outra - ela ainda ria, sem muito humor. - Homens como você nem deveriam existir...
- Homens como eu? - Joe logo indagou, perdendo a paciência. Quem aquela garota pensava que era?
Ela era bonita? Muito! Era gostosa? Definitivamente (principalmente agora que tirara o casaco, revelando um vestido preto que usava por baixo).
Mas como era louca! E pentelha!
- Sim... Homens que se acham a última possibilidade de orgasmo da face da terra - ela disse, calmamente, fazendo careta ao engolir um líquido que lhe serviram. Ele achava que era conhaque, mas preferiu não perguntar.
Ao encarar novamente a pedra gigantesca que parecia reluzir à pouca luz do bar, Jonas percebeu qual seria sua jogada de mestre. Sorriu, malicioso.
- Homens bons são aqueles que dão anéis de diamante para patricinhas descontroladas, certo?


"Oh... Não... Você NÃO fez isso"


Foi a primeira coisa que Joe pensou, ao ver a expressão do rosto da garota. Ela mudou de raiva para tristeza profunda e foi diretamente à fúria em segundos.
Então logo concluiu, sentindo um arrepio na espinha: Bazuca. Explodir. Cabeça. Adeus, Joe.
- Ai, que ódio! - a garota bateu a mão no balcão. - Você nem sequer me conhece! Que merda você está falando, inglês metido a pegador? Por que você não pega toda sua pose e enfia bem no meio do seu...
- Opa! Peraí! - Jonas a interrompeu, puxando o drink da mão da menina. - Eu não ligo para o quão bêbada você está. Na verdade, hoje eu estou TÃO PUTO que eu bateria numa garota. Então cala a merda da sua boca e entre em coma alcóolico fingindo que eu não existo, pode ser?
Os dois ficaram em silêncio. A garota rolou os olhos, puxando a bebida e volta.
- Você supostamente não deve tocar na bebida de estranhos, sabe, garoto da Inglaterra?
- Você tem sorte que eu não cuspi aí dentro - retrucou, mas a garota não pareceu se abalar, rindo de maneira sarcástica.
- Quer saber? Eu estou tendo o pior dia da minha vida, não vou ficar perdendo meu tempo com um inglês mimado metido a bad boy - ela levantou, segurando o final de sua bebida, tentando carregar todas aquelas coisas. Joe riu. - O que foi, agora? Tenho cara de palhaça?
Ele assentiu.
- Tem, já que perguntou - disse, fazendo-a rolar os olhos e arrastar suas coisas e virar de costas. Então continuou. - O que diabos tenha acontecido para te deixar tão estressadinha, não deve chegar aos pés do meu dia hoje.
Ela parou de andar e suspirou profundamente. Então virou-se e bateu com a bolsa propositalmente na cabeça de Jonas, antes de jogá-la de volta na bancada.
- Isso é impossível - riu, melancólica. - Qualquer coisa que tenha acontecido com você, nem deve se comparar à merda que...
- Quer apostar? - ele a interrompeu.
- Você vai ter que me pagar uma bebida - disse, sentando-se novamente.
- Veremos - Joe sorriu sem muito o humor, e ela o acompanhou. - Stu, duas tequilas aqui, por favor.

- Então - Joe sorriu malicioso ao levantar o shot de tequila para um brinde. A garota sorriu e chacoalhou a cabeça, repetindo o gesto. - Primeiro as damas. Mas devo avisar que você vai perder...
- Impossível - ela virou o shot. - Eu acabei de levar um pé na bunda...
Joe arqueou uma sobrancelha, batendo o copinho vazio no balcão.
- É isso? - perguntou, rindo. - É essa sua história terrível? Você tomou um pé na bunda? - ele gargalhou. - Ah, por favor, já vá pedindo meu...
- Dá pra calar a boca e deixar eu continuar? - dessa vez ela quem arqueou a sobrancelha, e Jonas riu, assentindo. - Não foi qualquer pé na bunda... foi um pé na bunda histórico.
- Ele te traiu?
- Não.
- Porra, que merda de história - Joe disse e a garota o estapeou no braço, fazendo com que a olhasse assustado, enquanto ela ria.
- O problema é que... Nós estávamos juntos há quatro anos - ela choramingou. - QUATRO ANOS, sabe? E noivos há um ano e meio. E então, um belo dia, do nada, sem nenhuma espécie de aviso, ele...
- ... Disse que não queria mais nada - Jonas a interrompeu, já prevendo um tapa, mas a garota apenas assentiu, encarando o enorme anel no dedo e respirando fundo. - Tem certeza que ele não...


- NÃO! ELE NÃO ME TRAIU! - a garota quase gritou, e quando o encarou, os dois riram de forma quase melancólica. - Como pode, sabe? Um dia você está junto com o cara que você imagina ser o homem da sua vida, deitada no sofá, assistindo um filme na televisão e você tem certeza que tudo o que você sente é correspondido, só pelo jeito que ele... Olha para você - suspirou, depois encarou Joe nos olhos. - E então, tudo o que você pensava que era real, desmorona. Ele disse que... Que não me ama mais. Assim, como quem pede meia dúzia de pães doces na padaria, sabe? Como se tudo o que passamos juntos esse tempo todo fosse uma ilusão de ótica, como se o amor fosse...


