sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ten | Eleven (Fim da Maratona)



There's something about you now
I can't quite figure out
Everything she does is beautiful
Everything she does is right ♫♪


Estava arrumando minhas coisas para ir embora quando Peter apareceu na minha sala.
__Já vai embora?__ ele perguntou me olhando.
__Só vim para resolver um problema__ expliquei__ hoje é aniversário do Matt, tenho que resolver mais algumas coisas pra festa mais tarde e ainda pegar o presente dele. Você vai à festa né?
__Claro__ ele concordou__ seu eu não levar o Diogo ele me mata.
Diogo era filho do Peter, tinha a mesma idade que Matthew, só alguns meses mais novo, pois Molly ficou grávida só um pouco depois da Rachel. Os dois eram melhores amigos, faziam tudo juntos, assim como eu e Peter também. Quando olhava para os dois e os via juntos, me lembrava de quando eu e Peter éramos mais jovens, só adolescentes curtindo a vida, só esperava que Matt não cometesse os mesmos erros que eu cometi.
__O que você vai dar de presente pro Matthew?__ ele perguntou__ eu não sei o que dar a ele, aquele moleque já tem tudo.
__Não se preocupe com presentes, o importante é que vocês estejam lá__ peguei minhas coisas e fui caminhando até a porta__ o meu presente pra ele é uma surpresa, espero que ele goste. Ainda está um clima estranho entre nós dois e eu quero concertar isso hoje, afinal é um dia especial.
__Bem, então boa sorte__ ele sorriu__ agente se vê mais tarde. 

Matthew fazia hoje dezoito anos. Ele queria uma festa para pode comemorar com os amigos e eu concordei, queria que ele aproveitasse o dia e estivesse feliz. Tânia ficou de se encarregar da comida da festa, mas o bolo ficou por minha conta, então quando saí do escritório fui buscar o bolo na confeitaria, que Matthew mesmo tinha escolhido. Depois disso fui direto pra casa.
Quando cheguei, esperava achar Matthew trancado no quarto como sempre, no máximo conversando com os amigos sobre a festa, Demi estaria cuidando de Manuela em algum canto da casa, provavelmente brincando de bonecas e Tânia e Clarissa estariam cuidando da comida, mas quando atravessei a porta da cozinha para deixar o bolo lá, tive uma grande surpresa. Estavam todos reunidos na cozinha... Manuela estava sentada no balcão enquanto Demi, Matthew, Tânia e Clarissa estavam em pé, todos rindo e meio sujos de farinha e chocolate.

__O que estão fazendo?__ perguntei colocando o bolo em cima da mesa.
__Biscoitos__ Manuela respondeu sorrindo__ estamos fazendo biscoitos para o aniversário do Matthew.
__A Demi está nos ensinando a fazer__ Matthew disse.
__É uma receita da minha mãe__ Demi explicou__ são os biscoitos mais gostosos do mundo.
__O pior é que é verdade__ Tânia murmurou de boca cheia__ é uma delícia.
__Aqui, prova__ Demi veio até mim, com um biscoito já pronto em mãos e eu provei.
E Uau, o biscoito era realmente gostoso.
__É uma delicia__ comentei enquanto comia o resto.
Fiquei um segundo observando aquela cena incomum. Se Matt não estivesse com um amigo, ele passava o dia todo trancado no quarto, fazia tempo que eu não o via assim, envolvido em alguma atividade diferente e... Rindo. Ele e Manuela estavam brincando um com o outro e rindo enquanto faziam biscoitos. Eu devia estar de boca aberta porque Demi deu uma risadinha.

__Quer ajudar?__ ela perguntou__ fizemos alguns, mas aí comemos... Queremos deixar mais prontos para a festa do Matthew, seria bom um pouco mais de ajuda.
Matthew me olhou de lado, foi só um segundo, mas percebi por aquele olhar que ele estava esperando que eu recusasse o convite.

__Eu ajudo sim__ concordei e todos me olharam com surpresa, menos Manuela que estava concentrada nos biscoitos e Demi que se limitou a sorrir pra mim, como se me incentivasse__ só vou me livrar dessas coisas, volto em um minuto.
Fui até meu quarto, larguei minha pasta em cima da cama e troquei de roupa, pondo algo mais simples e depois voltei à cozinha. Normalmente eu não faria aquilo, eu recusaria com um meio sorriso e iria pro escritório trabalhar o resto do dia, mas era o primeiro aniversário que Matthew quis comemorar desde que a mãe morrera e ele parecia tão feliz que eu não queria estragar nada com minha antipatia e frequente mau humor. Eu podia ser agradável por um dia. 

