- Eu sei. – A menina engoliu em seco tentando não deixar a respiração ficar desregulada.
Ela odiava ter tanto medo de estar fazendo aquilo. Um dia ela teria que aprender a dirigir, certo? Ela não podia viver pra sempre assustada e com medo de que um acidente acontecesse e a machucasse tanto quanto aquele que acabou com a vida de sua mãe.
- Certo. – Joe começou. – O carro é automático, então não existe embreagem e nem marchas, você apenas precisa pisar no freio e no acelerador. Cuidado porque os dois, digamos, funcionam muito rápidos. Você não precisa pisar com força. – Demi ouvia tudo atentamente e concordava vez ou outra com a cabeça. – O volante você vai sempre girar para a direção que você quer seguir, mesmo que esteja dando ré. As marchas desse carro você só vai usar em casos extremos. Em ladeiras muito íngremes, por exemplo, você usa a primeira marcha.
- As setas, para cima é direita e para baixo é esquerda, a luz liga aqui no canto e o limpador controla aqui. – Demi sorriu vendo Joe concordar. – Algumas coisas eu lembro. – Falou tentando não deixar imagens da sua ultima e desastrosa tentativa de dirigir invadirem sua mente.
- Hm... acho que você pode começar. – Joe sorriu lhe passando confiança enquanto a menina batia os dedos ansiosamente no volante. Ele apontou o freio de mão e ela fez um gesto com a cabeça concordando.
Respirou fundo uma ultima vez antes de empurrar o freio de mão para baixo e ir tirando o pé do freio aos poucos. Olhou os retrovisores reparando na rua vazia e agradecendo mentalmente.
- Dem, você pode acelerar. – Joe falou receoso.
Com mais cuidado que o necessário, Demi pisou no acelerador fazendo-o sair lentamente do lugar. Aos poucos foi pisando com um pouco mais de força, até atingir uma velocidade que considerou razoável. Joe observou o ponteiro marcar 30 km/h e sorriu achando engraçado o medo da menina de andar um pouco mais rápido.
Um carro os ultrapassou buzinando e Demi pisou no freio fazendo Joe voar pra frente do carro por estar sem cinto.
- Ai meu Deus, ai meu Deus. O que eu fiz? Você se machucou? – Ela se desesperou tirando o pé do freio.
- Não tira o pé do freio! – Joe falou um pouco mais alto fazendo-a colocar novamente o pé no freio e o olhar com medo. Ele a ajudou a encostar o carro, colocou no ponto morto e puxou o freio de mão. – Ok, pode tirar. – Falou mais calmo respirando fundo.
- Desculpa. – Demi sussurrou encarando as mãos que estavam entrelaçadas em seu colo.
- Dem, você não pode se assustar com cada carro que passar buzinando por você, estamos em uma via em que as pessoas andam no mínimo à 50 e você estava em 30. E você não pode parar o carro e tirar o pé do freio, ele vai recomeçar a andar. – Explicou calmamente vendo a menina concordar em silêncio. – Quer tentar de novo?
- Não. – Respondeu simplesmente olhando para o lado de fora da janela. O medo estampado em sua face e dominando seu interior.
Joe ficou em silêncio por algum tempo deixando que a menina se acalmasse ou que o medo a abandonasse, mas ele duvidava que aquilo fosse acontecer. Ele ainda se lembrava perfeitamente da reação da menina ao saber que a mãe havia morrido em um acidente de carro, e aquela memória provavelmente a atormentava com a mesma intensidade.
- Eu não consigo. – A voz fraca da menina preencheu o silêncio fazendo com que ele a olhasse e percebesse seus lábios trêmulos.
- Hei, você não precisa fazer isso agora se não quiser. – Joe falou calmamente. – A gente vai ter todo tempo do mundo pra isso, Dem. E você tem dezoito anos, tem a vida inteira pra tentar dirigir.
- E se eu nunca conseguir? – Ela finalmente virou o rosto para encará-lo e deixou uma lágrima solitária correr por seu rosto.
- Ônibus, táxi, metrô e Joe Jonas existem pra isso. – Falou de uma forma engraçada arrancando um riso baixo da menina. – Mas sério, Dem, você não é obrigada a saber dirigir. Se você não se sente bem com isso, então ninguém vai te forçar a nada.
- Sei disso. – Concordou voltando a olhar a rua do lado de fora.