- Eu não acredito no amor - Jonas murmurou, acendendo um cigarro.
A cara de choque da garota em sua frente o teria feito gargalhar, mas ele não o fez.
- Você não acredita no... Como? - ela indagou, e Joe soltou a fumaça, fazendo-a tossir. - Argh, odeio cigarro! Fecha minha garganta!
- Então vira o nariz para o outro lado - ele respondeu automaticamente, fazendo o queixo da menina cair. Quando ia abrir a boca para reclamar,Jonas apagou o cigarro no cinzeiro, e a olhou. - Pensa no que você acabou de falar. Você acha que o amor existe?
- Eu ainda o amo - ela respondeu prontamente, com a voz fraca.
- Porque você deve ter problemas mentais graves - ele respondeu, sinalizando para que o barman lhes servisse novamente. - O amor devia ser algo bom, não algo que te faz chorar ensandecidamente, conversar com estranhos no bar ou querer se matar...
- Eu não quero me matar!
- Eu não estou falando de você - Joe tomou um gole do conhaque, sentindo que ela o analisava. Ficaram dois minutos em silêncio, mas não era desconfortável, muito pelo contrário.
O que era, por outro lado, meio estranho.
- Você com certeza já teve o coração quebrado por alguma garota e por isso está dizendo essas coisas - ela disparou, e Joe sorriu.
- Nunca. De verdade - disse, quando ela pareceu desconfiar. - Acho que o amor é superestimado. É tudo sobre se ter alguém que supostamente te aguenta vinte e quatro horas por dia. E então, você ama a pessoa. Mas como você sabe que não tem ninguém aí melhor para você?
- Você simplesmente... Sente.
- Acho que tudo o que você está sentindo agora é vontade de matá-lo. - ele suspirou. - Por isso sou adepto do compromisso zero. Você leva o melhor das pessoas, dá seu melhor, se diverte, e, no fim das contas, não vai parar num bar chorando porque a vida é uma merda - Joe chacoalhou a cabeça. - Sua vida não é uma merda.
A garota gargalhou.
- A não ser que sua história envolva mortes, a minha é muito mais...
- Acabei de ser demitido - ele a interrompeu, fazendo-a rir.
- Pessoas são demitidas todos os dias. E então, elas entram na internet, compram um jornal, circulam oportunidades com uma caneta vermelha e vão à luta, - e então lhe lançou um olhar sarcástico. - ao invés de vir parar em um bar e reclamar da vida com estranhas.
Joe abriu a boca algumas vezes, mas não emitiu som algum. Os dois tiveram um ataque de risos em seguida. Não sabiam se era devido à bebida, mas aquele momento era bizarro.
- Eu não terminei! - Jonas disse, e ela o deixou continuar. - Isso não é meu problema, na verdade... Eu estou... Eu fui... Deportado.
Demetria cuspiu o líquido que tinha colocado na boca, direto no balcão. O olhou com cara de choque, e Joe arqueou uma sobrancelha, com uma expressão desapontada.
- Você o quê?
- Recebi o mandado judicial oficial... Na verdade, eu preciso deixar o país em... - Jonas olhou o relógio. - Quatorze horas.
Ficaram em silêncio. Nenhum dos dois tinha certeza do que dizer, ou como dizer.
- Como isso aconteceu? O que você fez? - Demi disparou.
- Há dois anos, eu levantei da cama um dia, em Kent, e resolvi que ia ligar o foda-se para minha vida na Inglaterra. Então eu entrei em um avião e vim... Acabei não organizando todos os documentos. Arrumei um emprego num bar enquanto procurava algo melhor, em administração. Quando estava quase desistindo e admitindo minha derrota ao meu pai, achei meu emprego dos sonhos. E esqueci disso.
- Mas o governo lembrou... - Ela acrescentou, fazendo-o concordar com a cabeça. - Eu... Sinto muito! Não há nada que você possa...?


- Eu posso voltar em um ano - o garoto falou. - Mas eu não queria... Ir embora! Isso é ridículo! Eu pago a merda das minhas contas! Agora vou ter que voltar como a porra de um derrotado para lá, depois de mais de dois anos aqui! Minha vida é aqui agora... - ele parou e a encarou, confuso. - Menina estranha do bar! - disse, e os dois riram. - Caralho, não acredito que eu não sei nem seu nome e estou falando todo esse tipo de coisa!
Ela riu, e Jonas adorou aquele sorriso.
- Talvez seja por isso que está tão fácil desabafar. É muito difícil assumir suas falhas para aqueles que você conhece... - ela estendeu a mão. -Demetria Burkhart, prazer.
Dessa vez Joe quem sorriu.
- Joe Jonas - disse, ao segurar a mão pequena e fria da garota com a sua.
- Eu só tenho uma coisa a adicionar, antes que a gente decida quem está mais fodido nessa vida - Demi colocou a mão na boca, como se o palavrão fosse proibido, e os dois gargalharam.
- Pensei que eu já tivesse ganhado - Jonas riu.
- Não tão fácil, queridinho - Demetria sorriu. - Ele me jogou pra fora do apartamento que a gente dividia há dois anos. Você está conversando com uma sem teto. Uma sem teto que veste Prada, mas... - ela riu.
- Ah, mas vocês podem dividir a grana do apartamento, não?
- Eu morava no apartamento dele - disse, séria.
Depois os dois gargalharam.
- Puta que pariu - Joe disse, parando de rir. - Agora eu entendo aquele ditado... A desgraça SEMPRE procura companhia!
Demi gargalhou, tomando seu drink.
- Um brinde a nós, dois perdidos nesse mundo cão, fodidos e sem rumo - a menina disse, e eles riram, antes de brindarem novamente.

- Quantos desses pequeninos eu já virei? - Demi debruçou no balcão, virando um copinho de tequila de ponta cabeça, e rindo.
Joe riu da cena.
- Um milhão? Dois? - ele bateu a mão no balcão, chamando o barman.
- Então, continua a história... - Demi disse, com a voz arrastada.
- Qual? - Jonas fez uma careta engraçada, e os dois riram mais que o normal. - Ah, sim, da secretária que eu comi... - ele parou e encarou o olhar felino da menina em sua frente. - Digo, da secretária com quem eu "fiz amor" no banheiro da sala da presidente da empresa.
Demi gargalhou.
- Sexo, Joe. Sexo está bom.
- Beleza, na sua casa ou na minha? - ele perguntou, lançando-lhe um olhar galante.
- EU NÃO TENHO CASA! - Demi disparou, já morrendo de rir.
- Ok, eu não tenho móveis... Sexo na caixa de papelão que sobrou no meu apartamento?