_Então, o que eu tenho que fazer?__ perguntei.
__Vem cá, eu te mostro__ Demi chamou.
Passamos um bom tempo ali na cozinha fazendo biscoitos e o mais curioso de tudo foi que me diverti com aquilo, coisa que eu já não fazia há muito tempo. Foi agradável ver meus filhos brincando e sorrindo juntos, Manuela estava tão alegre toda lambuzada de farinha e chocolate, como sempre se alegrava com pequenas coisas e Matthew estava rindo, conversou comigo e com Demi enquanto mexíamos a massa do biscoito, falando coisas sobre os amigos e a festa. Aquela não parecia minha casa, não parecia à família que eu encontrava em casa todo dia quando vinha do trabalho... Mas gostei de verdade da pequena mudança, mesmo que não fosse durar.
Quando terminamos com os biscoitos, fomos todos tomar banho para se livrar da sujeira. Aproveitei para dar logo o presente do Matthew, antes que a festa começasse e ele se ocupasse com os amigos. A plaquinha de “Seja Bem vindo. Menos o papai”, ainda estava pendurada na porta dele, então bati e esperei até que ele viesse abrir pra mim.

__Posso entrar?
__Claro__ ele deu um meio sorriso e me deu espaço pra entrar__ quer alguma coisa?
__Só queria entregar logo seu presente.
Entreguei o presente a ele e observei em silêncio enquanto ele o abria. Tinha guardado dentro de uma pequena caixinha e quando viu o que tinha dentro ele me olhou meio confuso, eu sorri pra ele.
__Uma palheta?__ ergueu a sobrancelha__ isso é falta de grana ou de criatividade pai?
Ele murmurou aquilo em tom de brincadeira, mas não ia entender o significado sem que eu explicasse.
__Não é uma palheta qualquer, é uma palheta da sorte__ eu disse tirando-a de dentro da caixa__ era a preferida da sua mãe, a palheta da sorte dela. Ela a usava quando tinha alguma apresentação importante ou quando queria compor uma música nova, dizia que ajudava.
Ele observou enquanto eu girava a palheta entre os dedos. Era simples, preta com alguns detalhes vermelhos, e estava um pouco velha também, pois era antiga e tinha sido muito usada, Rachel a adorava.

__Eu comprei pra sua mãe no dia que você nasceu__ expliquei__ a palheta dela tinha quebrado, e ela estava precisando de uma nova, então quando voltava do trabalho pra casa eu comprei essa pra ela. Depois que entreguei a palheta na mão dela ela entrou em trabalho de parto... E bem... Ela dizia que deu sorte__ dei de ombros__ achei que você ia gostar. Não é uma guitarra nova, mas...
__Eu gostei__ ele me interrompeu sorrindo, pegando a palheta da minha mão__ de verdade, obrigado pai.
__De nada__ sorri satisfeito por ele ter gostado, achei que contaria mais dar algo que tivesse significado do que um presente super caro que ele usaria uma vez e enjoaria depois__ feliz aniversário Matthew. Eu tenho orgulho de você sabe?
Ele sorriu pra mim__ obrigado pai. 

Depois disso deixei-o sozinho. O restante da tarde passou rapidamente enquanto todos se ocupavam com os preparativos da festa. Ao cair da noite tudo já estava pronto e os convidados começaram a chegar. Primeiro Peter e Molly, com os filhos Diogo e Richard, de três anos. Depois viera Selena e o namorado Justin, e minha mãe e minha sogra chegaram juntas. Os amigos de escola de Matthew vieram depois e logo a casa estava cheia e animada.
Os adolescentes se juntaram no quintal, a beira da piscina, conversando, rindo, dançando. Nós os adultos ficamos sentados no sofá da sala jogando conversa fora, Demi não demorou a se entrosar com todo mundo e já parecia parte da família, ela e Selena estavam se dando muito bem e Manuela só a largara para poder perturbar um pouco os adolescentes lá fora, ela tinha cinco anos, mas às vezes parecia querer ter mais. Depois do bolo, deixei todos conversando na sala e fui até a varanda tomar um ar, olhar um pouco as estrelas, e de onde estava consegui ver Matthew se divertindo com os amigos... Rachel ficaria feliz de vê-lo agora.

