quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Capítulo 8

Demi estava na sala de aula, tentando manter a concentração e lembrar de tudo que tinha estudado para responder a prova de Inglês. Ela geralmente não tinha dificuldade na escola, mas nos últimos tempos não conseguia focar sua atenção na mesma tarefa por muito tempo antes que seus pensamentos começassem a vaguear. 
__Demi, eu preciso falar com você__ Demi suspirou um pouco impaciente quando Selena surgiu do nada e ficou ali em pé, em frente a sua meda a encarando__ é importante.
Como não podia responder sem que os outros a achassem louca, Demi escreveu disfarçadamente na borda da cadeira. “Eu estou no meio de uma prova, vá embora”. Mas ela sabia que Selena não se conformaria com isso.
__Não importa, eu preciso que seja agora mesmo... É caso de vida ou morte.
Demi tentou ignorá-la, talvez assim ela sumisse. Mas ao invés disso, Demi viu Selena caminhar até a frente da sala, dar a volta na mesa e espiar por cima dos ombros da sua professora de inglês.
__O que você está fazendo?__ ela sussurrou tentando chamar a atenção de Selena. O menino sentado a sua frente se virou para olhá-la feio, e a professora os repreendeu. 
__Ajudando você, para que você possa me ajudar__ ela disse__ as respostas da prova estão aqui. 
__Não faça isso__ ela reclamou.
__Cala a boca__ o menino resmungou__ você está atrapalhando.


Ela encarou o menino, envergonhada e lançou um olhar assassino para Selena. Mas ela ignorou e começou a murmurar as respostas da prova que era múltipla escolha. 
__Olha, eu não vou desistir__ Selena disse decidida__ vou te perturbar até não aguentar mais, não tenho nada melhor para fazer, então é melhor você colaborar comigo. 
Demi respirou fundo para recuperar a calma, e sem ter muita escolha, marcou as respostas que Selena dizia, errando alguma de propósito para que não ficasse muito óbvio. Ela era uma boa aluna, mas não costumava gabaritar as provas. A professora sorriu e lhe desejou um bom dia quando Demi lhe entregou a prova e Demi seguiu direto para o banheiro feminino, que se encontrava vazio, com Selena logo atrás. 
__O que você quer?__ Demi se virou para a amiga completamente zangada__ é bom que seja muito importante, para você ter me atrapalhado no meio da prova assim. 
__É importante, eu preciso da sua ajuda.
__Em que?
__Eu preciso falar com o Nicholas.
__Ele não pode te ver, como quer falar com ele?
__É por isso que preciso da sua ajuda, você tem que contar a ele que me vê, tem que convencê-lo de que eu estou aqui e então falar com ele por mim__ Selena disse.


__Você ta brincando né?__ Demi riu__ ele mal fala comigo por causa dos boatos de que eu vejo você. Ele já acha que eu sou louca, se eu disser alguma coisa sobre você a ele, é bem capaz de ele nunca mais olhar na minha cara.
__Não se você tiver como provar que eu estou aqui.
__Eu não tenho como provar.
__Tem sim, é só confiar em mim, eu conheço o Nick e sei como convencê-lo. 
__Porque fazer isso Selena?__ Demi questionou, precisava de um bom motivo para se expor desse jeito e arriscar sair como maluca de toda essa história, a situação já não estava muito boa, não queria piorar tudo. 
__Escuta com atenção Demi__ Selena pediu__ meu lugar não é aqui, eu não pertenço mais a terra. Eu só fiquei por que tinha assuntos a resolver antes de seguir em frente e o Nick é um deles. Eu nunca vou poder estar com ele do jeito que você fica com Joe, mas ainda posso ter a chance de dizer tudo que pretendia no dia em que morri, tenho a chance de me despedir. Mas só posso fazer isso se você me ajudar. 
__O que quer dizer com isso?__ Demi a fitou com atenção__ quer dizer que se eu a ajudar, você vai embora? 
__Não posso vagar por ai pra sempre, não é assim que funciona. Tenho que seguir em frente.
__Para onde?
__Bem... Só da pra saber quando chegar à hora.


Demi parou para pensar um instante, tentando compreender tudo que a amiga dizia, mas era difícil de assimilar tudo.
__Você tem certeza que tudo isso não tem nada haver com o fato de que o Nick tem um encontro hoje?
__O que?__ Selena a encarou confusa.
__Joe me contou que aquela menina que estava com ele na festa o convidou para sair e ele aceitou. Vão sair mais tarde depois da aula. Você não pode impedir ele de viver e se apaixonar por outra pessoa, vocês não podem mais ficar juntos.
__Eu sei disso__ Selena murmurou um pouco zangada__ não precisa ficar me lembrando que estou morta e uma coisa não tem nada haver com a outra, você não me entende. Você é minha melhor amiga, devia confiar em mim, e estou pedindo isso, pois não tenho mais ninguém com quem contar, então... Vai me ajudar ou não?
__Eu vou__ Demi respondeu sem exitar, não podia negar nada a Selena, muito menos ajuda, não importavam os motivos. 
__Obrigada__ Selena agradeceu ainda mau humorada__ precisa ser antes desse encontro.
__Selena...


__Eu sei o que estou fazendo Demi, confie em mim. 
__Tudo bem. Depois da escola eu vou até a casa dele... Joe não vai estar lá, tem que resolver um problema que a mãe dele pediu, então vamos poder conversar tranquilamente.
__Acho que o Joe vai ser mais difícil de convencer__ Selena murmurou para si mesma.
__O que? Eu não vou falar sobre isso com ele, e se o Nick acreditar, vou pedir que não conte nada ao Joe.
__Pensei que ele já soubesse sobre mim... Você contou a ele naquele dia da festa.
__Ele só tenta ser gentil comigo, porque gosta de mim... Mas no outro dia me olhou diferente, eu não posso suportar que ele me ache louca. Vou falar com Nick por você, mas não vou arriscar perder o Joe, sinto muito. 
__Tudo bem, falamos sobre isso depois.
Falariam sobre o assunto depois, mas Demi não mudaria de ideia... Já tinha perdido demais, não ia arriscar mais nada. 


Assim que as aulas terminaram, Demi ficou perto do portão para ver Nicholas sair. Quando Joe veio se despedir dela, já que não se falariam pelo resto do dia, Selena milagrosamente ficou quieta, não distraindo sua atenção e ela agradeceu por isso. 
__Eu prometo que compenso você amanhã__ Joe estava dizendo__ agente pode sair pra fazer alguma coisa.
__Não se preocupe com isso, eu já tenho planos, vou me manter ocupada.
__O que pretende fazer?
__Coisa de mulher__ ela disse com um sorriso sapeca, não gostava de mentir, mas pensava que era por uma boa causa__ coisas que deixariam você profundamente entediado. 
__Parece que me livrei de uma boa então__ ele riu. Demi estava aliviada que a aparente tensão que surgira entre eles no outro dia tinha finalmente passado, ela agora se esforçaria para que não se repetisse. Se tudo desse certo hoje, ela faria Nicholas jurar que não contaria nada sobre o assunto a Joe__ vou sentir sua falta.
__Eu também__ ela sorriu e se pôs na ponta do pé para lhe roubar um beijo. 
Pelo canto dos olhos ela viu Nicholas passar pelo portão. Viu também Selena abrir a boca para lhe apressar, mas ela foi mais rápida, se despediu de Joe e começou a seguir Nicholas discretamente. Como Joe não passaria em casa, ia direto fazer o favor que prometera a mãe, ela não corria nenhum risco de ser pega.


