terça-feira, 31 de julho de 2012

Capítulo 25

Sentou no ônibus ao lado de Makedde, deixando a cabeça pender para o lado e fechando a cortina. Ouviu a amiga resmungar alguma coisa e não precisou entender para saber que era alguma reclamação sobre seu humor. Aqueles resmungos vinham acontecendo com bastante freqüência nas últimas semanas.

- Você podia ao menos tentar sorrir.
Rolou os olhos, virando para a janela e apertando o moletom contra o corpo.


- Não enche, Mak. Eu aceitei vir nessa viagem, não foi? Já é um grande esforço.
Makedde deu de ombros e virou para o corredor, sorrindo para as pessoas que entravam no ônibus.
A turma de Design do curso que elas faziam havia combinado de irem à praia juntos já que em uma semana as provas começariam e eles não teriam tempo para festas.
Demi colocou o fone do ipod no ouvido e aumentou o volume, esperando poder dormir durante a viagem até a praia ou que Makedde a deixasse em paz. Nem ao menos conseguia lembrar por que havia aceitado ir naquela viagem. Tudo que ela queria era ficar na cama e dormir durante dias seguidos.
Seu namoro com Jared havia terminado e agora tudo que ela precisava era de um abraço sincero e algumas palavras que confirmassem que iria ficar tudo bem. Makedde não estava sendo muito prestativa, em parte porque ela adorava Jared, mas especialmente por saber o motivo que havia levadoDemi a terminar com Jared.
Joe.
Em uma das várias brigas que vinham tendo desde o término ela confessara sua antipatia por Joe. Não conseguia entender como, depois de quase dois anos, Demi podia ainda estar tão ligada à ele. Não compreendia por que a amiga não conseguia seguir em frente, ainda mais com um cara como Jared ao seu lado.
Demi nunca argumentava. Não tentava explicar. Como iria explicar algo que nem ela mesma entendia?
Abriu os olhos, percebendo que o ônibus já estava em movimento e se virou ao ouvir a voz animada de Makedde. No banco do outro lado do corredor uma garota morena com algumas mechas loiras conversava com sua amiga. Percebeu o violão no banco ao lado dela e deduziu que ela deveria fazer parte da banda que Derek, um dos garotos do curso, disse que conhecia e que poderia tocar na praia.


- Ei. – Makedde sorriu a olhando. – Você não dormiu muito.


- É, percebi. Deu de ombros, guardando o ipod de volta na bolsa.


- Olá! – A voz da garota com a mecha loira era animada. Sorriu, acenando brevemente enquanto Makedde as apresentavam.
A garota se chama Cassadee e ela realmente fazia parte da banda que Derek conhecia. Demi não estava com muita vontade de ficar conversando, mas sabia que se ficasse em silêncio, aquela viagem duraria mais do que ela gostaria.


- Ah, ela está de mau humor porque terminou com o namorado. – A voz de Makedde chamou sua atenção.


- Mak! – Exclamou, sem paciência. Não precisava ter sua vida pessoal espalhada para desconhecidos.
Makedde deu de ombros. Não via nada demais em falar sobre aquilo. Cassadee sorriu simpática, mas Demi pôde sentir o olhar de pena sobre si, era exatamente por isso que não queria comentar sobre o assunto.


- Está tudo bem. – Sorriu, tentando parecer despreocupada.


- É, ela gosta de outro.


- Mak!
Dessa vez Cassadee riu.


- Já passei por essa situação. – Ela comentou. – É melhor terminar do que tentar usá-lo só para esquecer do outro, certo?


- Não quando o outro está em um país a quilômetros de distancia e não manda noticias há milênios. Enquanto o outro...


- O outro é um amor e te trata como uma princesa. – Cassadee completou.
Demi e Makedde a olharam, reparando no olhar de tristeza que ela carregava, mesmo com um sorriso no rosto.


- Viu, Mak? A Cassadee me entende.


- Pode me chamar de Cass. E sim, eu te entendo.
Não demorou muito para o ônibus parar e todos saltarem em frente a uma praia quase deserta. Dali era impossível ouvir o som dos carros ou buzinas. Os pássaros cantando e as ondas se quebrando eram os únicos sons presentes.
O céu estava nublado e as nuvens pareciam carregadas, mas ninguém ali pareceu se importar. Toalhas foram estendidas na areia, troncos de árvores formaram círculos e duas caixas de som animavam o grupo.
Demi, Makedde e Cassadee sentaram nas toalhas que haviam levado e observaram o mar agitado.


- ‘Tô com fome. – Mak comentou, pegando uma barra de chocolate na bolsa.


- Chocolate mata sua fome? – Cassadee a olhou com a sobrancelha arqueada.


- Chocolate ajuda a abrir espaço para a comida. – Demi explicou, imitando a voz da amiga.
As três riram da péssima imitação.


- Boa garota. Aprende rápido. – Brincou, alisando os cabelos de Demi.

A tarde pareceu voar para todos que estavam na praia. Os três garotos da banda ainda sem nome de Cassadee se juntaram a conversa das meninas na hora do almoço e o grupo permaneceu conversando até o sol começar a se pôr e alguém dar a idéia de um luau.
Rapidamente uma fogueira foi armada e diversos troncos de árvores foram colocados ao redor dela. Algumas pessoas continuaram caminhando pela praia e conversando, mas a maioria se juntou à banda perto da fogueira.


- Vamos pra lá. – Makedde se levantou.
- Nah, tem muita gente. Consigo ouvir daqui. – Demi a olhou.

Makedde se agachou na frente da amiga, já ouvindo a primeira música ser tocada.

- Dem, não quero te ver triste assim. Sério, dói meu coração ver essa sua carinha sem um sorriso.


- ‘Tá tudo bem, Mak. Pode ir lá, eu estou bem aqui. – Sorriu. Ou tentou sorrir. Não sabia se tinha dado muito certo.


- Não vou te deixar sozinha aqui.


- Vai sim. Eu quero, ok? - Makedde a olhou em dúvida. – É sério. Eu me viro bem sozinha.


- Qualquer coisa me grita, tá? – Mak beijou a testa da amiga e foi até onde o grupo estava reunido.

Demi ouvia a voz calma de Cassadee e os aplausos da platéia. Ela fazia covers de bandas conhecidas e cantava algumas músicas que ela mesma havia escrito.
O sol começava a sumir no horizonte quando uma melodia leve começou a ser tocada no violão. Demi fechou os olhos, gostando da brisa leve que tocava seu rosto.

You're the direction I follow to get home
Você é a direção que eu sigo para chegar em casa
When I feel like I can't go on, you tell me to go
Quando eu sinto que não consigo ir em frente, você me diz pra ir
And it's like I can't feel a thing without you around
E é como se eu não pudesse sentir nada sem você por perto
And don't mind me if I get weak in the knees
E não ligue se eu ficar enfraquecida nos joelhos
Cause you have that effect on me, you do
Porque você causa esse efeito em mim, você causa


Demi teve a impressão de saber para quem Cassadee havia escrito aquela música. Podia jurar que, se tivesse a escrito, não mudaria nenhum verso, nenhuma palavra.

Everything you say
Tudo o que você diz
Everytime we kiss I can't think straight, but I'm ok
Toda vez que nós nos beijamos eu não consigo pensar direito, mas estou bem
And I can't think of anybody else
E eu não consigo pensar em mais ninguém
Who I hate to miss as much as I hate missing you
Que eu odeie ter saudade o tanto quanto eu odeio sentir sua falta

Months are going strong now, and no goodbye
Meses passam rápido agora e nenhuma despedida
Unconditional, unoriginal, always by my side
Incondicional, comum, sempre ao meu lado
Meant to be together, made for no one but each other
Feitos para ficar juntos, feitos para ninguém além de nós dois
You love me, I love you harder, so
Você me ama, eu te amo mais, portanto

Everything you say
Tudo o que você diz
Everytime we kiss I can't think straight, but I'm ok
Toda vez que nós nos beijamos eu não consigo pensar direito
And I can't think of anybody else
E eu não consigo pensar em mais ninguém
Who I hate to miss as much as I hate missing you
Que eu odeie ter saudade o tanto quanto eu odeio sentir sua falta

Levantou-se, sentindo a cabeça girar com lembranças que há muito tempo não pensava. Caminhou na direção contrária a que a maioria das pessoas estava. Tirou o moletom dos ombros e o vestiu, apertando-o contra si e colocando as mãos nos bolsos para aquecê-las.

So please, give me your hand
Então, por favor, me dê sua mão
So please, give me your lesson on how to steal
Então, por favor, me dê uma lição de como roubar
Steal a heart, as fast as you stole mine
Roubar um coração, tão rápido como você roubou o meu
As you stole mine
Como você roubou o meu

A voz de Cassadee ia ficando mais distante na medida em que ela se afastava da fogueira. Sentia uma vontade de correr, de chorar, de gritar. Queria voltar para Londres e dizer para Joe que nunca quis abandoná-lo, que sua intenção nunca foi deixá-lo para trás e nem esquecê-lo.
A imagem dele apareceu em sua mente com tanta clareza que ela se assustou com os detalhes que já havia quase esquecido.
Caminhou em direção ao mar e tremeu ao sentir a água gelada molhar seus pés. O sol agora era quase impossível de ver no horizonte, algumas estrelas já brilhavam forte no céu. Fechou os olhos e desejou que os quatro meses que faltavam passassem num piscar de olhos. Tudo ia ficar bem quando ele estivesse ao seu lado novamente. Tudo estaria em seu devido lugar quando a mão dele segurasse a sua e os lábios dele se encaixassem com perfeição aos seus.

Everything you say
Tudo o que você diz
Everytime we kiss I can't think straight, but I'm ok
Toda vez que nós nos beijamos eu não consigo pensar direito
And I can't think of anybody else
E eu não consigo pensar em mais ninguém
Who I hate to miss as much as I hate missing you
Que eu odeie ter saudade o tanto quanto eu odeio sentir sua falta

So please, give me your hand
Então, por favor, me dê sua mão
So please, just take my hand
Então, por favor, apenas pegue minha mão



# Flashback (1 ano antes)

Observou a sala lotada de pessoas que sua vista já não era mais capaz de focar, teve a impressão de estar sendo observada e olhou ao redor, se sentindo um pouco tonta.


- Kevin? – Perguntou para si mesma, tentando focar a visão em um ponto do outro lado da sala. Piscou fortemente sentindo os olhos arderem, e, quando os abriu novamente, quem quer que estivesse a olhando, já havia sumido.
Resmungou baixo pegando a cerveja e bebendo um grande gole. Aquela seria a décima? Ela havia perdido a conta quando passara da quinta e ainda havia virado alguns copos de vodca em uma aposta com os garotos do time de natação do colégio. Quem se importava em ficar sóbria? Aquela era sua última festa do colégio. Poderia ser a última vez que teria que socializar com aquelas pessoas, mas Joe insistia em fazê-la ir para a formatura.
Levantou-se rapidamente e caiu novamente sentada no sofá. Riu sozinha dando um tapa na própria testa e se levantou novamente com mais cuidado.
Atravessou a sala entre dancinhas ridículas e risos histéricos, e quando chegou ao jardim olhou ao redor reparando na quantidade de casais praticamente transando ao ar livre.


- Arrumem um quarto! – Falou alto, caminhando para o fundo do jardim que dava para um riacho que atravessava o condomínio.
Sentou em uma área mais vazia e abraçou as pernas. Que droga de festa era aquela? E o que ela estava fazendo ali? Lembrou de quando ela e Joe eram pequenos e diziam que não havia diversão se estivessem separados. Velhos hábitos dificilmente morrem.


- Ei, garota! – Ouviu uma voz masculina e virou a cabeça, encontrando um par de olhos azuis a encarando. O menino sorriu e a estendeu um cigarro.


- Hm, não, obrigada. – Falou sem graça.


