terça-feira, 16 de outubro de 2012

Twenty Nine



Hello, hello

Anybody out there?
'Cause I don't hear a sound
Alone, alone
I don't really know where the world is but I miss it now ♫♪


Eu tentei ocupar minha mente com o trabalho para esquecer dos problemas, mas não conseguia me concentrar, não conseguia fazer nada direito. Fiquei encarando o telefone, preso entre a vontade de ligar para Demi e pedir desculpas e a certeza de que aquilo não faria a menor diferença, eu tinha estragado tudo. Sentado no meu escritório, olhando aquele monte de papéis sobre a mesa eu percebi que não sabia mais o que fazer com a minha vida, não tinha mais vontade de trabalhar, não queria ir pra casa e encarar a raiva do meu filho ou a tristeza da minha filha. Eu estava me sentindo tremendamente vazio.
Até meus amigos me tratavam diferente. Peter estava com raiva de mim, ou simplesmente decepcionado, não fazia muita diferença, mas não ele falava comigo desde aquele dia que discutimos em minha casa e eu tomei minha decisão de deixar a Demi de vez. Hoje ele não viera trabalhar e Selena tinha ido embora mais cedo, eu não acreditei que ela estava passando mal, mas a deixei ir mesmo assim. Ela tentava disfarçar, mas eu via como me olhava com pena e ao me olhar no espelho eu percebi que estava mesmo digno de pena, parecendo mais um zumbi. Perguntei-me quando exatamente eu tinha ido parar no fundo do poço, em qual momento exatamente eu me deixei chegar a esse ponto. Eu já não me reconhecia mais.
Depois de um bom tempo encarando os papéis sobre a mesa sem conseguir trabalhar realmente resolvi ir para casa. Chamei um táxi, andava tão distraído que preferia não me arriscar dirigindo por ai. Quando cheguei, esperava encontrar Matthew emburrado no sofá, ou ouvir alguma musica alta vindo do segundo andar, já que nos dois últimos dias ele resolvera descontar sua raiva de mim na musica. Ou então esperava ver Manuela correndo pela casa ou até mesmo chorando em algum canto, mas quando entrei em casa só havia um grande silencio.
Deixei minha pasta no escritório, depois subi até o segundo andar pra procurar por Matt e Manu. Os quartos estavam vazios, literalmente. Eles não estavam lá e nem as suas roupas, as portas do guarda roupa de Matt estavam abertas e pude ver que boa parte das roupas não estava lá, o mesmo no quarto de Manuela. Primeiro me desesperei achando que tinham fugido, mas ai o meu celular começou a tocar e vi que era Peter.

__Peter__ eu disse apressado__ o Matt e a Manu, eles...
__Estão comigo__ me interrompeu antes que eu continuasse.
__O que? Você os levou?

__Matt me ligou hoje cedo, ele disse que não queria mais ficar ai, que queria dar um tempo longe de você e dessa confusão e perguntou se ele podia ficar aqui em casa com o Diogo__ ele explicou__ eu achei uma boa ideia e trouxe a Manu também, acho que ela precisa ficar longe de toda essa energia ruim, ela estava muito triste. Desculpe não ter aviado antes.

__Meus filhos queriam ficar longe de mim?
__Desculpe Joe__ ele sussurrou__, mas você mesmo procurou isso. Deixe-os ficarem aqui por enquanto, vai ser melhor pra eles, sabe que eu e a Molly vamos cuidar deles como se fossem nossos filhos.
Pensei em discutir com ele e mandar que trouxesse meus filhos de volta, mas a voz fugiu. O que eu poderia dizer? Ele estava certo, eu estava fazendo mal para os meus filhos, para todos a minha volta.
__Sinto muito Joe.

Então a ligação caiu.
Olhei para o quarto de Manuela, os seus brinquedos todos arrumados, e letra da canção de ninar que Rachel escrevera e me senti novamente vazio e sozinho. Eu tinha afastado todos que eu amava, tinha chegado a um ponto em que eles não agüentavam mais conviver comigo, como foi que isso aconteceu? Eu não sabia dizer, mas uma coisa eu sabia... Eu estava completamente sozinho.
Os dias foram passando lentamente.
Eu não voltei ao trabalho depois daquele dia e não via ninguém além dos meus empregados. Nada de telefonemas ou visitas, eu não tinha mais uma vida. O que mais doía era a ausência dos meus filhos, até mesmo as brigas com o Matt o tempo todo faziam falta, qualquer coisa era melhor que aquele vazio. Eu estava tentando resistir, afinal eu tinha estragado todas as minhas chances de ser feliz, não tinha mais volta, mas a cada dia que passava, cada vez que eu olhava em volta e não via ninguém eu percebia o quão idiota eu tinha sido.
Noite passada eu tive um sonho, diferente dos outros. Rachel estava lá, mas me mandava seguir em frente. Eu estava tentando não pensar nisso, evitando esses sentimentos e a razão, mas quando Peter apareceu com Matt e Manuela para me fazer uma visita foi que tudo desmoronou. Matt claramente tinha vindo obrigado, me deu um oi seco e cruzou os braços, ficou em um canto da sala sem me olhar o resto do tempo. Manuela pelo menos, correu e me abraçou. O gesto me fez querer chorar.

