quinta-feira, 25 de abril de 2013

Capítulo 11

Demi estava sentada em sua cama encarando as paredes do quarto. O despertador tocara no mesmo horário de sempre, indicando que já era de se levantar e ir à escola, mas Demi prometera a si mesmo que nunca mais voltaria naquele lugar. Não encararia aquelas pessoas cruéis e muito menos Joe, ela simplesmente não poderia suportar. 
__Demi?__ ela ergueu os olhos ao ouvir a voz da mãe e a avistou parada na porta. 
__O que foi?
__Levante e troque de roupa__ sua mãe disse em tom que deixava claro que não queria discussão.
__Eu não vou para a escola__ Demi respondeu, estava disposta a arrumar briga__ não volto naquele lugar nunca mais.
__Eu mandei você levantar e se vestir__ ela repetiu.
__Eu arrumo outra escola, qualquer outra, mas eu não volto naquele lugar, à senhora não pode me obrigar.
__Não vou te levar a escola, vamos para outro lugar, agora pare de discutir, levante e se vista. 
Demi levantou da cama desconfiada e encarou a mãe, não gostando nada daquilo.
__Aonde vamos então?__ ela perguntou.
__Eu vou levar você a um psicólogo.


Demi estava no consultório da psicóloga. Já fazia dez minutos que ela estava sentada encarando em silêncio a mulher a sua frente, não importava o quão incomodo aquilo fosse, ela se recusava a falar. Não devia estar em um psicólogo, como se tivesse algum problema da cabeça, como se fosse louca. Ela não conseguira convencer a mãe a mudar de ideia, então na falta de opção acabara concordando em ir, mas ninguém podia obrigá-la a falar com aquela mulher estranha, que lhe encarava por trás dos óculos enormes com um sorriso no rosto, como se tivesse todo o tempo do mundo. 
O silêncio era enlouquecedor, Demi podia ouvir os ponteiros do relógio se movendo e queria gritar. Até desejou que Selena estivesse ali tagarelando para lhe distrair, mas ela havia sumido misteriosamente, então não havia nada a fazer a não esperar. 
__Quanto tempo mais tenho que ficar?__ ela questionou sem conseguir se conter.
__A sessão é de uma hora querida, só passaram... __ ela olhou o relógio de pulso__ doze minutos.
__Isso é perda de tempo__ resmungou mal humorada.
__Não seria perda de tempo se você falasse comigo, é para isso que estamos aqui.
__Eu não tenho nada pra dizer__ Demi cruzou os braços, estampando em seu rosto sua melhor expressão de desafio.
__Você é quem sabe__ a doutora Roberts disse tranquila__ quanto mais tempo você demorar a se abrir, mais tempo teremos que passar juntas, mais sessões, mais perda de tempo__ ela deu de ombros__ eu serei paga de qualquer jeito, quem sai perdendo é você. Então porque não colabora e acabamos com isso de uma vez? Eu só estou aqui para ajudar você, não para te julgar.


A ultima coisa que Demi precisava era de mais alguém a chamando de louca, ou a olhando como se fosse uma. Mas talvez... Só talvez, falar ajudasse a melhorar a situação, talvez a doutora Roberts entendesse. O que custava tentar?
__Todo mundo pensa que estou louca__ ela sussurrou, sentindo os olhos se enxerem de lágrimas.
__Já disse que não estou aqui pra te julgar__ a doutora repetiu__ porque não me fala um pouco sobre sua amiga Selena?
__Ela morreu__ Demi murmurou, sentindo o coração se apertar__ eu a vi morrer.
__E o que você sentiu?
__O que eu senti?__ Demi a encarou zangada. Queria gritar com aquela mulher, tamanha calma estava começando a lhe tirar do sério. O que ela deveria ter sentido? Medo, desespero, tristeza... Mas enquanto ela olhava nos olhos da doutora percebeu que não era bem isso que ela estava perguntando__ eu senti culpa. Eu deveria ter... Eu deveria ter impedido de atravessar aquela ponte, devia ter convencido ela a ficar. Ou então ter ao menos tentado salvá-la. 
__O que aconteceu a sua amiga foi um acidente Demi, não havia nada que você pudesse fazer. Talvez seja essa sua culpa que esteja causando tudo isso. Você se sente culpada e sua mente criou essa ilusão de que ela ainda está aqui, de que tudo continua como antes, assim talvez você se sinta menos culpada. Isso é mais normal do que você pensa Demi, muitas pessoas que passam por uma situação como essa também tem esse problema, já ouviu falar de estresse pós traumático?
__Isso não é uma invenção da minha cabeça, não tem nada haver com estresse pós traumático... Eu realmente posso vê-la, não uma invenção, mas a realidade. 
__Você realmente acredita que ela está com você? O fantasma dela? É isso que você quer dizer?
__Eu sei que parece loucura, mas é a verdade.
__E ela está aqui com você agora?