- Ah, qual é, gatinha! Achei que você fosse diferente daquelas patricinhas. – Apontou a casa.
Demi olhou a casa toda iluminada e mordeu o lábio em dúvida. Ela era diferente daquelas garotas! Não queria ser fútil e ignorante que nem elas, e afinal, um cigarro não poderia matá-la, poderia?
Sorriu, aceitando o cigarro que ainda lhe era estendido e acendeu com o isqueiro que o garoto jogou em sua mão. Na primeira tragada ela tossiu tanto que pensou em devolver, mas com um pouco de incentivo, continuou tragando e aos poucos foi se sentindo mais leve.

Acendeu o segundo cigarro entre risos histéricos por causa de alguma história sem nexo que John contava.
- Cala boca, John! Lógico que isso não é verdade! – Falou, tentando controlar o riso.


- ‘Tô falando que é! – John rebateu. – Droga os cigarros acabaram. Eu devia ter feito mais. – Comentou, pegando o cigarro da mão da menina. – Você me deu prejuízo hoje, Demi.


- Desculpe por isso! – Riu, pegando o cigarro de volta.


- Primeira vez? – Perguntou curioso. A menina ficou calada por alguns segundos e depois balançou a cabeça confirmando. – Então vamos aproveitar! – Falou, já se levantando e puxou a menina pela mão.
Entraram novamente na casa e foram se esgueirando pelas pessoas até o meio da casa. A música agitada estava ensurdecedora e eles mexiam o corpo de acordo com a batida entre gritos e risos.
Demi sentia o sangue ferver e o coração acelerar enquanto tudo a sua volta parecia ser apenas um flash. As pessoas iam se tornando apenas borrões na medida em que ela se sentia mais leve e desligada de tudo a sua volta. Aos poucos seus movimentos foram se tornando constantes e iguais, não importando a batida da música.
John sorriu observando a menina já um pouco mais afastada dele e sentiu alguém dar um tapinha em suas costas. Sorriu para um menino de cabelo comprido e pegou dois tubos na mão dele, lhe mostrando o polegar em seguida. Caminhou novamente até a menina e passou os braços por sua cintura.


- Consegui uma coisa pra gente! – Falou em seu ouvido. – Vem comigo. – Segurou em sua mão sem sentir nenhuma resistência da parte dela.
Subiram as escadas rapidamente e entraram no ultimo quarto do corredor.


- Aqui. – John entregou um dos tubos para a menina que o olhou sorrindo. Seu rosto parecia entorpecido e o sorriso era bobo e permanente.


- Não sei cheirar lança, John! – Riu sozinha. – Vai você primeiro. – Falou, sentando na cama relaxadamente. 

O menino pegou o tubo também sentando na cama e deu uma grande inalada sentindo imediatamente uma euforia. Depois outra novamente, e mais outra, até praticamente esquecer da menina sentada ao seu lado.
Demi o observou sentindo a euforia dele praticamente se desprender do corpo e pegou o tubo repetindo o ato do menino. Riu sozinha depois da primeira inalada. A música alta que chegava até o quarto a fez levantar da cama e começar a dançar sozinha sendo seguida, segundos depois, pelo menino.

Demi caiu na cama sentindo John beijar seu pescoço com vontade enquanto ela ainda ria sem motivo algum. Sua cabeça estava pesada e ela estava alheia aos acontecimentos ao seu redor, sentia seu corpo leve demais, praticamente flutuando. Fechou os olhos por alguns segundos e ouviu um barulho alto. Segundos depois John já não estava mais em cima dela e a língua dele não molhava mais seu pescoço.
Abriu os olhos vendo tudo girar e só o que conseguiu ouvir foram algumas vozes que lhe pareciam distantes demais.


- Joe! – Sufocou, levando a mão até a garganta.


- Fala logo o que você deu pra ela, porra! – Um grito pareceu lhe puxar de volta para a realidade, mas sua vista ainda estava desfocada demais. – Fala antes que eu arrebente a sua cara!
- É efeito do lança! – A voz de John gritou.


- Demi, fala comigo! – Duas mãos seguraram em seu rosto e ela riu boba. – Foi só lança? – A voz perguntou alto.


- Lança e maconha, porra! Eu não sabia que ela ia reagir dessa forma!


- E o que você pensou, seu imbecil? Ela tem dezessete anos e nunca se drogou! Sai daqui antes que eu acabe com você! – Gritou.


- Joe! – Demi sufocou novamente. Procurou por ar, mas parecia que o oxigênio não estava chegando até seus pulmões.


- Tenta respirar, Dem. Por favor. – Joe falou afastando a mão dela da própria garganta.


- Me tira daqui – Demi pediu. – Eu não consigo respirar direito! – Falou baixo.
Joe carregou a menina no colo, tomando cuidado para não deixar a cabeça dela pendendo e saiu do quarto rapidamente. Durante todo o caminho até o lado de fora da casa, sentiu os olhares curiosos das pessoas e os cochichos sobre a garota que estava se drogando no quarto.
Quando chegou ao jardim avistou Kevin ao lado de seu carro já com a porta aberta.


- Obrigado, cara! – Falou sentando Demi no banco. – Dem? Consegue me ouvir? – Deu alguns tapinhas no rosto dela.


- Me tira daqui. – A menina repetiu.


- O que deram pra ela? – Kevin perguntou preocupado, olhando a menina.


- Maconha e lança. – Joe respondeu fechando a porta do carona. – Obrigado pela ajuda, cara! Vou levar ela pro loft.


- Quer que eu vá com você? – Kevin o olhou, mas o garoto apenas balançou a cabeça negando.
Entrou rapidamente no carro e arrancou, ouvindo o barulho dos pneus cantando. A menina no banco do passageiro respirava pesadamente como se ali dentro não houvesse oxigênio suficiente, abriu os vidros vendo-a se mexer desconfortável e balbuciar algumas palavras sem sentido. Olhou o relógio que marcava quase duas da madrugada e imaginou há quanto tempo ela havia cheirado o lança perfume, o efeito provavelmente passaria em alguns minutos.
Demi abriu a boca e inspirou uma enorme quantidade de ar, abrindo os olhos em seguida. Joe segurou sua mão com força, recebendo um olhar amedrontado da menina que foi relaxando aos poucos enquanto ainda respirava com dificuldade.
Joe fez menção de soltar a mão de Demi, mas ela segurou com mais força, encolhendo as pernas e encostando a testa nos joelhos.


- Me desculpe. – Falou por baixo fôlego. 


- Guarde suas desculpas pra si mesma. – Joe rebateu sem se importar se estava sendo grosso. Sentiu a menina apertar sua mão, mas nenhum dos dois disse mais nada.
Estacionou o carro mais rapidamente que o normal e soltou indo até a porta do carona e a abrindo.
Demi continuava com as pernas encolhidas e sua mão estava solta no banco do mesmo jeito que ele deixara ao soltá-la. Joe respirou fundo tentando controlar a raiva e viu a menina levantar a cabeça e o olhar, envergonhada. Assustou-se um pouco com os olhos vermelhos dela e engoliu em seco, sentindo uma pontada no peito.


- Vamos. – Falou, a pegando no colo novamente.


- Me desculpe, me desculpe, me desculpe. – A menina sussurrava com a cabeça encostada no peito dele.
Joe bufou rolando os olhos. O efeito do lança perfume já havia passado, mas ele sabia que o da maconha ainda demoraria um pouco para passar.
Abriu a porta do loft com cuidado e subiu rapidamente para o seu quarto, deitando Demi na cama. Olhou o rosto ainda perturbado dela e sua boca que estava seca e levemente arroxeada.


- Fica aqui! – A menina falou baixo quando ele se afastou. Joe a olhou rapidamente e desceu as escadas. Em menos de um minuto estava novamente ao lado dela com um copo de água na mão.


- Bebe. – Ordenou sentando ao lado dela na cama.
Demi pegou o copo com a mão trêmula e quase o deixou cair. Joe bufou, afastando a mão dela do copo e ajudando-a a beber calmamente.


- Vem tomar um banho. – Falou, a pegando pelo braço e a ajudando a andar até o banheiro.
Antes que a menina pudesse reclamar, ele a colocou embaixo do chuveiro somente de calcinha e sutiã. Demi murmurou algumas palavras que Joe não entendeu e nem se preocupou em perguntar o que era. Ainda sentia seu sangue ferver de raiva só de imaginá-la consumindo drogas.

Joe deitou a menina na cama, sentindo o quão mole ela estava, seus olhos não conseguiam se manter abertos por mais de dez segundos.


- Eu tô com muito sono. – Demi falou, tão baixo que ele quase não pôde ouvir.


- É o efeito da... droga passando. – Explicou, sentindo a garganta apertar. Levantou-se, tirando a camisa e, antes de entrar no banheiro, ouviu a menina resmungar.


- Não me deixa aqui sozinha.


- Eu só vou tomar banho. – Falou, se aproximando e passando a mão pela testa dela. – Não vou te deixar sozinha.


- Obrigada. – A menina conseguiu abrir os olhos por alguns segundos e encará-lo. – Eu amo você. – Suspirou fechando os olhos e sentindo o corpo todo se render ao sono.


- Também amo você. – Joe sorriu fraco dando um beijo na testa da menina e vendo um pequeno sorriso se formar no canto dos lábios dela.



# End of flashback

O relógio marcava quase uma da manhã quando ele passou pela cozinha e saiu pela porta no quintal da casa tipicamente australiana. A vista para o mar agora era quase impossível de admirar, a escuridão tomava conta da paisagem e a única evidência do oceano ali perto era o barulho das ondas.
Joe sentou na grama inclinada, sentindo o ar frio quase congelar seus pulmões.

So this is the end of you and me
Então este é o fim de você e eu
We had a good run and I'm setting you free
Nós tivemos um bom curso e eu estou te libertando
To do as you want, to do as you please
Para fazer o que você quiser, para fazer o que te agradar
Without me
Sem mim

Remember when you were my boat and I was your sea? 
Se lembra quando você era meu barco e eu era o seu oceano?
Together we'd float so delicately
Juntos nós flutuávamos tão delicadamente
But that was back when we could talk about anything
Mas isso é de quando nós podíamos conversar sobre qualquer coisa


Pegou o maço de cigarro no bolso do moletom e o isqueiro no bolso da calça. Nunca gostara de cigarros, mas ultimamente havia adquirido esse vicio desagradável. Soltou a fumaça no ar, vendo-a sumir rapidamente na escuridão.
Observou o céu conseguindo contar facilmente quantas estrelas conseguia ver. A enorme lua cheia era quase uma visão de filme. Apoiou os braços na grama e esticou as pernas, relaxando lentamente e aproveitando o vento frio e o breu.

'Cause I don't know who I am
Porque eu não sei quem eu sou
And you're running circles in my head
E você está correndo círculos em minha cabeça
And I don't know just who you are
E eu não sei apenas quem é você
When you're sleeping in someone else's bed
Quando está dormindo na cama de outro alguém

Three whole words and eight letters late
Três palavras inteiras e oito letras atrasadas
That would have worked on me yesterday
Que teriam funcionado para mim ontem
We're not the same, I wish that it could change
Nós não somos os mesmos, eu queria que isso pudesse mudar
But it can't
Mas não pode

And I'll say your name and in the same breath
E eu direi seu nome e no mesmo fôlego
I'll say something that I'll grow to regret
Eu direi algo que crescerei me arrependendo
So keep your hands on your chest and sing with me
Então mantenha suas mãos em seu peito e cante comigo
That we don't wanna believe
Que nós não queremos acreditar


Com os olhos fechados ele podia ver com mais clareza. Com os olhos fechados ele podia ver o que estava tão distante de seus olhos abertos.
A imagem que tinha em sua cabeça era quase desbotada. Não fazia jus à realidade.
Lembrava do som da risada dela, agora já distante. Seus cabelos que caiam com perfeição em seus ombros e suas costas. Seu corpo formando o encaixe perfeito junto ao dele.
Não importava quantos corpos passassem por sua cama, eles seriam apenas copos. Nenhum conseguiria preencher o vazio que ela havia deixado ao partir.
Abriu os olhos sentindo uma lágrima escorrer por seu rosto e se perguntou como, depois de quase dois anos, ainda estava sofrendo por Demi. Ela estava com outro, tinha novos amigos, uma nova vida. E ele não ficava para trás. Estava famoso, tinha garotas em seu pé o tempo inteiro, mas ainda assim era ela que atormentava seus sonhos e seus pensamentos.
Quanto tempo essa tortura duraria? Não sabia se era capaz de agüentar por mais tempo. A dor em seu peito constantemente o lembrava que fora ele quem a deixara partir.