A caminhada até a casa dos Jonas não era muito longa. Demi deixou que Nick entrasse na frente e ficou um tempinho parada do lado de fora, tentando focar os pensamentos, ter certeza do que diria a ele. Nick era muito sensível quando o assunto era Selena, e qualquer palavra errada podia pôr tudo a perder. Ela respirou fundo e tocou a campainha. Nick atendeu rapidamente e o sorriso dele se desfez quando viu quem era, mas ele logo tratou de disfarçar.
__Oi Demi, o que faz aqui?__ ele perguntou escorado na porta__ Joe não está em casa.
__Eu sei, na verdade eu queria falar com você. 
__Eu tenho um compromisso daqui a pouco e...
__É importante Nick__ ela insistiu. 
Ele demorou um momento pensando, Selena estava inquieta ao seu lado, parecia com mais medo que Demi. Se é que um fantasma podia sentir medo. 
__Tudo bem, pode entrar.
Demi seguiu Nick para dentro da casa e os dois se sentaram na sala, frente a frente. Selena se acomodou ao lado de Nick em um dos sofás, os olhos fixos no rosto dele, como se estivesse hipnotizada. Demi jurava que ela parecia querer chorar. 
__Então. Sobre o que você quer falar?__ Nick perguntou.
__Por favor, não fica com raiva de mim__ Demi pediu__ eu preciso que você me escute com a mente aberta. 
__O que você quer Demi?__ o pedido de Demi, só pareceu deixá-lo mais na defensiva.


__Eu sei que você já ouviu os boatos sobre eu ver... Ver a Selena. E sei que foi por isso que se afastou de mim de novo. 
__Não me leve a mal Demi, é que não posso lidar com isso agora, então eu prefiro me manter afastado.
__Você também acha que eu sou louca.
__Eu nunca disse isso. 
__Não precisa dizer, posso ver nos seus olhos__ ela disse antes que ele tentasse negar de novo__ já me acostumei com isso. Mas não importa o que os outros pensem, eu não estou louca. 
__Onde você está querendo chegar Demi? Fale de uma vez, eu tenho um compromisso. 
__Eu posso vê-la Nick__ Demi sussurrou__ ela está aqui, agora mesmo, bem do seu lado.
__Ela está morta Demi.
__Eu estou falando do espírito dela. Ela ainda continua aqui e quer falar com você.
__Escuta aqui__ Nick se levantou do sofá irritado__ isso não tem graça Demi, não pode fazer esse tipo de brincadeira com os sentimentos dos outros. Não me interessa se acredita ser verdade ou não. 
__Escuta aqui você__ Demi também se levantou__ sei que você era apaixonado por ela, mas nem ao menos chegaram a ficar juntos. Ela era minha melhor amiga desde que me entendo por gente. Não pense nem por um segundo que sofreu mais com a morte dela do que eu. Não pense que tem algum direito sobre o nome dela. Eu nunca brincaria com alguma coisa assim... Nunca.
__Então você é mesmo louca.


Demi observou incrédula enquanto Nicholas dava meia volta e subia as escadas, deixando ela falando sozinha no meio da sala.
__Vai atrás dele__ Selena ordenou.
__Ele não quer me ouvir.
__Vai atrás dele__ ela repetiu__ eu sei como convencê-lo. 
Demi suspirou impaciente, odiava que a chamassem de louca, mas mesmo assim subiu as escadas correndo e foi atrás de Nicholas. Ouviu quando ele bateu e trancou a porta do quarto. Selena parou ao seu lado e a encorajou a bater.
__Nicholas...
__Vai embora__ ele gritou de lá de dentro.
__Repete pra ele tudo que eu te disser__ Selena ordenou.
Demi ouviu atentamente o que a amiga dizia e fez o que ela pediu sem questionar.
__Semana passada, Joe foi passar à tarde na minha casa e você ficou sozinho. Você estava usando a camisa vermelha que Selena te deu de presente de Natal e segurava uma foto, um porta retrato que você deixa escondido no guarda roupa com uma foto dela, que você tirou sem que ela soubesse.


__Pare com isso Demi, vai embora.
__Você chorou segurando a foto dela e pediu desculpas... Disse que era sua culpa o que aconteceu, afinal foi você que teve a ideia de se encontrarem naquela cabana. Você disse que daria qualquer coisa pra tê-la de volta, que daria sua vida pela dela. 
__Como você pode saber o que eu disse? Você estava com Joe.
__Selena estava aqui com você, ela viu Nicholas. Ela me contou... Eu sei que você não consegue vê-la, mas pode sentir a presença dela não pode? Você sentiu naquele dia. Até mesmo sorriu e disse que a amava, porque no fundo você sabia que ela estava com você. 
Ela esperou por um momento, mas ele não disse nada.
__Ele está pensando no assunto, está considerando a ideia__ Selena disse__ continue falando.
__Eu nunca mentiria sobre isso Nick, eu não estou louca__ ela sussurrou__ se não, como eu saberia de todas essas coisas? Como eu saberia que você está com a mão na maçaneta da porta, ou que está chorando?


Mas uma vez só houve silencio. Demi esperou pelo que pareceu uma eternidade que Nick fizesse ou dissesse alguma coisa, e quando estava quase desistindo e indo embora, a porta do quarto finalmente se abriu. Ele estava com os olhos vermelhos, a prova de que realmente chorara, e encarava Demi com uma mistura de espanto e esperança. 
__Como... Como você...
__Eu estou falando a verdade__ Demi murmurou__ confia em mim. 
Nick então respirou fundo e abriu espaço para que Demi entrasse. Ele se sentou na beirada da cama, com uma Selena sorridente ao seu lado, e Demi se escorou na parede em frente a ele. 
__Como isso é possível? Ela está morta... E se ela está mesmo aqui, porque não posso vê-la também?
__Eu não sei explicar. Talvez seja porque no fundo você não quer... E de qualquer forma, eu tenho uma ligação maior com ela.
__Isso é...
__Loucura?__ Demi completou__ eu sei o que parece. Tente manter a mente aberta. 
__Diga a ele Demi__ Selena sussurrou e estendeu a mão na direção de Nick, a apoiando em seu ombro. 
__Ela quer que eu te fale algumas coisas. Que o que aconteceu não foi sua culpa.


__Eu acho que foi__ ele discordou__ se eu não tivesse inventado de me encontrar com ela naquela cabana... Se... Se eu simplesmente tivesse mandado a Senhora Cobb pro espaço e a tivesse beijado de uma vez, ela não teria ido até lá e estaria viva agora, estaria aqui comigo.
__Não foi sua culpa Nick. Se alguém tem culpa em alguma coisa sou eu, que não a impedi de atravessar aquela ponte, mesmo sabendo que era perigoso. Você não podia adivinhar o que aconteceria.
__Nenhum de vocês tem culpa__ Selena interveio__ a teimosa aqui sou eu, eu devia ter esperado. A culpa foi somente minha. 
__Ela está dizendo que foi culpa dela, não nossa. 
__Eu sinto muito Selena__ Nick sussurrou__ me desculpa por ter demorado tanto.
__Diga que eu o amo, que não faz mal. Talvez tenha sido melhor assim. Ele tem uma vida pela frente e quero que a viva, que não deixe o que aconteceu comigo roubar sua alegria. Ele tem a Mia, diga pra ele investir nela e tentar ser feliz com ela, de um jeito que eu não posso mais fazer. Só... Não esqueça de mim, quando pensar em mim, quero que pense nos momentos bons e sorria, que sinta alegria e não tristeza.


Demi repetiu pra ele tudo que Selena dizia, observando lágrimas descerem de seus olhos. 
__Não sei se posso fazer isso... Marquei esse encontro, mas não consigo ficar com outra garota, não consigo parar de pensar em você Selena. 
__Minha presença anda atrapalhando que vocês consigam superar isso, mas quando eu seguir em frente isso vai mudar. Vai ficar tudo bem, eu prometo. 
__Ainda está pensando em partir?__ Demi questionou.
__Meu lugar não é aqui Demi, e você sabe bem disso. 
__Partir? O que está havendo?__ Nick perguntou confuso.
__Não sei se posso te perder de novo Selena.
Demi ignorou Nick e encarou a amiga. Era isso, não aguentaria perdê-la outra vez. Mesmo que a achassem louca, preferia isso a deixá-la partir outra vez. Tinha ganhado uma segunda chance de estar com ela, não podia jogar fora. 
__Vai ficar tudo bem Demi, eu prometo. 