Um homem passou de mãos dadas com uma menina que aparentava uns 15 anos, os dois sorriam enquanto o homem parecia falar uma coisa engraçada. Demi mordeu o lábio sentindo o coração pesar mais do que deveria.
- Joe... – O chamou ainda olhando o homem e a menina se afastarem, sentiu os olhos de Joe sobre si. – Você tem alguma noticia do meu pai?
Joe abriu a boca rapidamente, mas nenhum som saiu dela. Agradeceu o fato de Demi ainda estar perdida em pensamentos olhando pela janela, ou ela teria visto que seu rosto de repente ficou pálido e seus olhos se arregalaram. Olhou também para a rua do lado de fora pensando no que falar.
A verdade é que ele havia encontrado uma senhora que mora na mesma rua que a garota morava, e para sua surpresa a senhora lembrava-se perfeitamente dele e de Demi. Antes mesmo que ele pudesse perguntar se ela havia visto o pai da menina, a senhora começou a reclamar de como homens suspeitos e medonhos rondavam a antiga casa de Demi e o pai dela era raramente visto.
- Não. – Respondeu simplesmente se odiando por ter que mentir para ela.
Demi voltou seu olhar para e ele, e por alguns instantes Joe pôde jurar que ela soube que ele estava mentindo. Sorriu fraco e sem vontade vendo a menina repetir seu gesto antes de abrir a porta do carro e sair. Ele entendeu o recado e pulou para o banco do motorista no mesmo instante em que ela abria a porta do carona e sentava no mesmo lugar que ele estava segundos antes.
- Casa? – Joe perguntou ligando novamente o carro.
- Tanto faz. – Demi deu de ombros voltando a se perder em pensamentos enquanto olhava pela janela.
# Flashback (11 anos antes)
- Vamos, logo, Dem! – Ele parou esperando a menina se aproximar mais e quando ela chegou perto, pegou sua mão voltando a correr pelo enorme gramado, até entrarem na casa. – Shh! – Joe botou o dedo na boca pedindo para que ela fizesse silêncio e a menina concordou mordendo o lábio inferior.
Os dois adentraram a enorme sala e subiram a escada em silêncio e tomando cuidado para que ninguém os visse. Joe olhou os dois lados constatando que o extenso corredor estava vazio e puxou a menina pela mão caminhando com cuidado até uma das ultimas portas que estava entreaberta. Olhou pela fresta aberta e botou a mão na boca rapidamente para conter um riso fazendo Demi arquear as sobrancelhas sem entender.
- Vem aqui. – Sussurrou botando a menina em sua frente fazendo com que ela tivesse a mesma visão que ele estava tendo.
Dentro do quarto havia duas pessoas deitadas na cama, ou melhor, um casal bastante animado aos beijos e um pouco mais, por sorte ainda estavam parcialmente vestidos.
Demi abriu a boca sem acreditar e também segurou um riso olhando pra Joe em seguida. Ele sorriu em silêncio e os dois voltaram a observar o casal.
As mãos do homem passeavam por toda extensão alcançável do corpo da mulher que arranhava as costas nuas dele fazendo-o soltar gemidos nada discretos.
- Ew! – Demi falou baixo entortando a boca quando o homem desceu os beijos para o pescoço da mulher. – Que nojo. – Completou.
- Um dia você vai fazer isso também. – Joe falou rindo e parando de prestar atenção no casal.
- Não vou nada. – A menina retrucou o olhando.
- Vai sim. – Deu de ombros com um ar de superioridade.
A menina fez uma cara emburrada e cruzou os braços olhando novamente o casal.
- Eu não vou beijar nunca, é nojento. – Fez uma careta se afastando da fresta aberta da porta. - Não é nojento se for com a pessoa que você gosta. – Joe sorriu a olhando.
- Você já beijou? – A menina perguntou mais chocada pelo fato dele nunca ter contado nada, do que por ele já ter beijado alguma menina.
- Não, mas eu sei. – Deu de ombros novamente e se afastou da porta. – Vamos descer, nossas mães devem estar nos procurando. – Falou voltando a caminhar com Demi em seu encalço.
- Joe. – A menina o chamou parando no meio da escada e sentando, ele a olhou sem entender. – Se eu beijasse você, não ia ser nojento? – Perguntou com curiosidade. Joe parou por alguns segundos, pensando.