'Cause I don't know who I am
Porque eu não sei quem eu sou
And you're running circles in my head
E você está correndo círculos em minha cabeça
And I don't know just who you are
E eu não sei apenas quem é você
When you're sleeping in someone else's bed
Quando está dormindo na cama de outro alguém

So it's true what they say
Então é verdade o que eles dizem
If you love someone, you should set them free
Se você ama alguém, você deve libertá-los
Oh, it's true what they say
Oh, é verdade o que eles dizem
When you throw it away
Quando você joga isso fora

I don't know who you are
Eu não sei quem é você
I don't know who you are
Eu não sei quem é você

“Acho que é como se você fosse uma parte de mim, como um pedaço faltando. Ou algum tipo de extensão.”
“Isso é um pouco surreal, Joe.”


Riu sozinho ao lembrar de sua antiga teoria. Seria muita estupidez acreditar nisso até hoje? Ele não conseguia deixar de pensar que ela era seu pedaço faltando. Não era romantismo, ele apenas não conseguia encontrar outra explicação plausível.
Nunca gostara de filmes românticos e achava tudo uma baboseira, mas se Demi não fosse sua alma gêmea, o que mais ela seria? Por que outra razão, depois de tanto tempo, ainda estaria ali, sofrendo por ela e desejando-a ter apenas para si? Por que outra razão não conseguiria imaginar sua vida sem a presença dela? Por que outra razão sentiria o vazio dentro de si quanto ela não estava por perto?
Sua vida e a dela se cruzavam. Em todos os sentidos, em todos os caminhos. Exatamente como ela dissera na carta; “Não importa qual estrada eu pegue, qual caminho eu decida seguir, eu sei que o final vai ser sempre você.”
Sempre ela.
Sempre ela.
Para sempre ela.

Oh, 'cause I don't know who you are
Oh, porque eu não sei quem é você
When you sleep with somebody else
Quando você dorme com outro alguém
'Cause I don't know who I am
Porque eu não sei quem eu sou
When you sleep with him
Quando você dorme com ele

It's true what they say when you throw it away
É verdade o que eles dizem quando você joga isso fora



Continua...


Penultimos capítulos galera :) comentem.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Capítulo 24

Joe apertava a almofada em seu colo já completamente inconsciente do que estava fazendo. Tinha a impressão de já ter acordado fazendo tudo automaticamente e sem prestar muita atenção. A movimentação ao seu redor era grande, mas ainda assim incapaz de fazê-lo despertar daquele estado de total desatenção.
Sentiu uma mão apertando seu ombro e olhou para o garoto ao seu lado. Nick sorriu dando uns tapinhas nas costas dele e pareceu falar alguma coisa, mas ele não prestou muita atenção, apenas sorriu e voltou a apertar a almofada. 


- Qual é o problema dele? – Ouviu uma voz falar, mas não quis virar e ver quem era. 


- Sei lá. Nervoso? – Reconheceu a voz de Nick. 


- Vocês são os próximos. – Outra voz desconhecida entrou no camarim.


- Certo, a gente consegue! – Chris falou, otimista como sempre.
Joe finalmente resolveu olhar ao redor e viu que seus companheiros de banda já estavam de pé pegando os instrumentos e dando uma última checada no espelho. Respirou fundo antes de fazer a mesma coisa e logo depois ouvir a porta ser aberta e alguém gritar que eles tinham que ir para o palco.
Caminharam pelos corredores do backstage, vez ou outra se entreolhando e sorrindo meio idiotas, sem saberem direito o que fazer. 


- Cinqüenta mil pessoas. – Joe repetiu o que Richard havia lhes falado antes saírem do camarim.


- Mais que isso! – Kevin corrigiu. – Cara, vamos tocar para mais de cinqüenta mil pessoas. – Gritou. Os outros três riram para esconder o nervoso.
Não era o primeiro show do McFLY, nem o segundo muito menos. Mas sem dúvidas eram o maior que já haviam feito até aquele momento. Nos últimos meses eles vinham se apresentando para pequenas audiências e chegaram até a ir a um programa de televisão local, mas não passou por suas cabeças que um dia tocariam para aquela quantidade de pessoas. Claro que não era um show só deles, era um festival com várias outras bandas, mas a sensação era a mesma.
O primeiro single havia sido lançado dois meses antes e o segundo há apenas uma semana, seria a primeira vez que tocariam a música ao vivo. Haviam ensaiado o suficiente e sabiam disso, estavam mais que prontos para aquela apresentação. O álbum estava pronto para ser lançado em uma semana e pelo que os dois primeiros singles mostravam, ele seria um sucesso imediato.
Finalmente subiram ao palco, debaixo de gritos e aplausos ensurdecedores. Joe observou a quantidade de garotas que se espremiam na primeira fila e depois foi percorrendo o olhar por todos aqueles rostos desconhecidos. A sensação de estar diante de tantas milhares de pessoas era única e ele podia jurar nunca ter imaginado nada igual.
Eles começaram a tocar o primeiro single e ficaram impressionados ao ouvir as milhares de vozes cantando junto. Vez ou outra se entreolhavam, ainda sem acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Os flashes de câmeras pareciam não ter fim, assim como os gritos que em momento algum pararam.
Joe ouviu uma garota na primeira fila gritar seu nome e a olhou, sorrindo agradecido, fazendo-a ficar ainda mais histérica. Ele tinha mesmo esse efeito nas garotas? Estava acostumado a ter apenas uma lhe dizendo o quão lindo ele era, mas nunca acreditara realmente.
Tão rápido quanto começou, o show terminou. Com um total de oito músicas e infinitos gritos, eles saíram do palco, satisfeitos com o resultado. 


- Surreal. – Nick conseguiu definir a experiência em apenas uma palavra. Os outros concordaram, com resmungos, cansados demais para falar mais alguma coisa.
Os gritos histéricos de milhares de garotas ainda zuniam no ouvido de Joe. No caminho até o camarim, ele se pegou cutucando o ouvido, tentando fazer aquele barulho ir embora.
Jogaram-se no sofá e nas cadeiras espalhadas pelo camarim e beberam as garrafas de água em silêncio. Todos suavam e estavam extasiados demais para comentarem sobre a experiência. Vez ou outra, olhavam ao redor, ainda tentando se localizar e entender tudo que vinha acontecendo nos últimos meses.
Mark entrou apressado no camarim, chamando a atenção dos garotos e sorriu, parabenizando-os pelo show. 


- Algumas fãs estão do lado de fora do estacionamento esperando uma mínima chance de ver vocês e tirar algumas fotos. Se vocês não estiverem cansados demais... 


- De forma alguma. – Chris foi o primeiro a falar. – Elas foram incríveis hoje. 


- Certo, quando quiserem, estarei do lado de fora. Não são muitas, mas a segurança foi reforçada. – Mark deu de ombros e saiu da saleta.
Os quatro ficaram uns instantes em silêncio enquanto tentavam controlar a ansiedade e se preparavam para possíveis mais gritos histéricos. Joe fez uma careta, cutucando novamente o ouvido, tentando fazer o zunido ir embora. 


- Vamos nessa. – Nick se levantou e foi seguido pelos três amigos.
Ao sair pela porta que dava acesso ao estacionamento, já puderam ouvir alguns gritos. Riram, sem saber como reagir a todo aquele histerismo. Até dois meses antes eles eram apenas quatro amigos com um sonho, agora eram tratados como rockstars e as garotas surtavam só de vê-los.


- Groupies. – Kevin falou baixo no ouvido de Joe e apontou discretamente para três meninas que, diferente das fãs, estavam dentro do estacionamento. – Cara, nós temos groupies. – Riu, dando um tapinha nas costas do amigo.
Joe sorriu e balançou a cabeça negativamente, sem acreditar que havia realmente três garotas sorrindo maliciosamente para eles. 


- Joe! – Uma das fãs gritou, passando os braços pelas grades e lhe estendendo um bloquinho e uma caneta numa mão e uma máquina fotográfica na outra. – Oi! – Ela mal conteve a empolgação quando ele se aproximou.
Sem saber direito o que fazer, ele sorriu e assinou o bloco. Havia treinado alguns autógrafos, mas poucos lhe agradaram, acabou optando por um mais fácil e básico, sabia que teria de ser rápido em alguns momentos. 


- Tira uma foto? 


- Claro. – Sorriu, pegando a máquina da mão da garota e chegando mais perto dela. – Prontinho. – Disse, após o flash quase cegá-lo. 



- Brigada!
Depois daquela veio outra, e depois mais outra e então mais outra e quando se dera conta, já estava com o pulso doendo e a cabeça girando por causa dos flashes. As garotas foram se dispersando lentamente, até restar apenas as três do lado de dentro do estacionamento. Trocou um olhar com Kevin e, mais uma vez, balançou a cabeça negativamente. Sabia o que o amigo estava pensando. 


- Vamos, cara. – Ele lhe deu um tapa, nada simpático no braço. Joe sorriu, mas não fez movimento algum. – Quatro meses, Joe. Quatro meses desde aquela carta. Segue em frente, cara. 


- Eu não... – Respirou fundo, sem saber como completar a frase. – Não é isso. – Deu de ombros. – São só groupies. São fáceis. Não tem graça. 


- Acredite, você não está em condições de exigir uma garota difícil. – Kevin riu. – Quanto tempo mesmo desde a ultima vez em que você usou seu amigão ai? – Apontou para o meio das pernas de Joe.


- Eu... 


- Sozinho não vale. Com uma mulher! – Joe deu de ombros e observou Nick e Chris conversarem animadamente com Mark. Desejou estar com eles e não precisar ouvir as palavras duras de Kevin.



 – A Demi seguiu em frente... – Ele ainda podia sentir o coração acelerar apenas com a menção do nome dela, ainda sentia a dor escondida muito no fundo. – Agora é a sua vez. 

- Oi. – Ouviu uma voz feminina atrás de si e se virou respirando fundo.

Ele não sabia como havia chegado até o quarto. Não lembrava de subir o elevador. Não lembrava de ter aberto a porta. Não lembrava nem mesmo o nome da garota que distribuía chupões pela pele do seu pescoço e peito. Fora tudo no automático.
Sentia a língua quente da garota fazer caricias maliciosas em todas as partes descobertas do seu corpo. Sua camisa, que ele nem sentira ser retirada, estava no chão. Podia sentir as mãos ansiosas dela abrindo o zíper de sua calça, explorando seu corpo sem pudor. 


- Joe. – Ela sussurrou, mordiscando seu lóbulo.
Pela primeira vez percebeu que seus braços estavam estendidos ao lado do corpo, sem tocá-la. Engoliu em seco e a abraçou com cautela.
Surpreendeu-se mais uma vez ao ser jogado na cama e ver o sorriso malicioso nos lábios dela. Ela estava apenas de calcinha e sutiã e ele não conseguia lembrar se havia a despido ou ela havia feito esse serviço.
Observou o corpo dela deitar-se em cima do seu e reparou nas curvas incríveis que ela possuía. Por que então seu corpo não estava respondendo a nenhuma daquelas caricias?
Virou o corpo dela, fazendo-a ficar por baixo e a olhou nos olhos, vendo nada além de desejo refletido neles. Beijou-a com força, tentando de qualquer forma se concentrar no que estava fazendo e não nas coisas que Kevin havia dito mais cedo.
“A Demi seguiu em frente. Agora é a sua vez.” 