__Já se cansou da festa?__ distraído, não percebi quando ela se aproximou e veio se pôr ao meu lado na varanda.
__Só vim pegar um ar.
__Está muito pensativo__ ela comentou. Percebi que ela era sempre cautelosa quando falava comigo, parecia ter medo de se aproximar ou dizer alguma coisa errada, que acabasse me irritando. Acho que a culpa era minha por ter perdido a paciência com ela naquele primeiro dia.
__Na verdade eu estou... __ feliz? Não, essa não era a palavra que eu estava procurando__ satisfeito__ disse por fim, depois de uma breve pausa__ esse é o primeiro aniversário que Matthew quis comemorar desde que a mãe morreu. Rachel sempre fazia dessas ocasiões uma grande festa, ela adorava comemorar e Matt também, mas ele perdeu o gosto pelas festas depois que ela se foi.
__Ele parece estar aproveitando hoje.
__Eu sinceramente não sei o que foi que você fez__ comentei sorrindo__, mas funcionou.
__Como assim o que eu fiz?
__Eu cheguei em casa do trabalho e Matthew estava na cozinha rindo enquanto fazia biscoitos, isso... Você chegou aqui há pouco tempo, então não sabe, mas isso é incrível, meu filho está feliz e se divertindo com os amigos. 

__Eu não fiz nada__ ela disse corando__ eu quis fazer os biscoitos pra ele porque não tinha dinheiro pra presentes. Manuela estava me ajudando e quando ele apareceu, eu só perguntei se ele queria ajudar, não fiz mais nada, eu juro.
Demi podia dizer que não tinha feito nada, mas parecia que aquela conversa que tivera com Matthew no outro dia tinha mudado alguma coisa. Eu só esperava que tudo continuasse assim. Peter me disse que eu estava fazendo mal aos meus filhos com esse meu jeito, talvez isso mudasse agora... Eu podia tentar. 

__O que foi?__ ela perguntou me olhando quando me viu dar um meio sorriso.
__Só estava lembrando de... __ mas me interrompi antes de terminar__ Não é nada, não quero entediar você com meus lamentos.
__Não me entedia, na verdade é bom saber que eu não sou a única cheia de problemas e reclamações da vida__ ela brincou.
__E o que você lamenta?__ perguntei curioso__ você não me parece alguém cheia de problemas.
__Todos temos problemas, acredite__ ela olhou para o céu com um meio sorriso__ todos temos a nossa triste história.
__E qual é a sua? Você já sabe a minha.
__Você não vai querer saber__ ela fez careta__ é mais entediante que a sua.
__Eu vou arriscar, vamos, me conta__ insisti.
Ela não parecia alguém problemática, na verdade parecia o tipo de pessoa que andava por ai sempre feliz e tinha uma solução simples para qualquer problema. Pelo menos ela sabia como resolver os meus com os meus filhos, não conseguia imaginar o que poderia ter de errado com ela.
__Eu tinha um noivo... __ ela começou.
__Esse tipo de história nunca termina bem.
__Não__ ela concordou rindo__ eu peguei ele na cama minha melhor amiga, pelo menos eu achava que ela era minha melhor amiga. Acho que o choque foi maior por conta dela e não dele. Eu já tinha tido uns namorados idiotas antes, nunca tive muita sorte com homens, mas eu continuava sempre tentando, porque minha mãe dizia... “Nem todos os homens são iguais, você vai achar o cara certo um dia”.
__As mães sim são todas iguais.

__Exatamente__ ela concordou__ eu superei esse idiota, ai um tempo depois conheci outro cara, o nome dele era Alex. Ele parecia o cara certo, o cara perfeito. Bonito, carinhoso, divertido, responsável e eu pensei, “Porque não? Pode ser dessa vez, ele pode ser o tal cara”. Quando ele me pediu em casamento eu aceitei, achei que daquela vez ia ser pra sempre, gastei toda minha grana pra arranjar o casamento perfeito e no dia o idiota fugiu e me abandonou na porta da igreja.
__Ele fugiu?__ eu já tinha ouvido falar de noivas fugindo do casamento, mas noivo era a primeira vez.
__É, ele fugiu__ ela afirmou__ o pior de tudo foi que depois de quase dois anos encontrei ele no parque, na cidade que escolhi pra morar para poder esquecer do passado. E ele estava lindo e maravilhoso, namorando, bem sucedido e eu... Bem... Sou eu.
__Bem, sinto muito por isso.
__É, eu superei ele__ ela deu de ombros__, mas... Minha mãe gosta de ficar me arrumando encontros dizendo que eu preciso arrumar um namorado, pois sou muito nova para ficar sozinha só porque sofri uma pequena desilusão.
__Eu conheço bem esse discurso__ fiz careta__ ouço ele quase todos os dias.
__Eu tento explicar pra ela que não quero, que estou bem sozinha, mas ela não consegue entender, sei que ela quer o meu bem, mas eu gostaria que ela simplesmente parasse de tentar me dizer como viver a minha vida.
__Engraçado, é exatamente assim que me sinto.