- Não sei. – Falou com sinceridade sentando-se ao lado da menina. – Quer tentar? – A olhou em dúvida recebendo o mesmo olhar de volta.
Demi olhou rapidamente a boca de Joe e se sentiu envergonhada por isso. Olhou o final da escada pensando em sair correndo, mas percebeu que ela não queria sair correndo, ela queria mesmo tentar. Joe era o único garoto que ela confiava de qualquer forma. Se não for com ele, pensou, não vai ser com nenhum outro.
Olhou novamente o garoto ao seu lado e balançou a cabeça concordando.
Joe sorriu fraco sem saber direito o que fazer, não pensava que ela ia concordar.
- Hm... fecha os olhos. – Pediu vendo a menina o olhar em dúvida, mas fechar os olhos segundos depois. Devagar, ele aproximou o rosto do dela e encostou sua boca na dela fechando também os olhos.
Menos de dez segundos, que pareceram uma eternidade na cabeça dos dois, eles se afastaram abrindo os olhos. Joe estranhando o formigamento nas mãos e o calor que lhe atingiu em cheio, e Demi achando que tinha algo errado com o coração que tinha acelerado sem mais nem menos.
Antes que pudessem falar alguma coisa, duas vozes se aproximaram no corredor e eles trocaram um olhar rápido antes de descerem as escadas correndo e saírem da casa voltando para o jardim bem iluminado que estava cheio de mesas e cadeiras e com várias pessoas circulando.
Chegaram ofegantes até a mesa em que suas mães estavam e sentaram lado a lado nas cadeiras.
- Onde vocês estavam? – Emily perguntou olhando a filha respirar com dificuldade e reparando em seu rosto levemente avermelhado e não muito diferente do de Joe.
- Brincando. – Os dois falaram levantando os ombros ao mesmo tempo.
A mulher os olhou desconfiada, mas sabia que mesmo se estivessem aprontando alguma coisa, nunca iriam falar, achou melhor deixar de lado e voltou a conversar com a irmã ao seu lado.
Demi observou as próprias mãos enquanto esperava o coração desacelerar e sentiu o olhar de Joe sobre si a analisando.
- Você sentiu alguma coisa? – Ele perguntou mais baixo, mais por vergonha do que medo que alguém os escutasse.
- Meu coração acelerou. – Respondeu com sinceridade. – E você? – O olhou ansiosa.
- Nada. – Acabou falando depois de um tempo e por pouco não voltou atrás e confessou que sentiu as mãos suarem e formigarem, enquanto um calor estranho percorreu seu corpo.
A menina balançou a cabeça concordando e deu de ombros levemente voltando sua atenção para a conversa que as mulheres na mesa estavam tendo.
# End of flashback
Ele se deitou ao lado de Demi que estava encostada em uma árvore e apoiou a cabeça em uma das pernas dela num pedido de carinho. A menina adorava os momentos de carência do animal, ele tinha mania de querer ficar no colo, ou de deitar com a barriga pra cima para que a acariciassem. Ela levou uma das mãos até a cabeça dele e começou a fazer carinho fazendo-o fechar os olhos aos poucos.
Ouviu passos na grama se aproximando e segundos depois alguém sentar ao seu lado. Sorriu para Joe que retribuiu antes de passar a mão rapidamente pela cabeça do cachorro fazendo-o balançar o rabo preguiçosamente.
- Qual era o assunto tão urgente do Nick? – Demi perguntou o olhando.
Joe deu de ombros soltando uma risada pelo nariz.
- Uma antiga ficante dele apareceu do nada dizendo que suspeitava estar grávida e só podia ser dele. – Demi riu também balançando a cabeça. – Mas no final não tinha gravidez nenhuma, parece que a menina é meio obcecada pelo Nick.
- O Nick deve ter muitas fãs espalhadas por ai. – A menina concordou.
Alguns minutos se passaram em silêncio e os dois apenas observavam a pequena movimentação do parque. Algumas crianças brincando, alguns casais apaixonados e alguns patos barulhentos que ficavam em um lago e tinham a sorte de Harte estar bem aconchegado na perna da dona, ou eles certamente seriam sua maior diversão.
- Não gosto quando você mente pra mim. – Demi quebrou o silêncio soltando um suspiro cansado.
- Sei que não. – Joe apoiou as duas mãos na grama um pouco atrás de si e cruzou as pernas ficando em uma posição mais relaxada.
Demi o olhou sabendo que ele tinha entendido o que ela quis dizer.