- Joe. – A voz alta da garota o despertou. – Você tá me machucando. – Ela empurrou suas mãos e só então percebeu na marca vermelha na cintura dela.


- Desculpe. – Sussurrou.
Ela não pareceu ligar para o machucado, já que na mesma hora voltou a beijá-lo com intensidade.
Joe percorreu as mãos pela curvatura da cintura dela até suas coxas torneadas. Não conseguia acreditar que uma garota com aquele corpo não o estava deixando excitado. Aquilo não acontecia com ele. Não deixaria acontecer.
“O nome dele é Jared, e ele é realmente um cara encantador.” 


Soltou um grunhido frustrado e desviou os lábios para o pescoço e o colo da menina. Aquilo iria deixar sua mente ocupada. Os gemidos dela em seu ouvido precisavam o distrair.
“Eu e Makedde ganhamos outra bolsa de estudos, vamos ficar mais um ano por aqui.”
Que droga estava acontecendo? Em todos os quatro meses que havia passado desde que recebera a carta, havia conseguido bloqueá-la de sua mente. Não conseguia lembrar-se direito das palavras dela nem quando se esforçava. Por que droga todas as frases estavam voltando agora? Logo agora...
Sentiu a mão da garota dentro de sua boxer e pôde ouvi-la resmungar algo incompreensível.


- Joe. – Ela o olhou e sorriu, debochada e frustrada. – Você não tá excitado.
Ele balançou a cabeça e voltou a chupar o pescoço dela com vontade. Claro que ele estava excitado. Ele precisava estar excitado.
Procurou pelos lábios dela e a beijou com uma grosseria que ela interpretou como excitação. Joe tirou rapidamente o sutiã dela e observou seus seios nus, esperando que, de alguma forma, aquilo ajudasse em sua situação. Colou seu corpo ao dela e deixou que suas mãos explorassem aquele campo desconhecido.
“Não sei como tudo vai ser a partir de agora, mas a única certeza que eu tenho no meio de tudo isso é você.” 
Sentiu vontade de gritar, de bater em si mesmo, de se espancar. Não podia acreditar que sua mente o estava traindo daquela forma. 


- Joe, não dá! – A garota o afastou. – Não vai rolar. 


- Claro que vai. Eu só preciso... 


- Você precisa ficar excitado, é só isso que você precisa. E pelo visto isso não vai acontecer. – Ela o empurrou e ele se deixou cair pesadamente ao lado dela na cama. – Não se preocupe, não vou contar isso pra ninguém.
Ela estava mentindo, ele sabia disso. Pegou um dos travesseiros e o apertou contra o próprio rosto. Gritou. Uma. Duas. Três vezes. Até ouvir a porta do quarto fechar com um baque surdo.
Arremessou o travesseiro pelo quarto e ouviu algo de vidro cair no chão e se partir em mil pedaços.
Não se levantou para ver o que era. Não importava. Desejava apenas poder fazer a mesma coisa com seu corpo traidor. 




# Flashback (1 ano antes)

Caminhou pelo shopping já apinhado de gente por causa do horário de almoço. As pessoas passavam apressadas por ela, todas tinham horário para voltar pro trabalho, ou algum outro compromisso importante.
Chegou à loja e cumprimentou as vendedoras e Beth, a gerente que ficava no caixa. Entrou na porta escondida no fundo da loja e encontrou Tina já trocando de roupa. 


- Movimento tá pesado hoje. – Comentou.
Demi sorriu concordando enquanto abria o armário e pegava a roupa separada com seu nome. 


- Final do ano ta chegando. Daqui a pouco é Natal. – Falou distraída.
Tirou a roupa que estava vestindo, já acostumada a trocar de roupa na presença de outras garotas. Colocou o vestido cinza que todas as vendedoras usavam e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo arrumado. 


- Bom, vou indo. – Tina anunciou. – Boa sorte e boas vendas, Dem. – Demi sorriu agradecida, vendo a garota sumir pela porta.
Terminou de se arrumar, calçou as sapatilhas pretas e voltou para a loja.
Há duas semanas havia conseguido aquele emprego. Era temporário, só até se formar no ensino médio. Estava cansada de ter que depender da boa vontade do pai para conseguir dinheiro. Por sorte aquele trabalho se ajustava ao seu horário e pagava razoavelmente bem. 


- Boa tarde. Posso ajudá-la? – Sorriu simpática para uma senhora bem vestida que aparentava ter em volta de quarenta anos.
Já havia pegado o jeito de atender os clientes, não era difícil e nem exigia muita técnica. Bastava ser simpática e sorrir sempre. Além de ter paciência.
Depois de experimentar seis vestidos, a senhora saiu da loja de mãos vazias e dizendo que ia dar uma olhada pelo shopping.
Pois é. Muita paciência.
Tina estava certa sobre o movimento estar pesado. Pessoas entravam e saiam da loja, algumas apenas olhavam, outras pediam para experimentar algumas coisas, as mais consumistas saiam com até três sacolas e um sorriso satisfeito no rosto.
Demi observou o relógio e agradeceu quando percebeu que faltavam apenas cinco minutos para o seu horário de lanche. 


- Oi. – Ouviu uma voz conhecida e surpreendeu-se a dar de cara com Joe. Sorriu e pediu que ele esperasse alguns minutos. 


- Seu namorado? – Suzi, uma senhora de sessenta e poucos anos e cliente fiel da loja a olhou com um sorriso revelador no rosto.
Demi sorriu quase sem querer, mas negou balançando a cabeça. 


- Não é o que parece. – Suzi cantarolou. 


- É complicado. – Confessou, quase num sussurro. 


- Então descomplique. Vocês são jovens demais para perderem tempo com relacionamentos complicados. – As duas sorriram, cúmplices. 


- Acho que a senhora vai adorar a nova coleção. Posso buscar alguns... 


- Quando eu disse para descomplicar, quis dizer agora! Vá logo, posso me virar sozinha aqui. E me chame de Suzi, já disse que me sinto velha quando me chama de senhora. 


- Mas Suzi... 


- Mas nada. Vá logo antes que eu reclame de você para Beth. – Suzi sorriu, empurrando delicadamente a garota e voltou sua atenção para a arara de roupas.
Demi riu sozinha e caminhou até Joe. 


- Vim dar uma olhada. – Ele comentou, apontando ao redor da loja. 


- Joe, você sabe que a loja é de roupas femininas. – Ela arqueou a sobrancelha, fazendo-o corar levemente. 


- Ok, eu me rendo. – Riu. – Você pode sair agora? 


- Hm, poderei em... – Olhou o relógio. – Trinta e quatro segundos.
Joe revirou os olhos, fazendo-a rir.
Demi procurou Beth pela loja e quando a encontrou, apontou para a porta, dando a entender que iria lanchar. Beth concordou, apontando o relógio, deixando claro que não era para ela se atrasar por causa do movimento na loja.

Sentou na cadeira em frente a de Joe e colocou a bandeja com um sanduíche natural e um suco na mesa que os separava. Só quando sentira o cheiro de comida, se dera conta do quão faminta estava. Mal havia almoçado e seu café da manhã havia sido três torradas com geléia e uma pequena xícara de capuccino.
Antes que Joe falasse qualquer coisa, mordeu um grande pedaço do sanduíche e saboreou em silêncio, observando Joe a olhar com atenção.
- Pode falar. – Disse, com a boca cheia. 


- Você ta comendo. 


- Eu ouço com o ouvido, não com a boca.
Joe deu de ombros e coçou a cabeça, um pouco desconfortável. Demi o olhou sem entender. Ele nunca a havia visitado no trabalho, apesar de saber a loja em que ela trabalhava e o horário em que estava lá. 


- Como você tá? – Ele finalmente falou.
Demi tomou um gole do suco e limpou a boca com o guardanapo. O olhou por alguns segundos antes de responder. 


- Hm, bem. Normal. E você? 


- Tudo bem. 

A menina concordou com um aceno de cabeça e voltou a comer seu sanduíche. Ele havia ido até lá para perguntar se ela estava bem? 

- E o trabalho? 


- O que tem o trabalho? 


- Tá tudo bem por lá? 


- Joe. – Ela sorriu. Colocou o sanduíche na bandeja e o olhou, pensativa. Ele a encarou de volta, em silêncio. – Ta tudo bem comigo, com o trabalho, com o colégio, com meu pai. Tá tudo bem com tudo. Agora você pode me dizer por que veio até aqui e está agindo todo estranho? 


- Não estou agindo estranho. – Deu de ombros.
Demi riu, mas não contestou. Se ele quisesse falar, falaria. Voltou a comer tranquilamente seu sanduíche e consultou o relógio, notando que quase dez minutos já haviam se passado desde que saíra da loja. Olhou ao redor e notou o movimento intenso, quanto mais o Natal se aproximava, mais o shopping ia enchendo.
Joe pigarreou, chamando sua atenção de volta pra ele e sorriu. 


- Você anda sumida. – Falou, brincando com uma tampa de garrafa que estava em cima da mesa.



– Com o último ano do colégio, o emprego e tudo mais. Você meio que... some. 
Colocando o último pedaço do sanduíche na boca, Demi sorriu, entendendo o que ele queria dizer.

- Você sente minha falta.
- Sinto.
- Não foi uma pergunta. – Riu.
Joe levantou os olhos para encará-la e viu o sorriso doce e infantil que brincava nos lábios dela. Estendeu o braço sobre a mesa e pegou a mão dela, entrelaçando seus dedos e sentindo a quentura e maciez da pele dela. 


- Também sinto a sua falta.
Ela terminou de tomar o suco, sem soltar a mão dele, que fazia um carinho gostoso e reconfortante na sua.
Levantaram da mesa e andaram sem prestar muita atenção para onde estavam indo. Estavam apenas aproveitando a companhia um do outro, sem dar muita importância para qualquer outra coisa. Vez ou outra Demi checava o relógio, desejando que apenas por aqueles minutos, os ponteiros se movessem mais devagar.
Joe parou em frente a uma loja de vestidos pra festa e observou a vitrine. 


- Você já escolheu o seu? 


- Pra quê? – O olhou, sem entender. 


- Pra sua formatura. – Falou, como se fosse óbvio.
Demi deu de ombros, indiferente. 


- Não vou pra minha formatura. Posso pegar o diploma no colégio, sem precisar passar por nenhum tipo de constrangimento social. 


- Tá falando sério? – Joe a olhou, incrédulo. Ela apenas deu de ombros, novamente mostrando sua indiferença. – Não vou deixar você perder sua formatura. 


- E o que você vai fazer? Me obrigar a ir? 


- Se for preciso, sim. Vem comigo. – Ele a puxou pela mão e a fez entrar na loja. 


- Joe, preciso voltar pro trabalho. Me solta! 


- Olá, boa tarde. – Joe cumprimentou a vendedora, ignorando Demi e a força que ela fazia para soltar a mão dele. – Ela quer ver alguns vestidos para a formatura dela. 


- Não, não quero!
Joe fez um gesto com a mão, pedindo que a vendedora também a ignorasse. 


- Pegue os mais bonitos que você tiver. Nada curto e nem decotado demais. Tem preferência por alguma cor? – Ele finalmente a olhou.
Demi o fuzilou com o olhar e tentou mais uma vez soltar a mão dele, sem sucesso.
Finalmente soltou um suspiro cansado e se rendeu. 


- Nada rosa. – Falou, olhando para a vendedora. E depois virou-se para Joe. – Se eu perder o emprego a culpa é sua!
Ela não precisou experimentar mais do que quatro vestidos para achar o que queria. Quando o vira fora do corpo, não achara grande coisa, mas agora que olhava seu reflexo no espelho, sabia que aquele era o escolhido.
Abriu a porta do enorme provador e viu Joe abrir a boca algumas vezes antes de conseguir emitir qualquer som. 


