segunda-feira, 27 de agosto de 2012

One Night Only. -Parte 2-

Manhattan, 5 de dezembro de 2010.

Não, aquilo NÃO estava certo.
Ela tinha certeza que tinham marcado nove da noite. CERTEZA! No entanto, eram onze e quinze e cadê aquele inglês maldito?
Seu coração estava apertado, ela estava tensa e com vontade, para variar, de gritar. Há tempos não se sentia assim. Passara a semana inteira procurando o vestido perfeito, a maquiagem perfeita, os sapatos mais bonitos, o perfume ideal... E nem tinha cem por cento de certeza que ele iria.
E agora estava começando a desconfiar que estava certa. Ai, Murphy.
Primeira coisa: Passaram oito horas juntos e depois não se falaram por 365 dias. É muito, muito tempo.
Segunda coisa: O ano dele podia não ter sido bom. Ou, na verdade, podia ter sido ótimo, mas talvez ele tivesse conhecido alguém ou sei lá, esquecido dela por qualquer motivo, e não tivesse achado necessário aparecer e fazê-la de babaca.
Virou sua taça de vinho – estava querendo ser chique ou ficar posuda e bonita – e deixou o dinheiro sob o balcão.
Estava com vontade de chorar. Pensou, mesmo sendo um hippie maluco, que Joe fosse diferente. Ele esmurrou Derek e o chamou de filho da puta, sabe? Isso tinha que significar algo bom. Mas, para variar, estava errada.
O frio estava cortante do lado de fora do bar, mas não nevava. Colocou suas luvas e olhou para o céu, na esperança que alguns flocos de neve caíssem sobre sua cabeça, e seria o suficiente para lembrar ainda mais da noite de um ano antes. Sentiu seu celular vibrar, mas demorou eras para encontrá-lo dentro de sua bolsa gigantesca.


- Alô - atendeu rapidamente, sem olhar direito para o visor.
Teve a impressão que a pessoa já ia desligar.
- Alô? - ela disse um pouco mais alto.
- Demetria? - ouviu a voz que, mesmo um ano depois, conseguiria reconhecer de qualquer maneira. E seu coração acelerou idiotamente com isso.
- Joe? - disse rapidamente, mas não estava o escutando direito devido ao barulho. É, talvez nem fosse...
- Olha, acho que meu sotaque é inconfundível - ele riu.
- Onde você está?
- Demi? - ele gritou. - Olha, eu não tô te ouvindo direito! Eu estou no aeroporto...
- Aeroporto? - ela gritou de volta.
- Meu vôo atrasou, só vou poder aparecer... - e então a voz se foi.
- Joe? Joe? - Demi berrou do outro lado da linha, mas sua resposta foi o irritante "tu tu tu" do telefone. - Merda!
Discou rapidamente para a última chamada recebida.

"O telefone chamado está desligado ou fora da área de cobertura". 

- INFERNO! - gritou, quase tacando seu telefone à longa distância.
É claro que não ia dar certo esse encontro dos dois. Tudo bem, se ele estava no aeroporto, é porque pelo menos estava vindo, e isso iluminou seu rosto com um sorriso besta. Então ele se importava, ótimo. Precisava dar um jeito de falar com ele e saber quando conseguiria "aparecer".
Mas mesmo sem a neve, as ruas estavam congelantes, e ela resolveu ir para casa, porque ao que lhe parecia, não o veria naquele dia.
- Táxi - gritou para o primeiro veículo amarelo que apareceu, e felizmente, ele estava desocupado.
Discou para Joe sete vezes enquanto estava dentro do táxi, ouvindo The Corrs enquanto um motorista que parecia árabe cantarolava empolgado com um sotaque carregadíssimo e seu perfume de quinta categoria muito, muito forte.
Ótimo, uma crise de espirros era tudo o que ela precisava.

- Oi, aqui é o Joe. No momento não posso atender, mas você sabe o que fazer.

Biiiiiiip.