Era exatamente daquele jeito, claro que eu tinha meus motivos e ela tinha os dela, mas no fim das contas éramos bem parecidos. No outro dia, quando conversávamos e ela disse que me entendia eu não acreditei, mas agora eu achava que talvez ela pudesse entender sim, talvez fosse por isso que ela parecia ter a solução dos meus problemas, e de certa forma ela sabia como eu me sentia. Gostaria que Peter e os outros fossem assim também, que eles fossem capaz de entender. 

__Uma vez eu dei descarga no meu peixinho__ ela falou de repente, quebrando o silencio.
__Como é?__ eu a olhei confuso.
__Eu estava tentando fazer uma piada__ ela fez careta__ é que o clima ficou estranho de repente com esse papo de problemas e tudo o mais, achei que a história do peixinho fosse melhorar.
Eu não consegui segurar, ao ouví-la dizer aquilo e a expressão no seu rosto, eu tive que rir.
__Não ria, é verdade, eu joguei ele na privada e dei descarga, queria ver o que acontecia. Você nunca fez nenhuma loucura?
__Eu engravidei minha namorada aos dezessete anos__ falei e ela me fitou séria__ e também quase pus fogo na cozinha uma vez enquanto tentava fazer macarrão... Eu nunca fui bom cozinheiro.
E de repente, não sei exatamente como, estávamos nós dois ali na varanda gargalhando como dois idiotas. Eu não lembrava quando fora a ultima vez que eu rira daquele jeito, parecia que tinha sido um século atrás. Mas eu gostei da sensação, me senti mais leve, como se um peso de repente saísse de cima de mim. Mas ela foi parando de rir de repente e olhou pra dentro da casa.
__O que foi?__ perguntei confuso.
Segui seu olhar e ali na sala, nos observando através da porta de vidro, estavam Peter, Molly, Selena, minha mãe e minha sogra, que segurava Manuela no colo e o Matthew, que ia passando com seu refrigerante, mas parou junto com todo mundo.
__Porque eles estão nos encarando?__ Demi perguntou.
__Eu não faço ideia.
Ela pediu licença e completamente envergonhada pegou Manuela do colo da minha sogra e foi colocá-la para dormir pois já estava ficando tarde. Eu entrei também, enquanto todos continuavam ali olhando.
__O que vocês estão fazendo?__ perguntei irritado__ ficaram todos loucos?
__Não, é só que... Vimos você gargalhando e não acreditamos__ Peter comentou__ você estava rindo.
E pronto, os sinais do bom humor desapareceram.
__Você está se sentindo bem?
__Eu estava, mas agora não estou mais, graças à vocês__ revirei os olhos__ não teve a menor graça, com licença.
Eu sabia que o espanto deles não era infundado, realmente fazia séculos que eu não ria com tanta vontade, mas esfregar isso na minha cara não tinha a menor graça, muito pelo contrário. Deixei todos eles na sala e subi as escadas. Encontrei Demi no quarto de Manuela, ajudando-a a trocar de roupa.
__Hey, veio dar boa noite a Manu?
__Na verdade vim pedir desculpas pela falta de educação da minha família. 
__Ah, não tem problema__ ela sorriu divertida__ estou acostumada com pessoas estranhas. 
__Que bom então__ sorri também__ vou deixar vocês em paz. Boa noite Manu.
Me inclinei para lhe dar um beijo e ela também me deu um na bochecha, sorrindo como sempre.
__Boa noite papai.
__Boa noite Demi.
__Boa noite. 
Deixei as duas sozinhas e fui para o meu quarto dormir, sentindo-me estranhamente bem. Tinha sido um dia melhor do que eu planejara. 