- Uau!
Demi sorriu, satisfeita. Aquele era seu vestido, não seria capaz de escolher qualquer outro, não queria nem mesmo tirá-lo do corpo. Era tão macio e deixava seu corpo tão incrível e cheio de curvas que podia jurar que aquele vestido era milagroso.
Depois de cinco minutos, resolveu tirá-lo de uma vez, já estava atrasada demais para voltar pra loja e só estava perdendo tempo ali. Levaria aquele, não precisaria nem pensar. 


- Joe, pode me ajudar a tirar? Estou com medo de rasgar.
Abriu a porta, deixando-o entrar no provador e virou-se de costas para ele.
Joe mordeu o lábio inferior, observando o decote em V nas costas, deixando sua pele a mostra. Tão tentadora quanto qualquer outra parte de seu corpo.
Sem conseguir resistir, deslizou o dedo desde sua nuca, até a parte em que o vestido cobria. Ouviu Demi suspirar e pôde sentir que ela estava arrepiada. Abriu o pequeno zíper, logo abaixo do decote e desceu lentamente as alças de strass do vestido. Sua boca foi de encontro a pele descoberta dela, fazendo-a soltar um gemido muito baixo, quase inaudível. Deslizou as mãos pelos braços dela, enquanto sua boca percorria lentamente a nuca apelativa dela.
Demi virou-se lentamente, até ficar de frente pra Joe. Observou os olhos dele passearem por seu colo quase descoberto e sua boca ir de encontro a seu ombro nu. Deixou que um suspiro pesado saísse por sua boca. O que estava acontecendo ali? Tanto tempo se passara desde a última vez em que haviam estado juntos. Agora a língua dele acariciava seu pescoço, e ela não sabia se o pouco de sanidade que lhe restava conseguiria impedir que algo mais acontecesse.
Joe desceu um pouco mais as alças de vestido, mantendo seus olhos atentos nos seios quase descobertos dela. Só mais um pouco e ele não seria mais capaz de responder por seus atos. 


- Senhor? – A voz da vendedora pareceu os acordar.
Demi se virou subitamente e subiu as alças do vestido. Joe bateu as costas contra a parede e passou a mão pelos cabelos. 


- Só um instante. – Sua voz estava trêmula. – Eu acho que o zíper do vestido prendeu. 


- Sem problemas.
Joe esperou apenas um minuto, não dava tempo de recuperar por completo sua sobriedade, mas sabia o que as vendedoras deviam estar pensando. Saiu do provador, sem olhar para Demi e foi até o caixa.

- Hm, obrigada pelo vestido. – Demi parou em frente a loja, vendo Beth a fuzilar com o olhar.
- Sem problemas. Desculpe por ter feito você se atrasar.
Os dois se olharam em silêncio, ainda cautelosos e sem saber direito como agir. 


- Bom, preciso ir. A gente se fala depois.
- Certo.
Com um beijo desajeitado na bochecha, eles se despediram.
Demi observou ele se afastar e deixou seus ombros despencarem. Aquilo tinha mesmo acontecido?
 


# End of flashback


A música alta estava começando a incomodá-la. O fato de Makedde não lhe dar a atenção também estava começando a chateá-la. Para piorar, Jared havia encontrado uma velha amiga e agora estava em pé ao seu lado, conversando animadamente.
Uma garrafa de cerveja estava entre suas mãos, não era a primeira, e definitivamente não seria a última. Mais cedo, ela e Mak haviam apresentado um trabalho importante do curso e agora, supostamente, elas deviam estar comemorando.
Bem, Makedde estava, mas não com ela. Estava ocupada demais enfiando a língua na boca de Pete, seu quase namorado, como ela mesma dizia. Makedde não estava pronta para um namoro sério, Demi sabia disso.
Bebeu um gole da cerveja e tentou se concentrar na letra da música que tocava. Acompanhou o ritmo com os pés e desejou ter uma pista de dança por ali, apenas para fazê-la esquecer do curso, e da falta de atenção de sua amiga e de seu namorado.
Jared finalmente sentou na cadeira ao seu lado e passou o braço por seus ombros. Ela se afastou um pouco, sem paciência para ouvi-lo falar sobre a conversa hilária que acabara de ter. 


- Tá chateada? – Ele perguntou, puxando-a mais pra perto. Ela deu de ombros, bebendo mais um gole da cerveja. – Desculpe não ter te dado muita atenção. Fazia muito tempo que eu não via a Daisy. 


- Não tem problema. – Sussurrou.
Deitou a cabeça no ombro dele, se perguntando que tipo de comemoração era aquela. Não podia dizer por Makedde, ela sim parecia estar comemorando. 


- Arrumem um quarto! – Reclamou, amassando um guardanapo e jogando no meio do casal que se agarrava em sua frente. 


- Faça o mesmo ao invés de reclamar. – Makedde a olhou e sorriu. 


- Quando eu quiser fazer o mesmo, irei para um quarto! 


- Certo, vamos para um quarto. – Mak se levantou, puxando Pete pela mão. 


- O quê? Não! – Demi a olhou, sem acreditar. – Mak, é a nossa comemoração. Deu tudo certo no trabalho hoje, estamos aqui para comemorar, lembra? 


- Dem, amiga, com todo o respeito. Você sabe que eu te amo e tudo o mais, mas você parece mais estar em um funeral. – A sinceridade de Makedde, de alguma forma, ainda conseguia surpreender Demi. 


- Mak... – Tentou argumentar. 


- A gente comemora amanhã, certo? Só nós duas. Nós duas, um balde de pipoca, um pote de nutella e Vin Diesel. O que acha?
Demi concordou, mesmo emburrada e sem vontade. Nutella e Vin Diesel, como podia dizer não?
Quando Makedde e Pete os deixaram sozinhos, Jared também começou a dar sinais de que queria ir embora. Não falava muito e vez ou outra beijava carinhosamente o pescoço de Demi. Ela sabia que ele podia ser extremamente dengoso quando queria alguma coisa.
O olhou e sorriu, selando os lábios rapidamente nos dele. Não estava mesmo em clima para comemorar nada. Estava cansada e sua mente implorava por um pouco de descanso e silêncio.


- Quer ir embora? – Perguntou, já sabendo a resposta. Jared sorriu confirmando.
Pagaram a conta e caminharam de mãos dadas até o carro dele, aproveitando a tranqüilidade da rua e o vento frio que soprava.
A viagem até o flat de Demi não era longa. No máximo vinte minutos.
Jared estacionou perto da entrada e eles saltaram do carro. Demi o olhou, tentando entender por que ele estava subindo junto com ela, mas não foi preciso pensar muito para descobrir. Quando entraram no elevador, os lábios dele encontraram os seus. Um beijo gentil, mas que ela sabia que estava carregado de segundas intenções.
Estavam juntos há mais de seis meses e ele sempre respeitara seu espaço e seu tempo, mas de uns tempos para cá, ela vinha percebendo as indiretas não ditas por ele. Jared tinha um jeito mais sutil de dizer o que queria, pois sabia que ela podia entender os sinais.
Fechou a porta do apartamento com dificuldade, a língua de Jared em seu pescoço dificultava o processo e a desconcentrava. Deixou que ele tirasse sua jaqueta e procurasse faminto por seus lábios.
A sutileza ainda estava presente, mas agora ela se misturava a excitação e a vontade. As roupas trilhavam um caminho pela sala até o quarto. Caíram na cama, sem se desgrudarem, usando apenas as roupas intimas.
As mãos de Jared ainda eram cautelosas por seu corpo, como se estivessem esperando por algum sinal negativo dela. Bastava que ela o afastasse, que ele pararia. Mas ela estava cansada de evitar aquilo. Estava pronta, queria que aquilo acontecesse.
Puxou os cabelos da nuca dele e procurou por seus lábios, esperando que ele entendesse o sinal e seguisse em frente. Em pouco minutos seu sutiã estava jogado no chão do quarto e tudo que podia ouvir eram seus gemido misturados com os dele.
A boca de Jared passeava por seu corpo enquanto suas mãos seguravam firmemente suas coxas. Podia sentir as gotas de suor em sua nuca, a única corrente de ar que entrava no quarto vinha de uma fresta da janela. A luz da lua era a única iluminação do quarto. Fechou os olhos por alguns instantes, mas depois desejou não ter o feito.
“- Dança comigo?
- Dançar? – O olhou, confusa.
- É, dançar. Se movimentar de um lado pro outro, sabe? – Ele brincou. – O som ainda tá ligado, vou aumentar e a gente vai dançar a música que estiver tocando.
- E se for um metal? – Fez um gesto com as mãos, imitando metaleiros. Joe riu e deu de ombros.
Quando o som tomou conta do loft, perceberam que era uma música Maroon 5 terminando. Demi sorriu quando a introdução da outra música começou a tocar.
- John Mayer, bem na hora. – Abraçou Joe, encaixando o rosto na curva do pescoço dele. – Isso não foi programado, né? – O olhou.
- Nem que eu quisesse. – Sorriu, selando seus lábios nos dela.”

Abriu os olhos assustada, a respiração descompassada não era por causa das caricias de Jared. Sua mente havia vagado para muito longe dali. 


- Você é tão linda. – Jared sussurrou, selando os lábios nos dela.
Demi nem foi capaz de fechar os olhos, estava com medo de acontecer de novo. Segurou os braços de Jared, tentando se concentrar no que estava acontecendo naquele momento e esquecer o que havia acontecido muito tempo antes.
Viu o namorado tirar a cueca e depois, lentamente, tirar a única peça de roupa que ainda cobria seu corpo. Sentiu-se desprotegida diante do olhar dele. Um olhar cheio de admiração e desejo, um olhar que qualquer mulher desejaria, mas naquele momento ela só queria que sua barreiras levantassem novamente. Queria não estar tão exposta.
“- Podemos ficar assim até a hora do meu vôo? – Demi brincou.
- Podemos ficar assim até quando você quiser.”

Uma lágrima teimosa desceu por sua bochecha, mas não conseguiu percorrer todo o caminho. Jared beijou a lágrima e limpou seu rosto. 


- Estou te machucando? – Perguntou, ofegante.
Demi engoliu em seco, segurando todas as outras lágrimas teimosas que queriam cair. Sentia Jared investir com força e o corpo suado dele roçar no seu.


- Não, não. – Tentou sorrir, tranqüiliza-lo.
Desejou ter alguém para tranqüilizá-la.
Desejou que aquela noite não estivesse acontecendo.
Desejou poder vê-lo. Mais ainda, desejou que fosse ele ali com ela.
Se fosse ele, não estaria desprotegida.
Se fosse ele, não impediria que suas barreiras caíssem.
Se fosse ele, não estaria vazia.
Se fosse ele. Ah, se pudesse ser ele... 



Continua...

Espero que tenham gostado meninas ps: to amando os comentários de vocês kk.


Divulgando:


jemi-youremystarsostaystrong.blogspot.com

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Capítulo 23

Demi recostou-se na árvore e observou o homem brincar com a criança, correndo pela grama e pegando-o no colo. O sorriso no rosto dos dois a fez rir, a conexão entre eles era quase palpável, conseguiam se entender apenas com um simples olhar.
A criança soltou uma gargalhada antes de ser levantado no ar e abrir os braços, fingindo ser um avião. Adorava a facilidade que crianças tinham para se divertir, não era necessário muito esforço para fazê-las sorrir.
Uma mulher se aproximou dos dois e o homem entregou o menino nos braços dela, dando-lhe um beijo na bochecha. Trocaram algumas palavras antes de ela virar para Demi e acenar, afastando-se com a criança no colo.


- Como você faz para se dar tão bem com crianças? – Perguntou, observando o homem sentar ao seu lado.


- É o meu charme. – Ele sorriu de lado, fazendo-a rir. – Desculpe não ter ficado muito com você, Susie disse que o médico se atrasou.