- Joe, é a Demi. Não sei onde você está e nem que horas vai chegar, mas estou entrando no meu prédio. Me liga assim que ouvir isso. Quer que eu te busque no aeroporto? Beijos e... Bom, feliz um ano vivos e inteiros para você - ela sorriu, como se ele fosse poder ver isso.
Ai, como era idiota.
Entrou no elevador e em poucos segundos, estava em seu andar. Lembrou-se do dia em que esteve ali pela primeira vez e sorriu. Um ano depois, só conseguia lembrar daquele dia como algo bom, inevitavelmente. Abriu a porta e jogou a bolsa em qualquer canto, tirando os sapatos altíssimos enquanto acendia a luz.


- AAAAAAAAAAAAH - gritou, tacando um sapato na direção do sofá.
- AI, PORRA! - já estava preparada para sair correndo, quando ouviu o grito e abriu os olhos.
- Joe? - berrou, colocando a mão no peito, devido ao enorme susto que tinha tomado.
Era ele. Vestia uma camisa branca dobrada até os cotovelos, jeans e seus casacos estavam jogados de qualquer maneira na poltrona preferida deDemetria. Como diabos estava ali? Dentro da casa dela - ok, dele, mas ainda assim - deitado no sofá, com os pés calçados em cima da manta, no escuro, como se fosse dono da porra do lugar?
- Porra, não se acende a luz na cara dos outros assim! - ele reclamou, coçando os olhos. Como ela não reparara que ele era assim... Tão gato? Era possível? - E isso doeu - ele jogou o sapato de volta, fazendo Demi desviar.
- MAS QUE MERDA É ESSA? - Ela gritou, depois de ficar em silêncio por alguns segundos, totalmente em estado de choque. - Você acha que pode invadir MINHA casa assim, colocar seus pés SUJOS na minha manta, bagunçar minha sala e ainda ME ENGANAR, dizendo que estava no... - ela parou, olhando para a cara de anjinho que o rapaz fazia. - Que cheiro é esse? - disse alto, e Joe sorriu malicioso.


- Eu imaginei que você pudesse estar com frio e puta comigo - Joe quase bocejou, sentando corretamente, depois lançou-lhe um olhar malicioso, esticando o braço para trás do sofá. Demi o encarou, nervosa, e o viu tirar uma garrafa grande e prateada dali. - Orgasmos múltiplos?
Ele disse, com um sorriso maroto nos lábios, fazendo a garota gargalhar e correr em sua direção. Joe também riu, levantando-se, mas quando ela se aproximou, pulando em cima dele, resolveu que poderia ter ficado sentado. Caíram desajeitadamente no sofá, de forma que ele perdeu o equilíbrio, e os dois pararam no chão, tendo ataques intermináveis de riso.
Joe sentou no chão, ainda rindo, e a puxou para perto dele, aninhando-a em seu colo.


- Eu senti sua falta - disse, sentindo as bochechas arderem. Ah, ótimo, era tudo o que ele precisava ter feito. Sentia-se um perfeito idiota.


Mas Demetria sorriu tão largamente que ele deixou de xingar-se mentalmente quando ela o abraçou com força e beijou seu pescoço, enquanto ele sentia seu perfume gostoso e sorria que nem um bobo. Ela também sorria idiotamente, ele sabia. Demi apoiou uma perna de cada lado do corpo deJonas, e ele a puxou mais perto pela cintura, até que ela encostasse seu nariz no dele.


- Eu também senti sua falta - ela disse, baixo, e os dois sorriram, e então, ela lhe deu um selinho e mordiscou seu lábio inferior.