Fim do Capítulo



Just smile and the world
Will smile along with you
That small acts of love
Then the one will become two
If we take the chances
To change circumstances
Imagine all that we could do ♫♪

Era domingo, dia da minha folga. Mas também era dia dos pais.
Eu não tinha um pai com quem comemorar há muito tempo, mas Matthew e Manuela tinham e resolvi adotar como novo projeto, ajudar Joe a se dar bem com os filhos. Eles eram uma família bonita, se amavam, mas precisavam de um empurrãozinho para ficar bem, e eu queria ajudar, já tinha me apegado a eles, mesmo sem querer. Manuela era a menina mais meiga e fofa que já conheci na vida, Matthew tinha seu lado rebelde e fechado, mas se soubesse lidar com ele dava pra ver que era um garoto gentil e agradável e Joe também era um grande homem, um pouco fechado e com suas mágoas, mas mesmo assim um homem incrível. Era um emprego temporário, mas não significava que eu não pudesse fazer a diferença nesse meio tempo.
Joe não estava em casa aquele domingo, teve de ir resolver algum problema na empresa, então resolvi ajudar os filhos a lhe fazer uma surpresa. Manuela adorou a ideia e me pediu ajuda para fazer uma carta para o pai, ela fez um desenho da família, o pai, ela, Matthew e me colocou lá também, como se eu fosse parte da família. Já Matthew não pareceu muito contente com essa ideia da surpresa, e recebeu a ideia com uma careta. 

__Eu não acho isso uma boa ideia__ ele resmungou, estava de cara feia, mas não foi grosseiro.
__Porque não? É dia dos pais... Ele é seu pai__ lembrei-o.
__Eu sei que é dia dos pais__ ele revirou os olhos__, mas você já sabe como meu pai é com o trabalho, ele não vai gostar dessa surpresinha, ele não gosta que o perturbem quando trabalha.
__Mas hoje é um dia especial, eu tenho certeza que ele vai adorar__ insisti.
__Pode levar a Manuela, eu não vou__ disse decidido.

Ele já não estava tão agressivo comigo quanto antes, depois daquela nossa conversa e do aniversário dele, ele me tratava com um pouco mais de gentileza, do jeito Matthew dele de ser, mas era um avanço. Decidi que para conseguir o que queria dele precisaria oferecer algo em troca, eu tinha que tentar fazer com que ele confiasse em mim e soubesse que posso ser sua amiga e que ele podia contar com a minha ajuda sempre que precisasse. Então recorri a minha sabedoria e meu lado feminino.

__Se você vier comigo para fazer a surpresa pro seu pai, eu te ajudo com a menina que você gosta.
__O que?__ ele deu uma risada nervosa__ não sei do que você está falando.
__Vamos Matthew, porque não pulamos essa parte?__ sorri pra ele__ eu ouvi você falando dela com o Diogo no telefone, sobre querer comprar um presente pro aniversário dela que está se aproximando e... Também vi vocês dois na festa no dia do seu aniversário, você olhava pra ela igual um bobo apaixonado.
__Você estava me espionando?__ acusou na defensiva.
__Não, eu só tenho olhos e ouvidos__ dei de ombros__ não precisa negar, não tem nada de errado em estar apaixonado.
__Não estou apaixonado__ ele corou envergonhado.
Cruzei os braços e o fitei séria, demonstrando que não ia desistir assim fácil.
__Ok, pode ser que eu esteja gostando de alguém__ ele disse sem jeito__ como você me ajudaria?
__Posso te ajudar a escolher o presente pra ela, algo que demonstre que você está interessado__ eu disse__ eu quero ser sua amiga Matt, quero ajudar, mas só posso se você deixar.
__Eu não sei__ ele ainda estava na duvida.
__Você não quer que seu pai mude?__ perguntei__ não quer que ele te dê mais atenção? Que se solte mais? Você precisa ajudá-lo, precisa incentivá-lo e mostrar que quer estar mais próximo dele. Vamos, é só por uma hora, não vai doer.
Ele pensou nisso por um instante, depois suspirou e eu percebi que tinha vencido.
__Tudo bem, eu vou com você__ ele revirou os olhos.
__Ótimo, e não esqueça de levar algo para dar de presente a ele.
__O que?
__Pode ser um desenho, só pra demonstrar que se importa, vamos... Ânimo.

E sai do quarto antes que ele pudesse reclamar de mais alguma coisa.
Saímos de casa depois do almoço. Arthur aceitou nos levar até a JI de muito boa vontade, ele aprovou a minha ideia da surpresa para o Joe. Matthew parecia entediado como sempre, sem grandes expectativas, mas não reclamou mais e Manuela estava toda feliz, como era típico dela. Eu ainda não tinha visitado a JI e fiquei impressionada quando a vi a primeira vez. Matt foi o nosso guia, pois ele conhecia tudo muito bem e sabia onde ficava a sala do pai.
Selena estava em sua mesa do lado de fora do escritório e sorriu ao nos ver.