- Não tem problema. Gosto de ver você brincar com o Charlie. Às vezes ele parece mais seu filho do que seu sobrinho. – Sorriu, compreensiva.
Ele aproximou seu rosto do dela e selou seus lábios, acariciando as bochechas quentes da menina. Percebeu que ela estava sorrindo e aproveitou para aprofundar o beijo, sentindo-a corresponder com a mesma empolgação.
Demi partiu o beijo e sentiu os lábios de Jared acariciarem sua bochecha. As mãos dele seguravam seu rosto com cuidado e seu hálito quente cheirava a canela. Encostou a cabeça no ombro dele e suspirou, fechando os olhos por alguns instantes. Os dedos dele se entrelaçaram aos seus e ela observou suas mãos juntas, a dele muito maior que a sua.
Havia conhecido Jared na festa que fora com Makedde alguns meses antes. A principio não notou o interesse dele, apenas achou que fosse mais um cara apaixonado por Makedde vindo lhe pedir ajuda, mas aos poucos ele foi se aproximando de Demi, tão sutil que quando ela percebeu já estava encantada por ele.
Encantador. Era o que ele era.
Era isso que ela sentia falta em muitos homens. A delicadeza, a preocupação com os sentimentos da garota. E esse era Jared. Sempre preocupado e sutil. Sempre mostrando o quanto se importava com ela.
Por que então seu coração insistia em negá-lo?


- Recebi a resposta do curso. – Comentou.
Jared a olhou, arqueando a sobrancelha. Demi sorriu, entregando a resposta.


- Consegui a bolsa. – Jared a abraçou e beijou seus lábios brevemente.


- Sabia que você iria conseguir.
A menina engoliu em seco, lembrando a última vez que havia contado sobre uma bolsa de estudos no Japão. Reações tão diferentes, mas seus sentimentos ainda eram os mesmos.


- Makedde também conseguiu. Vou ter que agüentá-la por mais um ano. – Rolou os olhos, fingindo insatisfação.


- Fico feliz por vocês. – Jared voltou a abraçá-la pelos ombros. – E feliz por mim, que vou poder ter você pra mim por mais um ano. Quando recebeu a resposta?


- Há algumas horas, você é o primeiro a saber, acredita? Ainda nem contei pro Joe. – Antes que pudesse segurar a língua, o nome dele já havia escapado. Fechou os olhos, soltando todos os palavrões que pôde em sua mente.
Sentiu Jared enrijecer ao seu lado e permanecer em silêncio. Por que não podia pensar um pouco antes de falar?
Não falava com Joe há tanto tempo que havia perdido as contas. No último e-mail que recebera dele, soube que a banda estava indo viajar para gravar o primeiro álbum, mas depois daquilo provavelmente ficaram ocupados demais para mandar notícia.
Desde que conhecera Jared os sonhos e a falação durante a noite haviam parado. Não gostava de confessar para si mesma que Joe não rondava seus pensamentos há algum tempo. Mas então por que quando recebera a notícia de que passaria mais um ano no Japão, a primeira pessoa que pensou em contar foi ele?
Percebeu que Jared estava dizendo alguma coisa e virou o rosto para ele.


- Desculpe, estava distraída. O que disse?


- Perguntei quando você pretende falar com ele.
Jared sabia sobre Joe. Talvez soubesse mais do que precisava saber, mas se quisesse conquistar Demi, teria que saber do seu passado e, mais ainda, saber com quem estava competindo. Sabia que o que ela sentia por ele ainda era muito forte, mas estava disposto a lutar pelo amor dela.Demi era incrível demais para que ele a deixasse escapar tão fácil. Estava apaixonado por ela e a queria para si. Se fosse preciso fazê-la esquecer de um amor que durou a vida inteira, então estava disposto a fazer isso.


- Em breve. – Ela respondeu, quase num sussurro. – Muito em breve.

Caminharam de mãos dadas pelo parque ensolarado, aproveitando o final de setembro, já sabendo que muita chuva viria nos próximos meses. Por vezes ele a girava pelas mãos, fazendo com que seu vestido esvoaçasse um pouco e a deixasse constrangida e sorridente ao mesmo tempo.
Jared apontou uma sorveteria no final da rua e sugeriu que fossem até lá, afinal, a temporada de sorvetes estava quase acabando e o calor em breve se tornaria frio e chuvas sem trégua. Beijou as costas da mão da menina, que estava segurando a sua com firmeza e a olhou por alguns segundos, acompanhando o sorriso dela se transformar em uma mordida no lábio inferior.
Demi sabia que ele não fazia de propósito, ou pelo menos achava que não, mas a forma como ele a olhava, quase a idolatrando, a deixava constrangida. A forma como o olhar dele acompanhava seus movimentos a paralisava, não sabia como agir. Jared tinha uma maneira única de mostrar o quanto se importava com ela, nunca tinha visto alguém transparecer tanto em um único olhar como ele.


- Pára de me olhar assim. – Reclamou, sentindo o rosto enrubescer.
Jared soltou uma risada nasalada e a abraçou, beijando-lhe os lábios por alguns segundos.


- Desculpe, é inevitável. – Sorriu.
Pegaram os sorvetes e sentaram em um banco em frente à sorveteria. Demi olhou o garoto ao seu lado e sorriu, tentando decidir se melaria ou não a bochecha dela com seu sorvete. Ele percebeu seu olhar e sorriu.


- Quer? – Ela perguntou.
Jared concordou e se aproximou do sorvete dela, levanto um susto quando o doce molhado melecou sua bochecha. Demi gargalhou, jogando a cabeça pra trás e se afastou rapidamente, temendo que ele fizesse o mesmo.


- Vem aqui. – Jared a segurou pela cintura, tentando melar o rosto dela também, mas a menina foi mais esperta e melou o outro lado da bochecha dele, deixando-o com o rosto cheio de sorvete.
Quando ele desistiu de tentar melar o rosto de Demi, ela se levantou e pegou alguns guardanapos no balcão, vendo a vendedora sorrir com a cena.


- Você é tão fácil de enganar. – Riu, limpando o rosto dele.


- Tá bom, esperta. – Pegou o guardanapo nas mãos dela e terminou de limpar o rosto.


- Own, desculpe por isso. – Demi segurou o rosto dele e beijou seus lábios brevemente.


- Só isso? Um beijinho por ter melado meu rosto inteiro?


- Mal agradecido. – Ela brincou, levantando-se para jogar os papéis no lixo, mas antes que conseguisse virar, Jared a segurou pela cintura e colou os lábios nos seus novamente.
Ela deixou que ele aprofundasse o beijo e se entregou ao momento, não se importando muito por estarem em um lugar movimentado. Jared se afastou, dando um último selinho, fazendo-a sorrir e se assustar ao abrir os olhos. Precisou piscar algumas vezes para que o rosto do garoto a sua frente parasse de sumir.


- Tudo bem? – Jared perguntou, preocupado.


- Tudo. – Respondeu, rápido. – Era só... Alguma coisa do meu olho. Preciso voltar pra casa. Tenho uma prova no fim dessa semana e preciso estudar.


- Ok. Te levo em casa.

Jogaram os restos dos sorvetes no lixo e, com um último selinho, ele segurou a mão dela e começaram a caminhada de volta para o flat. A cabeça de Demi dava voltas e ela sentia que o sorvete podia voltar a qualquer momento. Alguma coisa não estava certa. Na verdade quase nada estava certo na vida dela, mas ficava cada vez mais difícil lidar com tudo aquilo. Desde quando o rosto de Joe simplesmente aparecia entre ela e Jared?

Subiu o elevador do flat já procurando a chave da porta perdida na bolsa. Entrou apressada no apartamento e foi até o quarto, pegando canetas e papéis pelo caminho.
- O que aconteceu? – Makedde se assustou.


- Nada.


- O que você vai fazer?
Demi empurrou as coisas da mesa, fazendo-as cair pelo chão.


- Uma carta.


- Carta? – Mak perguntou sem entender. – Carta pra quem?
Demi não respondeu, mas ela não precisou de uma resposta. Viu a amiga escrever algumas poucas palavras apressadamente e resmungar, amassando o papel e jogando-o no chão. Isso aconteceu pelo menos três vezes, até que ela pareceu conseguir escrever alguma coisa que a agradou. Resolveu deixá-la sozinha no quarto, mas pôde ouvi-la fungar ao encostar a porta. 



# Flashback (2 anos antes)

Terminou de tomar a sopa já fria e depositou a colher no prato. Observou o pai molhar o pão na sopa enquanto lia o jornal do dia anterior despreocupadamente. Ponderou se deveria se retirar da mesa, mas acabou optando por esperar que o pai acabasse o jantar. De qualquer forma, teria que lavar os pratos, se não o fizesse, eles ficariam sujos na pia até que cansasse da sujeira e resolvesse limpar.
Quando o pai se levantou e foi sentar no sofá, ainda com o jornal velho nas mãos, ela recolheu os pratos e os levou para a cozinha. Na panela ainda estava uma boa quantidade da sopa que ela guardou em um recipiente e colocou na geladeira. Podia ouvir a televisão na sala, o noticiário falava sobre a queda na bolsa de valores. Sabia que seu pai não se interessava por nada daquilo, ligava a tv apenas por força de hábito e esperava queDemi subisse para o quarto para sair escondido.
Terminou de enxugar os pratos e os colocou no armário. A cozinha estava limpa graças a arrumação que havia feito mais cedo. Olhou o relógio que marcava pouco mais de nove da noite e decidiu estudar um pouco antes de dormir.
Fechou a porta do quarto, finalmente silenciando o barulho da televisão e deitou na cama, pegando o livro que estava no criado mudo. A prova de Biologia não aconteceria até a próxima semana, mas matara tantas aulas que precisava ler o assunto com muita antecedência se quisesse continuar com notas razoáveis. Não era a melhor aluna da sala, mas conseguia se manter um pouco acima da média e achava aquilo suficiente.
Com a proximidade do último ano de colégio, passara a pensar bastante sobre o que faria quando se formasse. Fizera algumas pesquisas, chegara a fazer testes vocacionais que achara na internet, mas cada um deles dizia uma coisa. Ou eles eram inúteis demais, ou ela realmente não sabia o que queria. Conversara com Joe uma vez sobre o assunto, mas a conversa não durou muito, quando perceberam já estavam falando sobre como tudo seria mais fácil se fossem estrelas do rock.
Quando completou quatro páginas de anotações, decidiu que estava na hora de descansar um pouco. O relógio agora marcava onze da noite e seu corpo começava a dar sinais de moleza, assim como seus olhos que vez ou outra se fechavam por mais tempo que o necessário.
Olhou em volta e desejou ter um computador para se distrair. Não que um site de relacionamento fosse ser muito útil. Já que sua rede social era tão restrita que chegava a ser vergonhosa, especialmente para uma garota de dezesseis anos. As únicas vezes que podia usar um computador era no colégio ou na casa de Joe. Como não gostava de passar mais horas que o necessário no colégio e Joe parecia muito ocupado nas últimas semanas, seu acesso à internet estava mais restrito que o normal.
O celular vibrou em cima da cama e ela sorriu ao ver que era uma mensagem de Claire. Mantiveram a amizade apesar da distancia, mandavam mensagens sempre que podiam e às vezes trocavam alguns e-mails.
“Festa na casa de um desconhecido rico. Queria que você estivesse aqui. – C.”
Sorriu ao terminar de ler a mensagem. Sabia que Claire havia feito amigos novos na França, mandara fotos algumas fotos, mas ficava feliz ao saber que não havia sido esquecida.
“Aproveita por mim então. Estou estudando biologia :/”
A resposta de Claire chegou antes do esperado.
“Pelo amor de Deus, Demi! Sai um pouco de casa, vai conhecer alguém.”
Uma risada irônica saiu de sua boca. Conhecer alguém, até parece, pensou. Estava cansada de saber que a falta de amigos era culpa dela mesma, havia se fechado para o mundo desde que sua mãe morrera e sua vida virara de cabeça para baixo.
Imaginou se tudo seria diferente se ela ainda estivesse viva. Talvez ela tivesse mais amigos, provavelmente não estaria em casa àquela hora. Ou talvez não. Talvez sua relação com Joe fosse completamente diferente. Talvez eles fossem apenas primos, como tantos outros primos que só se falam em reuniões de família e não sabem nada da vida um do outro. Mas então novamente, talvez não.
Mordeu o lábio inferior, pensando se deveria seguir o conselho de Claire ou continuar estudando. Não conseguia escutar se a televisão ainda estava ligada, mas pela hora seu pai já deveria ter saído.
Era sempre assim. Ela subia, ele enrolava um pouco e saía para beber. Voltava de madrugada bêbado, algumas vezes já de manhã quando Demi estava saindo para o colégio. Por duas vezes ele só voltou quase de noite. Estava acostumada, parara de se preocupar depois da terceira vez.
Discou um número no celular e o levou até a orelha, ouvindo o bip da chamada se repetir por sete vezes antes de cair na caixa postal. Desligou o aparelho, deixando-o em cima da cama. Aquele provavelmente era um sinal de que deveria ficar em casa, terminar de estudar e dormir.
Foi até o banheiro e escovou os dentes enquanto observava a própria imagem no espelho. Ao terminar, limpou o rosto com um produto que a moça da loja havia recomendado e prendeu o cabelo. Iria terminar o capítulo e dormir, era o que deveria fazer.
Antes que pudesse abrir o livro na página que parara, o celular vibrou, perdido no lençol embolado na cama. Quando finalmente o achou, atendeu sem olhar o identificador na tela.