Joe a segurou pela nuca, agarrando seus cabelos, e vendo que ela fechara os olhos, a beijou.
Não lembrava exatamente a sensação que beijá-la tinha lhe causado um ano antes. Mas definitivamente não era aquela. Quando suas línguas se tocaram, um arrepio lhe percorreu a espinha, e enquanto Demetria arranhava levemente sua nuca e retribuía o beijo calmamente, a princípio, ele sentiu seu coração disparar e a apertou com mais força contra si, apenas guiado pelos instintos e tendo uma certeza anormal de aquilo era o certo a se fazer.
Demi tinha pensado naquele reencontro. Tinha pensado e repensado, tinha quase ensaiado. Ela o encontraria, eles se abraçariam, beberiam alguma coisa, e em algum ponto de uma conversa animada, rolaria um clima, e ele a beijaria. No entanto, tudo tinha acontecido de trás para frente, e ela não conseguia sentir vergonha alguma disso, como aconteceria normalmente. As mãos firmes de Joe pressionavam seu corpo contra o dele, como se quisesse fundi-los em um só. O beijo, doce e calmo no início, estava profundo e acelerado, lhe causando arrepios, e uma sensação estranha de que tinham esperado demais por isso. Podia sentir seu coração batendo nos ouvidos. Ai, caramba.
Jonas, ao ouvir a respiração alta da garota, sorriu durante o beijo. Demetria teve vontade de rir, mas não o fez, e ele a segurou com força pela coxa, subindo a mão por sua perna descoberta, enquanto tentava se livrar do casaco enorme que ela ainda usava. Quando conseguiu, desceu em beijos pelo pescoço da garota, e enquanto ela arranhava suas costas por baixo da camisa, ele lhe deu um beijo no queixo, fazendo-a sorrir e mover as mãos para o botão de sua camisa, enquanto Jonas voltava a buscar vorazmente por seus lábios. Demetria não teve problemas com a camisa, que foi parar no chão em segundos, e ela mordiscou o lábio, distribuindo beijos pelo pescoço já arrepiado do rapaz, que a apertou com força e a levantou, pegando-a de surpresa. Os dois sorriram e cambalearam até a escada do duplex, sem partir o beijo.
Na curva da escada, Joe a prensou contra a parede e Demi envolveu sua cintura com as pernas, enquanto ele lhe tirava o vestido preto lindo que usava, e lhe beijava o colo, perto do sutiã rendado que ele achara incrivelmente sexy, mas não tinha tempo nem fôlego para comentar.
Aquela garota estava o deixando louco. Que merda era aquela?
Joe deu graças ao ver a porta do quarto aberta. Tateou o interruptor e o deixou à meia luz com toda dificuldade do mundo, enquanto Demetria mordia seu pescoço e arranhava sua barriga, perto da barra da boxer que estava à mostra. Ele sorriu malicioso e a beijou, enquanto ela abria o zíper e chutava os jeans do rapaz para baixo. Demi desceu de seu colo e o fez caminhar de costas até a cama. Ao empurrá-lo, no entanto, Jonas tomou um puta susto com a queda brusca no colchão.
Olhou para os lados, assustado, e encarou a garota que estava com as pernas ao lado de seu corpo.


- Cadê sua cama? – perguntou, ofegante. Ela deu uma gargalhada gostosa que o fez rir junto, mesmo sem entender.
Depois curvou seu corpo por cima do dele, e lhe deu um beijo rápido.
- Lembranças de um ano atrás – ela sorriu. – Acho camas muito impessoais depois de conhecer o poder de um colchão perdido no meio do quarto –Demi disse e Joe riu, virando seu corpo por cima do dela.


- Você é mesmo estranha – disse, e ela riu. Então Jonas tirou uma mecha de cabelo que tinha caído no rosto de Demetria. – E é por isso que eu vou com a tua cara.
Ao beijá-la novamente, Jonas conseguiu sentir o ritmo acelerado do coração de Demi, o que lhe causou um arrepio pela espinha e o deixou feliz por não ser o único ali com sérios problemas mentais e com vontades que já não conseguia mais controlar.
Não demorou muito para que suas peças íntimas tomassem rumos distintos do quarto, enquanto ele lhe distribuía beijos nos mais diversos lugares, e ela o arranhava de uma forma tão delicada, mas tão sexy, que ele quis que nunca parasse de fazer aquilo.
Quando Joe conseguiu achar um preservativo na mesa de canto de Demi (ela não tinha cama, mas tinha mesas de canto), ela lhe lançou um olhar meio ludibriado, que o fez sorrir. Não perguntou nada.
E então, os dois eram um só.
Sem problemas, sem traumas. Só o que tinham esperado, mesmo que não tivessem certeza disso, por 365 dias, 8,760 horas e 525,600 minutos. Ou talvez muito mais do que isso.