Fim do Capítulo


oiii. bom eu sei que metade de vocês querem me matar,porque tipo esse cap DEMOROU MUIIITOOOOOO pra sair.enfim,mas eu postei agora é aguardar o proximo kk.Talvez eu poste umas mii fic's aqui depois.bjuss e desculpem a demora.



Anônimo: Nossa eu fico super feliz que você curtiu a Savanna e a Selene :] eu pretendo dar um jeitinho de incluir a S. e a Sel nas mini fic's.

Cris: Sejá bem vinda flor,então eu fico feliz que você tenha gostado de "Aprendendo a Respirar" mas como eu já disse aqui aquela fic não é minha,foi uma repostagem, você teria que pedir pra autora a Cacau.Mas tipo eu não vejo mau nenhum você postar colocando os devidos e merecidos creditos é claro :]

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Dirty Talk (parte 3)


Além de me martirizar por deixar Joseph ir embora, eu ainda tive que lidar com milhões de cartas, ligações e protestos. É isso mesmo. Protestos na frente do prédio. Tudo porque deixei o Joseph se demitir, sendo que a decisão estava praticamente em minhas mãos. 
O que aconteceu foi que o Taylor não cortou a maldita filmagem e o estado inteiro viu a minha declaração ‘Não ligo para você, só para o seu quadro que traz audiência’. E se você acha que eu fiquei puta com isso, se espante. Não me importei nada. Afinal, tinha coisa maior para me preocupar e isso envolvia trazer o meu comentarista de volta. Para mim e não para emissora. Eu precisava acertar essa conta com Joseph, afinal, a fujona fui eu, a idiota que não teve coragem de falar a verdade sobre meus sentimentos. Destruí tudo e precisava recuperar o tempo perdido. 
Ouvi batidas na minha porta e antes que eu pudesse responder, Sel adentrou o local, com um sorriso no rosto.


S., tenho uma nova ideia para um quadro!
- Para colocar no lugar do Joseph? – eu perguntei triste.
- Sim, para substituir The Ugly Truth. Você precisa esquecer esse homem, minha amiga.
- Eu não consigo, Selene! Ainda mais quando eu joguei tudo aos ares, como lixo.
- Eu não sei mais o que dizer para você, S.. – ela se sentou na cadeira à minha frente e cruzou os braços – Se não consegue pelo dia inteiro, tente pelo menos agora e ouça a minha proposta.
- Ok, Sel. Pode falar. – eu larguei meus afazeres no notebook e olhei diretamente para minha amiga.
- Eu pensei num contra-ataque feminino. – ele abriu um sorriso – Imagina isso! Uma resposta das mulheres para tudo que foi dito anteriormente no quadro do Joseph.
- Você disse que ia me fazer esquecer... – eu comentei, com tom de brincadeira e quando me dei conta de quanto aquela ideia era perfeita, eu arregalei os olhos e levantei de repente. – É isso, Sel!
- Você gostou? – ele perguntou com os olhos brilhantes de excitação.
- Você me deu o jeito de acabar com esses protestos e reclamações! – comecei a andar agitada pelo escritório - E o melhor: uma maneira de conquistar as desculpas do Joe.
- Hein? – Sel fez cara de interrogação.
Sel, você não precisa entender agora, você verá! Só preciso saber de algo: Joseph já acertou as contas com a emissora?
- Não, ele vem fazer isso hoje.
- Você me faz um favor?

Joseph’s POV

Tinha acabado de chegar à emissora para assinar meus papéis de demissão. Por um momento, eu pensei em voltar atrás e não levar a situação ao extremo. Mas depois do que eu disse na televisão sobre S., acho que não tinha mais como trabalhar com aquele clima ruim e com meu sentimento não correspondido. Já estava aqui, iria até o fim. Subi o elevador, para o andar do diretor, que era o mesmo da ex-produtora. A porta se abriu e eu saí, caminhando pelo longo corredor. Quando estava alcançando a porta, ouvi alguém me chamando. Virei e vi Selene. Sorri e ela correspondeu.
Joseph, o diretor não está na sala dele. Está no estúdio.
- No estúdio? – ela balançou a cabeça em afirmação – Sem problemas, eu espero aqui na recepção.
- Não, não. Acho que ele quer mesmo falar contigo, mas está muito ocupado lá. Melhor você ir atrás dele.
- Certo, então... – ela assentiu e eu saí andando atrás dela - Já procuraram alguém para me substituir? Ou perceberam que eu sou insubstituível? – sorri irônico.
- Por que você não pergunta para Savanna? – ela me lançou um olhar superior.
- Eu não tenho nada para falar com ela, Selene. Só se ela quiser sexo casual, isso eu não posso negar a ninguém. – a mulher ao meu lado balançou a cabeça em sinal de negação e logo chegamos ao estúdio.
- Você não quer falar, mas acho que Savanna tem muito a conversar. – eu olhei para o foco das câmeras e lá estava ela, sentada no meu local de costume e esperando que o programa começasse. O comercial acabou e botaram a chamada do The Ugly Truth. Interessei-me e me aproximei da televisão que passava o script. Não tinha nada, estava vazio. O que Savanna pretendia? Não pensei muito até que a voz feminina ecoou.

“Olá! Vocês não me conheciam até ontem, eu sou Savanna, a tão falada produtora que deixou Joseph Jonas em pedaços. Eu mesma me tornei em pedaços, então não é muito difícil fazer isso com os outros. Eu vim contar o meu lado da história. E a verdade pela visão feminina. Quem sabe desse jeito, vocês me entendam. Vocês e o nosso comentarista. Bom, como o quadro preza pela pura sinceridade, assumo que tudo que foi dito sobre mim é a verdade nua e crua. Eu, como uma mulher orgulhosa e tola, custava a não querer enxergar a atração desmedida que eu sentia por Joseph.”

Preciso dizer que tinha ficado surpreso com a declaração inicial dela. Dizendo sem rodeio nenhum e para todos ouvirem, que sentia atração por mim. Isso era um bom sinal. Um ótimo sinal. Eu estava gostando daquilo. Vamos ver o que mais sairia daquela boca que eu estava louco para beijar novamente. 

“Estava cega, acreditando num homem que só existe na minha imaginação. Pois é, sempre preferi os príncipes encantados. Aquele tipo de homem que abre a porta para você entrar, que deita no chão para você não passar por cima de uma poça. Ele ouve os seus monólogos sem reclamar e ainda opina e te dá ótimos conselhos. 
O cara é sincero, nunca trai, nunca omite, nunca mente. Eu preciso dizer que eu tinha esperanças de encontrar esse tal estereótipo. Mas isso é um passado que eu quero esquecer. Porque, minhas amigas, esse homem não existe! Nem nos contos de fadas. Sonho de toda menina, realidade de pouquíssimas mulheres. Ou quase nenhuma.”

Estava com meu olhar fixo na mulher que discursava sobre o homem perfeito que caiu no seu conceito. Ela tinha aprendido e estava externalizando tudo aquilo que levei meses para botar na cabeça dela. Savanna falava divertida e parecia muito confortável na frente das câmeras. Várias vezes, nossos olhares se cruzaram e pude ver que ela sorria entre suas falas. Mesmo relutante, eu não podia evitar que um sorriso se formasse no meu rosto em resposta.

“O homem ideal abandonou o posto do bonzinho e engomadinho. O cara de hoje é o canalha, o cafajeste, o garanhão. Aquele que te leva do paraíso ao inferno em minutos. Você hesita em apresentar para suas amigas e para sua mãe, mas não consegue parar de pensar nas coisas pervertidas que ele diz e nas maravilhosas sensações que ele te apresenta. A sua fisionomia envolve uma barba por fazer, que você adora quando passa suavemente por sua pele. Nada de cabelo bem penteado e com gel para fixar. Nem roupas finas demais. Ele se veste à sua maneira e você continuará achando que ele é o homem mais sexy do mundo. Ele sabe onde deve te tocar para levar à loucura, sabe seus pensamentos mais proibidos.”