Joe e Demi estavam conversando por duas horas sobre assuntos banais, enquanto acabavam com todo o estoque de bebidas do bar. Além de lamentarem suas vidas destruídas naquele dia, estavam rindo de tudo e de todos, totalmente alterados pelo álcool. Quem os via ali, juntos, julgaria que com certeza eram grandes amigos, há muito tempo. Não era bem o caso. Nenhum dos dois tinha parado para julgar esse relacionamento estranho e repentino.
Mas uma coisa era fato: Há pelo menos meia hora, Joe esquecera que seria deportado, enquanto Demi contava algo engraçadíssimo que envolvia touro mecânico, alemães e seu ex namorado. Ele adorava o jeito que ela gesticulava e o sorriso malicioso que dava sempre.
Demetria, por sua vez, já há quarenta minutos estava mais interessada em rir e definhar na tequila, enquanto ouvia a voz sexy daquele inglês, que tinha braços muito interessantes e que estava a fazendo rir quando pensou que ninguém conseguiria.
Não tinham conseguido decidir quem vencera a aposta.


- Quero música! - Demi deu um pulo da cadeira, se desequilibrando um pouco. Joe a segurou pela cintura, e ela sorriu.
- Está tocando música... - Ele a olhou como se ela fosse retardada, e então Demi riu.
- Quero algo mais apropriado para meu momento, com licença? - disse, tropeçando nos próprios pés até a Jukebox que ficava próxima à porta.
Joe rolou os olhos, caminhando atrás dela.
- Sério mesmo? Música de corno? - ele gargalhou do tapa que ela deu. - Outch!
- Você mereceu! Para de falar que eu fui traída, tá? Nem todos os homens são cachorros e adeptos do amor livre que nem você! Seu... Seu... -Demi apontou o dedo no rosto de Joe. - Hippie!
Joe gargalhou, e a abraçou pelas costas, apoiando a cabeça em seu pescoço enquanto olhava os Cds que tinham no aparelho.
- Vai se aproveitando, vai - Demetria riu, e Jonas sentiu o rosto corar. Opa! Essa era nova.
- Ei, eu só estou aqui no intuito de... - Joe parou no meio da frase, ao ver que a garota escolhera o cd do... - ENRIQUE IGLESIAS? Mas que merda é essa, Demetria? - ele disse e ela gargalhou, pegando uma lata de Red Bull perdida em uma mesa vazia e usando de microfone.


Do you know? Do you know? - começou a cantar junto, com uma voz que beirava o atropelamento de gatinhos. Isso devia soar mais bonito, masJoe estava achando aquela cena toda hilária. - Do you know what it feels like loving someone that's in a rush to throw you awaaaaaaaaay? - Ela jogava os braços para o ar, dançando e fazendo pose de Britney Spears no meio do bar, enquanto Joe gargalhava. - Canta comiiiiiiiiiiiiiiiigo Joezinho! - ela gargalhou, e ele negou com a cabeça, enquanto era puxado pela mão.
- Ainda tenho um mínimo de dignidade e vou zelar por isso - respondeu e ela riu.
Do you know what it feels like, to be the last one to know the lock on the door has changed? 
Quando deu por si, já estava dançando com a garota em seus braços, enquanto ela gritava a letra da música com mais propriedade que o hino nacional.
Loooooove, you never know the minute, it ends suddenly - ela murmurou, e o garoto pode perceber que estava murchando em seus braços.
Ah, não. Ela não ia chorar ali! Ou será que ia desmaiar?
Joe a rodou, como se fizesse parte da dança, e percebeu que ela estava com os olhos vermelhos. Não era legal. E então resolveu perder o resto da dignidade, tomando-lhe o Red Bull.
I'm standing on the edge and I don't know what else to giiiiiiive - cantou, e Demi primeiramente se espantou, mas depois caiu na risada com a voz que ele estava fazendo. - Do you know what it feels liiiiiike loving someone that's in a rush to throw you awaaaaay? 
E estendendo o "microfone" para Demi novamente, riram juntos, enquanto ela interpretava qualquer coisa e cantava muito alto, os dois dançavam e a meia dúzia de pessoas do bar olhavam como se fossem loucos.
Talvez fossem.

- Nossa, achei desnecessário essa atitude de gerente - Demi disse e Joe riu, bebendo um gole de cerveja.
- Nunca pensei que fôssemos ser jogados para fora do bar - ele disse e Demi sorriu, andando com dificuldade na neve escorregadia, enquanto segurava o braço de Jonas. - Aparentemente ser expulso de lugares está virando rotina na minha vida - o garoto disse, fazendo Demi rir e lhe tomar a garrafa da mão, tomando um gole.
- Acho que devíamos ir para Vegas e nos casarmos - ela disse calmamente, como quem informava as horas.
Joe arregalou os olhos e parou de andar, fazendo a garota tropeçar nos próprios pés e ter um ataque de riso.
- Você está muito, muito chapada - ele gargalhou, acompanhando-a.
- Estou - ela concordou, rindo. - Mas acho que você daria um bom marido. Sabe, bom coração, bundinha no lugar e sexo duas vezes por dia - Demi gargalhou da cara de choque de Jonas.
- "Bundinha no lugar"? Mas que porra é essa? - ele ria alto, enquanto a garota virava o resto da cerveja.
- Tá gostosinho, sim - Demetria disse, mordendo o lábio, e depois riu. O que diabos estava fazendo? Precisava parar de beber. Urgente.
- Por mais que seja muito tentador topar casar com uma americana que topa sexo duas vezes ao dia e conseguir meu green card enquanto ela está bêbada, não acredito que você levaria isso à sério amanhã de manhã - ele riu. - E outra, arrumar uma esposa logo hoje seria atestado de fraude. E eu seria deportado e você presa - Joe gargalhou da cara que Demi fez.
- Bom, depois não diga que eu não ofereci - ela gargalhou. - É uma pena que você tenha que ir embora. Eu vou com a tua cara.
Os dois sorriram. "Eu vou com a tua cara" não era o tipo de elogio que Joe costumava receber, mas o nível de álcool em seu sangue pareceu discordar da análise, achando aquilo extremamente... Fofo? Sexy? Cara, aquela garota era maluca. Mas ele... Também ia com a cara dela.
- Claro que você vai com a minha cara, eu canto melhor que o Enrique Iglesias - Joe disse e os dois gargalharam.
- Você é forte - Demi disparou e Joe riu, malicioso.
- Você realmente quer me assediar, né? - ele piscou para ela, recebendo um tapa em troca. - Ei!
- Seu babaca. - ela riu. - Eu acabei de tomar um pé na bunda, a última coisa que eu quero é sexo com um cara que eu conheço há quatro horas!
- Peraí, estou confuso - ele fez pose de ofendido. - Você acaba de me pedir em casamento, e agora me chama de estranho? Poxa vida, anos de terapia depois dessa - disse, fazendo-a rir.
- Você é muito, muito idiota - Demi riu. - Quando eu digo forte... - Demi sentou em um parapeito de uma passarela, dando vista para um lago quase congelado. Ela mesma estava congelando, mas não se importava mais. - ... Eu quis dizer que... Poxa, você vai ter que voltar para a Inglaterra, encarar tudo o que nunca quis, seu pai e tudo mais, e está aqui, todo calmo e piadista, sem sequer mostrar um pouquinho que seja de medo ou sei lá... Raiva.
Joe a encarou, e então sentou ao seu lado.
Não costumava demonstrar emoções, não era de seu feitio. Muito menos quando mal conhecia a pessoa, como era o caso. Só que então ela sorriu, como quem o incentivava, e alguma coisa lhe aqueceu por dentro. Ele sabia que podia confiar nela. Na garota estranha do bar.