__Achei que estaria com saudade deles__ Peter disse__ por isso viemos fazer uma visita.
__Obrigada__ foi tudo o que consegui dizer.
Ele deu um meio sorriso, Manuela parecia à única alheia ao clima estranho na sala.
__Como você está?__ ele perguntou.
Mordi o lábio para não falar, eu me sentia a pior criatura da terra e vendo o meu filho agora, sem nem querer olhar na minha cara eu estava começando a ter raiva de mim mesmo por ser tão estúpido. A culpa daquilo não era de ninguém, só minha.
__Eu estava com saudade papai__ Manuela disse, me salvando da pergunta.
__Eu também princesa.
__Onde está a mamãe?__ ela perguntou e senti um nó na garganta, um aperto no coração__ ela não voltou?
__Eu disse que a Demi não ia voltar__ respondi o mais tranquilamente que consegui.
__Mas eu estou com saudade dela, porque a mamãe...
__Ela não é sua mãe Manuela__ a interrompi incomodado__ eu já te expliquei isso.
__Mas...
__Eu já disse, ela não é sua mãe.
Eu não gritei, não alterei o tom de voz, embora fervilhasse por dentro com milhões de emoções. Eu não suportava ouvir Manuela chamar Demi de mãe, no começo porque aquilo me lembrava de Rachel e que ela estava morta. Agora me incomodou por outro motivo, porque percebi que estraguei tudo com minha burrice e minhas duvidas e aquilo nunca seria verdade. Eu tinha perdido a melhor coisa que me aconteceu em tantos anos.

Manuela me encarou e seus olhos se encheram de lágrimas, ela se afastou de mim e saiu correndo.
__Bom trabalho Senhor Jonas__ Matt disse debochado e foi atrás da irmã.
__Precisava ter falado desse jeito? Caramba Joe, ela é só uma criança__ Peter me repreendeu.
Eu pensei em discutir com ele como sempre fazia, era minha resposta automática para me proteger da verdade, eu ia dizer que ele não entendia, mas percebi que o problema ali era eu. Estava tudo errado e de repente tudo aquilo que eu vinha tentando ignorar me atingiu como um soco e não deu mais para evitar. Abri a boca para dizer alguma coisa, me desculpar por tudo, mas minha voz não saiu.
__Joe__ Peter me olhou com espanto__ você... Você está chorando?
__Eu não queria magoar ninguém__ consegui dizer__ eu só estava confuso. Eu achei que nunca mais fosse amar alguém, achei que não tinha esse direito, que não podia mais ser feliz.
__Joe...
__Eu me sentia culpado. Por que... Porque eu não pude ajudá-la, Rachel sofreu, ela morreu e eu não pude fazer nada.
__Não foi sua culpa Joe, não tinha nada que você pudesse fazer, é como as coisas são.
__Ela... Ela disse pra mim quando descobriu a doença... Disse que eu devi deixá-la, que eu devia arrumar alguém que não me fizesse sofrer, alguém que me fizesse feliz__ a memória me veio à mente, da briga que tivemos quando ela me disse isso e como ela chorara e nada que eu fizesse pode ajudá-la a sentir-se melhor. Cortou meu coração vê-la sofrer e não poder fazer nada__ eu disse a ela naquele dia, prometi que nunca a deixaria, que ela era a mulher da minha vida e que nunca amaria outra pessoa. Eu prometi que ficaria tudo bem, mas... Ela morreu mesmo assim e eu não pude fazer nada.
__Não foi sua culpa Joe__ Peter repetiu.

__Doeu por tanto tempo__ as lágrimas desceram com mais força, eu sempre tentei ser forte, nunca deixei que ninguém me visse chorar, mas naquele momento não me importei, não tentei evitar. Eu precisava botar aquela agonia para fora ou ir sufocar, eu simplesmente não conseguia respirar__ e eu achei que seria assim pra sempre, eu não quis magoar ninguém, eu só estava confuso, eu... Eu sinto muito Peter, eu sinto muito.
Pela primeira vez ele me olhou sem palavras, sem saber o que dizer, nem críticas ou palavras de conforto, ele simplesmente me encarou com pena nos olhos. Então eu me abaixei no chão e chorei. Chorei como há tempos não chorava, como no dia em que vi minha mulher morrer e meu coração se partiu.

__Porque o papai está chorando?__ ouvi a voz de Manuela perguntar, mas não tive coragem de erguer os olhos para encará-la, a ultima coisa que eu queria era que minha filha me visse naquele estado deplorável. Eu já me sentia péssimo o suficiente. 
__Hum... Ele... Ele só... __ Peter gaguejou, sem conseguir achar uma boa resposta. 
__Ele está arrependido por ter te feito chorar Manu, ele não teve a intenção__ foi Matt quem respondeu. 
Ouvi os passos de Manuela se aproximando de mim, ela parou na minha frente e pos a mão no meu rosto. Fui obrigado a erguer os olhos e fitar o seu rosto através das lágrimas.
__Não chora papai__ ela pediu__ eu te perdôo. 
O gesto só me fez sentir ainda pior. Eu a puxei pra mim e abracei apertado.
__Me desculpa filha, eu sinto muito... Eu sinto muito. 
__Tudo bem papai. 
__É... __ ergui novamente os olhos e Matt tinha se abaixado no chão ao nosso lado__ está tudo bem. 
Ele deu um meio sorriso e então me abraçou também. 


Fim do Capítulo


oi geente deculpa a demora okay eu vou postar os selinhos amanhã ta gente prometo que posto mas é que agora eu vou estudar pra prova.pois é acreditem ou não minhas provas já começaram.

3 comentários:

  1. AAAHHHH QUE LINDO *UUUU* . AMEI ESSE FINAL!
    POSTA LOGO!

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  2. Woooooown o Matt é mt fofo ... E o Joe abriu o coração!

    Possta logoo

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  3. Que bom que ele teve alguma reação. Ele precisava botar pra fora toda a culpa.
    Amei :)

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