Apenas ouvia a descrição que S. fazia e ficava excitado apenas com seus olhares insinuantes, me mostrando que era de mim que ela falava. Claro que eu já sabia disso, mas ouvir tudo vindo dela era ainda melhor. Só que eu preferiria que fosse ao pé do meu ouvido. Espero conseguir isso mais tarde. 

“Nada irrita e atrai tanto as mulheres como um homem cheio de certezas que se acha o dono da verdade. Por um lado, ele pode ser orgulhoso, um completo imbecil autocentrado, grosso e pervertido. Por outro, é o cara seguro que sabe exatamente o terreno que está andando e diz aquilo que a gente paga para ser verdade. Esse tipo de homem existe numa escala de milhões. Você vai conhecê-lo. E por mais que não queira, vai se apaixonar.
Esse homem é real e te aceita do jeito que você é... Mesmo se você for uma louca neurótica que deseja controlar o mundo. Mesmo se você encarna uma criança medrosa e resolve fugir de um amor que poderia dar certo, só porque ele não se encaixaria em seus padrões. Que tipo de idiota eu sou, não é mesmo? Hoje, o amor não chega em forma de cavalo branco, carruagem e sapatinho de cristal. Atualmente o amor começa com ‘eu te desprezo, mas estou louca para cair nos seus braços e ser sua para sempre’. É um tipo de amor bipolar, esse que eu sinto. Mas é verdadeiro. E quando existe verdade, quem poderá contestar?”

Acho que aquelas últimas frases foram suficientes para me fazer mudar de ideia. Não sobre a demissão, mas sobre Savanna. Ela tinha me surpreendido. Agora, ela assumia para todos que me amava. Savanna me amava.
Sorri uma última vez para ela e me virei indo embora.

/Joseph’s POV

Finalizei a minha declaração, sendo aclamada por palmas de todos no set. Levantei da cadeira e olhei ao redor, procurando por aquele rosto que eu precisava tanto tocar. Joseph não estava mais lá. Não encontrei seu sorriso satisfeito, nem sua feição cheia de si por tudo que eu tinha dito sobre ele. Perguntei-me se as coisas que eu soltei não foram o suficiente para amolecer seu coração e trazê-lo de volta para mim. Se é que um dia ele foi meu. Saí do estúdio e rumei para meu escritório, a fim de organizar as últimas coisas do quadro, que infelizmente seria cancelado. Não teria visão feminina, nem masculina. Abri a porta, cabisbaixa e quando levantei meu olhar, Joseph estava sentado na minha cadeira giratória, me olhando com uma expressão que eu não pude decifrar, até que ele começou a falar. Sorri inconscientemente.
- Pensou que eu iria embora? – ele disse, com uma sobrancelha arqueada.
- Achei que não tinha sido o suficiente me declarar ao vivo para você. Confesso que já estava desolada. – sorri de canto, parada em pé no meio da minha sala.
- Parece que chegamos a um ponto importante disso tudo. Você falando a verdade, sem pensar duas vezes.
- Não tenho mais nada a esconder, Joe. – comecei a andar, dando a volta na minha mesa e fechando lentamente as persianas. Joseph me acompanhava com o seu olhar de sempre, insinuante e ferino. – Aprendi a dizer a verdade com o melhor instrutor. Como poderia mentir?
- Então, tudo era sobre eu e você. – ele se levantou e veio andando na minha direção.
- Tudo. – falei baixo, quase sussurrando, enquanto Joseph encostava mais nossos corpos.
- Eu acredito, S.. Mas eu tenho uma dúvida. – ele me puxou bruscamente contra seu corpo másculo, grudando nossos troncos e rostos. – Eu não sei onde devo te tocar para te levar à loucura. – Joseph falou irônico.
- Acho que você pode descobrir agora. – eu sussurrei levemente contra a sua boca e pude ver um sorriso se formando na face dele.
- Será um prazer. – ele respondeu e finalmente, juntou nossos lábios. O beijo se iniciou rápido, voraz, mostrando o desejo que sentíamos.


Joseph passava suas mãos por todo o meu corpo, mas o seu ponto de concentração era nas minhas nádegas e nuca. Eu puxava seu cabelo com força à medida que ele apertava minhas coxas. Desci uma das minhas mãos até a barra de sua camisa e comecei a puxá-la. Fui andando para trás, parando o beijo que nos deixou ofegantes e encontrei a minha enorme mesa de carvalho. Peguei impulso e me sentei, sem desgrudar do corpo quente dele. Joseph espalmou sua mão na minha perna e puxou para cima, fazendo com que nossas intimidades ficassem próximas. Desci minha boca para seu pescoço e comecei a dar mordidas, acompanhadas de arranhões nas costas já nuas de Joseph.
Percebi que as mãos deles não estavam apenas me acariciando, mas também arrancando as minhas roupas com pressa. Quando estava somente com minhas peças íntimas, Joseph se afastou e começou a tirar suas últimas roupas também. Eu nunca tinha ficado excitada em apenas ver um homem se despindo, mas parecia que Joseph conseguia transpor todas as minhas barreiras. Ficando apenas de cueca, ele voltou a me beijar, descendo sua boca pelo meu pescoço e parando entre meus seios. Puxou as alças para baixo e começou a beijar e lamber meu mamilo fazendo movimentos circulares com sua língua, enquanto segurava o outro e apertava levemente. No mesmo instante, eu enlacei seu corpo, colocando minhas pernas em volta do seu quadril e senti o seu volume me tocar, inflando ainda mais de desejo e sentindo o calor da pele de Joseph sob minhas mãos. Havia um magnetismo que não me deixava tirar os olhos dele e enquanto ele terminava de tirar minha calcinha, manteve seu olhar fixo ao meu. Com meus pés, empurrei sem dificuldade sua última peça também. O modo como ele beijava meus seios e apertava minhas nádegas simultaneamente, provocou uma deliciosa sensação no meu ventre que se espalhou por todo o corpo. Estávamos nus, prontos para iniciar aquilo que tanto esperamos por meses, mas parecia que correr as mãos e bocas pelo corpo um do outro estava um tanto interessante. Eu desci minhas mãos para o traseiro de Joseph e apertei com força, o fazendo rir em meio a alguns gemidos baixos.


- Tem certeza que a porta está fechada? – ele perguntou, em forma de sussurro, enquanto beijava meu colo e passava as mãos provocantes no interior de minhas coxas.
- Se eu não estou ligando, porque você ligaria? – eu respondi com um sorriso de canto e olhava diretamente para seu corpo nu, mordendo o meu lábio inferior.
- Estou gostando dessa Savanna perversa que você está me mostrando. – ele puxou meu pescoço e espalhou beijos e mordidas por ali.
- Só precisava da pessoa certa para me soltar. – disse entre dentes e suspiros baixos – Eu acho que você está falando demais. Converse menos e me mostre onde mereço ser tocada.
- Já comentei que adoro mulheres que mandam? – eu sorri safada e sem que eu pudesse esperar, Joseph deslizou seus dedos por minha coxa e tocou no ponto exato onde eu ansiava. Joguei minhas mãos e a cabeça para trás, derrubando vários itens ainda permaneciam em cima da minha mesa. Aquele toque que me excitou já não era o suficiente para acalmar meu desejo insano por me entregar para Joseph. Ele entendeu meu protesto silencioso e deslizou dois dedos dentro de mim. Cravei minhas unhas nas costas largas e másculas do meu comentarista. Movi minhas mãos das suas costas e fui passando pelo seu abdome definido até chegar às proximidades de seu membro firme. Fechei meus dedos ao redor da sua ereção e ele pareceu entender o meu recado mudo sobre o quanto eu queria seu corpo completando o meu. Ele sorriu e me inclinou devagar sobre a mesa. Puxei seus ombros para que Joseph caísse sobre mim e sem pressa alguma, ele começou a me penetrar. Fazia movimentos lentos até que ficou imóvel. Eu gostava da sensação de completude, de sentir Joseph me aquecendo por dentro. Tentei me deslocar para ainda mais perto dele. Era maravilhoso, mas eu sabia que poderia ficar melhor. Comecei a me movimentar contra ele, mas Joseph não correspondia.