__Não__ Demi negou, limpando algumas lágrimas que escaparam__ ela não fica comigo o tempo todo, as vezes ela some.
__E você sabe para onde ela vai quando some?
__Ela visita outras pessoas, embora eles não consigam vê-la.
__E porque você acha que é a única que consegue vê-la?
__Porque as outras pessoas não acreditam, elas não querem saber da verdade, não querem que seja real. 
A doutora parou por um instante para anotar algumas coisas e Demi percebeu que ela fazia perguntas tratando aquilo como algo real. Demi sabia que ela não acreditava, mas falava como se acreditasse, incentivando Demi a se abrir mais facilmente. Ela era boa naquilo.
__Sobre o que vocês conversam quando estão juntas?
__Às vezes é como se ela ainda estivesse viva, agente conversa sobre bobagens. Mas...
__Mas?__ a doutora sorriu, a encorajando a continuar.
__Ela quer minha ajuda, para resolver seus assuntos pendentes aqui... Para poder seguir em frente.
__Entendo__ ela concordou__ e que assuntos seriam esses?
__Ela me pede ajuda para falar com outras pessoas, já que eles não podem vê-la ou ouví-la... Como o namorado dela. 
E o resto da sessão se passou assim. Sem que percebesse, Demi acabou se abrindo com a doutora e contando tudo que vinha acontecendo, tudo que sentia, era bom poder colocar tudo aquilo pra fora. A doutora Roberts não a julgou, não disse que ela estava louca, só fez perguntas e ouviu. Quando encontrou sua mãe na saída do consultório, ela quase agradeceu por tê-la obrigado a fazer aquela consulta, mas parou no meio da frase quando olhou adiante e viu Joe parado perto da porta. As mãos enfiadas no bolso e um semblante de culpa.


__O que você está fazendo aqui?
__Eu queria saber como você está, não tem atendido minhas ligações.
__Porque eu não queria falar com você__ Demi respondeu grosseiramente.
__Sei que está chateada comigo, mas...
__Chateada?__ Demi deu uma risada sem humor__ eu pensei que pudesse confiar em você.
__E você pode.
__Posso?__ ela o desafiou__ então não foi você que me entregou para minha mãe? Então não foi graças a você que ela resolveu me obrigar a freqüentar um psicólogo como se eu fosse alguma espécie de louca?
__Eu estava tentando ajudar Demi, achei que te faria bem e...
__Você não sabe de nada. Você não me conhece... Você é um hipócrita Joe Jonas. E aquela história de “só porque não posso ver, não significa que não seja real”, não foi isso que você tinha me dito?
__Você não entende.
__Não, é você que não entende. Só... Esquece que eu existo.


Demi passou apressada por ele, não querendo mais olhá-lo. Mas antes que pudesse passar pela porta, Selena apareceu bem na sua frente, tampando a passagem. Demi interrompeu o passo, encarando a amiga que estava desaparecida desde o dia anterior.
__Demi, você precisa ouvir o Joe.
__Saia da minha frente__ ela sussurrou.
__Demi?__ ela ouviu sua mãe chamar.
__Você precisa perdoá-lo, ele só queria ajudar. Ele tem seus motivos para...
__Eu não quero ouvir__ ela gritou tampando os ouvidos, tinha noção de que isso não ajudaria em nada a provar que não estava louca, mas de repente ela não queria mais ouvir, não queria outras pessoas lhe dizendo o que fazer, o que sentir, o que era real e o que não era__ saia da minha frente.
__Demi, você precisa me escutar__ Selena insistiu.
__Eu não quero ouvir, eu não quero saber... ME deixe em paz, me deixem em paz todos vocês... Por favor. 
Ela percebeu em meio ao momento de desespero que tremia, todo o seu corpo tremia e lágrimas desciam de seus olhos... Ela não podia se controlar. Ouviu vocês ao fundo, sentiu braços ao seu redor. Algo pontudo entrou em seu braço e antes que pudesse entender o que estava havendo, o mundo girou e tudo ficou escuro.