- Orgasmos múltiplos – Demi sussurrou, com sua cabeça apoiada no peito nu de Joe, e o garoto gargalhou.
- Obrigado, eu sei que sou foda, modéstia à parte – disse, rindo, e ela o estapeou. – Outch! Esse round vai ter sadomasoquismo? – perguntou, e a garota gargalhou, o empurrando para fora do colchão.
- Você é um gringo muito metido – Demetria disse, e Joe riu, sentando-se. – Eu estava me referindo à minha garrafa de café que você não deixou que eu provasse - disse, olhando-o com malícia, e Jonas riu.
- Foi você quem me atacou – ele respondeu, presunçoso. – O que só prova que eu...
- MEU CAFÉÉÉÉÉ! – Demi berrou, e os dois gargalharam.
- Folgada... – ele sussurrou, ficando em pé e caminhando até a porta.
- Ei, eu ouvi isso! – Demetria disse alto, fazendo o garoto rir, e quando voltou a andar, ela o chamou de novo. – Joe!
- O que é, dessa vez? – ele fingiu impaciência e Demi sorriu.
- Você realmente tem uma bundinha muito sexy – disse, fazendo-o gargalhar e voltar para cama, prendendo-a entre as pernas e a beijando.

- Um brinde à nós, que sobrevivemos por um ano depois do dia pseudo mais terrível da face da Terra – Demi disse, levantando uma caneca natalina, e Joe sorriu.
Os dois estavam sentados no sofá da sala dela, e Demetria vestia sua camisa. Eles tinham uma manta gigante jogada por cima deles, e o café, que ele teve que fazer de novo após mais uma certa... brincadeira na cama, fazia papel de champagne às quatro da madrugada.


- Um brinde à nós, que além de sobrevivermos a tudo isso, soubemos comemorar da melhor forma – ele a olhou malicioso, e os dois riram, brindando com as canecas tomando o líquido quente.
- Café às quatro da madrugada... Insônia é luxo, não? – Demi disse e Joe a lançou um olhar galanteador.
- E quem disse que eu vou deixar você dormir? – perguntou, malicioso, fazendo a garota rir, enquanto chegavam mais perto para um beijo que quase fora regado por uma chuva de cafeína.

- Eu achei que você não fosse aparecer – Demi disse baixo, enquanto Joe acariciava seus cabelos, deitados na cama. Ele sorriu.
- Você é maluca – ele riu igualmente baixo. – Eu contei os dias para voltar para cá.
- Não sabia que Nova York era tão melhor que Londres – ela respondeu, mordendo o lábio, e Joe riu, beijando sua testa.
- Qualquer lugar com uma garota estranha e várias doses de café fica melhor – ele respondeu, fazendo-a rir e lhe dar um selinho.
Naquela madrugada, nevou em Nova York.