- É tão bom te fazer sofrer dessa maneira, minha S.. – ele me beijou e sorriu irônico.
- Oh, pare com isso. Eu preciso de você. Eu preciso de mais. – eu disse suplicante.
- Acho que você merece isso por ser tão má comigo. – mexeu nos meus cabelos, mantendo sua face sarcástica.
- Má? Olhe só o que estamos fazendo... – eu disse sussurrando e me movimentando lentamente na medida em que eu conseguia, pela posição na qual estávamos – Como poderia ser tão boa com você?
- Boa? – ele varreu os olhos pelo meu corpo por inteiro e me olhou profundamente – Você é simplesmente deliciosa.


Eu sorri com o elogio e então, Joseph se moveu contra meu corpo e eu apertei ainda mais minhas pernas ao seu redor. Não demorou muito para que eu já estivesse no mesmo ritmo que ele. Estava ofegante e podia ouvir sussurros suaves contra a pele do meu pescoço, vindo de Joseph. Os movimentos dele eram impetuosos e cada vez que ele saía de mim e se encaixava novamente, eu sentia que estava alcançando a perfeição da minha vida sexual. Nossos corpos se moviam com muita sincronia e quando eu comecei a sentir arrepios devastadores e minhas pernas bambas, pensei que aquele era meu fim. Joseph me tornaria a sua escrava. Assim como ele seria o meu, pois no mesmo momento em que eu explodi em prazer, senti Joseph alcançando seu ápice dentro de mim, respirando com dificuldade, até que se acalmou e pousou sua testa em meu ombro. Nossos corpos suados e ainda embriagados de prazer permaneceram colados enquanto nossas respirações se normalizavam. Joseph se afastou lentamente, ouvindo alguns resmungos meus e se pôs de pé, colocando sua cueca. Eu puxei sua camisa que estava jogada na ponta da mesa e vesti. Joseph sentou na minha cadeira executiva e me chamou para sentar ao seu colo. Sorri com a ideia e fui para seu encontro, encostando meu corpo ao dele, sentindo um afago no meu braço. Ele riu e eu me virei, olhando nos seus olhos e fazendo cara de interrogação.


- Sabe o melhor disso tudo? Você se entregando para mim em plena emissora e no seu escritório. – ele sorriu e eu acompanhei. – Um dos meus fetiches mais descontrolados por você. Só que eu pensei que nunca sairia de minha imaginação. Por causa da sua obsessão por coisas profissionais. 
- Não foi você que me ensinou a parar de ser assim? – eu pisquei para ele.
- Realmente, foi um trabalho difícil, mas a recompensa foi melhor do que imaginava. – ele mordeu meu lábio de leve.
- Essa última aula prática me ensinou muitas coisas. 
- O quê? – ele indagou curioso.
- Que você sabe quase toda a verdade sobre as mulheres.
- Quase? Tem algo que não saiba?
- Sim. Você nunca saberá se meu orgasmo foi fingido ou não. Já o seu... – eu disse e lancei um olhar insinuante - É impossível não sentir.
- Esse é o grande trunfo de vocês, mulheres. Mas chegará um momento em que eu te conhecerei tanto que me enganar será impossível.
- Quanto a isso não será um problema, Joe. Com um homem como você na minha cama, todo prazer é completo, verdadeiro e devastador.
- Fala de novo.
- Devastador... – eu repeti, sussurrando contra sua boca. Selei nossos lábios, num beijo calmo, nada parecido com o que tinha acabado de acontecer. Joseph se separou devagar e ficou me olhando, até que começou a falar.
- Sabe, S.? Gostei das coisas que você disse sobre mim na TV. Principalmente quando disse que eu era lindo, gostoso e sedutor.
- Mas eu não disse nada disso. – eu olhei um pouco espantada para Joseph.
- Não precisa. Eu sei sua opinião sobre mim. – falou, cheio de si.
- É? Quem te contou? – eu arqueei as sobrancelhas.
- Você mesma, gemendo vários elogios ao meu ouvido há alguns minutos. – deu um beijo na base do meu pescoço - Disse até que me amava.
- Pensei que só falasse a verdade. Está inventando coisas, Joe? – sorri fraco para ele, envolvida nas carícias.
- Não, não. Deixa eu te contar mais uma coisa sobre as mulheres. Quando vocês estão em êxtase, entram num transe e falam coisas que nunca diriam sãs. Algumas até esquecem, como você nesse exato momento.
- Quer saber o que eu acho? Que você já me ensinou toda a teoria que eu precisava. Agora, eu só quero a prática.
- Estava pensando... Nós dois juntos formaríamos uma dupla de peso no The Ugly Truth. Daria muita audiência.
- E quem se importa com a audiência, Joseph?
- Você. É o seu trabalho.
- Não me importo com essas coisas. O importante é que você está aqui. E dessa vez, eu não o deixarei partir de novo.
- E você pensou que eu iria te largar logo agora que você se tornou minha por completo? – Joseph abriu um sorriso gigante e me envolveu com os seus braços fortes - Eu te amo, S..
Sorri, feliz ao ouvir aquela declaração.
- Eu também o amo, Joe. 


Fim.

Hello Gostaram dessa mini fic?! Eu amei postar ela aqui pra vocês.enfim comentem ta bjus.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dirty Talk. (parte 2)

Joseph’s POV

Mulheres... Tão complexas e tão difíceis de conviver. Quem diria que a primeira mulher que eu conheci na emissora e que havia me odiado à primeira vista estaria aos meus pés precisando de minha grandiosa ajuda para conquistar outro cara? Bom... Eu diria. Eu sabia que Savanna reconheceria meu valor. E agora, tudo que eu tinha planejado desde quando a conheci estava prestes a acontecer. Eu me aproximaria mais, invadiria seus sentimentos e a entenderia melhor do que qualquer homem nesta terra. Com essas circunstâncias, ela não poderia fugir. 
Ela se renderia e esqueceria os seus sonhos de príncipes encantados para encontrar um sapo. Mas um sapo que tinha se encantado com a sua personalidade cheia de defeitos e nutria algo por ela. Sim, não estranhe. Depois de três meses trabalhando com a cabeça-dura da minha produtora, eu encontrei nela algo que não via nas outras mulheres que me relacionei. Ela não me queria arduamente. E eu, nesse contexto segui o velho ditado: “Casa de ferreiro, espeto de pau.” Sim, eu sempre disse que conhecia tudo o que os homens queriam e caí na maior armadilha: Quanto mais desprezado, mais amarrado. 
Savanna me amarrou de uma maneira que nem eu, o maior expert, pude evitar. Sua inteligência, a dedicação com o trabalho, suas peculiaridades. Além de ser uma puta gostosa. Mas aí eu já vou partir para a minha atração física expressa em frases sarcásticas que ela nunca entendia, nunca se tocava. Ah, se Savanna soubesse... Mas eu estava disposto a mostrar. Só precisava sair do meu carro e entrar no seu prédio. Bom, esse era o primeiro passo.
Abri a porta e saí, travando o carro e caminhando pela rua estreita. Cheguei ao prédio e empurrei o portão que estava encostado, passei pelo hall, cumprimentei o porteiro, perguntando o apartamento de S.. Segui para o elevador e ele estava vazio. Demorou somente alguns segundos e já estava no quarto andar. Fui até a porta do apartamento 402 e toquei apenas uma vez a campainha. Ouvi alguns barulhos vindo de dentro e logo depois, a porta se abriu devagar, relevando Savanna, ou melhor, só sua cabeça.
- Merda, Jonas! – ela puxou meu braço, me levando para dentro rapidamente e eu fiquei sem entender. – Poderia ter mandado uma mensagem avisando que estava aqui. Achei que fosse o Philip. Imagina se ele me vê assim? – olhou exaltada para mim e indicou as suas vestimentas. Eu comecei a correr os olhos pelo corpo dela e foi quando eu finalmente vi que Savanna estava de roupão. Só que o substantivo estava no diminutivo. Ele só cobria até o meio da coxa e o seu nó amarrava na sua cintura, delineando-a mais do que o normal. 
Qual o problema dos homens que davam foras nessa mulher? Bom, eu acho que sabia a resposta, mas eu ainda não conseguia acreditar que o corpo não pudesse compensar a sua mania de querer tudo milimetricamente do seu jeito. 
E voltando à pergunta dela, eu não via problema algum no tal advogado encontrá-la daquele jeito. Estava ótima e por mais que os homens se importassem com o visual, ela estava em casa! Podia vestir roupão e continuar tendo chances com ele. Mas não era isso que eu passava paraSavanna, na verdade, eu dizia totalmente o contrário. Que se ela se vestisse fatalmente, vestida para matar de tesão todos os homens que ela encontrasse no seu caminho. 
Mirei o rosto dela e ela me encarava estranha.