__Hey, o que vocês estão fazendo aqui num domingo?
__Viemos fazer uma surpresa pro Joe__ eu disse__ de dia dos pais.
__Que legal__ ela disse animada__ eu acho que ele vai gostar.
__Então ele está ai? Podemos ver ele?
___Claro, venham comigo.
Seguimos ela até a sala do Joe. Selena foi primeiro, bateu na porta e abriu só um pedacinho, para que ele não nos visse ali.
__Joe, está ocupado?__ ela perguntou.
__Pode falar Selena.
__Você tem visita.
Selena abriu a porta e nós entramos. Joe estava sentado em sua cadeira, à mesa a sua frente estava repleta de papéis e ele parecia bem concentrado no trabalho, mas sorriu um pouco confuso quando nos viu entrar.
__Hey, o que você estão fazendo aqui?__ ele se levantou e deu a volta na mesa para vir até nós.
__Viemos fazer uma surpresa.
__Feliz dia dos pais__ Manuela e Matthew disseram juntos.
Manuela pulou do meu colo para o de Joe, o abraçando com força e dando aquele sorriso fofo que só ela tinha.
__Nossa, eu realmente não estava esperando por isso__ Joe disse e depois me olhou__ isso foi ideia sua não foi?
__Eu não fiz nada__ menti dano um empurrãozinho em Matthew para que ele falasse__ só vim acompanhá-los.
__Pai__ Matthew começou a falar, sem muita vontade, mas estava se esforçando__ nós queríamos dizer que...
Um telefone começou a tocar, interrompendo o que ele dizia, Joe pediu desculpas e correu pra atender. Nós esperamos em silencio enquanto ele falava no telefone e Manuela, ainda em seu colo brincava com sua gravata. Depois de um longo minuto, ele desligou o telefone e me entregou Manuela.

__Desculpa por isso__ ele disse apressado__ estou meio atolado hoje e tenho que resolver um problema urgente. Se vocês puderem esperar só um pouquinho, eu volto num minuto.
E saiu da sala antes que qualquer um de nós pudesse dizer qualquer coisa. Matthew suspirou e largou os desenhos que ele e Manuela tinham feito em cima da mesa, no meio dos papéis dele.
__Eu disse que isso não ia dar certo__ Matthew disse__ foi perda de tempo.
__Ele já vai voltar__ tentei animá-lo.
__Não, ele não vai__ revirou os olhos__ ele vai demorar séculos resolvendo os problemas dele, eu disse que agente não devia incomodá-lo no trabalho.
__Matthew...
__Podemos ir embora, por favor, Demi?__ ele pediu educadamente__ eu estava compondo uma música nova com minha palheta da sorte antes de você me interromper e me fazer perder uma hora do meu dia. Vamos embora.
__Ok__ me dei por vencida__ vamos embora.
__Sinto muito por isso__ Selena disse__ ele não faz por mal, é que hoje é um dia cheio aqui na empresa, tivemos um problema com a nova campanha e tem uns detalhes da festa na próxima semana. 
__Tudo bem Selena, foi uma ideia estúpida mesmo__ dei de ombros__ agente se fala depois.
Nos despedimos de Selena e voltamos ao estacionamento para encontrar Arthur. Manuela continuava contente, alheia ao clima estranho e ao mau humor do irmão logo ao lado. Essa energia dela era contagiante, gostaria de ser assim como ela, não deixar que nada me afetasse, estragasse o meu dia. 
Bem, eu tinha tentado... Foi uma pena que minha ideia não tinha dado certo. 

Fim do Capítulo

5 comentários:

  1. Ameiii ! Nossa ... Estou adorandooo ! Realmente !

    Possta logoo

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  2. Ain cara, que perfeito *-------------------------------*
    Posta Logo Please *---------------------------------------*
    Ao d+ , so apaixonada e viciada ! ♥
    Beijemi ;*

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  3. chatiada :S
    queria mais maratona... posta mais um hoje para fechar a maratona.....
    e posta looogoo

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  4. ah telefone do mal... joe tem q fazer alguma coisa pra se redimir... POSTA LOGOOOOOOOOOOOOOO

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