Na semana seguinte, uma nevasca fez com que boa parte dos americanos de Nova York ficassem em casa. Cinco dias. Exatos cinco dias dentro daquele apartamento, sem sair para absolutamente lugar algum. Joe e Demetria dormiam até tarde, almoçavam massas que ela adorava cozinhar, tomavam litros de café e vodka por dia, passavam horas conversando, jogando videogame, assistindo seriados de comédia e na maior parte do tempo, se beijando e aproveitando o colchão, o tapete, o sofá, o box do banheiro, a bancada da cozinha, a escada de emergência e alguns outros lugares para... Você sabe.
Nesse pouco espaço de tempo, Demetria teve a sensação de conhecia melhor Joe que qualquer outra pessoa. E ele tinha a mesma impressão. Ela sabia das histórias de infância, de seu pânico por aranhas, que seu sabor de pizza preferido era mussarela e quais eram suas fantasias (na cama) e seus objetivos (fora da cama). Joe sabia que Demi não podia ser acordada antes das dez da manhã, à não ser que ele quisesse ter dois sapatos e um despertador jogados em sua direção, sabia que ela tinha pavor de música country, por ter nascido no Texas, que sabia andar à cavalo (ele soube se aproveitar dessa confissão), que assinava todas as revistas de moda dos Estados Unidos e que gostava de massagem nos pés e beijos na nuca.

Mas, com o fim da nevasca e a abertura dos aeroportos, chegara o dia que eles esperavam, mas não queriam que chegasse.
Joe precisava voltar para a Inglaterra.
Ele tinha lhe prometido que voltaria a morar nos Estados Unidos, mas ainda estava ligado a seu emprego e a papelada, que já estava bem encaminhada para sua volta, ainda demoraria duas semanas para ser finalizada, ele estava no país com visto de turista.
Tinham conversado vagamente sobre a situação que viviam e sobre seu relacionamento repentino. Demi sabia muito bem do pânico que Jonas tinha de relacionamentos sérios. O cara tinha dito com todas as letras que não acreditava no amor, poxa! Mas como ele era lindo! E incrível, e como todas suas atitudes contradiziam com esse pequeno fato! Ela preferiu não pressionar. Combinaram que, assim que ele voltasse, decidiriam o que fariam.
Mas eles se gostavam, e muito, isso estava na cara. E pelo menos essa certeza ela tinha.
Ele, novamente, não a deixou ir até o aeroporto.
Demi assistiu Joe entrar no táxi em meio à neve. Ele se despedira dela na porta do apartamento. Ela estava com lágrimas nos olhos e com vontade de gritar, correr até lá embaixo e fazer uma típica cena de filme americano.
Só queria que ele olhasse para cima.
Ele precisava olhar, só para ela ter certeza. Certeza de que aquilo tudo não era uma ilusão perfeita de sua cabeça.
Que seu coração não estava a enganando de novo.
A porta do táxi bateu, mas Demi não recebeu olhar algum de volta.

- Sem ofensas, amiga, mas seu café não é tão bom assim – Demi disse, e Susan, sua amiga e colega de trabalho, riu.
- Ah, só o café do meu maravilhoso inglês Joe Jonas que presta! – a outra respondeu com uma voz afetada, fazendo Demi gargalhar. – Vá se ferrar, gatíssima!
- Eu não disse isso! – ela se defendeu, tomando mais um gole, enquanto selecionava as fotos para o próximo editorial de moda.
- Falando nisso, como ele está? – Susan abaixou a haste dos óculos, e Demi sorriu.
- Hm, de acordo com os meus conhecimentos, em reunião – ela disse, fazendo careta.
- Caramba, você estão casados ou o quê? – Susan zombou, e Demetria lhe mostrou o dedo do meio. – Ei! Malcriada!
- Nos falamos ontem à noite, sua babaca... Ele disse que tinha reunião hoje, só isso.
- Ainda não tocaram naquele assunto? Digo... Sobre como vocês dois vão ficar?
Argh. Essa pergunta de novo? Por que diabos gostavam tanto de questioná-la sobre isso? Não queriam apressar nada, que saco!
(Na verdade, bem no fundo, Demi também perguntava a mesma coisa).
Não admitiu para as amigas, nem para si mesma, mas estava preocupada com isso. Falavam-se muito pouco desde que Jonas voltara à Inglaterra. Suas conversas por email e telefone ficavam escassas com o passar dos dias, e ela temia o pior. Será que aquela semana tinha sido mágica apenas pra ela?
Será que ele tinha ficado assustado com aquela proximidade toda?
Droga, por que os homens são tão complicados?