- Está me matando por dentro, sabe? - quase sussurrou, sentindo o rosto queimar. Realmente não estava acostumado com aquilo. - Mas também, não há nada que eu possa fazer. Não agora - ele respirou fundo, e então alisou os cabelos nervosamente. - Esquece isso.
Demi sorriu de canto, mas ele não a olhava. Também fitou o horizonte e segurou sua mão delicadamente, afagando-a mesmo por cima da luva. E então ele estava a olhando.
- Ninguém disse que seria fácil, Joe - ela chacoalhou a cabeça. - Eu sempre achei que há males que vem para o bem. E quando uma porta se fecha, duas se abrem. Ou uma janela se abre - ela sorriu, fitando o nada. - O problema é que eu não consigo enxergar isso agora. Eu estou totalmente perdida. Sem... Ele, entende? Por incrível que pareça... Eu sei como você se sente.
Os dois sorriram e voltaram o olhar para o lago. Os flocos de neve voltavam a cair suavemente em suas cabeças, mas não pareceram se importar com isso. Joe a puxou para mais perto, já que os dois tremiam, e Demi apoiou sua cabeça no ombro do garoto.
- Você acredita em destino? - ela sussurrou, encarando-o, e Joe sorriu para a ponta do nariz vermelho da menina.
- Não sei - disse, olhando para a frente. - Quer dizer... Eu sempre achei isso uma puta besteira, sabe? Eu acho que você está no lugar certo, na hora certa, e pronto, acontece - disse, e quando Demi o encarou de novo, prestes a dizer alguma coisa, continuou. - Mas então acontece alguma coisa, ou você conhece alguém... E te faz pensar se destino realmente não existe - ele sorriu, encostando o nariz no dela sem querer.
Os dois riram, e Demi voltou seu olhar para frente, chacoalhando a cabeça.
- Por que coisas assim acontecem com pessoas como... Nós? O que eu quero dizer é que nós somos boas pessoas, sabe? Não queríamos o mal de ninguém e éramos felizes... Você não merecia ser deportado.
Joe sorriu.


- Você não merecia levar um pé na bunda - disse, depois a olhou. - Mas espera aí. Quer saber? Foda-se. O governo me quer fora daqui? Foda-se! Seu noivo é idiota e terminou com você? Foda-se ele também! - disse, fazendo a garota rir. - Nossas vidas não tem que ser essa merda toda. A gente não merece, certo?
Demi riu.
- Certo - concordou. - Então, vamos nos divertir, que ainda são três da manhã - ela sorriu, maliciosa. - E eu quero esquecer tudo o que aconteceu hoje!
- Estou com você - disse, a puxando para cima. - E que se foda o mundo!
- Yeah! Menos nós dois, porque somos muito fodas - disse, e os dois gargalharam, correndo para a calçada à procura de algum lugar quente e com mais bebidas.
Não queriam que acabasse tão cedo.

- Cheers! - os dois riram, brindando com suas garrafinhas verdes na porta de uma loja de conveniência 24 horas.
O clima congelante combinava com eles, definitivamente.
- Então, você não respondeu minha pergunta - Demi disse, comendo algumas Pringles que tinham comprado. Joe riu.
- Quanto mais bêbada você fica, mais profundas ficam suas perguntas - Jonas retrucou, fazendo-a sorrir. - Pra mim, a vida é como um show de rock.
- Como assim? - Demi riu, ao perceber que perguntara alto demais e que sua voz soava meio afetada.
- Mais ou menos assim... A vida foi feita pra ser curtida, gritada, pra ser... Vivida - ele parou para ver a reação da garota. - O que eu quero dizer, é que você tem duas escolhas: Assisti-la sentado, esperando que passe, ou sentir a vibe e deixar acontecer. Se você ficar parado, alguém vai passar por cima de você. Se você ficar moscando, alguma groupie vai comer no seu lugar. Simples assim - disse, rindo junto com a garota.
- Isso foi bem poético - Demi gargalhou. - Muito drogado da sua parte.
- Obrigado, também vou com a tua cara - Jonas respondeu rapidamente, observando que Demi mexia freneticamente, ainda que por cima da luva, no dedo da aliança. - Sabe, você devia se livrar disso.
Demetria o encarou, confusa.
- Disso o quê? - perguntou, e ele apontou para a mão enluvada.
- Do seu diamante de dois mil novecentos e dezessete quilates - respondeu, rindo, mas a garota não o acompanhou, fazendo-o enrijecer a coluna e sentar corretamente, um pouco desconsertado.
- Por que eu faria isso? - ela perguntou, parecendo um pouco ofendida. Ops, merda.
- Porque se você não o fizer, vai ficar presa nisso para sempre - Joe respondeu rápido.
- Isso não faz sentido! Nós mal terminamos - Demi levantou, dando alguns passos adiante, e ficando de costas. Joe tomou um gole de cerveja.
- Você é quem sabe - ele completou, fazendo-a virar abruptamente.
- Você acha que sabe de muita coisa, né? Com suas filosofias de hippie e tudo mais - a garota disse, e ele quase riu. - Mas você nunca se apaixonou e não sabe o quanto isso dói! Simplesmente não sabe!
Joe apenas sorriu sem mostrar os dentes, enquanto a garota esperava que ele levantasse, ou esboçasse alguma reação mais séria. Talvez brigasse com ela. Ela estava no pique de dar uns gritos, e como estava. 