- Nem sou tão frágil quanto você pensa.
- Sei que não. – Repetiu a olhando e desviando rapidamente o olhar para o céu. – Encontrei a senhora Wayde alguns dias atrás. – Finalmente falou fazendo com que a menina parasse de fazer carinho no cachorro e voltasse sua atenção toda para ele. – Ela não vê o seu pai faz algum tempo e parecia assustada com uma movimentação estranha perto da sua casa.
- Movimentação estranha? – Perguntou sem entender.
- Alguns homens suspeitos, como ela mesma disse. – Deu de ombros nem um pouco confortável por estar tendo aquela conversa com a menina.
- O que você acha? – Demi o olhou em dúvida.
- Não sei. – Preferiu não falar nas possibilidades que já havia pensado.
- Tenho medo que aconteça alguma coisa com ele. – Confessou mais baixo.
Não importava o quanto ele a tinha maltratado e o quanto ele a machucou com todas as palavras ditas durante os longos anos em que morou com ele. Acima de tudo ele ainda era seu pai e suas memórias de infância provavam que ele algum dia esteve presente na vida dela e a fez sorrir incontáveis vezes. Era ele que ficava acordado durante a noite quando ela não estava se sentindo bem ou que acampava junto com ela no jardim de casa.
- Não vai acontecer nada. – Joe falou com a voz tranqüila querendo que aquilo fosse realmente verdade. Mas como ele podia ter certeza se suspeitava que o pai da menina estava envolvido com drogas?
Se sentou mais perto da garota também encostando-se à árvore e passou um braço por detrás dela a abraçando pela cintura. Ela deitou a cabeça em seu ombro recebendo um beijo na testa que a faz sorrir levemente, gostava do cuidado que Joe tinha com ela, mesmo que por vezes se irritasse por ele achar que ela era de cristal e pudesse partir a qualquer momento.
- Às vezes eu me culpo por ter saído de casa e nunca mais ter dado noticia. – Comentou calmamente.
- Se você não deu mais noticia foi porque ele fez por merecer. – Joe deu de ombros. – Não se culpe por nada, você sabe que seu pai há muitos anos perdeu o respeito por si próprio e por todos que faziam parte da vida dele.
- Não queria que fosse assim. – Se encolheu um pouco sentindo os braços de Joe a apertarem mais contra si e ele se mexer para deixá-la mais confortável.
- Mas aconteceu e você não teve culpa de nada. – Sua voz tranqüila a reconfortou. Como sempre acontecia.
- Eu acho que eu já teria enlouquecido se eu não tivesse você do meu lado. Provavelmente estaria tão perdida quanto o meu pai. – Riu ironicamente do próprio destino.
- Você nunca foi muito boa em se virar sozinha. – Joe zombou recebendo uma leve cotovelada na barriga.
- Queria conseguir me lembrar da primeira vez que você foi lá em casa, depois da minha tia te adotar. – Suspirou puxando todas as suas memórias de infância de sua mente. Não conseguia lembrar de alguma em que Joe não estivesse presente. – Você lembra?
- Quase nada. – Mentiu.
Lembrava-se perfeitamente dos olhos do bebê de seis meses que o encarava como se pudesse prever toda sua vida. Lembrava-se perfeitamente de como o corpo frágil dela ficava perfeitamente seguro em seus braços como se tivesse de alguma forma sido moldado para se encaixar ali. Lembrava-se principalmente do que dissera a ela, e aquela promessa ele podia dizer que não iria quebrar nunca.
Continua...
Divulguem o blog.por favor gente :D
Oh... Jemi está tão fofo :)
ResponderExcluirOoie, ameei o blog. - Nova seguidora ;p
ResponderExcluirPoderia divulgar o meu?
pleaseforgivemejemi.blogspot.com
Se gostar, poderia segui-lo?
Beeijos.
Vou divulgar aqui e no Twitter :)
ResponderExcluirPosta logo, to curiosa! ;*
Posta logo! ;) cap fofo *---*
ResponderExcluirPERFEITO
ResponderExcluirPOSTA LOGO
BeiJemi
Posta mais por favooooooooooooooooor
ResponderExcluirEu necessito do capítulo 7 *--*
ResponderExcluirPosta logo ! Ta muito bom !
ResponderExcluirTudo perfeito ! Quero mais!
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ResponderExcluirPode divulgar?
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