Ao sair do trabalho, naquele dia, Demi resolveu que não queria ir para casa. Aquele lugar trazia lembranças, muitas, excessivas, e precisava ficar um pouco longe disso. Precisava parar de sentir o cheiro de Joe no ar e lembrar das coisas que ele dizia, que a fazia rir sozinha por horas. Ao passar pela rua que, pouco mais de um ano antes, o encontrou num bar, rolou os olhos, entrando no bar ao lado.


- Um Cosmopolitan, por favor – pediu, sorrindo calmamente para o barman de olhos verdes. Ele era bonito, sim. Não a interessava.
O rapaz a serviu e ela agradeceu, tomando o drink de forma lenta e quase melancólica. Esperava que ele ainda pensasse nela. Esperava, do fundo do coração, que ele sei lá... Não estivesse com outra pessoa. Que ele não tivesse outra pessoa esperando por ele, em Londres. Que ele soubesse o quanto era importante na vida dela.
- Argh, sai da minha cabeça – exclamou, e o senhor de sessenta e poucos anos que estava no banquinho ao lado a encarou, confuso. – Ah, desculpe – murmurou, impaciente, e ao colocar o dinheiro no balcão, pegou sua bolsa e saiu para a rua.
Neve.
- Ah, perfeito – ela reclamou, rabugenta, e bateu os pés na calçada, nervosa por estar de salto. Enfiou as mãos nos bolsos e gritou pelo primeiro táxi, mas ele não parou.
Nem o segundo.
- Ah, mas que inferno! – murmurou, e então resolveu que caminharia até o apartamento. Na neve. Estava mesmo precisando congelar a cabeça.
Mas, ao dar dois passos para o lado, a porta do bar que ela tanto queria evitar abriu. E duas garotas saíram de lá de dentro, bêbadas e sorridentes. E quando a porta bateu, ela o viu através do vidro.
Porra, Demetria, bêbada com um Cosmopolitan?
Caminhou, nervosa, e então ouviu de novo o baque da porta do bar.
- Demi! – ouviu uma voz gritar. Não olhou para trás. – Demi! – ele a segurou pelo braço.
Ela não estava louca!
- Joe? – Demi quase gaguejou, sentindo as mãos gelarem dentro da luva. – O quê... O que diabos você...? O que está fazendo aqui? Você ia voltar em uma semana, e...


- Cala a boca – ele disse, baixo e sorridente, mas contorcia as mãos de forma nervosa. Demi arqueou a sobrancelha. – Eu resolvi fazer uma surpresa. Mas você não estava no apartamento, e quando liguei na revista, disseram que você tinha ido para algum outro lugar. Pensei que pudesse estar aqui... – disse, com a voz quase beirando a timidez, coisa que não era normal pra ele.
- Eu estava no bar ao lado... Eu não queria... Bem... – Demi se atrapalhou com as palavras e Joe sorriu.
- Lembrar?
Ela apenas assentiu com a cabeça. Joe sentiu algo gelar dentro dele.
- Por quê?
- Porque é difícil – ela respondeu baixo. – Porque passamos uma semana maravilhosa juntos, e então depois disso nos afastamos, não só geograficamente... Eu sei quando uma pessoa não quer alguma coisa. Eu sei que eu estava o importunando com minhas ligações e emails, e sei que, talvez, isso tudo tenha significado muito mais para mim do que para você – ela disparou, e Joe abriu a boca, mas não conseguiu interromper.
- É isso? – ele perguntou, chacoalhando a cabeça, indignado. – Você acha que eu seria capaz de ignorar você?
- Eu não sei... – Demi não conseguiu continuar, porque Joe... Começou a rir. Tipo, rir, no meio de um momento tenso! Aquele garoto tinha titica de galinha na cabeça ou algo parecido? – Tá rindo do quê? – ela alterou um pouco a voz, e ele tentou segurar o riso, mas demorou um pouco. – Jonas!
- Você é tão patética e tão estranha que chega a ser engraçado – ele respondeu, levando um tapa.
- Você bebeu, seu inútil? – ela perguntou, nervosa, e Joe a segurou pelos pulsos.
- Demi, você tem alguma ideia do porquê eu estou aqui? – ele perguntou, fazendo-a negar com a cabeça. – Eu também não tenho a menor ideia.
- Quê? – a garota perguntou, com a voz afetada, e ele sorriu.