- Você está certa, eu não sei como é - ele disse, calmamente. - Mas posso imaginar que deve doer mais o peso desse negócio na sua mão, quando você sabe que acabou. - ele a olhou nos olhos, vendo que a menina estava prestes a chorar. - Acabou, Demi.
Demetria virou de costas querendo gritar. Ele estava certo. Mas que merda era aquela, por que Derek era tão imbecil? Por que Joe era tão imbecil de fazê-la lembrar disso? O que havia de errado com os homens do mundo?
Ao virar rapidamente e nervosa, pronta para andar em sua direção e dizer poucas e boas, o garoto já estava atrás dela, devidamente de pé, com as mãos nos bolsos e o nariz vermelho. Demi respirou fundo, engolindo as lágrimas que queria derrubar. Era mesmo uma fraca. A situação de Jonas era pior que a sua, ela reconheceu isso ainda no bar, mas não admitiu para não perder a aposta. E lá estava ela, quase desmoronando de novo, enquanto ele a olhava com aquela cara de galã importado com feições de ursinho de pelúcia e sexy ao mesmo tempo, alheio aos próprios problemas, e a ajudando com os dela. Injusto, no mínimo.
- Eu não sou como você, Joe - murmurou. - Eu não tenho coragem de devolver isso, eu nem sei se consigo olhar na cara do Derek nesse momento.
Ele sorriu.
- Quanto essa aliança vale, mais ou menos? - Jonas perguntou, e a garota arqueou a sobrancelha, confusa.
- Ah, não vai me dizer que no fim das contas, você é um assaltante com cara de galãzinho, né? - ela brincou, fazendo-o rir. - Não sei... Uns dez mil dólares?
- CARALHO! - Joe quase gritou, e ela riu alto. - Vende, ué!
- Mas é dele!
- O caralho, ele terminou com você - Jonas retrucou, depois se arrependeu. - Puta merda, eu juro que vou parar de falar isso! Desculpe!
- Tudo bem - Demi riu, sem humor. - Não sei se vou vender...
E então Joe fez uma cara que Demi considerou parecer de vilão de desenho animado.
- JÁ SEI! - ele exclamou, e a garota fez uma careta.
- Ai, tenho medo disso - murmurou, e ele torceu o nariz, lhe mostrando o dedo do meio.
- JOGA NO LAGO!
- QUÊ? - dessa vez, Demi quem berrou. - Querido, você bebeu demais!
- Por que não? Ele vai ficar fodido de raiva, e você vai poder rir eternamente! - disse, quase saltitando, e Demi riu.
- Não posso fazer isso! Você é maluco!
- Se vingue! - ele riu. - A não ser que... Você ache que tenha volta.
A garota parou. No fundo, esperava que Derek voltasse atrás. Mas as concepções de Joe a estavam confundindo, não sabia mais ao certo o que pretendia. Amava Derek. Mas não lhe parecia mais tão real a ideia dele querê-la de volta.
- Eu... Não sei - murmurou, coçando a cabeça. - Acha que eu devo ligar para ele?
- Tenho cara de melhor amigo gay, por acaso? - Jonas disparou, rindo. - Como é que eu vou saber?
- Ai, estúpido - Demi rolou os olhos, quase rindo. - Acho que vou... Vou ligar, é. - disse, e Jonas fez uma careta. - O que foi agora, criatura?
- Sério que você vai ligar?
- Vá se foder - ela riu, e ele a acompanhou.
Quem era ele para sugerir que aquilo era uma má ideia?
Demetria fez uma careta, trinta segundos depois.
- O celular chamado está desligado ou fora da área de cobertura - rolou os olhos. - Derek tem mania disso! Que saco! E ele desliga o aparelho para dormir!
- Bom, amanhã vocês...
- Agora! Eu quero AGORA! - Demi cruzou os braços como uma criancinha, e Joe rolou os olhos.
- Onde que você morava com ele? - perguntou.
- A dois quarteirões daqui - Demetria respondeu, ainda fitando o visor do celular com certa raiva.
- Tá, anda logo que eu não tenho a noite toda - Jonas disse, a puxando pela mão.
- O que você está fazendo? - Demi disse alto, quase tropeçando pela velocidade com que ele andava.
- Você não quer resolver isso logo? - Joe disse, olhando para atravessar a rua, e apertando a mão da garota. - Então...
- Você pirou! - Demi gritou, enquanto corria. - Você viu que horas são?
Então Joe virou rapidamente, parando de andar e a encarando.
- Esse é seu problema - ele disse, arfando pelo frio e pela corrida. - Você tem medo demais.
- Ei, eu não... - ela ia interromper, mas Joe voltou a falar.
- Ok, eu não ligo para o seu argumento - disse, rindo. - Você vai no seu apartamento e vai falar para ele tudo o que está entalado. E eu vou esperar na porta.
Disse, a puxando de volta enquanto andavam. Demi respirou fundo.
- Joe?
- O quê? - ele respondeu, sem parar de andar.
- Você vai subir comigo, não vai? - ela perguntou, a voz quase sussurrada. Joe sorriu, mas a garota não reparou, pois ele estava de costas.
- Se você quiser que eu suba... - disse, dando de ombros.
- Eu queria que você socasse a cara dele - a garota riu, e Joe gargalhou.
- Eu posso fazer isso - respondeu, presunçoso. - Só se ele não for muito grande! Nem lutar nada - disse, fazendo a garota gargalhar e parar de andar. - Que foi? - rolou os olhos, impaciente.
- Meu salto está atrapalhando - a garota disse, nervosa. - Vai, vira de costas!
- Para quê?
- Para eu apertar sua bunda! - ela disse, rindo alto da cara que o garoto fez. - Para eu subir nas suas costas, seu tapado!
- Porra, como você é folgada! Andar na neve com você nas costas ainda por cima? - ele reclamou, fazendo bico, e Demi riu.
Então, ela se aproximou e cruzou suas mãos atrás da nuca do garoto, de modo que, na ponta dos pés, seu nariz encostara no dele. Percebeu que ele estremecera, e então sorriu da forma mais doce que conseguiu.
- Por favoooooor - disse, com a voz arrastada, enquanto ele a segurava pela cintura. - Meus dedinhos estão doendo - ela fez bico, e o garoto rolou os olhos, fazendo-a rir.
- Eu não mereço isso - murmurou, virando de costas, e Demetria riu, pulando em sua direção.
- Obrigada, Joezinho lindo! - gargalhou, apertando sua bochecha, e o garoto riu.
Ao caminharem pelas ruas frias, enquanto Jonas contava algo que a fazia rir ou tropeçava na neve e quase derrubava ambos, fazendo-os terem ataques intermináveis de riso, Demetria teve uma certeza: Não importava o que aconteceria dali em diante, com Derek. Se ele a machucasse de novo... Pelo menos não estaria sozinha. E ela gostava da ideia.