- O que tanto você olha no meu corpo, Joseph? – ela juntou suas sobrancelhas.
- Preciso gravar essa cena. Minha chefa me recebendo em sua casa, de roupão.
- E o que há de relevante nisso? – Savanna pôs as mãos na cintura.
- O fato de que você está sem roupa alguma por debaixo dele. – dei um sorriso insinuante para ela e comecei a me aproximar mais, à medida que ela ia andando para trás, tentando bloquear qualquer proximidade. – E que só um laço me impede de te ver nua, S.. Isso não é relevante para você?
Pude ver que Savanna estava imersa na conexão visual que nós dois fazíamos. As palavras rudes e cortantes que eu esperava sobre meus comentários picantes não vieram. Ela só me olhava e andava para trás, até se chocar na parede da sala. Estava cercada e eu pus meus braços em volta dela, enquadrando-a. O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Savanna me olhou profundamente, como se tivesse saído de um transe e percebido a situação que ocorria ali. Ela simplesmente levantou a mão e deu um tapa na minha cara.


- É melhor você parar de me assediar. – ela disse me fuzilando com os olhos. Eu a desprendi, colocando uma mão na face e ela saiu de perto da parede.
- Eu só estava testando a sua reação nesses casos. Vai que o advogado te intercepta assim? Você tem que estar preparada! – eu disse cínico paraSavanna, mentindo novamente, escondendo as minhas intenções. – Definitivamente, você não sabe seduzir um homem, Savanna. O que se seguia era um beijo ardente e cheio de desejo. Não uma agressão.
- Eu sei como seduzir, eu só bati em você porque eu tinha esse desejo reprimido. – ela falou e logo se tocou o sentido que as palavras davam à sua frase.
- Desejo reprimido por mim? A gente resolve na cama, não aqui. E lá você pode me bater quando quiser. – sorri de canto. Savanna não me respondeu, só fez lançar um olhar de desafio e rumou para outro cômodo que eu supus ser seu quarto. Deixando-me sozinho na sala com meus pensamentos.

Depois de esperar alguns minutos e nada de Savanna aparecer, me permiti sentar no sofá enorme da sala dela e liguei a televisão. Rolei pelos canais, sem achar nenhum programa interessante e então abaixei o volume, só deixando a imagem passando.
Um barulho que eu reconhecia ecoou na sala. Saltos batendo no chão. Aqueles saltos que batiam nervosos quando eu tirava minha produtora do sério. Agora o barulho era leve, mas não foi inaudível. Virei meu pescoço e encontrei Savanna, com os cabelos soltos e caídos em ondas nos seus ombros e usando um vestido vermelho que realçava seus seios e suas pernas. Ela continuava com sua face de desafio, mas esperava um veredicto meu.