- Você me ligou? – A voz de Joe soou abafada por causa da música alta ao fundo.


- Hm, é, liguei. – Falou. Agora que se convencera a ficar em casa, parecia sem sentido dizer o que queria antes. Permaneceram em silêncio por alguns instantes.


- E você queria me dizer alguma coisa? – O barulho diminuíra, agora a voz dele soava claramente curiosa. Demi riu.


- Queria. Mas não sei se quero mais. – Admitiu.


- O que você está fazendo acordada? Não tem aula amanhã?


- Tem, pai. – Brincou. – Para a sua informação ainda nem é meia noite. – Joe resmungou algo incompreensível, mostrando que ela estava certa. – Onde você ta?


- Em um bar. Perto de sua casa até. A banda de um amigo vai se apresentar essa noite.
Demi concordou, balançando a cabeça, mas lembrou que ele não podia ver e riu sozinha.


- Então, em que posso ser útil? Vai falar ou vai continuar enrolando?


- Era só... – Hesitou. – Eu só queria sair um pouco de casa. E como nenhum dos meus outros amigos está disponível, resolvi checar você.


- Outros amigos, né? – Joe riu. – Bom saber que eu sou a última opção da sua vasta lista de amigos.


- Pois é.


- Quer vir pra cá? Quer dizer, não sei se você consegue entrar, é um bar.


- Hm, acho que consigo sim. – Demi abriu a gaveta do criado mudo e procurou pela carteira de identidade falsa que Claire a havia praticamente obrigado a fazer quando ainda morava em Londres. – Vou me arrumar e pego um táxi, onde...


- Não, eu vou aí. – Joe a interrompeu. – Em quinze minutos to aí, tudo bem?


- Perfeito. – Sorriu. Deixou o celular em cima da cama e correu para o armário.
Em menos de cinco minutos separou a roupa que achou adequada e começou a se trocar. Foi até o banheiro e se maquiou um pouco mais rápido que o normal. Optou apenas por uma base, um pouco de blush rosada e lápis nos olhos. Estava simples e arrumada. Vestia uma blusa branca básica e uma xadrez azul por cima. A calça jeans era clara e tinha alguns discretos rasgos propositais. Para completar optou pelo all star branco e neutro.
O relógio marcava onze e quarenta e três quando o som da buzina de Joe soou pelo bairro silencioso. Desceu as escadas apressada, já sabendo que o pai não estava mais ali, e saiu de casa colocando o celular em um bolso e a carteira de identidade falsa com algum dinheiro no outro.


- Olá! – Sorriu ao entrar no carro.
- Olá. – Joe respondeu. – Sozinha em casa? – Ele observou a casa escura. Demi confirmou com um aceno.

A música alta que saía do rádio do carro substituiu a conversa até chegarem ao bar. 

- Me dá a mão. – Joe pediu.
- Por quê?


- Falei pro segurança na porta que ia pegar minha namorada e voltava rápido. Dá logo a mão. – Sussurrou.
Demi segurou a mão dele prontamente e sorriu quando chegaram em frente ao segurança. Ele a olhou de cima a baixo e fez um gesto para que entrassem, sem pedir a identidade dela. Os dois entraram e trocaram um sorriso cúmplice.
Demi viu Kevin conversando com um garoto desconhecido em uma mesa na frente do palco e se perguntou se aquele era o amigo cuja banda iria tocar. Ele era bonito, tinha os cabelos lisos e compridos puxados para frente e um piercing no nariz.


- Voltei! – Joe anunciou, puxando uma cadeira para que Demi sentasse.
Ela sorriu, acenando para os dois garotos, vendo-os repetir seu gesto.


- O Kevin você conhece, e esse é o Joel.
O garoto estendeu a mão e ela a apertou. Sentou na cadeira e observou três homens no palco que pareciam montar alguns equipamentos.


- Você é o amigo da banda? – Perguntou, sorrindo para o garoto em sua frente.


- Eu mesmo. – Ele fez uma pequena reverência e riu. – E você é a prima?


- A própria!


- Vai querer beber alguma coisa? – Joe perguntou e ela percebeu o garçom parado ao lado dele.
- Coca? – Disse em dúvida, baixo o suficiente para que apenas Joe ouvisse.


- Cuba Libre. – Ele sorriu para o garçom.


- Isso. Trás uma de menor pro bar e a embebeda de uma vez. – Kevin brincou.


- Caras, vou nessa. – Joel se levantou. – Hora do show!


- Boa sorte, cara. – Joe e Kevin disseram em uníssono.


- Senhorita. – Joel fez mais uma de suas reverências e piscou para Demi.


- Arrasa! – Ela levantou o polegar antes de ele se afastar. – Qual é o nome da banda? – Perguntou para Joe.


This Century.
Joel subiu no palco acompanhado de mais três garotos que pareciam ter a mesma idade que ele. Cada um pegou seu instrumento enquanto ele se dirigia ao microfone e apresentava a banda para o bar. Quando a platéia aplaudiu, Demi notou pela primeira vez o quão lotado o bar estava. A banda devia ser realmente boa.


- Vamos começar com a música nova. Ela chama Hopeful Romantic. – Joel disse no microfone.
Demi acompanhou o ritmo da música batendo os pés no chão e mexendo a cabeça. Era realmente boa e Joel tinha uma voz que ela considerou muito fofa. Percebeu que na mesa ao lado, três garotas acompanhavam a letra da música animadamente. Fã clube eles já tinham.
A segunda música pareceu ainda melhor que a primeira. Demi não sabia o nome, mas definitivamente iria perguntar a Joel depois, havia gostado bastante e na segunda vez que refrão foi repetido ela já arriscava cantar algumas partes da letra.


- Você precisa me avisar sobre essas bandas legais e desconhecidas. – Reclamou, olhando para Joe. Ele sorriu e a olhou, confirmando com um aceno. Ela sorriu de volta e por alguns segundos se viu presa nos olhos dele, como não acontecia há algum tempo. Sentiu o rosto esquentar um pouco e voltou a prestar atenção no palco.
Quando a sessão acústica começou, Demi teve certeza de que já havia virado fã da banda. Agora apenas Joel e o guitarrista estavam no palco. Os dois estavam sentados em um banco alto e conversaram algo rapidamente.


- Essa próxima música é um cover do Hall and Oates, uma banda dos anos 80. Ela chama Kiss On My List. – Joel anunciou.
Quando a melodia começou o público acompanhou com palmas. Demi sorriu também batendo palmas no ritmo e mexendo o corpo de um lado para o outro.
Quando Joel começou a cantar, ela pôde ouvir Joe acompanhar a letra, animado. Nunca tinha ouvido falar na música e nem na banda dos anos 80 que não lembrava mais do nome.

Because your kiss, your kiss is on my list
Porque seu beijo, seu beijo está na minha lista
Because your kiss, your kiss is on my list
Porque seu beijo, seu beijo está na minha lista
Because your kiss is on my list of the best things in life
Porque seu beijo está na minha lista das melhores coisas da vida
Because your kiss, your kiss is on my list
Porque seu beijo, seu beijo está na minha lista
Because your kiss, your kiss I can't resist
Porque seu beijo, seu beijo eu não consigo resistir
Because your kiss is what I miss when I turn out the light
Porque seu beijo é o que eu sinto falta quando apago a luz

O refrão além de lindo era fácil, o que fez com que Demi e a grande maioria das pessoas acompanhassem junto com Joel. Ele sorriu ao perceber a animação do público e deixou que cantassem sozinhos uma parte da música.
Mesmo com toda a agitação, Demi ainda conseguia ouvir a voz baixa de Joe cantando. Sentiu um arrepio e encolheu os ombros levemente, será que durante todos esses anos ela nunca havia reparado como a voz dele era linda, ou ela apenas não lembrava? Não o ouvia cantar a tanto tempo que não conseguia lembrar quando fora a última vez.
Virou para ele e sorriu.


- Que foi? – Perguntou, confuso.
- Eu gosto da sua voz. – Deu de ombros.
Joe resmungou, abaixando a cabeça e passando a mão pelos cabelos, demonstrando que estava sem graça. Segurou o rosto dela e a fez virar novamente para frente, voltando a cantar quando ela fingiu não prestar mais atenção nele.

Depois de cantar mais três músicas, os garotos agradeceram a presença de todos no bar e desceram do palco.
Kevin e Joe se levantaram para cumprimentar Joel, e Demi resolveu fazer o mesmo, apenas para não parecer que estava sendo mal educada. 


- Virei fã! – Confessou, abraçando Joel.


- Gostou mesmo? – O garoto sorriu, colocando a cadeira ao lado dela. Demi confirmou com um sorriso.
Nenhuma outra banda iria tocar depois deles, então as pessoas se dispersaram e o barulho no bar pareceu aumentar como se milhares de pessoas tivessem chegado ali.
Os outros garotos da banda também se juntaram a eles na mesa e entraram na conversa sobre bandas independentes que estavam começando a fazer sucesso.
Demi se divertia com as histórias que a banda contava sobre shows nos lugares mais estranhos e fãs histéricas que pareciam brotar do chão em certos lugares. Normalmente ela não se sentiria a vontade sendo a única garota do grupo, mas naquele momento ela nem estava ligando para esse fato. Sentia que era parte daquele grupo, não havia distinção por ela ser mais nova ou por ser garota, estava se divertindo tanto quanto eles.
E ali, sentada entre aqueles garotos, ela percebeu que os poucos amigos que tinha lhe bastavam. E que eles valiam muito mais do que quaisquer outros.



# End of flashback

Joe entrou no loft, sem acreditar que, depois de mais de um mês, estava finalmente em casa. Olhou ao redor tentando se certificar de que não era um sonho e sorriu sozinho. Do outro lado do corredor pôde escutar um latido, Harte provavelmente sentira seu cheiro e agora queria voltar pra casa.
Antes que pudesse se virar, ouviu a porta no final do corredor se abrir e o cachorro correr até onde ele estava. Harte não se decidia entre latir, pular e lamber as mãos de Joe, a euforia estava fora de controle.
Mark se aproximou e riu da cena.


- Brigado por ter ficado com ele, cara. – Trocaram um aperto de mão.


- Sem problemas. No início ele ficou um pouco histérico, mas depois ele se acalmou. – Mark deu alguns tapinhas amigáveis na barriga do animal. – Mas me conta, como foi a gravação do álbum? Vão ficar famosos mesmo?