- Você percebe que tem algo de errado com você quando passa um vôo de quase sete horas com uma garota na cabeça – ele disse, e Demi deixou os pulsos caírem, reprimindo um sorriso. – Principalmente quando garotas não ficam na sua cabeça por mais de duas horas após o sexo.
Demetria ia abrir a boca para contra argumentar, mas Joe começou a falar de novo.


- Quando cheguei em Londres, eu fiz tudo para... Para tentar te tirar da cabeça pela merda de dois minutos, sabe? Eu nunca pensei em me apegar assim a uma garota, então fiquei assustado, e por isso me afastei – Joe disse, e suas bochechas coraram. Demi sabia que não era do frio.
- Joe, eu nunca te pedi para que fôssemos nada... – Ela disse, e ele sorriu.


- Eu sei. O que me assustou foi saber que, mesmo sem você ter pedido, ter alguma coisa era bem o que eu queria. Bem o que eu quero - ele sorriu. – Meu emprego em Londres é melhor que o de Nova York. Minha família está lá, eu gosto de lá, mas... Algo estranho me puxou de volta para cá. Eu quero ficar aqui, Demi. Em Nova York. Com você – Joe disse, sorrindo timidamente, e Demi riu, e sem dizer nada, pulou em sua direção.
Dessa vez o garoto estava preparado, e não despencou no chão. A segurou no ar, no meio da rua, e os dois sorriram antes de se beijarem de uma maneira que parou o trânsito da rua.

Manhattan, 5 de dezembro de 2011.

- Joe... – Demi sussurrou, com a voz ansiosa – Você lembra daquela vez que eu perguntei se você acreditava em destino?
O garoto sorriu do outro lado da linha.
- Lembro – ele respondeu simplesmente, esperando que ela continuasse.
- O que você acha disso agora? – Demi perguntou, e Joe não estava a vendo, mas tinha certeza que ela estava estralando os dedos ou fazendo algum gesto nervoso com as mãos. Típico.
E então ele sorriu.
- Eu ainda não acredito nisso – respondeu calmamente. – Mas sabe que você me fez acreditar em uma coisa?
- No quê? – ela perguntou com a voz baixa.
- Eu não acredito em destino... – ele sorriu. – Mas eu acredito no amor – disse, fazendo Demi sorrir do outro lado da linha.
- Tudo bem, eu só precisava ouvir isso – Demi sorriu. – Preciso desligar, tem gente me esperando.
- Anda logo – ele riu. – Eu amo você, estranha.
- Eu também amo você.
Joe colocou o celular no bolso e virou seu olhar para a porta da igreja.
Para ver a garota que ele amava entrar.

“Eu sei que o futuro dá medo.
Eu sei que o mundo pode ser ameaçador.
Mas você deve saber que às vezes, quando as coisas parecem mais desesperadoras... As pessoas te encontram”.
(One Tree Hill)


FIM

Espero que tenham gostado :)

5 comentários:

  1. ownt

    ameiiiiiiiiii ! perfeita essa mini fic !!! amei

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    1. ADOREI A CITAÇÃO DA SÉRIE "ONE TREE HILL" , É A MINHA SÉRIE PREFERIDA ^^

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  2. oooooooooown lindo gente ameeei essa mini fic *ooo* serio msm <333 Beijonas ;)

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  3. own que lindaaaaaaaaaaaaaa amei essa mini fic mas acabou ? :( ela foi perfeitaaaaa

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