- Bem mais sensual, só que com mais roupas. Nada legal. – eu fiz movimento de negação com a cabeça.
- Mas é só para chamar a sua atenção, mais tarde você pode tirá-lo. – Savanna disse sedutora e eu não pude evitar que minhas sobrancelhas levantassem incrédulas, assim como eu levantei do sofá.
- Ora, ora... Agora ela está fazendo piadas eróticas. Que evolução. – exclamei e Savanna veio andando devagar na minha direção, sem tirar os olhos de mim. Aquilo era estranho, mas eu gostava.
- Estranho seria se eu não evoluísse com um professor tão renomado. – agora era a vez de Savanna se aproximar de mim, me deixando estático. Ela levou sua mão esquerda até meu pescoço e começou a alisar a região. Eu não pude evitar que um arrepio surgisse por todo o meu corpo e eriçasse meus pelos, mostrando a minha reação corporal para ela – Hum, você gosta disso?
- Quem é você e o que você fez com Savanna Meester? – eu disse baixo e Savanna estava mais próxima, com nossos narizes a poucos centímetros de distância.
- Não mude de assunto. Você gosta não é? – a mão dela desceu pelo meu peitoral, arranhando o local com suas unhas – Isso te excita.
- Talvez. Não é muito difícil me deixar vulnerável assim. – eu apontei para baixo, indicando o volume na minha calça.
- Eu gosto de te deixar assim. – sussurrou, deixando sua respiração bater em minha boca. 
Não sei se Savanna tinha realmente entrado numa personagem ou estava falando a verdade. Se for a primeira opção, além de produtora, ela era uma ótima atriz. E eu estava caindo no joguinho sedutor dela. Foi como eu mesmo disse, não é muito difícil me sentir excitado e louco por Savanna. Ainda mais daquele jeito, tão perto.
- Sério? – eu perguntei, envolto na situação. Savanna me analisou de cima a baixo e começou a criar um sorriso.
- Bobinho! – ela disse gargalhando e minhas esperanças se esvaíram com o repentino afastamento do corpo quente de Savanna e o toque da campainha. Ela foi correndo até a porta, mandando eu me esconder. Concordei chateado, fui para o corredor e antes que ela pudesse abrir a porta, eu sussurrei:
- Não seja fácil demais. – ela balançou a cabeça em afirmação, puxando a maçaneta no mesmo momento em que eu me escondi, apurando meus ouvidos, tentando decifrar a conversa.
Coloquei minha cabeça um pouco para fora e vi um homem, deveria ser o tal cara que Savanna queria pegar. Bufei e voltei ao meu lugar, porém ouvindo outra voz de homem. Eram dois homens! Como assim? Ela iria fazer um ménage e não me chama? Calma... Savanna nunca pensaria numa coisa dessas, ainda mais sem ter saído com ele. Então porque tinha outro homem lá? Comecei a pensar e devanear, mas depois de alguns minutos, ouvi a porta batendo e Savanna se jogando no sofá, toda largada. Saí do meu esconderijo e fui até ela.
- Dois homens, né? Achei que a mulher fatal era só uma personagem. – ri fraco.
- É o fim, Joseph. – Savanna ignorou a minha insinuação e falou desanimada.
- Por que essa desanimação? Até alguns minutos atrás, você era uma mulher sexy, segura e decidida. Voltou à realidade?
- Qual o sentido de ser sexy se eu não vou pegar homem nenhum? – ela me olhou indignada.
- O que foi que o maldito advogado disse para você, Savanna? – eu me exaltei, perguntando exacerbado. 
- Ele não me disse nada. Eu vi e percebi. – ela me olhou, cansada – Bem que você disse, não é? Sempre me surpreendo com a exatidão de suas palavras.
- Espera um momentinho... – eu gesticulei e pensei por um milésimo, já descobrindo o que era e fazendo uma cara de entendimento – Ele é realmente gay?
- Além de gay, ainda é comprometido. – eu segurei um riso, porém Savanna percebeu e me fuzilou com seus olhos castanhos. – Ele tem uma aliança! Como eu não vi a maldita?
- Provavelmente, quando você está cega pela vontade de desencalhar, sua neurose e percepção vão para o espaço. – eu comentei, mas não dei nenhum sorriso, como se aquela frase fosse algo sério, mas não passava de uma piada. Savanna sorriu sem humor e se levantou do meu lado.
- Vá para casa, Joe. Obrigada por toda sua disposição em me ajudar, mas acho que não preciso mais de conselhos masculinos. – eu nunca tinha visto minha produtora daquele jeito, acho que estava cansada de ver seus planos amorosos e irreais indo novamente por água abaixo. Eu a ouvi me chamando pelo meu apelido, coisa que ela nunca tinha feito. Era um sinal de fragilidade, obviamente. Um pedido de arrego, desistência. Ou um pedido sutil para que eu a consolasse.
- Hey, S.... – levantei rapidamente, ficando na frente dela – Você está muito desanimada. Caramba! Vocês nem tinham saído ainda, só são vizinhos há alguns dias e ele já te deixa nesse estado... 
- Você não entende, Joseph. Você diz em alto e bom som que conhece os homens e mulheres e que sabe tudo sobre relacionamentos, mas você nunca vai saber de verdade.
- Não vou saber de quê? Que você espera demais dos homens e quando encontra um que se encaixe no seu perfil, perde a razão e se joga com tudo em algo que não passou de um fruto da sua imaginação? – ela ficou sem palavras porque eu tinha tocado na sua ferida novamente, mas de uma maneira mais invasiva e direta. 
- Você se perde no seu mundo onde os homens são perfeitos e cheios de estereótipos que você cria e para de enxergar a realidade. Existe um homem que não é do seu tipo, mas que gosta da sua maneira de ser, Savanna! Que te aceitaria sem essas malditas aulas que eu te dou. Exatamente do jeito que você é.
- É mesmo? E onde está ele? Por que eu ainda não o conheci? – ela me mirou questionadora.
- Se você abrisse seus olhos para aquilo que está bem na frente de sua fuça, não estaria se perguntando isso, S.. – eu disse, acusando-a e ela arregalou os olhos. Ficou procurando palavras, gaguejou algumas, mas nada saiu da sua boca - Será que você nunca percebeu nada diferente quando nós dois ficamos juntos? Será que nunca se tocou do que eu sinto por ti?
- Do que você está falando? 
- Estou falando das vezes que eu jogava indiretas para você, dizendo que queria algo. Das vezes que eu me esforçava para estar nos locais que você estava.
- Você me manda indiretas porque você é um homem sem papas na língua, Joseph. Além de adorar brincar com sexo, principalmente comigo, que desprezava esse seu comportamento.
- Desprezava? Então não despreza mais? – indaguei, levantando uma sobrancelha.
- Eu simplesmente me acostumei. – Savanna disse, porém não parecia segura de suas palavras.
- Você se acostumou, porque gosta disso. Gosta das minhas insinuações, do meu machismo desmedido. 
- É uma piada? – ela riu e botou as mãos na cintura.
- Não... Porque isso te faz bem. Aumenta seu ego, mas você é muito orgulhosa para assumir e ceder. Só que eu estou desistindo nesse exato momento. Não dá mais para fingir, S..
- Eu não... – coloquei meu dedo indicador sobre os lábios vermelhos e carnudos dela.
- Não fale, apenas ouça. – encostei mais nossos corpos – Eu venho esse tempo inteiro escondendo meus sentimentos. Fingindo te ajudar e te dando conselhos pra encontrar outro homem. Só que não daria certo, porque você estava moldando outra mulher e não você mesma. Um dia, a máscara cairia e aquele que estivesse ao seu lado correria na primeira oportunidade. Você também correria, S.. Mas sabe para onde você iria? – esperei ela refletir e vi nos seus olhos, o entendimento.
- Para você. – ela disse baixo, quase inaudível e não olhou para mim. Eu levantei seu queixo e ela me encarou, mesmo relutante.
- Sim, para mim. E isso não é falta de modéstia, é apenas a verdade. Você sabe que eu te daria a melhor direção a se seguir. Porque eu te conheço, S.. Aprendi a te entender porque eu simplesmente me apaixonei por você.
- Você está equivocado, Joe.
- Não estou não. Você encontrou em mim um lugar para se apoiar, algo que nem a Sel te dava. – eu alisei sua bochecha levemente com meu polegar – Olha só, você até me chama pelo apelido. Quer mais sinais de que você também está se envolvendo? Deixe o momento te levar... – e então encostei nossos lábios levemente e antes que Savanna pudesse me repelir, findei o beijo. Nos primeiros segundos, foi lento, ficamos apenas provando o gosto um do outro, mas logo depois, eu pedi permissão para que nossas línguas se encontrassem, fazendo nossas bocas se encaixarem, junto com os nossos corpos quentes. Não durou muito tempo até que ela se afastasse e empurrasse meu peito.
- Por favor, Joseph. – ela me olhou, com um olhar suplicante e ainda com a respiração falha – Vá embora.
Tocado com as palavras dela, afastei-me, mas não quebrei nosso contato visual.
- Eu vou, Savanna. – eu virei às costas para ela, mas quando cheguei à porta, voltei para sua direção de novo – Espero que seu orgulho e o seu medo sejam seus conselheiros sexuais essa noite. E nas outras que vierem.
Saí sem olhar outra vez para trás e bati forte a porta da sua casa.

Joseph’s POV
Duas semanas tinham se passado desde aquela noite em meu apartamento. Joseph tinha ido embora deixando milhões de pensamentos confusos dentro de minha mente e eu não consegui organizá-los muito bem. Aquilo me matava, eu odiava as coisas fora do lugar, sem uma definição. Era exatamente dessa maneira que eu me sentia. Indefinida. Não sabia o que queria, o que sentia, só sabia que era intenso. O toque do corpo dele no meu era intenso, tudo que nos cercava era assim.
Era quase impossível evitar o meu comentarista, afinal eu tinha que ordenar o programa, entregar seus scripts, participar de reuniões. E cada vez que eu me encontrava com Joseph, eu evitava olhar nos seus olhos, evitava qualquer toque e ele me tratava igualmente. Como se nada tivesse acontecido, como se a tensão sexual entre nós não estivesse lá, viva e presente.
Eu a ignorava e reprimia. Parecia uma adolescente se descobrindo na puberdade. Orgulhosa, porém curiosa. Meu orgulho era a coisa mais terrível na minha personalidade, pior até mesmo que minha mania de controle. Só que eu percebi, depois desses 15 dias, que ele não me levaria a lugar nenhum. Só para longe de Joseph e o meu inconsciente gritava para que eu não deixasse isso acontecer. Eu queria a sua presença, sua risada sarcástica, seus comentários, suas cantadas. Eu não podia deixar que ele esvaísse pó entre meus dedos. Joseph me fazia bem, um bem que eu nunca imaginaria sentir com homem algum. Só com ele. Talvez ele fosse a pessoa certa e eu estivesse aqui, enganando a mim mesma e sofrendo com algo que poderia ser evitado. Sou mesmo a maior idiota do planeta.
Estava no estúdio, caminhando de um lado para outro, indicando onde as câmeras deveriam focar e botando o comercial nas horas devidas. O quadro de culinária estava acabando e logo depois, seria a vez da previsão de tempo, com o novo apresentador. Estava nervosa, mas não por esse motivo. Após o tempo, seria The Ugly Truth. Aí morava o problema: Joseph não tinha chegado ainda e eu já estava me estressando com isso. O cozinheiro desceu do palco e a atenção das câmeras voltou-se para os apresentadores principais que chamaram a previsão do tempo. 