Quando Joe finalmente chegou em casa, nunca se sentira tão mal em sua vida. Ver Demi naquele estado tinha acabado com ele, a ultima coisa que queria era magoá-la, causar-lhe algum mal, só queria vê-la bem, vê-la sorrindo outra vez. 
__Hey, você viu a Demi?__ Nick saiu da cozinha, com um sanduíche na mão e sentou no sofá diante dele__ como ela está?
__Ela teve um ataque na saída do consultório__ ele murmurou cabisbaixo, relembrar o fazia sentir-se ainda pior__ dois médicos tiveram que agarrá-la e sedá-la. Vai ficar no hospital essa noite, em observação... A situação não está muito boa.
Houve um longo silêncio... Longo demais. Joe ergueu os olhos para fitar Nick, ele tinha largado o sanduíche sobre a mesa e parecia fazer força para manter a calma, mas seus olhos estavam ferozes... Zangados.
__Espero que esteja feliz__ ele cuspiu as palavras__ sabe que você é o causador disso não sabe?
__Está me acusando? Tudo que tentei fazer foi ajudar.
__Teria ajudado se acreditasse nela. Porque fez isso Joe? Eu não entendo você... Quando ouviu a história sobre ela ver a Selena pela primeira vez, você tentou me convencer a levar tudo numa boa, tentou me convencer de que ela não era louca e agora faz isso.
__Era uma situação diferente, eu achei que ia passar e...
__Você é um idiota.
__E você é um hipócrita__ ele se ergueu do sofá zangado__ Você passou um ano inteiro sem olhar na cara da Demi, sem falar com ela. Acusou-a de estar louca quando ouviu a história pela primeira vez... Você não tem direito de falar de mim.


__A diferença entre nós dois, querido irmão, é que eu percebi que estava errado. Eu dei a ela uma chance de me provar que estava falando a verdade e fiquei ao seu lado quando ela precisou.
__Você se deixou levar pelo desejo de que Selena ainda estivesse aqui. Sei que a ideia é sedutora, que é bom pensar desse jeito, sei que sente falta dela, mas alimentar essa loucura...
__Você devia calar a boca__ Nick o interrompeu__ só cale a boca Joseph. Eu juro que não te entendendo. 
Ele se interrompeu um segundo e ficou encarando Joe em silencio, o analisando. Joe respirou fundo tentando se controlar.
__Porque a culpa?__ ele perguntou de repente, deixando Joe confuso.
__O que? Do que está falando?
__Eu reconheço a expressão de culpa quando a vejo. Vi no rosto de Demi, e em mim mesmo toda vez que olhava no espelho. Nunca tinha parado para reparar em você, já te vi chorar por causa dela, mas a maior parte do tempo era você quem tentava me animar, mas agora olhando para você eu vejo... Você se sente culpado também. Porque Joe?
__Eu não sei do que você está falando__ ele disse apressadamente, nervoso.
__Porque está sendo tão difícil? Do que você tem tanto medo?
Joe sentiu o coração disparar no peito, a lembrança que ele tentava reprimir o sufocando aos poucos, ele fraquejou.
__Eu não posso fazer isso... Não posso acreditar, não posso... Não posso lidar com isso.
Então saiu correndo, sem dizer mais nenhuma palavra e se trancou no quarto. Nick ficou encarando as paredes por um tempo, tentando entender, tentando imaginar o motivo da reação do irmão, mas não conseguia entender... O que o incomodava tanto? 

Fim do Capítulo

4 comentários:

  1. PERFEIITO!!!! ta liindo flor!!
    Posta logo flw?? :))
    bjokas

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  2. Awww vou chorar :( mto perfeito cara, posta logo amr. xx

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  3. Voce queria me enlouquecer? Demorou muito ... Mas valeu a pena esperar.
    Lindo . Perfeito . Amei .
    Posta logo por favor

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  4. Jo seu idiota, coitada da Demi a culpa é toda dele rum! Espero q eles se acertem, eu queto saber o que incomoda ele... Quero mesmo saber!
    Posta logooooo!

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