- Corre! CORRE, DEMI - Joe gritou, enquanto corria freneticamente pela rua paralela do antigo apartamento de Demetria.
Ouviam a sirene da polícia ao longe, e Demi começou a rir, escorregando e tropeçando na neve.
- ESTOU TENTANDO! - gritou.
- NÃO GRITA, PORRA! - ele berrou de volta, rindo alto.
Joe a puxou pela mão para um beco sem saída. Nos filmes isso sempre dava certo, mas na vida real nunca tinha tentado. Abaixou e a puxou junto, fazendo com que ela caísse em seu colo.
A sirene se aproximou, e quando ele ia dizer alguma coisa, Demi tampou sua boca, enterrando a cabeça em seu pescoço.
Ele sentiu as lágrimas esquentarem sua pele, e levantou uma mão para acariciar os cabelos da garota.
Ao chegarem na casa, dez minutos antes, Demi não encontrou ninguém lá. Quando finalmente deu-se por convencida que precisava ir embora, ouviram vozes no hall de entrada. Derek. E então, em questão de segundos, assistiram, de camarote, o rapaz loiro e com porte atlético - Demetria tinha lhe assegurado que ele não era grande, o que era mentira - se atracar com uma morena muito gostosa contra a parede. E então, Demi derrubara seu celular no chão, partindo-o em pedaços. E tudo saiu do controle.

- Demetria! - Derek gritara, com os olhos arregalados.
- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ - Demi parou de falar, olhando para a garota. - Com essa vadia da Leslie?
- Ei! - a morena se manifestou.
- Shhhh - Joe colocou a mão no lábio, lançando-lhe um olhar matador.
- Eu não a traí, Demetria! Eu me apaixonei pela Leslie e...
- Ah, faça-me o favor! Você é um filho de uma put...
- Demi, para com isso - Derek aproximou-se dela. - Eu amei você. Muito, e de verdade, mas eu não previ isso... Aconteceu - ele disse, um perfeito galã de novela mexicana. Joe rolou os olhos, depois voltou a encarar as pernas torneadas da piriguete que estava com Derek. Por que perna de fora naquele frio...
- Você - ela não conseguia terminar a frase. - Eu não acredito que ainda me preocupei - disse, jogando as luvas no chão, e pegando o anel. - Eu devia devolvê-lo para que você possa dar ao novo amor da sua vida , mas tudo o que você vai ganhar com esse término vai ser isso! - Demi socou o rosto de Derek.
Socou mesmo. Como um homem. Com um anel gigantesco, arrancando um pedaço da cara do cidadão. Joe teve um ataque de riso, e então a morena aproximou-se para socorrer o rapaz.
- VOCÊ É LOUCA! ME DÁ ISSO AQUI! - Derek gritou. Joe aproximou-se.
- Derek, certo? - ele disse, tomando o anel da mão de Demi. - Vocês tem uma bela vista para o lago, não?
- Você não vai... - Derek ia dizer, mas era tarde demais.
Jonas arremessara o anel pela janela do hall, e de novo, a tal da Leslie gritou.
- E isso - ele socou o rosto do ex babaca de Demetria, fazendo-o despencar no chão. - É para você aprender a ser homem e não magoar quem não merece, seu filho da puta - disse, e Demi quase sorriu, ainda tremendo de ódio ou pânico. Quando o rapaz foi retrucar, colocando-se de pé, uma porta abriu.
- Ah, não... - Demi murmurou. - Joe, no três...
- O que é? - ele sussurrou de volta.
- QUE BAGUNÇA É ESSA AQUI?
O vizinho de Demi, Lionel Kirk, era policial. Dois metros de altura. Muito estresse acumulado.
- Joe, TRÊS! - ela gritou, e os dois dispararam escada abaixo, com o policial de pijamas na cola deles.
- VOCÊ NÃO COMENTOU NADA DE VIZINHO POLICIAL - Jonas gritou, e Demi riu, quase caindo.
- EU NÃO SABIA QUE ELE IA APARECER!

Ao dispararem pelas ruas, com uma viatura policial em suas costas, estavam rindo muito. Aquela situação era bizarra. Joe literalmente tinha acabado de jogar dez mil dólares pela janela. Mas Demi estava arrasada por dentro. Como se tivesse sido esfaqueada mil vezes em um ponto só. Como se já não tivesse mais alma. Concentrou-se em correr, e quando entraram no beco, acabara desabando no ombro de Joe, que agora acariciava seus cabelos, enquanto Lionel parecia ter retornado com sua viatura em segurança para o seu ex-apartamento. Onde seu ex-namorado estava com a secretária. Ela queria morrer, bem ali.