- Vamos esperar mais dois minutos, se Joseph não chegar, colocamos o comercial e cortamos o quadro de hoje. – falei instruções para meu assistente no microfone preso na gola da minha blusa. No mesmo momento, o comentarista entrou no enorme estúdio, sendo seguido pela maquiadora. Não pude descrever minhas emoções, uma mistura de raiva com alegria e uma vontade de esganá-lo. Joseph praticamente se jogou na cadeira do camarim, de frente a um espelho e a mulher começou a limpar o suor de sua testa. Fui andando rapidamente até ele e me pus na sua frente.
- Com licença, Savanna. Estou me olhando no espelho. – ele falou cínico e eu sorri irônica.
- Onde você estava? – apertei os papéis do roteiro dele em minha mão com raiva.
- Resolvendo alguns problemas com o diretor. – o homem falou, me encarando profundamente.
- E que problemas são esses que não passam por mim? Ou esqueceu que eu ainda produzo a merda desse programa? – eu falei, segurando a voz para não me alterar.
- Olha só, senti falta do seu ódio. Porque ultimamente, você não vem demonstrando seus sentimentos por mim, não é? – ele soltou e me olhou desafiante. – Só indiferença. 
- Tenho meus motivos, mas eu ainda sou profissional o suficiente para debater com você problemas relacionados à emissora.
- Não esse problema, Savanna. – Joseph me encarou e sua expressão relaxou, mas não deixou de ser irônica – Pare de querer dominar tudo à sua volta.
Ouvi o chamado pelo fone de ouvido, indicando que a previsão acabara e mandei chamar o comercial.
- Você tem um quadro para apresentar. – entreguei os papéis com o script e ele pegou, tocando nossas mãos, causando uma reação em nós dois. Ele me olhou e eu pude ver vários sentimentos ali, mas o pior deles foi a tristeza. Desviei o olhar e soltei as folhas. Joseph olhou as páginas e depois, largou as mesmas em cima da bancada cheia de escovas, algumas maquiagens e afins.
- Hoje não, Savanna. O quadro é por minha conta. – ele levantou e saiu rumo às cadeiras do set, sentando próximo aos apresentadores. Não sorriu como sempre fazia, apenas ficou esperando a filmagem começar. Eu andei para o fundo do estúdio, onde ficavam as televisões com vários ângulos das câmeras. Sentei perto do Taylor, meu assistente de dezoito anos que estava estagiando. O jornal voltou e os apresentadores falaram algumas coisas e enfim, chamaram por Joseph.
- Coloque a imagem da logomarca de The Ugly Truth no telão, Taylor. – ele assentiu e clicou em alguns botões.
Eu comecei a assistir o quadro intrigada, pois a expressão divertida do comentarista não estava lá, nem a sua pompa. Ele estava estranho. Então ele começou a falar.

“Bom dia, queridos espectadores. Vocês devem estar estranhando a minha cara de desânimo, mas como esse é um quadro sobre a verdade e somente ela, eu não poderia fingir meus sentimentos para toda a cidade. Até porque eu cansei de esconder as coisas que eu sinto. E se isso eu fizesse, seria uma tamanha hipocrisia. Hoje não haverão frases feitas, nem conselhos sexuais. Teremos uma pequena conversa e algumas ponderações. Olhem só, como o bruto e grosso está falando bonito, hein? Tudo muda, meus caros amigos.”

Sentia de alguma forma que isso não estava indo por um bom caminho. Continuei a assistir e ouvir suas palavras.

“Há poucos minutos, eu estava com o diretor da emissora. Tivemos uma conversa franca e ele me ordenou que não fizesse isso que estou fazendo agora. Mas eu farei! Eu estou me demitindo. Na frente de toda a população que assiste o jornal. Não se perguntem o porquê ainda, eu explicarei.”

O que era aquilo? Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Demissão? Então esse era o grande problema dele? E porque ele não havia me informado disso?

“Acreditem se quiser, o motivo é uma mulher. Especificamente, a minha produtora. O cara machista e pervertido que se permitiu ser laçado pela mulher neurótica e iludida por caras que nem existem. Eu não tenho mais que fingir isso para ninguém e posso falar mal dela para todos, já que agora não temos mais nenhum vínculo, além de um sentimento muito bonito, mas que a mesma insiste em ignorar.”

Minha face ficou vermelha quando todos que estavam no mesmo recinto que eu, me lançaram olhares surpresos e alguns, furiosos. Eu não esperava que o Joseph fizesse aquilo. Fiquei boquiaberta e logo me levantei, indo para frente das inúmeras telas de TV e assistindo tudo, estagnada.

“Um dia, vocês me perguntaram, o que tinha acontecido para eu me tornar tão rude e sarcástico quando o assunto era a ala feminina. Eis que eu explico para vocês: decepções. Vagabundas que me passaram a perna porque pensaram que na minha testa tinha algo escrito como ‘Cabeça disponível para chifres’. Fui quebrando a cara e acreditem, passei um bom tempo da minha vida parecendo essas mulheres que precisam de livros de auto-ajuda para seguir com suas relações amorosas. É ridículo, não? Mas é a verdade.”

Joseph soltou um suspiro de cansaço e olhou diretamente para a câmera, transparecendo as emoções que se seguiam após tais palavras proferidas.

“Mas ela me deu uma esperança. Via nela uma faísca. E eu realmente não sabia porque ela me passava essa convicção. Talvez por ser inteligente e esforçada. Por ter uma beleza incomum e principalmente, por sua fragilidade escondida numa máscara perfeita. Máscara essa que não conseguia me enganar. Eu sentia que ela precisava de alguém fora dos padrões, mas que a entendesse melhor que a sua própria melhor amiga. Ela encontrou isso em mim. Assim como eu encontrei nela alguém que me mudou por dentro. Continuo sendo um grosso, pervertido. Afinal qual homem não é? Mas um pervertido apaixonado. Que infelizmente, não é levado a sério. Essa é a minha última carta na manga: me declarar na frente de todos e por fim, me demitir. Tomara que desse jeito, minhas ações e palavras surtam efeito dentro da cabeça-dura da minha produtora. Que agora, não é nada mais do que apenas a mulher que conquistou Joseph Jonas.”

Olhei para Taylor e mandei-o cortar as filmagens ao vivo, porque por um instinto maluco, eu comecei a andar freneticamente em direção ao set e invadi as câmeras, com uma expressão indecifrável até para mim mesma.

Joseph... – eu caminhei na sua direção e parei em pé do lado dele – Você enlouqueceu?
Eu não estava gritando, por incrível que pareça e nem nervosa. Eu só estava afetada com toda aquela declaração.
- Só se for por você, S.. – ele disse diretamente, arrancando alguns suspiros das mulheres que trabalhavam no set. Arregalei um pouco meus olhos, mas já esperava algo como isso de resposta. – Você me deixa louco e sabe disso. Desde aquele dia na sua casa, quando nos beijamos, eu te mostrei o que você causava em mim.
- Eu também devo estar louca. – balancei a cabeça negativamente.
- Por quê? Por sentir o mesmo por esse homem que não é seu príncipe encantado e perfeito?
- Por ter deixado tudo chegar a esse estado. Você se demitindo, por minha causa. Eu sou a causadora do fiasco desse quadro.
- Sério que você está se importando com esse maldito programa, enquanto eu me declaro para você? – ele me olhou decepcionado e eu percebi a besteira que tinha dito. Pensei que meus sentimentos eram muito íntimos para se conversar na frente de todos os empregados da emissora e imaginei uma maneira melhor de resolver nosso caso. A sós.
Joe, - olhei-o, implorando para que me entendesse e falando baixo – Será que nós podemos conversar isso em minha sala?
- Não, Savanna. – ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. – A palhaçada acabou. Você não quer assumir que me ama. Eu posso superar isso. 
Então, ele saiu do estúdio, com passos largos e sem olhar para trás uma única vez.
- Mas eu amo... – disse baixo o suficiente para que apenas eu pudesse ouvir.

xXxXx

Continua...

Anonimo: não,não a Selene não é a Selena é outra personagem.


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