- É, quem sabe? Deu tudo certo lá, faltam apenas algumas coisas pra que ele fique todo pronto. Já escolhemos o primeiro single e tudo o mais.


- Caraca, vai virar cantor de boyband, hein? Todas as meninas dando em cima. – Deu um soco de leve no braço do vizinho.
Joe riu, sem jeito.


- Tenho uma demo com algumas das músicas na mala, depois te mostro.


- Beleza. Vou nessa. Bom ter você de volta. – Com um aceno, Mark se afastou e entrou em casa, fechando a porta atrás de si.


- Vamos entrar, garotão? – Joe acariciou a cabeça de Harte, que soltou um latido em resposta.
Fechou a porta e jogou a mala no canto, sem se importar muito em desempacotar. Poderia fazer isso alguma outra hora. Só o que queria era deitar e não fazer nada por algumas horas.
O vôo da Irlanda até a Londres era curto, mas foi o suficiente para deixá-lo com dor de cabeça e cansado como se não dormisse direito há dias. O que não deixava de ser verdade. Ficaram tão ocupados com a gravação do cd que por vezes deixavam de dormir e de comer. A empolgação era grande demais para caber em um período de vinte e quatro horas.
Jogou-se na cama, fechando os olhos e relaxando. Desejou ter mais alguém por ali que pudesse pegar algum remédio e deitar ao seu lado em silêncio. Abriu os olhos e observou a foto no criado mudo, duas crianças sorriam para ele, um sorriso sincero que ele conseguia compreender mais do que ninguém.
O botão de recados do telefone não piscava, mas o apertou apenas por força de hábito. Não há novas mensagens, foi o que a voz anunciou. Apertou algumas teclas e verificou as chamadas perdidas durante o tempo em que estivera fora. Havia alguns números desconhecidos, mas no meio deles, um que ele sabia de cor se perdia. Havia pelo menos cinco chamadas não atendidas desse número.


- Droga. – Resmungou, largando o telefone na cama.
Fechou os olhos e decidiu que resolveria isso depois. E de qualquer forma, já era muito tarde do outro lado do mundo. As pessoas lá já deveriam estar dormindo, exatamente como ele desejava fazer naquele momento.

O barulho da campainha o despertou de um sono profundo. Abriu os olhos ainda desorientado e olhou ao redor, tentando se situar. Levantou, caminhando apressado em direção as escadas, já vendo Harte parado em frente a porta.


- Olá, Sr. Jonas. Bem vindo de volta. – Hugo, o porteiro, o cumprimentou.
Sorriu, ainda sonolento demais para dizer qualquer coisa.


- Guardei as correspondências como o senhor pediu. – Hugo estendeu um pequeno bolo de cartas e acenou, entrando no elevador antes que Joe pudesse agradecer.
Colocou as correspondências no balcão e deitou no sofá na intenção de voltar a dormir. Menos de cinco minutos depois abriu os olhos, suspirando pesadamente e desejando poder ter apenas mais uma hora de sono.
Levantou-se frustrado e foi até a cozinha preparar algo para comer, não havia percebido o quanto seu estômago pedia por comida.
Preparou um sanduíche rápido e sentou para comer, pegando as correspondências para olhar se tinha perdido alguma coisa importante. Os pagamentos principais ele havia conseguido fazer de Dublin, então provavelmente não haveria nada muito significativo naquela pilha.
Um envelope azul claro chamou sua atenção. Nenhum pagamento vem em envelopes azuis.
Sentiu o sanduíche engasgar na garganta ao ler o nome do remetente no envelope. Bebeu um gole do suco rapidamente, sentindo os olhos encherem de lágrimas por causa do pedaço preso na garganta. Tossiu algumas vezes antes de conseguir engolir o sanduíche e respirar normalmente.
Uma carta de Demi? Em todos esses meses que ela estava no Japão, nunca havia mandado uma carta. Sempre se falavam por e-mail ou telefone, com tanta tecnologia, mal conseguia se lembrar que ainda se usavam cartas.
Abriu o envelope com cuidado para não rasgar a carta e respirou fundo antes de abrir o papel e encontrar a letra delicada de Demi.

Enfim uma carta, né? Estou aqui há tanto tempo, mas confesso que nunca me ocorreu de te mandar uma. Talvez seja porque é um pouco demorado, e você sabe que eu odeio esperar por uma resposta, mas acho que dessa vez essa é a melhor forma de me expressar. E pelo menos por aqui não corremos o risco de cairmos em silêncio.


Certo, ela também havia percebido os silêncios constrangedores que tomavam conta de suas conversas. Pelo menos não era só ele que se incomodava com aquilo. Aqueles silêncios pareciam gritar palavras inconvenientes que Joe não queria ouvir. Eles gritavam a verdade que os dois se recusavam a aceitar.
Balançou a cabeça e continuou a ler.

Eu nem sei direito como escrever uma carta, mas suponho que eu só precise escrever o que quiser e mandar, certo?
A gente não se fala há algum tempo, no seu último e-mail você comentou sobre a gravação de um cd. Espero que tudo tenha dado certo. Vocês já têm um nome para a banda? Tomara que não tenham se rendido a vontade do Chris e nomeado a banda com algum nome esquisito de Star Wars.
Por aqui as coisas estão tranqüilas. O curso continua ótimo e Makedde continua a mesma consumidora descontrolada de sempre. No começo fiquei com receio, mas hoje percebo que eu não poderia ter encontrado uma colega de quarto melhor. Lógico que ajudaria se ela fosse um pouco mais organizada, mas acho que depois de todo esse tempo eu me acostumei com a bagunça dela.
Estamos no Outono agora, o tempo ainda está um pouco quente, mas em breve o frio chega, então temos que aproveitar. Às vezes sinto falta do clima de Londres, das chuvas, do frio, mas é fácil se adaptar ao clima daqui.
Sei que estou falando um monte de besteiras que não interessam, mas honestamente não sei direito como começar os dois assuntos que são o motivo de eu te mandar essa carta.
Makedde me deu um pouco de privacidade e estou sozinha no quarto. O silêncio que supostamente me ajudaria a pensar no que dizer, só está me sufocando.
Nesses quase dez meses em que estamos separados, em momento nenhum eu deixei de sentir a sua falta. Seu sorriso infantil que fazia com que eu me sentisse segura aos poucos foi ficando fora de foco em minha mente, hoje eu preciso de uma foto para lembrar exatamente dele, mas não é a mesma coisa.
Seus telefonemas me ajudavam a guardar sua voz, e, por vezes, ainda consigo escutá-la em minha mente, mas é como um rádio fora de sintonia. E dói não conseguir sintonizar.
Às vezes, durante a noite, consigo sentir seus braços em volta de mim e sua respiração pesada fazendo cócegas em meu pescoço, mas essa é a única lembrança que ainda me parece viva. Mas a cama fria pela manhã me traz de volta a realidade.
Há alguns meses fui a uma festa com Makedde. Aceitei ir porque precisava esquecer de algumas coisas que estavam acontecendo. As noites de sono não estavam sendo boas para mim. Falei sobre isso no nosso último e-mail. Você se lembra da festa que eu comentei? Falei sobre algumas amigas de Makedde que vieram da Holanda e sobre um cara. E é sobre esse cara que eu queria falar.


Joe pensou alguns segundos antes de continuar a ler a carta. Talvez não tivesse tanta importância assim. Ponderou colocá-la de volta no envelope e ler depois, mas uma voz em sua mente gritava para que ele continuasse. Sentia a própria mão apertar o papel com tanta força que começava a amassá-lo.
Ele não esperava que Demi passasse um ano fora pensando apenas nele. E sabia que ela não esperava o mesmo dele. Não iria fingir que nenhuma garota passara por sua cama nos últimos dez meses, mas não podia dizer que lembrava o nome de ao menos uma delas. Todas haviam virado um borrão em sua mente, conseqüência de uma noite regada a álcool.
Nunca havia chegado a mencioná-las nos e-mails ou telefonemas, não achara necessário. Eram apenas corpos quentes em sua cama fria. Uma tentativa fracassada de, por ao menos alguma horas, esquecer a saudade que ardia em seu peito. Mas na manhã seguinte a solidão o fazia companhia novamente.
Abriu o papel mais uma vez e se obrigou a continuar. Faltavam dois meses para ela voltar para casa, o quão sério podia ser aquilo? Em dois meses ela seria sua novamente.
O nome dele é Jared, e ele é realmente um cara encantador. Ficamos amigos na festa e passamos a nos falar todo dia. Ele sempre foi tão sutil que não percebi o quão próximos estávamos até que eu já estava envolvida. Estamos junto há um pouco mais de um mês, mas nem por um segundo eu parei de sentir sua falta.
Eu sinto que por mais que eu tente, eu não consigo me entregar. Meu peito dói, constantemente me lembrando que o meu coração está sem o sangue venoso para fazê-lo funcionar. Cada vez que eu deixo o Jared se aproximar mais, é como se eu me afastasse.
Por que é tão difícil sem você?
Essa carta é tudo que eu desejei nunca precisar escrever. Ela representa tudo que eu nunca imaginei que pudesse acontecer. Como meu sonho se tornando realidade, mas na forma de pesadelo.
Queria poder dizer que em dois meses eu vou poder te ver novamente. Que daqui a pouco tempo essa angustia vai passar, mas parece que o destino reservou outra coisa para nós dois.
Hoje eu recebi uma resposta do curso que estava esperando há algum tempo. Desde que recebi tal resposta a única coisa que tenho pensado é em como te contar. Gostaria que fosse pessoalmente, só para eu ouvir sua voz me dizendo que vai ficar tudo bem e que tudo vai dar certo no final. Eu e Makedde ganhamos outra bolsa de estudos, vamos ficar mais um ano por aqui. Não é noticia que eu gostaria de te dar e definitivamente nada disso estava nos meus planos, mas aconteceu.
Agora os dois meses que faltavam parecem distantes e um ano virou uma eternidade. Não sei como tudo vai ser a partir de agora, mas a única certeza que eu tenho no meio de tudo isso é você. Não importa qual estrada eu pegue, qual caminho eu decida seguir, eu sei que o final vai ser sempre você. Só você.
Vou terminar essa carta por aqui, não consigo continuar, já está sendo difícil demais te falar tudo isso.
Desejo que tudo dê certo para você, Nick, Chris e Kevin. Qualquer que seja o nome da banda, até mesmo alguma tosquice de Star Wars, eu tenho certeza que vocês serão um sucesso. Manda um beijo pra eles e fala que eles fazem muita falta.
Se cuida. Amo você.

Demi xx


Joe releu as duas últimas frases até conseguir ouvir a voz dela dizendo aquilo. Podia sentir algumas lágrimas rolando livremente por seu rosto, e não se importou com aquilo. Observou o papel com algumas marcas indicando que ela também havia chorado ao escrever.
Por que as coisas se complicaram tanto? Eles já não tinham sofrido o suficiente até ficarem juntos? Parecia que quanto mais tentavam ficar juntos, mais alguma coisa os afastava.
Guardou a carta no envelope e inspirou uma grande quantidade de ar, limpando o rosto com as costas da mão. Ficou alguns minutos parado, apenas aproveitando o silêncio e a solidão que o acompanharia por mais catorze meses.
Pegou o copo vazio e o jogou na pia, gostando do som do vidro se quebrando. Harte correu assustado para o seu lado e ele se rendeu, sentando no chão, derrotado.
Deitou no mármore gelado e fechou os olhos, mais uma vez tendo que se contentar com a escuridão.



Continua...




bbzinha roox:o joe não vai por chifre nela não né? e ja ta no final da fic? quando a demi vai voltar do japão?

R: Não sei kk e não sei kkk.


Rebecca Gomes: R: Own flor que bom que vc gosta.




Então gente como a bbzinha roox perguntou ali em cima o/ (Já ta no final da fic?) sim gente já ta bem perto  do final mas por ai ainda vem capítulos bem emocionantes aguardem hahaha.