- Demi - Joe sussurrou. - Eu acho que ele já foi.
Ela virou o rosto para o outro lado, esfregando as mãos nas bochechas geladas, tentando secar as lágrimas. Joe a puxou de volta.
- Vai ficar tudo bem - disse baixo, abraçando-a. Ela levantou abruptamente.
- Não, NÃO VAI! - gritou, deixando que as lágrimas caíssem. - Você estava certo! Ele estava me traindo esse tempo todo! Eu sou uma puta de uma idiota! Como eu não vi isso? - Jonas se colocou de pé, mas não conseguiu falar nada. - Tudo o que eu fazia era ficar horas no meu trabalho, sem dar atenção para ele, e ELA o fez! E agora ELA está lá, com o cara que eu sonhei ver sorrindo ao me ver entrar na igreja! Com quem eu sonhei TER FILHOS - ela berrou. - AAAARGH! Eu me odeio! Eu o odeio, eu...
- CALA A BOCA! - Joe a segurou pelos dois pulsos, fazendo-a parar de gritar. Depois largou seus pulsos com força. - O que diabos você falando? Você ficou louca ou algo assim, porra? - gritou, e Demi secou as lágrimas.
- Eu estou falando que...
- ...Cala a boca! - disse de novo, um pouco mais baixo. - Se ele fosse tão bom quanto você está falando, ele não teria te traído! Se ele fosse um santo carente de atenção, VOCÊ SABERIA! - gritou, vendo que a garota soluçava. - Pare de se culpar! Se alguém tem culpa aqui na história, é ELE!Ele é um puta de um idiota! Ele traiu você! Se ele fosse bom, ele estaria ao seu lado agora, e se tivesse o mínimo de decência, você não estaria chorando agora. E se ele sequer se importasse, ele estaria aqui agora, no meu lugar, fazendo isso.
Joe a segurou pelo rosto, puxando-a rapidamente para perto. Quando sua boca encostou na dela, um choque percorreu seu corpo, e ao contrário do que pensava, Demi não ofereceu resistência alguma. Apertou-a contra si e suas línguas se tocaram, e a garota espalmou uma mão em seu peito, mexendo timidamente em seu cabelo. À medida que o beijo se aprofundava, ela arranhava um pouco sua nuca, fazendo-o arrepiar.
Demetria não sabia o que era aquilo, nem queria parar. Sabia o que Joe estava fazendo, e ele sabia em que situação ela se encontrava no momento. No entanto, seu coração se aquecera completamente pela primeira vez naquele dia inteiro quando sentira sua língua na sua. Aquilo lhe fazia sentir bem, bem como não se sentia há tempos.
Quando Joe puxou seu lábio com os dentes, dando um selinho em seguida, ela repousou as mãos atrás de seu pescoço, e respirou fundo antes de abrir os olhos.


- Agora você me bate - ele sussurrou, e a garota riu, lhe dando um selinho.
- Sadomasoquismo? - perguntou, marota, e Jonas riu.
- Achei que você fosse ficar puta - disse, rindo timidamente, enquanto Demi negava com a cabeça.
- Obrigada por estar aqui comigo, Joe - ela enterrou a cabeça em seu pescoço, abraçando-o.
- Obrigado por me fazer companhia no meu último dia aqui - respondeu de volta, também a abraçando.

- Certeza que você não vai virar o maníaco do parque e me atacar? – Demi perguntou, tremendo e rindo dentro do elevador. Joe riu.
- Eu tenho certeza que tenho cobertores e café no meu apartamento – ele arqueou a sobrancelha de forma significativa, e a garota riu.
- Isso não responde minha pergunta, mas quase tive um orgasmo quando ouvi a palavra café – ela disse, fazendo-o gargalhar.
- Café... Caféééé – Jonas disse, olhando-a com malícia, enquanto a garota ria alto. – Melhor ainda... Capuccino! – ele riu também. – Orgasmos múltiplos?
- Tarado! – Demetria gargalhou, saindo do elevador.
Ao entrarem no apartamento de Joe, Demi viu caixas por todos os lados. Caixas e mais caixas. Ele jogou a chave em cima de uma delas, e parou ao seu lado. Demetria não podia deixar de achar aquela imagem triste, e seu coração apertou de verdade.
- Belo apartamento – disse, e era verdade. Joe sorriu.
- Era mais legal quando tinha meu sofá bem ali – ele apontou. – E minha televisão na parede... E meus quadros... E...
- Eu entendo – ela o interrompeu, olhando de soslaio. Jonas parecia ter murchado de repente. Quando ia abrir a boca para dizer algo sobre isso, ele sorriu, sem humor, e caminhou até a cozinha.
- Eu deixei a cafeteira fora da caixa, para amanhã... Meu colchão tá estendido lá no quarto, deve ter algum cobertor por lá e... – ele ia dizendo, quando Demi contornou o balcão de mármore limpo e melancolicamente vazio, parando em sua frente.
- Você vai voltar, certo? – ela perguntou baixo, apertando as mãos de forma nervosa. Jonas achou aquilo bonitinho, ela realmente parecia se importar, mas ainda não mudava muita coisa.
- Vou – respondeu simplesmente, colocando o pó de café no compartimento correto.
- Eu queria poder fazer alguma coisa...
- Você não pode – Joe olhava para a sala vazia. – Ninguém pode.
- Você devia ao menos... Não sei, ter dado uma festa de despedida – Demi quase bateu na própria cabeça ao dizer isso. – Não que seja algo que tenha que ser comemorado, mas... Sabe?
Joe sorriu.
- Eu gosto das pessoas daqui, mas não estava em clima nenhum para me despedir deles... Despedidas tornam as coisas muito mais reais. E eu odeio minha realidade nesse momento – suspirou. – E outra... Quem ia ligar? Grande coisa eu estar indo embora e...
- Eu ligo – Demi o interrompeu, e ele virou de frente para ela, rindo baixo.
- Você acabou de me conhecer – o garoto retrucou, e ela sentou na bancada e passou as mãos por trás da nuca de Jonas, encostando seus narizes.
- Eu me importo – disse, olhando firmemente nos olhos dele. – E eu sei que você não quer admitir, mas está derrubado por dentro. E eu fui idiota e fiz essa noite toda sobre mim, quando na verdade – ela deu um selinho rápido no rapaz, que estava entre suas pernas. – o que mais importa é você.
- Demi...
- Shhh, não precisa dizer nada – ela sorriu de forma doce. – Eu estou aqui com você. E eu vou sentir sua falta, mesmo tendo o conhecido há algumas horas – eles riram. – Eu sentiria sua falta mesmo se nunca tivesse o conhecido.
Joe sorriu, a puxando pelo queixo e a beijando de forma suave. Era daquilo que precisava. Daquelas palavras que ele tinha certeza de ter escutado em algum filme, mas não importava. Precisava de alguém, e tinha achado esse alguém de uma forma extremamente bizarra, mas ela estava ali. E ele sabia que ela se importava de verdade.

- Nossa, orgasmos múltiplos mesmo – Demi tomou um gole do café, sentada no colchão de Jonas, que estava no chão. Ele gargalhou. – Acho que vamos pegar uma pneumonia daquelas depois dessa noite.
- Mas valeu a pena – Joe disse pela primeira vez, e a garota sorriu.
- É, com certeza – concordou. – Escuta, esse apartamento é seu? – perguntou do nada, e Joe a encarou, confuso.
- Sim, por quê?
- Vai fazer o que com ele?
- Deixei as chaves com o síndico para ele alug... – Joe parou no meio da frase, entendendo a conversa. – Ei, você quer...?
- Eu sou uma pessoa sem teto, você precisa da grana do aluguel... Eu posso cuidar disso aqui por um ano pra você – ela riu.
- Fechado – Joe apertou sua mão, como num acordo de negócios, e os dois riram. – Demi... Como você acha que vão estar nossas vidas daqui a um ano? – Perguntou, tomando um longo gole do líquido quente.
Ela o encarou, pensativa.
- Isso parece o tipo de pergunta que eu faria – disse, e os dois riram. – Não sei... Eu espero que muito bem – ela sorriu. – Ei, sabe o que devíamos fazer? Daqui a um ano, exatamente um ano, se tudo em nossas vidas estiver dando certo, se tivermos nos recuperado de todos nossos traumas... Devíamos nos encontrar, naquele mesmo bar, e comemorar.
Joe apoiou a caneca no chão, e sorriu para a garota em sua frente.
- No mesmo lugar? Comemorar? – perguntou, e ela assentiu. – Fechadíssimo – ele sorriu. – Façamos o possível pra que dê tudo certo então, para eu te ver em um ano – disse, e depois se arrependeu de ter dito. Não costumava dizer esse tipo de coisa. Demi sorriu.
- Você sabe onde eu moro – ela respondeu, e os dois riram.

- Eu queria ter conhecido você bem antes – Demi murmurou, com o cobertor quase cobrindo a cabeça, enquanto olhava Joe com dificuldade devido à pouca luz que vinha da fresta da janela. Ele sorriu, deitado ao seu lado.
- Tempo é o de menos, Demi... É só um número – ele respondeu, vendo que a garota se esforçava para ficar acordada. – Assim como esse ano vai voar, e nós vamos comemorar isso... Juntos.
- Eu adorei conhecer você – Demi sussurrou, e então fechou os olhos, não sem antes se certificar de que ele a olhava.
- Eu também – Jonas respondeu de volta, mas tinha certeza que ela já tinha dormido. – Muito.
Ela havia escutado.

Naquela manhã Joe partiu para a Inglaterra.
Preferiu que Demi não o levasse no aeroporto, como ela queria. Ele realmente detestava despedidas. E por incrível que pareça, aquela ia doer.
Sua chegada na Inglaterra foi impactante. Talvez fosse implicância sua, mas sentira a decepção nos olhos de seu pai e, naquele momento, decidira que faria absolutamente tudo para que aquele ano fosse perfeito. Aceitou a oferta de emprego em Londres que sua ex chefe lhe havia arrumado, mudou-se para um apartamento pequeno perto da Covent, arrumou os documentos e deu o melhor de si no trabalho. Passou noitadas com seus antigos amigos em pubs, riu muito, esteve com várias garotas, como lhe era de costume. Mas com o passar dos meses, tudo o que pensava era quanto tempo lhe restava para voltar. Ele e Demi acharam melhor não ficarem mantendo contato durante esse tempo, já que talvez fosse mais difícil para ambos. Perdeu a conta de contas vezes digitou emails enormes, mas não teve coragem de enviar.
Eles estavam bem, ele tinha certeza que ela estava bem, de alguma forma. E se encontrariam para comemorar. Era tudo o que ele queria.

Demetria passara os primeiros meses dizendo a si mesma que precisava de terapia. Essa história de esbarrar com Derek pelas ruas estava lhe irritando, especialmente porque todas as vezes, queria ter um anel tão grande que causasse o mesmo efeito dolorido daquele que Joe jogara no lago. Ah, Joe... O que ela estava na cabeça quando sugeriu ou concordou com essa ideia de não se falar durante o ano? Aquele apartamento a deprimia. Por mais que estivesse vazio quando chegara, conseguia imaginar facilmente seu sofá, seus quadros e a TV na parede. E sentia falta do café dele. Uma boa merda. Deprimida por duas coisas ao mesmo tempo, sendo que a segunda, sobre Joe, ela achava que era loucura, tendo em vista que, de acordo com suas contas, estiveram juntos por oito horas. Tipo, UMA NOITE DE SONO bem dormida! Ah, mulheres são realmente babacas. Com o passar dos meses, no entanto, começara a se acalmar um pouco. Foi promovida no trabalho, suas amigas conseguiram a tirar de casa e a fizeram sair em dois ou três encontros com caras bem gatos, mas que não foram tão bem sucedidos, porque ela nunca dava muita chance à eles. Começava e acabava em uma, duas noites. Ela sabia qual era seu problema. Deixara de ser Derek há muito tempo. Ele tinha nome, sobrenome, e morava a um oceano de distância. E mesmo que soubesse que ele voltaria, mesmo que tivesse certeza de que o encontraria, incomodava muito saber que ele devia vê-la da forma que ela o viu aquela noite: Uma pessoa para se guardar, mas para uma noite apenas. Sentia sua falta. Precisava que ele a encontrasse no bar no dia 5 dezembro e precisava ouvir tudo sobre o ano em que estiveram separados. Era só no que conseguia pensar.


Continua...